Sem dúvida, o caçador de demônios Dante conseguiu assegurar o seu lugar entre os ícones dos video games. Com seu sobretudo vermelho, juntamente com o seu pequeno arsenal adquirido em anos de trabalho, ele é o protagonista de Devil May Cry, uma das franquias mais famosas da Capcom.
Enquanto a estreia do personagem nos consoles se deu há dez anos, no dia 23 de agosto de 2001, muita gente ainda desconhece os detalhes acerca de como a série foi criada. Assim como acontece com alguns meses, o resultado final de Devil May Cry foi muito diferente de seu projeto inicial.
A diferença, neste caso, é que em 1998, quando o game começou a ser criado, a equipe de desenvolvimento planejava uma sequência para o aclamado Resident Evil 3 que seria a primeira incursão da bem-sucedida série de Survival Horror no PlayStation 2.
Após gastar muito dinheiro para a criação da sequência (a equipe chegou a viajar para a Espanha para visitar castelos que seriam inclusos no game), a notícia de que o projeto fugia da proposta de Resident Evil não foi suficiente para que a sua produção fosse interrompida.
Em vez disso, a companhia preferiu não desperdiçar todo o material desenvolvido até o momento e utilizá-lo em uma nova história. Com o enredo criado por Hideki Kamiya e a produção de Shinji Mikami, a equipe chegou à história de um personagem cheio de estilo, metade demônio e metade humano, que comandava uma agência de caça a demônios.
Pisando no sobretudoO perigo das sequências precipitadas
Em virtude do enorme sucesso atingido pelo primeiro game da série (que vendeu mais de dois milhões de unidades nos seus primeiros anos), a Capcom prontamente se agilizou para trazer Dante de volta à ação e no dia 23 de janeiro de 2003, menos de dois anos após o lançamento do primeiro game, Devil May Cry 2 já estava na prateleira das lojas.
Contudo, uma série de medidas acabou por fazer com que o jogo fugisse da linha que conquistou o público anteriormente. Para começar, o diretor original não foi sequer chamado para tomar parte no novo game. Além disso, a extrema dificuldade de seu antecessor deu lugar a opções mais amenas, feitas para conquistar uma fatia maior do público.
Tudo isso, somado a um enredo bastante controverso, desagradou bastante os fãs mais fiéis da série, fazendo com que o título fosse considerado a ovelha negra da família. Ainda assim, graças ao sucesso de seu antecessor e medidas de marketing como uma parceria com a grife italiana Diesel (que desenvolveu as roupas dos protagonistas Dante e Lucia) ajudaram o game a alcançar a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
Retornando às origens... Com as origens
Por conta da recepção mista do segundo título da série, a Capcom decidiu voltar atrás em muitos pontos em Devil May Cry 3: Dante’s Awakening. Enquanto a dificuldade do game voltou a ter como base jogadores mais hardcore, assim Dante voltou a ser retratado com um personagem mais ousado e, aparentemente, inconsequente.
Situado anteriormente ao primeiro jogo da série, Dante’s Awakening revela os primórdios da agência Devil May Cry, antes mesmo de ela ter sido nomeada. Além disso, são apresentados o irmão gêmeo de Dante, Virgil, assim como a origem de personagens encontrados em outros títulos da série.
O enredo do game (considerado por muitos como um dos melhores de toda a saga), juntamente com o retorno da jogabilidade clássica, fez com que o terceiro jogo estrelado por Dante conseguisse vender 1,3 milhão de unidades nos seus primeiros anos, além de ser considerado até hoje uma das melhores produções da série.
Um novo herói
Assim como em Metal Gear Solid 2, no qual os jogadores controlam o ícone Solid Snake por uma breve missão e depois são apresentados a um novo herói, Devil May Cry 4 faz o mesmo. O novo personagem apresentado no game é Nero, que possui um braço demoníaco e faz parte de uma ordem que idolatra Sparda.
Embora se pareça bastante com Dante, a possibilidade de os dois srem irmãos não é comprovada na série. Há algumas indicações que sugerem que Nero possa ser filho de Virgil, o irmão gêmeo de Dante, contudo não há nenhuma confirmação oficial disso.
Ainda assim, há diversos indícios de que os dois tenham pelo menos algum tipo de relação familiar. Para citar um exemplo, quando Nero pergunta a Dante se este realmente não deseja de volta a espada Yamato, o protagonista clássico responde que tudo está bem, "pois a espada continua nas mãos da família".
Problemas familiares à parte, o jogo também é a primeira incursão da série na sétima geração de consoles, apresentando dessa forma personagens em alta definição e cenários com níveis de detalhe até então nunca vistos na série.
O enredo foi também elogiado e ajudou, juntamente com a presença dos dois protagonistas, o título a alcançar a marca de 2,3 milhões de cópias vendidas nos primeiros dois anos após o seu lançamento em todas as plataformas.
O reboot da controvérsiaO personagem é o mesmo, já os seus cabelos...
Durante a Tokyo Game Show de 2010, a Capcom anunciou um quinto game da série chamado de DmC: Devil May Cry. Enquanto muita gente comemorou o anúncio, os fãs mais puristas reclamaram bastante das mudanças diversas sofridas pelo personagem.
Com o cabelo mais curto e antes de se tornar grisalho, Dante agora é representado com uma aparência mais adolescente, ainda que, aparentemente, o personagem continue apresentado as suas principais técnicas de combate.
A grande dúvida que preocupa o público, no entanto, se trata a respeito da identidade do herói. Seria esse o mesmo Dante que todos conhecem ou uma versão reimaginada do personagem?
De acordo com Alex Jones, produtor da divisão americana da Capcom, o personagem é o mesmo. No entanto, as suas origens serão contadas de outra forma. Mais ou menos como ocorre com filmes de super-heróis, como “Hulk” e “Homem-Aranha”.
O jogo também será o primeiro da franquia produzido por um estúdio ocidental (o britânico Ninja Theory, responsável por Enslaved: Odissey to the West e Heavenly Sword). Ainda assim, a divisão nipônica da Capcom está supervisionando o desenvolvimento do game rigorosamente.
Ainda não é possível saber se DmC irá fazer quem reclamou da aparência de Dante queimar a língua ou sentir-se superior por ter previsto um desastre. Contudo, é inegável que, de qualquer modo, os seus antecessores já fizeram o suficiente para ocupar o seu posto entre as melhores criações dos video games.
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