As consequências do terremoto no Japão na indústria dos games

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Japão, 11 de março de 2011. O dia é sexta-feira. Exatamente às 14h46 (2h46, horário oficial de Brasília) um terremoto de magnitude 8,9 acomete o país do sol nascente.  O tremor teve origem no Oceano Pacífico, e segundo as informações da Agência de Geologia dos EUA (USGA, mesma fonte anterior), foi seguido por outros 52 tremores com graduação superior a 5,0 na escala Richter.

O epicentro do fenômeno estava localizado a 130 km da península de Ojika, no Japão, e foi considerado o sétimo pior da história do país. Sua consequência imediata foi uma série de tsunamis, ondas gigantes formadas das ondulações sísmicas decorrentes do movimento das placas tectônicas; só que nesse caso no fundo do mar.

Uma imensidão de terras japonesas ficou devastada. Carros foram arrastados, casas destruídas, rede elétrica perigosamente prejudicada, milhares de mortos e desaparecidos. Como se já não fosse tragédia suficiente, no dia 7 de abril, menos de um mês depois do ocorrido, outro terremoto atinge os nipônicos. Desta vez de intensidade mais reduzida, 7,0 pontos.

Este segundo tremor agravou de vez a situação na já danificada usina nuclear de Fukushima, que ainda nos dias de hoje não estão controlados totalmente. O banco central japonês (BOJ) anunciou que como consequência das tragédias, a economia do país crescerá um ponto percentual a menos do que o esperado, e levará pelo menos até abril de 2012 para se recuperar.

Fonte: AP (via Terra)
Como todos sabem, a artéria principal da vitalidade de toda a indústria de games está no Japão. E bem como qualquer outro segmento que passou por esses acontecimentos naturais, ele sofreu vários impactos. O TecMundo Games acompanhou a tragédia, noticiando os acontecidos em terras orientais, e agora faz este especial sobre o impacto da tragédia em relação à indústria dos videogames.

O tamanho do problemaQuanto a tragédia custou para a indústria dos games

Segundo o CEO da Enterbrain, Hirokazu Hamamura, o Japão perdeu US$ 88 milhões em potencial de vendas com as tragédias. O número é calculado através da contabilização de quantos projetos foram adiados, cancelados, ou estão em atraso devido aos recentes acontecimentos.

fonte: Divulgação
A Tokyo Game Show (TGS), uma das maiores feiras de game do mundo, teve sua realização fortemente questionada depois dos ocorridos.  A desenvolvedora Irem cancelou definitivamente a franquia Disaster Report, logo após rejeitar quarto game da série. Duas grandes empresas dos games foram obrigadas a desligar seus servidores, de diversos títulos, para poupar energia para o país. Os títulos Final Fantasy XI, Final Fantasy XIV e Metal Gear Online ficaram temporariamente fora do ar.

Diversos eventos para divulgação e apresentação de jogos novos chegaram a ser cancelados.  Por exemplo, as festas de Yakuza of the End, BlazBlue Continuum Shift II, Dead or Alive Dimensions e Monster Hunter Festa foram adiadas ou, mesmo, não acontecerão mais.  Datas  para o lançamento de MotorStorm Apocalypse, da Sony, e Warriors: Legends of Troy, da Koei foram postergadas.

Problemas em 3D

De acordo com informações divulgadas pela própria Nintendo, o novo portátil 3DS vendeu apenas metade das unidades disponibilizadas em seu lançamento, totalizando 3,61 milhões de consoles — até abril deste ano. Sendo que a projeção era de que estes números tivessem alcançado pelo menos 4 milhões em vendas .Tal fato foi seguido de uma queda de 17% nas ações da Big N na bolsa de valores (Nasdaq).


O presidente da Nintendo atribuiu os fatos de não atingir as metas de vendas, juntamente com a queda das commodities da empresa às consequências da tragédia natural acontecida no Japão. Já a Tokyo Games Show, além da diminuição no porte do evento, certamente será prejudicada em baixa de público e investimentos, devido aos problemas nas usinas nucleares.

