O lançamento (semi)mundial do Nintendo 3DS da última semana reforçou aquele mote da Nintendo que afirma: “Temos a primeira tecnologia tridimensional sem necessidade de óculos”. De fato, hoje o aparelho está presente em milhares de lares mundo afora, de maneira que a maravilha tecnológica da Big N já não está mais disponível apenas a uma seleta parcela da mídia especializada — conforme ocorreu na E3 (Electronic Entertainment Expo) do ano passado.
E a comoção pública não poderia ter sido mais motivadora, o que já ocorria mesmo antes do lançamento. Segundo o braço britânico da Nintendo, o 3DS teve o dobro de pré-vendas em relação ao Wii (em 2006) — certamente um bom eco para as 400.000 unidades vendidas nos primeiros dois dias após o lançamento em solo japonês.
E a coisa só poderia ter continuado, é claro: mais de 1.200 lojas do Reino Unido abriram suas portas para o console, garantindo ainda um mimo extra: os 500 entusiastas iniciais levavam para casa um título, gratuitamente.
Mas os mimos não param por aí: os primeiros 3.000 europeus que efetuarem o registro no Club Nintendo ganham a oportunidade de se transformar em um cartão de realidade aumentada ambulante. Isso porque a Nintendo dará a cada um uma camiseta contendo um símbolo de RA — capaz de reproduzir diversos minigames diante da câmera do 3DS.
Para o gerente geral da Nintendo do Reino Unido, David Yarnton, os primeiros dias do 3DS no ocidente não poderiam ter agradado mais — a consumidores e fornecedores, bem entendido. “As reações em torno do 3DS excederam as nossas expectativas mais audaciosas”, afirmou Yarnton em entrevista ao site VG247.com.
E ele conclui, profético: “O entretenimento 3D sem necessidade de óculos realmente chegou. É quase certo que o número de consoles 3DS vendidos durante a sexta-feira [dia do lançamento britânico] excederá o número de televisores 3D vendidos durante todo o ano de 2010”.
Mas a Nintendo também tem em mente aqueles jogadores que não se deslumbram com tanta facilidade — sobretudo quando há uma soma considerável de dólares envolvida. Para tanto, a Nintendo of America resolveu instalar 6.000 quiosques de demonstração do aparelho, de forma que você possa ter certeza antes de empenhar os seus trocados. Sem maiores detalhes até o momento, entretanto — fora o fato de que os pontos de testes devem ser instalados no interior de varejistas de grande expressão.
De qualquer forma, considerando-se o alvoroço atualmente instalado, nada mais natural do que pegar o bonde do entusiasmo “nintendista”. O TecMundo Games reúne agora, basicamente, tudo o que você precisa saber sobre o festejado portátil. Jogos que acompanham o lançamento; tecnologias de apoio; adiamentos; impressões gerais, problemas técnicos em potencial, etc. Enfim, vamos ao que interessa.
Sim, tem o 3D. Mas também tem...Tecnologias e promessas que pretendem abrir a sua carteira
Ok, então o 3DS possui a rara capacidade de produzir efeitos 3D sem qualquer tipo de aparato derivado dos clássicos óculos bicolores de celofane. Embora isso seja particularmente impressionante, existem ainda outras tecnologias de apoio que pretendem transformar o aparelho em um novo referencial para a jogabilidade portátil. E, quer saber? A maior parte já vem inclusa na embalagem. É só chacoalhar a caixa um pouquinho.
Fotos tridimensionais e realidade aumentada
Pela bagatela de US$ 250 (preço de lançamento para os EUA), o que se leva para casa é um aparelho genuinamente multifacetado — bem à moda da Nintendo. Por exemplo, além de conferir Mario e Cia. saltando para fora da tela, você ainda poderá tirar fotos tridimensionais e brincar um pouco com os cartões de realidade aumentada que compõe o pacote.
Em relação às fotos, trata-se de um upgrade natural para as faculdades do DSi. Você vai tirar retratos, e então poderá decorá-los com todo tipo de estampa e decalque — algumas combinações resultam em genuínas obras de arte moderna. Também é possível combinar fotos, criando quimeras (monstrengos) sem precedentes.
Quanto à realidade aumentada, nada realmente inovador — embora exista um grande potencial para divertimento aqui. O 3DS vem acompanhado de seis cartões de RA, cada um representando um mini game distinto. Entre as possibilidades, jogos de tiro e também de pesca — que diria que o seu teclado poderia ser também um lago lotado de peixes? Para os mais esquecidos, uma boa dica: qualquer cartão perdido pode ser reimpresso no site da Nintendo.
