Faz algum tempo que os video games entraram no grande emaranhado da cultura pop. Se alguém ainda desconfia disso, um bom termômetro para avaliar a situação são as estampas de camiseta. Não é difícil encontrar modelos retratando personagens e elementos de franquias famosas, como os cogumelos de Super Mario e a logomarca das Corporações Umbrella, cujo reconhecimento é quase universal, principalmente nas grandes cidades onde essa cultura é mais difundida.
Se as pessoas chegam a vestir roupas inspiradas em games, até onde mais chega a influência dos jogos na vida real? Longe, pra dizer o mínimo. É só pensar na diversidade de produtos com a temática gamer existentes no mercado, assim como eventos de grande porte direcionados especificamente para esse público.
Fonte: Unreality Magazine
Além disso, assim como ocorre no caso de filmes e seriados, fãs se reúnem em comunidades físicas e virtuais — embora nos tempos atuais o último tipo impere — para compartilhar o amor por um personagem específico até o gosto pelo simples ato de jogar. A diferença é que os amantes de video games podem jogar juntos e, assim, pessoas que dificilmente se conheceriam normalmente acabam tornando-se amigas enquanto exploram mundos online com o seu grupo ou discutem a melhor estratégia para acabar com o exército inimigo.
Aproveitando dessa forma a popularidade dos jogos eletrônicos, as próprias produtoras decidiram investir em ações ousadas para divulgar seus produtos, extrapolando os limites entre o universo dos games e a vida real. Desde anúncios interessantes compartilhando espaço na televisão com propagandas de margarina até eventos planejados para surpreender o público, o tamanho das investidas comerciais torna cada vez mais fácil perceber como os games entraram no cotidiano das pessoas e que a tendência é que essa relação apenas aumente.
A cidade e os gamesAvenida Super Mario, número 64Em novembro de 2010, um conjunto residencial na cidade espanhola de Zaragoza foi notícia no mundo todo por conta do nome da primeira via que foi inaugurada por lá: a Avenida Super Mario Bros. O conjunto Arcosur foi planejado para moradores entre 20 e 35 anos, faixa etária que abriga pessoas que acompanharam os inúmeros resgates da princesa Peach durante a infância.
O evento de inauguração do bairro contou com a ilustre presença do encanador italiano e de músicos que executaram trechos da clássica trilha sonora da série. A festa atraiu não só quem cresceu com Mario nas décadas de 80 e 90, mas também uma nova geração de crianças que começou a se divertir recentemente com as aventuras do bigodudo.
O conjunto residencial — cujas ruas e avenidas homenageiam também Sonic, Zelda e Space Invaders — teve os nomes de suas vias escolhidos pelos próprios moradores. Uma boa prova de como os video games estão inseridos na vida da população.
Ultrapasse a Ferrari para chegar antes ao zoológico
Em dezembro do ano passado, outra ação de aproximação dos jogos à realidade urbana aconteceu na cidade de São Paulo. A Sony trouxe sete dos principais modelos de carros encontrados em Gran Turismo 5 para percorrer a capital paulista.
A empresa entrou em contato com a companhia de trânsito da cidade e respeitou a regulamentação. Ainda assim, as máquinas são tão potentes que quem as viu circulando pelas avenidas da cidade em meio aos carros comuns teve a impressão de estar presenciando uma verdadeira corrida.
Na mesma época, São Paulo também abrigou em seu zoológico um dos primatas mais famosos do planeta. Quem visitou o local no dia do evento pôde dar uma olhada em Donkey Kong Country Returns antes do game sair nas lojas. Além disso, os primeiros a chegar receberam brindes como chapéus de cowboy e gravatas vermelhas iguais à utilizada por DK.
Museu da jogatina
Se as visitas ao museu com a escola eram consideradas chatas, este museu foi criado para contrariar a tradição. Qualquer pessoa que for ao Centro Nacional da História dos Jogos Eletrônicos, localizado na cidade de Rochester, nos Estados Unidos, irá encontrar desde os consoles atuais até verdadeiras relíquias — como o Computer Space, o primeiro jogo de arcade lançado comercialmente.
Além dos exemplos citados, os visitantes podem encontrar em exposição protótipos de antigos consoles, projetos que nunca chegaram a ser concretizados, material de divulgação de inúmeros títulos e cerca de 10 mil jogos, sendo que a maior parte funciona até hoje. Para quem mora longe da cidade de Rochester, a instituição conta também com um site (em inglês) em que é possível visualizar boa parte do acervo.
Meu, tu não sabe o que aconteceu!Os zumbis invadiram a cidade!Para promover o lançamento de Resident Evil 5, em março de 2009, a Capcom espalhou pedaços de corpos humanos extremamente realistas pela cidade de Londres, além de disponibilizar mapas e dicas para que os habitantes da cidade saíssem à caça do “tesouro”. O felizardo que encontrou 26 membros despedaçados faturou uma viagem à África, cenário do jogo.
