Por mais que, para muitos, essa pergunta não pareça fazer sentido, é interessante questionar a existência de programas Beta e versões de teste quando o assunto é video game. As tão conhecidas demos são fundamentais para uma boa continuidade do desenvolvimento, principalmente no que diz respeito a alguns jogos destacados de forma épica no mundo do entretenimento.
Colocando a mão na massa...
...ainda crua, é claro
Flexibilidade é algo que os jogadores precisam ter no momento do teste. A palavra "demonstrativa" explica que o software é apenas uma amostra, uma curta experiência com base na previsão de como será a completa do game. Portanto, encontrar bugs e reportá-los é praticamente uma obrigação de quem está testando a demo.
Pois é, muitos ainda não sabem que é graças ao feedback dos usuários mais ativos que mudanças — de ínfimas a significativas — são realizadas no período de desenvolvimento. Não há por que ter vergonha de expressar a sua opinião a respeito de um determinado aspecto do teste, por mais estranha que ela pareça ser.
Fóruns, emails, canais sociais e outros meios de comunicação digital são excelentes formas de transmissão das constatações dos gamers para as empresas responsáveis pelo título testado. Há casos raros nos quais as próprias demos contam com um pequeno sistema de feedback. É sempre bom ter o seu trabalho reconhecido pelos usuários, não é mesmo?
Ei, isto não está certo!
É claro que os desenvolvedores não levam em consideração todas as opiniões dos gamers. Muitas reclamações simplesmente não têm fundamento, e outras não podem ser consideradas devido ao alto nível de exigência. O hardware, por mais que tenha evoluído drasticamente nos últimos tempos, ainda é uma limitação para a imaginação dos criadores de jogos.
Só que há observações que devem ser ponderadas de forma quase obrigatória. Bugs de jogabilidade, na maior parte das vezes. Ter problemas em comandar o personagem ou os objetos na tela é uma das piores sensações durante a experiência com um video game. A fluidez dos controles está diretamente relacionada à diversão que o jogador terá ao se entreter com o produto.
Quanto à interação, geralmente as companhias resolvem os problemas mais graves. Na área gráfica e sonora, entretanto... Reforçando: limitações físicas de hardware. Enquanto uma versão demonstrativa é avaliada, a abordagem técnica de um game deve ser encarada de um ponto de vista mais artístico para que não surjam fortes críticas com relação aos gráficos e sons.
Em outras palavras, é difícil apontar o que os desenvolvedores podem melhorar nos recursos técnicos sem conhecer as plataformas-alvo de maneira ampla e profunda. Se a ideia é interessante e é apresentada com uma boa qualidade, tudo bem, pois a espera é que o jogo completo seja ainda melhor. Mas é óbvio que os jogadores mais críticos podem indicar correções de peso durante os testes.
Open Beta, Closed Beta e demos em geral
Quais as diferenças?
Diversas pessoas afirmam que as demos propriamente ditas não passam de uma versão compacta e restrita do jogo completo. Levando em consideração que, em certos casos (como o promissor God of War 3, em breve conferido pelo TecMundo Games), a demo é bem diferente do resultado final, é errado dizer que essa definição é válida para todos os jogos. Mais uma vez, é seguro dizer que uma demo é simplesmente uma amostra do que os jogadores podem esperar sobre o game final.
Enquanto isso, há as versões Beta. Em primeiro lugar, existem empresas que optam por oferecer testes fechados por motivos de segurança e limite de acessos. Closed Beta é algo comum nos games, principalmente no que diz respeito a títulos que focam jogabilidade multiplayer local ou online. Geralmente, chaves para esse tipo de teste aparecem em pré-vendas ou em edições especiais de certos jogos.
Quando o assunto é Open Beta, porém, surge um brilho nos olhos dos gamers mais esperançosos. Para a maioria dos críticos e jogadores, Beta significa que os desenvolvedores estão liberando praticamente tudo o que já foi feito até o lançamento da demo para que testes específicos sejam realizados. E, quando isso realmente acontece, é muito divertido participar de empreitadas sujeitas a todos os tipos de bugs.
Mesmo que um determinado game contenha um forte componente single player, algumas empresas fazem questão de liberar apenas o modo multiplayer — ou parte dele — antes do lançamento da versão completa. Isso ocorreu, por exemplo, com o título Battlefield: Bad Company 2 (recentemente analisado pelo TecMundo Games, clique aqui e confira).
Por fim, há as demos que não podem ser jogadas pelo público e são direcionadas apenas a certos críticos dos video games. Assim, informações preciosas ficam nas mãos de poucos, mas felizmente são divulgadas. Além disso, existem as demos que são apenas exibidas em apresentações e não podem ser experimentadas por ninguém fora do estúdio de desenvolvimento.
Relevância
Na prática, testar um jogo quase sempre é bom
Voltando a falar sobre Bad Company 2, a DICE relatou nos últimos tempos que fez bom uso do feedback gerado pela disponibilização da Beta do game. O produtor Patrick Bach comentou que foi possível a realização de ajustes nas armas, no nível de dificuldade e na interação com os veículos durante a finalização do FPS (jogo de tiro em perspectiva de primeira pessoa).
Além disso, Bach afirmou que as demos e as versões Beta são mais que ferramentas de obtenção de feedback. Com um software de monitoramento apropriado, há a possibilidade de saber quais os elementos do game que mais estão sendo utilizados, qual o impacto gerado por eles e quem está fazendo uso desses itens.
Além disso, é um alívio saber que a Electronic Arts preza pelo equilíbrio entre diversão e justiça. Foram necessários dois anos de desenvolvimento para que o segundo Bad Company ficasse do jeito que é: espetacular.
A força das versões demonstrativas
Encarando o cenário das demos por um lado otimista, pode-se dizer que não há algo melhor que "sentir o gostinho" de um jogo que gera fortes expectativas antes do lançamento da versão completa. O FPS da DICE citado acima é um excelente exemplo disso.
Fazer uma demo demanda tempo, mas muitas vezes vale a pena para os desenvolvedores. É crucial que os encarregados pela construção da versão de testes prezem pela fidelidade ao projeto final. Caso contrário, a frustração dos jogadores é inevitável depois do surgimento do jogo terminado.
Clique aqui e acompanhe a opinião de um dos redatores do TecMundo Games sobre as versões demonstrativas em uma matéria com base na fala de Peter Molyneux, o célebre desenvolvedor da Lionhead Studios (Fable). Realmente, Molyneux tem um sólido argumento ao falar que o ideal seria oferecer aos jogadores apenas o começo de um game completo para que os interessados no jogo possam adquiri-lo sem perder o progresso atingido. E, neste caso, quem apenas quiser testar a demo pode experimentar uma amostra fiel do produto.
É comum encontrar pessoas que continuam brincando com uma demo mesmo após o lançamento da versão final. A seguinte constatação é triste, mas verdadeira: há muitos jogadores que não conseguem arcar com os custos da diversão e, por não poderem adquirir os games completos, se entretêm com as versões demonstrativas liberadas pela rede.
Enfim, as perguntas persistem: você compreende e aprova o surgimento das versões demonstrativas antes do lançamento efetivo do jogo? Quais aspectos você gosta e quais você despreza durante a experiência com uma demo? Fique à vontade para debater o assunto.