No princípio, Deus criou o Céu e a Terra. Está bem, está bem, vamos um pouco mais adiante. Para muitas pessoas, o início da informática começou a partir do momento em que o homem desenvolveu um pequeno periférico para mais acessibilidade e praticidade nos comandos de interação com a máquina. Sim, é do mouse que estamos falando.
Quanto aos games, a briga é ainda mais feia. O "camundongo" dos computadores é capaz de fazer a diferença no conflito entre o PC e as demais plataformas. É tão fácil mexer com o periférico que dezenas de milhares de jogos exigem apenas o uso do mouse como forma de controle. Isso é ainda mais frequente na área de desenvolvimento em flash.
Plástico, cabo, extensão PS/2, bola de movimentação e dois botões. Esse modelo tão conhecido do acessório já está sendo superado por um turbilhão de estilos arrojados, cada um com características impressionantes. A bola de rolagem abriu alas para a chegada dos sistemas óptico e laser, enquanto os número de botões não para de aumentar. Mesmo o botão de rolagem — "scroll" — aparece em alguns modelos com três botões acoplados (para dentro do mouse, para um lado e para o outro).
Quanto aos tipos de transmissão, também há variedade. A entrada serial foi substituída pelo PS/2, que abriu caminho para o USB... Até chegar aos dispositivos sem fio. Hoje, é comum experimentar mouses potentes que se comunicam com um receptor através de uma conexão Wi-Fi ou Bluetooth.
Quem já jogou Counter-Strike sabe que possuir um mouse de qualidade e uma superfície confiável de apoio (seja um simples mousepad ou uma "surface") é crucial para o sucesso. Mesmo na seção de superfícies, a tecnologia evoluiu absurdamente, tanto que muitas empresas fazem questão de combinar vendas de mouses com esses objetos.
Moral da história: a saga dos roedores eletrônicos é longa e intensa, principalmente no que diz respeito a video games. Lidar com a interface de diferentes jogos de maneira simples e prática é a meta de qualquer um que procura explorar ao máximo as funcionalidades oferecidas. E o mouse possibilita isso.
Interação
Por que muitos preferem o mouse a outros controles?
Costume. Este é o motivo mais expressivo pelo qual boa parte dos gamers prefere o "rato" a controles de consoles. Quem começou a usar o mouse em jogos de tiro em perspectiva de visão em primeira pessoa (FPS) dificilmente se adapta bem com outros periféricos.
Só que, por incrível que pareça, há muitas pessoas que conseguem obter resultados excepcionais com os controles do PlayStation 3 e do Xbox 360, mas não têm o mesmo desempenho com o acessório dos computadores. Ainda assim, movimentar um objeto, um cursor ou uma mira na tela com a mão inteira é, para a maioria dos jogadores assíduos, muito mais interessante do que lidar com um dos itens citados anteriormente apenas com o polegar sobre um pino analógico.
Pensemos da seguinte maneira: com o mouse, é possível movimentar o item na tela na velocidade desejada e parar abruptamente, deixando o objeto estático. Com o polegar sobre um pino, também é possível deslocar o elemento milimetricamente (se o gamer contar com uma sensibilidade absurda no dedo, é claro), mas, na hora de parar a movimentação, deve ser realizado — na maioria dos casos — um movimento de retorno à posição central, estática, do pino. E isso é bem mais desconfortável do que realizar apenas um movimento.
Se a versão para consoles de um determinado jogo não é bem programada, o desfecho da experiência pode ser muito, muito frustrante. E, mesmo que o game conte com uma boa jogabilidade (como Call of Duty: Modern Warfare 2), a precisão com o uso um pino analógico não é a mesma com o que ocorre através da utilização de um mouse.
