Em março do ano passado, no início da GDC 09, uma empresa anunciou prometeu mudar o mundo dos jogos com um serviço inovador. Apesar de contestada, a ideia por trás do OnLive é sem sombra de dúvida revolucionária.
O conceito de jogadores interligados rodando jogos via banda larga, de forma instantânea, sem a necessidade de um console ou um computador de última geração, certamente tem apelo entre os aficionados por tecnologia e entretenimento eletrônico.
Resumidamente, o serviço consiste em uma grande central de servidores rodando jogos, que podem ser acessados na sua casa através do “micro-console” OnLive, que se conecta à internet e envia seus comandos para os servidores, ao mesmo tempo em que transmite as imagens para as suas televisões ou monitor do computador.
Mas será que tudo é tão lindo quanto o que foi propagandeado? Dúvidas sobre a real eficiência do produto apontam para os possíveis problemas relacionados ao tempo de resposta entre os servidores e os controladores e ao próprio sistema de transmissão de imagens.
Agora, com a fase beta de testes do serviço já em fase adiantada, o TecMundo Games resolveu investigar um pouco mais sobre o “micro-console” que prometeu mudar para sempre a forma como os jogos são jogados.
Já está ligado?
Simples, leve e pronto para voar
A instalação do “cliente” é extremamente simples, bastando baixar e rodar um arquivo de instalação próprio. A interface é intuitiva e de fácil navegação, entretanto o “cliente” não conta com um navegador interno — como o Steam —, algo que certamente será corrigido em futuras atualizações.
Como prometido, o programa não é “pesado”, exigindo pouco esforço da sua máquina, sendo que este uso é consideravelmente inferior ao que seria necessário para rodar diretamente os jogos oferecidos pelo serviço.
A utilização de banda também é limitada (em média 1 Mb/s). Na verdade, o consumo flutua entre 700 e 900 KB/s, mas qualquer pessoa com uma conexão estável que suporte 1Mb/s não terá problemas para rodar o OnLive (desconsiderando eventuais problemas de lag).
OnLive Beta
Aparando as arestas
Vale lembrar que a nova tecnologia ainda está em sua fase beta de testes. Além de várias limitações técnicas, os desenvolvedores também restringiram o número de participantes para tentar “limpar” a maioria dos erros antes do lançamento oficial.
Dito isso, os poucos felizardos que estão participando desta fase de testes (muito provavelmente são usuários fisicamente localizados próximos os servidores — para diminuir problemas de latência) estão obrigatoriamente conectados via cabos — apesar da versão final do OnLive conceber a utilização de conexões Wi-Fi.
Outra limitação refere-se à resolução dos jogos, que só podem ser rodados em 1280x720. Nada estranho aos usuários já acostumados a jogar nos monitores dos computadores, entretanto os jogadores que preferirem utilizar o OnLive em um televisor encontrarão alguns problemas.
Aparentemente o processo de “conversão” de 720p para outras resoluções (próprias das TVs) adiciona muito “ruído” à imagem. No entanto, o OnLive oferece uma opção de “janela” que basicamente roda a imagem de 720p sem esticá-la na tela.
Ao vivo
Aqui, agora e a toda hora
No meu principal do OnLive, você encontrará as opções: Arena, Profile (perfil), Games, Showcase (apresentações), My Stuff (minhas coisas), Last Played (últimos jogos), Brag Clips (vídeos de jogador) e Friends (amigos).
A Arena hospeda uma série de desafios; Showcase oferece trailers de jogos que estarão disponíveis no OnLive; e Brag Clips que são vídeos nos quais é possível capturar enquanto se joga, para depois compartilhar seus melhores momentos com seus amigos (uma mistura de FRAPS e YouTube).
Por enquanto os únicos jogos disponíveis são:
Crysis Wars
The Maw demo
Price of Persia
Trine demo
Unreal Tournament III: Titan Pack
World of Goo demo
Durante a fase Beta, os jogadores podem jogar sessões de apenas 30 minutos por vez (por conta de uma estratégia de vendas das distribuidoras). Em compensação, o tempo de carregamento dos jogos é relativamente curto.
Outro ponto positivo é a velocidade de troca de jogos, que também é simples e utiliza atalhos do teclado para facilitar ainda mais a vida dos jogadores — algo similar ao Steam.
"Tá lagado!"
Um longo caminho pela frente
Feitas as apresentações, começaram as agressões. Ao que tudo indica, e como a maioria dos jogadores já imaginava, o serviço realmente sofre com problemas de latência. É verdade que a tecnologia ainda está em uma fase experimental, apontando e consertando os problemas antes do lançamento.
No entanto, são várias fontes comentando a respeito dos problemas relacionados ao lag. Segundo o próprio diretor executivo da OnLive, estes problemas estão de fato atrelados a distância dos jogadores em relação aos servidores do serviço, mas será que este é um problema que pode ser resolvido?
Outra questão refere-se a qualidade das imagens, mais uma vez cientes das limitações da fase Beta, imagina-se que a versão final contará com suporte a várias resoluções e níveis de qualidade (já que o jogador poderá optar por níveis de utilização da sua GPU, poupando assim a sua banda de internet).
Por sinal, apesar de não necessitar de uma banda larga muito exigente, o OnLive é totalmente dependente da rede. Se por alguma razão a conexão estiver com problemas, ou fora do ar, você irá senti-los imediatamente, ou quem sabe nem poderá jogar.
Nem tudo está perdido
Basta arrumar o que está errado
Apesar dos problemas evidenciados, os testes do OnLive mostram um produto de grande potencial. Títulos como Burnout: Paradise e Tom Clancy's HAWX mostraram-se bem adaptados ao serviço (mesmo que inferiores as suas contrapartes rodadas localmente) e a utilização do controlador (gamepad) próprio do OnLive diminui significativamente os problemas de latência.
No entanto, jogos como Unreal Tournament 3 tornam-se impossíveis quando jogados com um teclado e mouse. O lag e a qualidade gráfica são os principais problemas a serem abordados pela empresa, que pode ter encontrado uma solução ideal para aqueles usuários que preferem não atualizar seus computadores a cada quinzena.
Em suma, a versão final do OnLive pode revolucionar a indústria, mas por enquanto trata-se apenas de uma nova forma de se jogar. Uma forma que pode ser mais barata e simples, porém ainda problemática.
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