Seria T.O.C (transtorno obsessivo compulsivo), neurose ou uma psicose maníaca? Algumas dessas palavras podem ser muito fortes para o caso, mas não há como negar que a vasta maioria dos jogadores espalhados pelo mundo tem suas manias dentro das partidas de vídeo game.
Pulos sem fim em games de aventura, necessidade de recarregar a arma a todo instante e as derrapadas na chegada são apenas alguns dos exemplos mais comuns. Estas insistências são justamente o tema do especial de hoje. Acredite: depois de ler cada um dos exemplos você verá que também carrega muitos destes hábitos. Sem demora, vamos ao que interessa!
A síndrome do pulo
Quando você não consegue ficar quieto
Não interessa se o jogo é um First Person Shooter, uma aventura de plataforma ou simplesmente ação do início ao fim. A realidade é que se há um botão de pulo nele, você o pressionará durante boa parte do tempo em que estiver de olho na tela. É como se esse comando fosse uma escapatória do tédio que é simplesmente pressionar o direcional para correr.
Começando pelos exemplos mais básicos, temos os clássicos como Mario (em que vale até mesmo a antiga compulsão de matar todos os inimigos de uma só vez sem tocar no chão), Castlevanias em 2D e outros jogos com mundo aberto, tais como Just Cause (em que a grande diversão é justamente saltar e voar) e até mesmo Grand Theft Auto. Convenhamos: correr de um ponto ao outro da cidade é muito chato!
Mas modalidades mais recentes, como os MMORPGs, também participam dessa antiga tradição: nos principais servidores de World of Warcraft — dentro das maiores capitais — é possível avistar verdadeiras legiões de jogadores aglomerados, se dedicando unicamente à tarefa de pular. Nada mais importa!
Mania de atirador
Algumas ajudam, outras causam a sua morte!
Voltando a falar de saltos, em alguns games de tiro em primeira pessoa ele tem um papel importantíssimo: dificultar a mira para o adversário. Tudo bem que você mesmo não conseguirá se concentrar com um rifle de alta precisão, mas na hora da fuga não há estratégia melhor.
O salto em alguns games ainda é um meio de burlar as regras. É o caso de Counter-Strike, com o famoso “Bunny hop”, o pulo do coelho. Se o jogador dominar a técnica, ele conseguirá se locomover pela tela com uma velocidade absurdamente alta, pegando de surpresa qualquer um pelo caminho. Duvida? Então assista uma demonstração básica da técnica:
Retomando os bons hábitos, nada melhor que a bela saraivada de tiros ao final das rodadas, uma vez que o dano geralmente não se aplica a mais ninguém (e logo não há como ser morto ou pego de surpresa). Alguns ainda brincam antes da partida acabar, disparando incessantemente contra corpos que já estão colados ao chão.
Alguns se justificam (como o pessoal da Redação do TecMundo Games), afirmando que esta é uma forma de testar se há reação do corpo aos tiros ou não (como sangue espirrando e pernas se debatendo pelo impacto), mas a verdade é que tudo se resume a um método barato para descontar o estresse do dia a dia.
Por fim, no que diz respeito aos disparos e pentes de munição, nos deparamos com o tradicional desespero de estar com a arma sempre recarregada ao máximo. Há a justificativa de que você tem mais chances de sobreviver se encontrar um inimigo correndo, mas por outro lado, se você for pego enquanto recarrega compulsivamente... Bem... Adeus!
Explorando o desconhecido
Rumo aos bugs e além!
Você já teve a sensação de que está confinado pelos corredores dos jogos, preso por barreiras invisíveis ou por meras pedras da altura do seu joelho que o impedem de ver como é a vista do outro lado da montanha? Pois é, nós também... Tanto é que saímos direto pulando, nos raspando em cada beco, superfície e parede virtual, tentando transpor os limites impostos pelos programadores.
Os exemplos mais recentes por aqui foram God of War III e Avatar, testado no computador. No caso do título da Sony, o pessoal da equipe conseguiu derrubar Kratos no limbo, uma vez que o poderoso deus da guerra atravessou algumas paredes depois de rolar e nunca mais conseguiu sair.
