Quem acompanha o TecMundo Games já deve estar bem por dentro de alguns termos técnicos utilizados no universo do entretenimento eletrônico. Você conferiu várias matérias sobre anti-aliasing, shader, além de diversos outros filtros e recursos que são comumente utilizados na concepção dos jogos.
Além disso, durante as nossas próprias análises, você acaba lendo diversas dessas palavras diferentes, já que elas são constantemente utilizadas para auxiliar nas explanações sobre determinados efeitos e defeitos gráficos. Mas muitas delas ainda permanecem desconhecidas para muitos dos usuários. Felizmente, você não deve se preocupar, pois essa quest ainda não acabou.
Dessa vez, falaremos de um termo que você certamente já deve ter ouvido: screen tearing. Eis um dos defeitos que mais incomoda quando o assunto é gráficos. Mas o que realmente é esse problema? Como ele aparece e como posso evitá-lo? Tudo isso, e muito mais, você confere neste artigo. Vamos lá.
Fonte da imagem: DudaSkank
Um rasgo na tela O que é screen tearing?
A atual geração convive com o screen tearing e muitas vezes mal sabe disso. Você provavelmente já deve ter visto os tearings acontecendo diversas vezes durante um game, seja na apresentação em CG, por exemplo, ou então dentro da própria jogatina. Mas, provavelmente, você só percebeu que havia algo de errado com os visuais, algo que incomodava, mas que, até então, não sabia como definir.
Muitas vezes, quando a movimentação é intensa, a tela acaba apresentando umas linhas que quebram a imagem, tornando-a totalmente irregular. Para utilizar o próprio termo que define esse artefato, podemos dizer que há um “rasgo” na tela — tear, em inglês.
E é esse rasgo que incomoda muita gente. Você provavelmente já deve ter visto reclamações sobre o screen tearing no fórum do TecMundo Games ou até mesmo nós, editores, comentando sobre o problema em nossas análises. O fato é que nem sempre a culpa é dos jogos ou dos video games. Por incrível que pareça, seu monitor pode ser o grande responsável pelos rasgos na tela.
Antes de começarmos a nos aprofundar nos detalhes técnicos, exibiremos dois exemplos que mostram claramente o quão terrível um tearing pode ser para a experiência do jogador. Primeiramente, temos um vídeo de Final Fantasy XIII, que você confere abaixo.
À primeira vista, muitos podem sequer notar os problemas de tearing. Mas os olhos mais treinados certamente perceberão que existe algum problema sério neste vídeo. O número de cortes que denigrem a imagem é simplesmente absurdo em alguns momentos, como quando Sazh Katzroy aparece tremendo na tela. Note como a imagem fica irregular, com várias linhas que tiram toda a fluência do vídeo.
Ainda não conseguiu perceber direito? Então fique com esse outro exemplo, desta vez do game Dark Sector.
Nesse breve vídeo, é praticamente impossível não notar como o screen tearing pode acabar com toda a experiência do game. Basicamente, a tela parece estar dividida por uma linha horizontal, com as imagens totalmente fora de sincronia. Quando o jogador move a câmera, o rasgo é explícito. E isso é realmente ruim, não é mesmo?
Explicando os cortes
Agora que você já viu o estrago que o screen tearing é capaz causar, vamos a alguns detalhes que explicam sua existência. Primeiramente, vale a pena mencionar, novamente que o tearing nem sempre é causado por uma engine de game defeituosa ou pelas configurações do hardware de seu PC — embora existam otimizações que podem exigir potência. Em questão de software, temos como exemplo o jogo Darksiders, que sofreu bastante com os tearings na versão para Xbox 360, até receber uma correção.
Basicamente, o screen tearing acontece quando você conta com um aparelho — console ou PC, em nosso caso — que pode enviar um número de quadros (frames) maior do que seu monitor ou sua TV podem comportar. Sendo assim, se um jogo envia mais quadros por segundo do que a tela pode aguentar, então você provavelmente notará rasgos na imagem.
Mas, para entender melhor como funciona o screen tearing, é necessário saber um pouco sobre a taxa de atualização de seu console ou PC. Essa taxa é medida em quadros por segundos e é o número de imagens compostas pelo seu aparelho, que envia tudo diretamente para seu painel de exibição (uma TV ou um monitor). Uma alta taxa de quadros por segundo indica um software ou hardware poderoso, e os resultados normalmente geram imagens bem “lisas”, se sua tela conseguir comportá-las.
Como você pode perceber na última linha do parágrafo acima, a sua tela é de suma importância para a concepção de uma imagem de qualidade, sem rasgos. Essencialmente, ela precisa ser capaz de comportar e projetar cada um dos quadros no display conforme o seu console envia a informação — algo que pode ser extremamente veloz, como nos games de atual geração.
O processo funciona mais ou menos assim:
- O console gera imagens a 24 quadros por segundo;
- O primeiro quadro é gerado pelo console e enviado à sua TV;
- A TV aceita esse quadro e então começa a desenhá-lo na tela;
- Enquanto a TV desenha a imagem, o console já está enviando outro quadro, mesmo que o primeiro ainda não tenha sido completamente desenhado;
- O screen tearing acontece quando o segundo quadro começa a ser atualizado sobre o primeiro na tela, fazendo com que o frame antigo e o novo ocupem a tela no mesmo instante.
Em suma, a falta de sincronização entre o monitor e o console é o principal causador do screen tearing. É por essa razão que alguns jogos trazem a possibilidade de ativar um recurso conhecido como Sincronização Vertical (vsync), que pode ser encontrado tanto na configuração gráfica dos games ou até mesmo nas opções da placa de vídeo — nos consoles, está opção é configurada por padrão.
E como esse processo de sincronização funciona? Uma vez ativada, a sincronização vertical impede que seu aparelho envie uma nova imagem a ser desenhada enquanto o quadro anterior não estiver completamente projetado na tela. Isso, entretanto, pode fazer com que a taxa de quadros por segundo do próprio jogo caia pela metade, algo que pode ser evitado com técnicas como triple ou double buffering, que “seguram” quadros extras na memória enquanto um deles está sendo renderizado — um processo que exige mais memória, obviamente.
Seu display, por outro lado, deve apresentar uma taxa de atualização alta para poder gerar imagens de qualidade, algo que pode ser conferido na própria tela, indicado pelo termo hertz, algo existente tanto nos monitores CRT (tubo) quanto em telas mais modernas (LCD, Plasma e LED).
Agora que tudo está mais claro, você já sabe o que é e como evitar o screen tearing, um dos artefatos que continua incomodando nesta geração. Infelizmente, é bem provável que nós ainda conferiremos alguns jogos que apresentem esse problema, mas dessa vez, você saberá do que estamos falando!
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