Quem acompanha o mundo dos games certamente já deve ter se deparado com o triste sentimento da decepção. Você lê todas as novidades que surgem sobre aquele jogo, se anima quando um recurso inédito é anunciado e se envolve com a expectativa criada em torno daquele que sempre parece ser a melhor produção de todos os tempos. No entanto, basta colocar o disco em seu console para que a realidade lhe dê um belo tapa na cara. Pois é, você acaba de adquirir uma terrível bomba.
Se isso já aconteceu com você, não se envergonhe. Todos nós já passamos por algo semelhante e certamente iremos repetir o mesmo erro no futuro. Basta o mínimo de empolgação para sermos induzidos a criar esperanças em algo que nem sempre vai ser bom. Mas por que somos assim?
Isaac Clarke e seu "facepalm"
O maior de todos os erros
Se já quebramos a cara tantas vezes, por que insistimos em acreditar que um jogo que não possui nenhuma informação ou imagem vai ser bom? A resposta é simples: a expectativa. O famoso hype é o grande culpado por criar as decepções dos video games, principalmente quando nos deixa cegos diante das evidências de que nem tudo pode ser tão perfeito como prometido.
O problema é que somos facilmente influenciados a crer nisso. A participação de um estúdio renomado ou de um artista que trabalhou em algum título de sucesso já é o suficiente para fazer com que muita gente se empolgue com o que está por vir. Se o assunto for uma sequência de uma série de sucesso, o termômetro de hype vai às alturas.
Nenhum game ilustra melhor essa questão do que Duke Nukem Forever. Quando foi anunciado, em 1997, o jogo estava em seu auge e todos acreditavam que uma continuação iria mostrar o personagem mais casca-grossa da época em sua melhor forma. Além disso, os diversos problemas que estenderam o desenvolvimento por 14 anos contribuíram para aumentar as expectativas. Afinal, o que poderia dar errado em um título que foi produzido por quase duas décadas, não é mesmo?
Quando o FPS chegou aos consoles em junho deste ano, muita gente esperava encontrar algo tão revolucionário quanto o que se via nos anos 90. Contudo, além de trazer um conteúdo que não se encaixa no contexto atual, a trama era repleta de clichês que não eram mais engraçados e os gráficos estavam bem longe de acompanhar a concorrência.
Nem tudo o que reluz é ouro
Uma grande decepção recente foi Need for Speed: The Run. O novo game da franquia de corridas foi cercado por muita badalação e promessas da Electronic Arts, que afirmava que aquela seria uma nova fase da série em que o grande foco era o enredo por trás da alta velocidade. No entanto, o que os jogadores encontraram foi algo bem diferente.
Por mais que realmente exista um enredo que justifique as disputas, ele é tão raso e inexpressivo que não faz diferença nenhuma na jogabilidade. Apenas dizer que o protagonista vai entrar na competição para ganhar um dinheiro que irá salvá-lo de uma dívida com a máfia não é desenvolver uma história, mas criar uma desculpa para colocar dezenas de veículos atravessando os Estados Unidos.
Esse é apenas um exemplo de promessas que criam esperanças no usuário. É claro que a maioria dos discursos das desenvolvedoras já não é tão convincente, principalmente quando o argumento é: “Estamos criando uma obra-prima”. Ninguém mais acredita nisso.
Por outro lado, há aqueles estúdios menos pretensiosos, mas que tentam conquistar o jogador com uma qualidade que nem sempre é verdadeira. Com os anúncios de GoldenEye 007, lançado para Wii no ano passado, a Eurocom prometeu trazer à atual geração a mesma experiência vivenciada no Nintendo 64, ou seja, aquilo que os mais saudosistas mais desejavam.
O problema é que quem comprou o título exatamente para reviver a sensação de controlar um James Bond com uma jogabilidade que marcou época encontrou algo completamente diferente. O game não cumpriu o prometido e mais parecia um Call of Duty genérico do que um grande clássico do passado.
Quando o hardware merece um “facepalm”Decepções com consoles e acessóriosQuando a Nintendo apresentou o 3DS pela primeira vez, na E3 2010, o mundo inteiro foi à loucura. Jogar games em três dimensões sem precisar de óculos especiais soava como algo revolucionário e tremendamente inovador. E foi exatamente em cima dessa euforia que a “Big N” decidiu vender o portátil por US$ 250.
Porém, o console chegou às lojas e não foi tão bem recebido pelo público quanto Satoru Iwata e os demais executivos esperavam. A razão para isso foi exatamente a decepção do consumidor ao ver pouquíssimos games disponíveis e que não aproveitavam tão bem os recursos do aparelho. Quem esperava algo genial encontrou uma tela que mais causava dor de cabeça do que divertia — algo que a companhia está começando a reverter.
O mesmo aconteceu com o Kinect e o PlayStation Move. Os sensores de movimento da Microsoft e da Sony prometiam reinventar a forma com que interagimos com os video games, mas os poucos lançamentos significativos afastaram o jogador que procurava títulos mais sérios. Quem se empolgou e comprou os acessórios assim que eles chegaram ao país teve de esperar por um bom tempo até que a biblioteca de títulos começasse a ficar interessante.
A espera não vale a penaAtiçando a curiosidade com uma imagem que não mostra nada
Uma das estratégias favoritas dos estúdios para promover um novo game é o teaser. Pequenos vídeos ou imagens que não mostram absolutamente nada, mas que dão a entender alguma coisa. Basta uma logo ou um vulto quase invisível em um fundo preto para os fãs ficarem loucos de curiosidade e começarem a elaborar teorias do que está por vir — o que quase nunca vale a pena.
Quem não se lembra da conferência da Capcom na última E3? Após falar sobre todos os seus jogos, a produtora japonesa exibiu uma única imagem que deixou pessoas do mundo inteiro ansiosas. A tela branca com o título “BioHazard 6” não revelava nada, mas já era um indício de que a companhia trabalhava em uma sequência, a qual estaria presente na Tokyo Game Show. O evento veio, passou e ninguém viu nenhum zumbi.
Outro exemplo foi o misterioso vídeo liberado pela Sony que trazia várias referências a franquias famosas e, nos últimos segundos, mostrava a silhueta de Kratos, seguida de uma data. Muita gente apostou em um anúncio de God of War IV ou em um enorme crossover, mas a realidade escondida era a campanha de marketing do Long Live Play.
Por fim, temos a famigerada contagem regressiva. Uma página completamente vazia em que somente um relógio é exibido. O que está por vir? Qual o grande segredo a ser revelado? Como avançar no tempo e acabar com a ansiedade? Na verdade, a única coisa que nos aguarda por trás do zero do contador é a decepção. O “Find Makarov”, filme de Call of Duty feito por fãs, que todo mundo achava que era o aguardado Modern Warfare 3, que o diga.
Mas qual foi sua maior decepção na vida gamer? Um jogo abaixo das expectativas, um final ruim ou até mesmo um hype não atendido: conte nos comentários.
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