Escalando até o infinito
Em Avatar já fomos incentivados a misturar algumas técnicas. A mais básica foi a de raspagem nos cenários (poxa, nós queríamos conhecer melhor Pandora!), mas com tanta vegetação e casamatas ao redor do herói, fica impossível resistir a algumas escaladas pelas árvores, telhados e veículos. Pra variar, o jogo “bugou” depois de um bom esforço e nós finalmente saímos satisfeitos...
Mas como não somos os únicos a explorar a técnica da escalada e dos bugs nos jogos, temos que trazer outros exemplos no mínimo curiosos. Comecemos esta onda de vídeos com Super Mario, já que em sua versão para Nintendo 64 ele dominou com a sequência de saltos triplos. Veja como subir no topo do castelo:
Inventando moda
Quando os movimentos tradicionais já não satisfazem
Infelizmente, sua vida de “gamer” chegará a um ponto em que quase tudo é entediante, de tão bom que você ficou. O jeito é apelar, fechar a fase com limitações inventadas ou recorrer a inventar movimentos não esperados (até mesmo para o pobre jogo que sofre o seu ataque).
Por incrível que pareça, Mario e suas muitas versões continuam sendo o nosso primeiro alvo. Quem jogou a versão de Nintendo 64 deve se recordar de que era possível emendar três saltos, incluindo variações como empurrões da parede e até mesmo um mergulho direto. Não tenha dúvidas: uma das coisas mais tentadas era o mergulho direto na “boca” do cano, algo realizado pelos mais experientes. Outra técnica era a entrada nos quadros com “backflips”, algo que não tinha o menor efeito.
Mas dando um bom pulo no passado (mais precisamente na era Super Nintendo), vimos verdadeiras legiões se divertindo com o salto agachado do bigodudo. Isso mesmo, alguns fechavam fases inteiras com o personagem abaixado, sem poder correr livremente para os lados:
Outra diversão famosa com Super Mario World era coletar a pena (que concedia ao herói a capa) e tentar voar em pequenos espaços fechados, girando e refazendo o voo alguns segundos depois. Como não temos uma chance de demonstrar a técnica em um ambiente mais leve, aí vai uma fase modificada, puramente “hardcore”:
Castlevania: Symphony of the Night
Neste grande clássico da Konami, Alucard (o filho de Drácula) surge na tela, dotado de muitos poderes e habilidades. Mas para um ser tão poderoso, é claro que a corrida tradicional não serve. É por essa razão que muitos saíam direto andando de costas pelos corredores, ou melhor, deslizando.
Outra possibilidade para os entediados é o cuidado na hora de derrotar os chefes. Eles liberam itens de vida, que caem no chão assim que o brilho na tela some. É claro que você, como bom compulsivo, não deixará que o item toque o chão, aparando-o já no ar. Algo similar podia ser feito em Zelda: Ocarina of Time, depois de cada luta ferrenha com os monstros.
Quando o assunto é pancadaria
Viajando um pouco para os ringues, podemos avistar rapidamente uma enormidade de pessoas que praticamente fincam os dedos nos botões quando a luta chega ao fim. É como se o derrotado quisesse levantar e o vencedor estivesse afim de chutar o pobre corpo que jaz no chão.
Mas por incrível que pareça, esses jogadores são muito bem recompensados nas séries Street Fighter e Tekken. No caso do game da Capcom, quem pressionar com destreza um ultimo ataque pode vê-lo, com chance até mesmo de acerto se o oponente estiver em sua animação de queda.
Já quem gosta de Tekken pode se divertir à vontade, já que o jogo dá uma janela para você sair massacrando o adversário com socos e chutes de todos os tipos. Não há sensação melhor depois de um combate tenso!
Na terra do futebol
Ah... Não adianta, se estamos ganhando uma partida no futebol (seja Pro Evolution Soccer ou FIFA, já que na vida real a habilidade é zero) a tendência imediata é começar a brincar com o oponente. Primeiro saímos jogando toda vez com o goleiro, nem que seja só o tempo de soltar a bola no chão e chutá-la para frente. O que vale é a humilhação momentânea.
No meio de campo e no ataque a pedalada é quem dita o ritmo. Você até pode driblar normalmente, mas qual a diversão nisso? O legal é tentar atravessar a defesa na base da sorte e ver a raiva nos olhos alheios! Em FIFA existe até mesmo a possibilidade de fazer embaixadinhas.
Métodos doentios
Você se sente mal se não faz as coisas “daquele jeito”...