Video game caresAinda não seremos derrotados

A tragédia no Japão deixou muitos revezes e muita tristeza. Mas o mundo dos video games não ficou parado. Tão logo a situação começou a se estabilizar, inúmeras empresas, executivos, e os próprios gamers começaram a ser mobilizar intensamente em favor das vítimas do terremoto. Foram atitudes proativas, de caridade mesmo, para conseguir levantar recursos e o que mais fosse possível.

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Foram as mais variadas, diferentes e incríveis ações imagináveis. Inicialmente, foi criada uma organização chamada “Play for Japan” (jogue pelo Japão), que administra e organiza a demanda de doações conseguidas. Ela recebeu uma considerável quantidade de jogos, roupas, itens exclusivos, prêmios, objetos autografados, para serem leiloados no intuito de levantar fundos para a nobre causa.

As contribuições feitas pelas indústrias dos games não param por aí. Várias fizeram doações de quantias em dinheiro: (quantias em Iene, moeda corrente no Japão)

  • NCsoft: ¥ 500 milhões
  • Nintendo: ¥ 300 milhões
  • SEGA: ¥ 200 milhões
  • Namco Bandai: ¥ 100 milhões
  • Tecmo Koei: ¥ 100 milhões
  • Capcom: ¥ 100 milhões
  • Square Enix: ¥ 100 milhões
  • Level-5: ¥ 10 milhões

Pelo bem da nação de games

A Capcom reduziu o preço de sua versão de Street Fighter IV para iPhone. A SEGA realizou promoções com todos os games da série Sonic. A Grasshopper Manufacture divulgou gratuitamente músicas em homenagem às vítimas do terremoto, sendo duas delas de Akira Yamaoka, compositor das trilhas sonoras de Silent Hill.

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A Electronic Arts divulgou ter levantado mais de um milhão de dólares para as vítimas do tsunami oriental, mobilizando funcionários internos e o público de jogadores a ajudar. Além dos recursos financeiros, a empresa também proveu logística e transporte de alimentos.

A Valve liberou três chapéus exclusivos para personagens de Team Fortress 2, possíveis de serem comprados através das lojas virtuais da rede, e toda renda seria revertida para a Cruz Vermelha. Em duas breves semanas, o blog oficial do jogo anunciou ter arrecadado impressionantes US$ 430.543,65. A generosidade invadiu o mundo virtual e tomou conta dos jogadores.

Fonte: Kotaku
A PSN permitiu que seus usuários realizassem doações através da própria rede da PlayStation Store, através de suas carteiras. Segundo dados da empresa, foram levantados em torno de US$ 1,3 milhão, provenientes de mais de quarenta países. A Sony também doou baterias, rádios e outros equipamentos eletrônicos.

A Blizzard, produtora do RPG mais jogado do mundo, usou o próprio World of Warcraft nos esforços de arrecadação. A totalidade dos fundos provenientes da venda da novíssima criatura Cenarion Hatchling, na WoW pet store, será revertida em favor da “terra do nascente”.

Retroceder nuncaRender-se jamais

É muito difícil dizer o quanto as tragédias afetarão o Japão e a indústria dos games, e em que prazo. O país é muito bem servido tecnologicamente, além da grande disciplina e fortes valores orientais que o povo cultiva, o que já possibilitou uma reação imediata após os impactos do terremoto e do tsunami.

A questão mais significativa ainda é a nuclear. A usina de Fukushima Daiichi expos cerca de 80 mil japoneses à radiação. Esta parte afeta diretamente a indústria dos eventos. Muitos jogos já foram adiados e cancelados, e o futuro das grandes feiras ainda é seriamente duvidoso. A própria E3 será um grande reflexo da medida de como as desenvolvedoras e produtoras estão reagindo à catástrofe.

As expectativas são enormes, mas o fato é que muitos estão trabalhando arduamente para que a recuperação nipônica seja a melhor, e mais rápida, possível. Só temos que aguardar, e fazer o que estiver ao nosso alcance para que o país volte logo a ser a principal nação dos video games. Não deixem de conferir sempre as notícias e novidades da situação japonesa no TecMundo Games, que está sempre acompanhando as mudanças no cenário de games mundial para manter os jogadores sempre bem informados.


Reveja o que já foi noticiado sobre a tragédia no BJ:

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