Desenvolvedores pequenos e notáveis

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Angry Birds, Limbo, Braid, Minecraft. São jogos que, com certeza, você já ouviu falar, por notícias no TecMundo Games ou até mesmo em listas dos melhores games do ano. Os jogos são trabalhos, respectivamente, das desenvolvedoras Rovio, PLAYDEAD, Number None e Mojang, pequenas empresas que surgiram de repente para ganhar posição de destaque no mercado e uma fatia considerável da atenção e lucro dos consumidores.

Img_normalJá falamos aqui no site sobre o que são os jogos independentes e como a chegada das redes online para consoles e PC permitiram o aumento da popularidade desses títulos. Mas afinal de contas, qual o segredo do sucesso destes pequenos produtores de games? O que faz com que eles, com poucos recursos, equipe minúscula e conceitos simples ganhem tanto ou até mesmo mais destaque que muitos blockbusters de grandes desenvolvedoras?

No ombro de gigantesParcerias que pavimentam o caminhoA Media Molecule é um exemplo de empresa pequena que obteve estrondoso sucesso. Com LittleBigPlanet, a desenvolvedora entregou o que, até hoje, é considerado um dos principais games do PlayStation 3 e grande responsável pela popularização dos conteúdos criados pelos jogadores. Aqui, quem faz o jogo é você e a diversão não tem hora para acabar.

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O sucesso, porém, não veio de uma hora para a outra. Em entrevista ao site Games Industry, Mark Healey, um dos fundadores da desenvolvedora, afirma que Rag Doll Kung Fu deu o pontapé inicial na jornada de sucesso da Media Molecule. Para ele, o trabalho com jogos pequenos deu a eles uma ideia de como o mercado realmente funciona e firmou as bases para tudo o que estaria por vir.

Healey, porém, apesar de não citar a participação da Sony como fundamental para o sucesso de um jogo independente, admite que ter um parceiro de peso auxilia nos aspectos mais mercadológicos e, acima de tudo, é uma grande força na divulgação de um título. “[Assim], não é preciso pensar nessas coisas e, apenas, trabalhar na criação de um bom jogo”, explica.

A produção de jogos menores, mas promissores, também é uma boa característica para chamar a atenção. Muitas vezes, a ideia não é abrir o caminho para o desenvolvimento de um novo jogo, e sim, fazer com que exatamente aquela pequena e inovadora ideia se transforme em algo gigante. No vídeo abaixo está o maior exemplo disso:

Lançado em dezembro de 2009 para dispositivos com sistema operacional iOS, Angry Birds se tornaria um sucesso absoluto para, menos de dois anos depois, estar disponível não apenas em celulares mas também em consoles e PCs. Ao todo, o título já vendeu mais de 12 milhões de cópias e lançou a desenvolvedora Rovio para o topo do mercado de jogos casuais.

A empresa, porém, permanece independente até hoje, mesmo após propostas milionárias de compra pela Electronic Arts e Activision, segundo rumores. Tais valores não foram suficientes para comprar o desejo de crescimento da Rovio que, de acordo com Ville Heijari, vice-presidente de desenvolvimento de franquias, vai muito além dos video games.

Por outro lado, isso não impediu que a Rovio fizesse parcerias de sucesso para lançar seus pássaros nervosos cada vez mais alto. Com a Microsoft, por exemplo, a empresa criou um sistema de busca integrada de dicas e detonados do game. Ao lado da Madhouse, a companhia deseja expandir sua participação na Ásia e, unindo-se à Pixar, colocou os personagens do filme “Rio” na luta contra os porcos verdes. O resultado disso tudo foi mais alguns milhões de jogos vendidos e muito dinheiro no bolso.

Baixos custosE alta rentabilidadeOutra abordagem muito utilizada pelos desenvolvedores independentes é manterem-se pequenos, tanto em equipe quanto em custos. No caso da nDreams, criadora de pequenos jogos de realidade aumentada para a PlayStation Home, baixos custos significam uma alta margem de sucesso.

A conta é simples: quando um game custou muito pouco para ser desenvolvido, ele se paga com menos cópias vendidas. Assim, a margem de lucro aumenta consideravelmente, possibilitando que a desenvolvedora produza novos jogos e potencialize seu faturamento cada vez mais.


Durante muito tempo, essa foi a receita de Minecraft e de seu solitário desenvolvedor, Markus “Notch” Persson. Ainda em estado Beta, o game que permite aos jogadores soltar a imaginação e construírem estruturas vivas já é um sucesso antes mesmo de seu lançamento final, marcado para o dia 11 de novembro. E foram justamente os bons resultados alcançados pelo game que permitiram a criação da Mojang e uma aceleração considerável em seu processo de desenvolvimento.

Os dados mais recentes, publicados pela empresa no dia 5 de agosto, mostram que o game já foi comprado mais de três milhões de vezes. Esse total, além de financiar toda uma equipe e permitir os trabalhos na versão final, também transformaram Minecraft em um dos jogos independentes mais rentáveis de todos os tempos.

E o sucesso só tende a crescer. Com a chegada da versão final para computadores, já estão nos planos edições para o Xbox 360, com suporte ao Kinect, iOS e Android, com exclusividade temporária do Xperia Play, da Sony Ericsson.

Jogos simples e universaisSua mãe, você e até seu irmão pequeno podem jogarOs exemplos citados acima são apenas quatro amostras de um universo que luta diariamente por uma fatia do mercado de jogos, frente a grandes nomes do ramo. Apesar das abordagens diferenciadas, com alguns privilegiando a criatividade e as parcerias, e outros focando nos lucros como maneira de crescer, todos concordam em um aspecto: a simplicidade e o apelo universal da maioria dos títulos independentes são os principais responsáveis pelo sucesso.

Limbo, que chegou recentemente ao PlayStation 3, é um grande exemplo dessa constatação. Com controles extremamente simples e gráficos belíssimos, o game não bombardeia o jogador com cenas de corte densas ou com uma jogabilidade acelerada e complicada. Aqui, o usuário pode fazer as coisas em seu próprio tempo, avançando vagarosamente ou encarando o mundo escuro de frente, para sair dele o mais rápido possível.

Tais aspectos, presentes em uma infinita quantidade de jogos independentes de sucesso, podem ser considerados uma herança da primeira geração de consoles. O Atari 2600, com seu suporte nativo a quatro controles simultâneos e jogos simples sempre voltados para a obtenção da maior pontuação possível, abriram as portas do mundo dos video games para qualquer pessoa. Não era raro ouvir histórias de famílias que se reuniam em frente à tela para jogar Pac-Man ou Enduro, por exemplo.

O baixo custo do aparelho também era atrativo. Como a propaganda acima mostra, no início dos anos 80, o Atari 2600 custava menos de US$ 50, valor considerado baixo até mesmo pelos padrões da época. Na atual geração de consoles, é difícil encontrar um jogo independente que seja vendido por mais do que US$ 15 (cerca de R$ 24). Um valor baixo, principalmente quando comparado com o preço dos games tradicionais em caixa, que normalmente saem por US$ 59,99, aproximadamente R$ 97.

Hoje, jogos são considerados um entretenimento altamente denso, caro e solitário, com amigos compartilhando partidas apenas pela internet. Os jogos independentes, porém, mostraram que velhos estilos e ideias simples ainda podem coexistir em um mercado que parece cada vez mais lotado. Fica a torcida do TecMundo Games para que esse tipo de espírito continue existindo e, cada vez mais, sejamos surpreendidos por ótimos títulos.

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