Cuidado para não deixar que as suas manias tomem conta das partidas e comecem a fazer você se sentir mal. O caso é raro, mas acontece, principalmente com aquela garotada que não consegue entrar nas portas dos chefes de MegaMan sem pular (imagine durante as fases, que devem ser um festival de escalada)!
Nas versões “X” é comum vermos os viciados em carregar a arma do herói a todo instante, mesmo quando não há nem vestígio de inimigos. Bem, essa mania pode ser justificada (em partes) pelos boatos de que MegaMan possuía mais um nível de disparo, mas acreditamos que se trata de mais um caso de tédio agudo...
100% o tempo inteiro!
Você é do tipo que se preocupa somente em chegar ao fim das partidas ou do tipo que não aceita as coisas feitas pela metade? O segundo grupo é bem presente na comunidade de jogadores, não aceitando que qualquer item — por mais desprezível que ele seja — fique para trás.
Cada moeda deve ser coletada, cada asteroide deve ser aniquilado. Pelo visto, essa necessidade de destrinchar os jogos só vai aumentar, ainda mais agora que os consoles trazem conquistas por você coletar 1.000.001 itens e troféus pelo seu esforço em trilhar todas as rotas alternativas...
Barbeiragem pura
Com os carros os jogadores também testam os limites
Não é porque você não tem controle direto sobre o personagem que o game não oferece brincadeiras alternativas, não é mesmo? No caso dos jogos de corrida também vemos cada mania... O pior é que elas vão desde o método de pilotagem até bobeiras como atravessar as curvas exatamente nos mesmos pontos. Joe, do filme “Alta velocidade”, ficaria até orgulhoso!
A primeira delas chega logo na largada: tentar cronometrar precisamente a aceleração do veículo com o instante em que o narrador solta o “GO!”. Tudo bem, em jogos como WipEout HD, Mario Kart e até mesmo Ridge Racer você ganha uma aceleração extra (o famoso Boost), mas e nos simuladores e demais jogos?
Depois de passada a emoção da largada e das ultrapassagens apertadas, muitos de nós somos agraciados com uma duradoura e longa calmaria, também conhecida como “reta” pelos fãs do esporte. Neste momento tão entediante, o que fazer? Muitos apelam direto para a mudança de câmera desenfreada (algo visto no vídeo abaixo), enquanto outros se divertem fazendo zigue-zagues.
No caso de alguns jogos — como o mais recente Sonic & SEGA All-Stars Racing e outros clássicos como Crash Bandicoot — o jogador ainda pode dar início a uma longa deslizada, mesmo que ela acabe com um belo beijo na mureta. Mas tudo bem, não é mesmo? No fim das contas, o que prevalece é a diversão.
Para fechar a nossa rodada de corrida, nada melhor que a tradicional derrapada na linha de chegada. Como é normal que o computador assuma controle do veículo depois do final da prova, a insistência de muitos é projetar o carro para uma colisão direta. Outros já preferem o lado mais requintado da prática: cavalos de pau sobre a linha de chegada. Citando novamente Ridge Racer, é possível não só derrapar, mas como também chegar de ré e até mesmo rodopiar três vezes seguidas na mesma direção. Um verdadeiro absurdo!
Os perigos da cidade
Grand Theft Auto pode não ser um jogo de corrida, mas os carros são parte integrante do pacote, junto com batidas, atropelamentos, saltos de rampas improvisadas e outras piruetas. Entretanto, apesar de toda a destruição implementada, é comum vermos aqueles que não podem ficar com um carro riscado, tendo que trocá-lo imediatamente.
A verdade é que a tarefa de manter o carro intacto é quase impossível, haja vista que mesmo quando você se comporta — respeitando a sinalização e parando sempre que indicado pelo semáforo — um louco surge “do além” e arrebenta a sua traseira. E se a proposta é mudar de carro, nada melhor do que sair dele rolando em alta velocidade para parar na frente do próximo alvo. Você perde energia, mas dá boas risadas com a transição.
E aí, se identificou com algum dos exemplos colocados acima? Não adianta negar... Nós sabemos que você — assim como a gente — também tem seus segredos e manias nos jogos. Basta prestar atenção em uma única partida para perceber essa divertida (e muitas vezes cruel) tendência de jogador. Não tenha medo ou vergonha, poste o que você gosta de fazer quando as partes mais calmas dos games batem à sua porta. Até a próxima!
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