Fonte: Kotaku
É claro que um acontecimento envolvendo réplicas de pedaços humanos escondidos pela cidade tinha grandes probabilidades de dar errado e, nesse caso, foi exatamente o que aconteceu. No final da brincadeira, a companhia percebeu o seguinte: algumas partes não foram recuperadas pelos participantes e sumiram do lugar em que haviam sido escondidas. Com medo de que moradores que não soubessem de nada encontrassem por acidente uma perna ensanguentada, a companhia acionou até mesmo a polícia.
Outro caso curioso envolvendo mortos-vivos ocorreu recentemente em uma rodovia no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Os painéis eletrônicos utilizados para avisar os motoristas a respeito de irregularidades na pista foram alterados para alternar entre os anúncios de “Zumbis à frente”, “Cuidado com os Hunters” e “Esteja alerta aos Tanks”.
Fonte: Kotaku Brasil
Os avisos, como qualquer fã de Left 4 Dead reparou, faziam referência a alguns dos inimigos mais chatos da série. Assim, embora os motoristas que reconhecessem a mensagem tenham se divertido, quem não gostou nem um pouco da história toda foi a empresa responsável pela manutenção dos painéis. Afinal, dessa vez a brincadeira foi feita clandestinamente por alguém que, de alguma forma, conseguiu reprogramá-los sem o consentimento da companhia.
A décima arteOu pelo menos uma fonte de influência para as outras noveHá muita discussão hoje a respeito do status artístico dos video games. A série Metal Gear Solid, apenas para dar um exemplo, possui características invejáveis a muitos filmes. Afinal, é difícil discordar que seu roteiro cheio de reviravoltas poderia disputar um Oscar, assim como Hideo Kojima seria um concorrente de peso para levar a estatueta de melhor direção.
Enquanto esse debate não termina, é possível analisar outra relação dos games com a arte: a função de musa inspiradora. Não são poucos os artistas que inserem elementos dos jogos eletrônicos em suas obras. Um exemplo que fez bastante sucesso é o do músico Sam Hart e a sua “Mario Kart Love Song”, uma canção simples sobre amor e Mario Kart que emocionou milhões de ouvintes pelo YouTube.
Ao mesmo tempo, é possível encontrar muitas outras expressões artísticas inspiradas pelos video games. Uma apresentação no teatro da escola Lowell, na cidade estadunidense de São Francisco, na qual alunos simulam o clássico Super Mario World, ficou muito famosa quando uma gravação da performance foi parar na internet.
Em comunidades virtuais de artistas, como o DeviantART, por exemplo, também não é difícil encontrar trabalhos como pinturas e desenhos retratando personagens e cenários de jogos eletrônicos. Dessa forma, se a qualidade de arte dos games ainda é um assunto que gera muita controvérsia, a sua influência na classe artística, ou ao menos em parte dela, é inegável.
Curtindo música de um jeito diferente
Imagine a cena. É seu aniversário e você planeja aquela festa na sua casa. Você garante que há comida para todos os convidados, coloca as bebidas na geladeira e liga o Kinect para a galera dançar. Peraí! Kinect para a galera dançar? Pois é, os jogos de dança não são exclusividade da Microsoft, mas com certeza são um grande atrativo em eventos sociais. Se antes as pessoas aproveitavam as festas ao som do último sucesso do É o Tchan, hoje não é tão raro presenciar grupos de amigos tentando entrar em sincronia em uma mesma coreografia.
Se os video games mexeram com a forma de como a dança é realizada, o mesmo pode ser dito a respeito da execução das músicas. Franquias como Rock Band e Guitar Hero criaram uma nova mania entre as pessoas. Se antes era difícil começar a sua banda porque faltava aquele pré-requisito básico de saber tocar um instrumento, esses jogos facilitaram essa prática.
Mas será que no futuro vão existir clubes especiais para dançar em frente a um Nintendo Wii ou bares onde bandas animarão o ambiente com seus instrumentos de plástico? Provavelmente não será regra, mas os video games oferecem essa possibilidade.
Quero ser John Marston
Cultivar um bigode igual ao de Mario, vestir as calças de Tidus ou as roupas verdes de Link. Alguns fãs realmente querem se parecer com os seus heróis e não poupam esforços na hora de criar roupas parecidas com as de seus ídolos. Geralmente as vestimentas são feitas para serem exibidas apenas em eventos e convenções específicas de jogos eletrônicos.
Há quem vá além da simples caracterização, como mostra o ex-redator do Baixaki, Oliver Hautsch. Neste bem-humorado clipe, editado por Gabriel (nosso colega da equipe TecMundo Games), Oliver nos dá uma lição de como não há barreiras entre a vida real e os video games — no caso, Red Dead Redemption.
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