É claro que há aqueles afirmam sem medo que a combinação entre mouse e teclado é a mais apropriada para a experiência com jogos virtuais. Velocidade e precisão são dois aspectos-chave no gênero FPS, principalmente nos momentos que exigem reflexo. Efetuar os famosos "headshots" — tiros na cabeça — pode ser ligeiramente mais difícil para quem joga nos consoles.
Sensibilidade
Quanto mais, melhor... Ou não
Você conhece o termo DPI (Dots Per Inch)? Apesar desta sigla em inglês para a expressão Pontos Por Polegada conter significados diferentes em outros ramos da informática, o DPI indica quanto que o usuário consegue mexer o cursor na tela em uma polegada de movimento. O DPI equivale ao CPI (Counts Per Inch ou "contas" por polegada) e, quanto maior o índice, maior a sensibilidade do mouse.
Bem, via software, é possível alterar a sensibilidade do mouse, fazendo com que o cursor se mexa mais rapidamente ou mais lentamente que o DPI do periférico. Há, ainda, programas que contém a opção de "aceleração", que alteram a velocidade de passagem do cursor com o tempo de movimentação do mouse. Certas pessoas já tiveram problemas com a diferença de velocidade entre movimentos horizontais e verticais do cursor na tela em determinados sistemas operacionais.
O problema é que, via software, é difícil obter precisão nos movimentos fazendo essas alterações de sensibilidade. Por isso, é importante que o gamer possua um dispositivo com um índice de DPI elevado para poder atingir pontos mais distantes da tela com maior velocidade e menos esforço, o que é ideal para jogos do gênero FPS e RTS (estratégia em tempo real). Entretanto, é errado afirmar que os melhores mouses são aqueles que possuem maiores DPIs.
O diretor de marketing da fabricante SteelSeries forneceu uma opinião importante sobre o assunto. Confira as palavras de Kim Rom:
"A indústria teve bastante sucesso em estabelecer o DPI como algo muito importante, quando, na realidade, isso não é tão significante. A tecnologia progrediu a um nível no qual você consegue mover seu mouse, digamos, uma polegada na sua mesa, e o cursor se movimentará duas ou três vezes esse comprimento na tela. Isso parece impressionante, com certeza, mas qual o valor real disso?"
"Isso não torna você mais preciso; eu poderia argumentar que isso faz exatamente o oposto. Um maior DPI em um mouse não oferece muito valor e isso não é um benchmark para medir o quão preciso ou incrível é o mouse. É simplesmente uma medida de sensibilidade. Noventa por cento dos gamers experientes estarão usando um valor de DPI entre 800 e 1.600."
Rom ainda afirmou que o próprio termo DPI está errado:
"Pense por um segundo, e depois me diga: onde, no seu computador, você enxerga pontos? Eu vejo pixels em minha tela. Eles possuem forma quadrada para mim. A indústria, além de obter sucesso em estabelecer a sensibilidade do mouse como a característica mais importante do produto, o fez utilizando um termo que está tecnicamente incorreto. Não é algo espetacular?"
Impacto
Um periférico e tanto
É claro que, observando de forma mais fria, pode-se dizer que o mouse é tão influente quanto o teclado, por exemplo. Mas certas empresas, como a própria SteelSeries, têm como foco a fabricação dos famosos "ratos" devido ao excelente nível de interação com os computadores e ao forte mercado desses produtos.
Cada mouse conta com peculiaridades, tanto que nem o próprio Rom arrisca dizer em quais pontos os competidores estão errados:
"Eu odiaria dizer que outras companhias estão erradas. Eu acho que há muitos produtos bons no mercado; obviamente alguém os fabricou. A maneira com que nós pensamos e fazemos nossos produtos é um pouco diferente das demais empresas... Nós somos puristas em hardware — acreditamos primeiro em funcionalidade, depois em tecnologia."
É uma abordagem interessante, principalmente com relação ao mouse. Afinal de contas, quem não gosta de mexer o pequeno dispositivo e dar tiros com precisão em frente a um PC sem grandes preocupações com desempenho?
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