É muito comum encontrar comentários dizendo que os jogos eram melhores ou que “o jogo que eu mais gostei dessa franquia foi o primeiro”. Esse sentimento saudosista certamente não é exclusividade do universo dos games, ocorrendo em praticamente qualquer esfera cultural existente.
Contudo, no mundo do entretenimento eletrônico esse fato aflora em grande parte dos aficionados pelos video games. Os jogadores demonstram certa empatia direcionada às ditas “origens” do que quer que seja. Principalmente quando se trata de grandes franquias como Sonic, Mario ou Final Fantasy ou da comparação entre plataformas mais antigas com as mais novas.
Outra característica desse fenômeno é que muita gente defende os aparelhos primordiais, sem ao menos tê-los jogado. Mesmo que você tenha visto seu irmão mais velho jogar ou conseguiu vivenciar experiências mais antigas em emuladores no PC ou nos consoles um pouco mais atuais, ainda assim não é a mesma coisa. E também supostamente não seria razão suficiente para defender tanto uma causa.
Eu tenho que tirar o chapéu e baixar a cabeça para os jogos antigos. Super Mário, por exemplo. Qual a chance de um jogo, atualmente, fazer com que você consiga reconhecer as canções de inúmeras fases ao simples assobio de um colega ou nos famosos “toques” de telefones que os jovens têm usado.
Os títulos antigos eram mais ou menos que nem livros. A estrutura gráfica era muito básica, os elementos de composição bastante limitados e as histórias propriamente ditas tinham que dar conta do recado. O mais importante era um jogo conseguir sustentar a própria proposta que apresentasse.
E para constatar como isso acontecia com frequência, é só respirar fundo por três segundos e pensar em títulos antigos...
- ”Mario, Top Gear, Doom, Toejam & Earl...”
Cada um desses citados acima conseguiu fazer com que quem os jogasse criasse um universo inteiro dentro da imaginação. As cores e os personagens eram exponencialmente aumentados dentro dos pensamentos dos "leitores/jogadores" e a interação emocional seguia a mesma lógica. Quem não lutou arduamente para salvar Hyrule nos quadrados móveis de Zelda: A Link to the Past ou não chorou com a morte de Aeris em Final Fantasy VII?
Então, dá-me vosso PS3/Xbox 360?
Não! De jeito nenhum! Apesar de tudo o que os consoles de antigamente proporcionaram a toda história dos games, eu não troco meu console desta geração por nada! Não se trata de pedantismo ou falta de conhecimento — como tentei deixar bem claro nos parágrafos anteriores.
O que acontece é que a atual safra de consoles utilizou todos os “mandamentos” estabelecidos pelos anciães e acrescentou inúmeras qualidades a eles. Como por exemplo, a direção de arte foi refinada a tal ponto, que as expressões faciais podem ser o mote central de um game, resultando em trabalhos como L.A. Noire.
Battlefield 3 e Dead Space elevaram o conceito de efeitos sonoros a um patamar até então desconhecido no mundo dos games. A maneira com a qual o jogador interage com o jogo foi reestabelecida depois de Heavy Rain. Antigamente, você já havia imaginado jogar sem controles, com alguma coisa simplesmente captando seus movimentos? Claro que sim, e então a Microsoft trouxe o Kinect!
Justificativas mais concreta:
Red Dead Redemption, BioShock, Demon's Souls, Final Fantasy XIII, Uncharted 3, Battlefield 3, Batman: Arkham City, Gears of War, Street Fighter IV Arcade Edition, Mortal Kombat, Assassin's Creed, Skyrim, Alan Wake, Heavy Rain, Forza 4 e meus adorados Dark Souls e Fallout. Só esses exemplos já justificam a minha preferência.
Ainda, todos esses títulos me tomariam mais de um ano de vida para serem degustados da maneira devida, explorando cada momento de jogabilidade, encarando a direção de arte com olhos especialistas e dando ao enredo a atenção merecida.
"Ora Pois"
Para os gamers mais antigos pode parecer um tanto “herege” o rumo desta coluna. Entretanto, proponho uma pequena teoria para reflexão. Será que o fato dos jogos mais antigos ocuparem um lugar de tanto carinho em vossos corações não está relacionado a uma pequena confusão de época? Os títulos, possivelmente, foram conhecidos e vivenciados em momentos magníficos da vida, principalmente na infância. Em palavras mais sucintas: será que você não associa o game a determinado momento da sua vida e por isso gosta tanto dele?
Fonte da imagem: inGames
Quem não tem tanta experiência em jogos mais antigos pode ter certeza que eles são fenomenais. Mas, dentro de uns 10 anos, mais ou menos, espero que os donos de PlayStation Vita, Wii U, PlayStation 4 e Xbox 720 (ou seja lá como eles serão chamados) tenham a mesma recordação carinhosa sobre os jogos que utilizaram os potenciais máximos de cada um dos consoles da sétima geração.
E que os proprietários das vindouras máquinas possam desfrutar de experiências ainda mais incríveis do que as que nós podemos viver hoje.
Menções necessárias
Para terminar, preciso deixar bem claro que essa é a minha opinião, formada através de mais de um quarto de século de muito video game. Vale, ainda, fazer uma menção honrosa de muito carinho aos consoles portáteis e ao querido Wii, que fazem parte indiretamente dessa coluna. Quanto aos PCs, quem sabe a próxima coluna não será “eu não troco meu PC por nada?”.
Agora é sua vez: você trocaria seu PS3 ou seu Xbox 360 por um Super Nintendo? Claro que o valor monetário faz parte do todo, mas mesmo que a relação fosse igualitária, ainda assim você o faria? Contem-nos tudo nos comentários.