“Não se trata apenas de jogabilidade 3D”
Então os efeitos tridimensionais não são a sua praia, e você talvez considere US$ 250 como uma quantia muito alta a ser paga por uma câmera com mimos? Sem problemas. A Nintendo está com você.
Além do hardware avançado, o 3DS deve trazer inúmeros outros motivos para que um jogador menos, digamos, “impressionável” desenvolva interesses pelo console. “Nós estamos deixando para trás qualquer imagem que diga ‘se você não utilizar as funcionalidades 3D, você não pode jogar’”, afirmou o produtor do console, Hikeki Konno.
Através do eShop exclusivo para o console (mais detalhes adiante), a Nintendo pretende oferecer títulos do Virtual Console — conteúdo reprocessado do Game Boy, Game Boy Color, Game Gear e TurboGrafx — assim como clássicos em 3D remasterizados e versões em 3D de jogos antigos.
Console portátil, sim. Celular turbinado, não!“Não somos concorrentes da telefonia móvel”
Quanto aos conteúdos adicionais fornecidos para o 3DS, realmente não existem letrinhas miúdas: esses jogos não estão à venda pelos preços módicos que são exigidos por conteúdos da App Store ou qualquer via semelhante. “Eu ficaria um tanto frustrado se visse um produto no qual trabalhei por vários anos ser vendido por alguns trocados”, afirmou Hideki Konno. “Em relação àqueles jogos de US$ 1, ou gratuitos, o qualquer outra coisa que exista mercado afora, eu afirmo: nós realmente não vamos competir com isso.”
Em outras palavras, em vez de focar na crescente massa de jogadores casuais, a Big N parece mais inclinada a se manter uma espécie de baliza qualitativa. “Nós não vamos tentar bater aquilo [a concorrência da telefonia móvel]”, afirmou Konno. “Nós vamos nos esforçar continuamente não apenas para manter, mas também para aumentar a qualidade do entretenimento que fornecemos.”
Embora afirme ainda que a Nintendo não pretende competir com os preços da jogabilidade celular, Konno reconhece o atrativo dos aplicativos a preço de banana. “É claro que, como um consumidor, se alguém me dissesse, ‘ei, nós temos um Call of Duty para o seu dispositivo móvel, e custa apenas 100 ienes [pouco mais de R$ 2]’, sim, com certeza eu ficaria muito empolgado com isso”.
E ele continua: “Seria realmente incrível encontrar grandes jogos por preços tão baixos, mas eu simplesmente não acho que se possa produzir um jogo tão imersivo e longo quanto, digamos, Call of Duty, ou qualquer outro título grande, e vendê-lo por preços tão módicos; é simplesmente impossível”.
Mais algum tempo para o eShopRede de distribuição do 3DS ainda em fase de testes
Mas a busca por qualidade da Nintendo não parece se limitar à produção de jogos. Mesmo a rede própria do 3DS para comércio online parece ainda não ter provado ter a qualidade necessária. O resultado? Um console temporariamente órfão de suporte online — e, consequentemente, de uma enxurrada remakes, demonstrações, atualizações e afins.
Segundo o produtor-chefe do 3DS, Hideki Konno, o motivo para tanto é bem claro: a rede do console deve ser melhor do que aquelas oferecidas em plataformas anteriores da Nintendo. “Nós definitivamente queremos ter certeza de que ele [o sistema online] estará pronto antes do lançamento”, afirmou Konno em entrevista ao site Gamasutra.com.
Isso porque, aparentemente, os sistemas do Wii e do DS não exatamente agradaram os seus desenvolvedores. “As versões que nós tivemos anteriormente, para ser honesto, não nos agradaram como gostaríamos.” Para Konno, o problema reside na separação dos canais de promoções e vendas do Wii. “Para o Nintendo 3DS, nós realmente queremos dar cobertura a todos os conteúdos em um único ponto. Dessa forma, nós estamos utilizando todo o tempo necessário para ter a certeza de que tudo funcionará”, explica o produtor.
Segundo Konno, a rede para o 3DS funcionará baseada em um navegador, em uma aplicação nativa. “Portanto, a preparação necessária deve ser realmente extensa”. Enfim, se o resultado for algo de fato mais organizado que a interface online do Wii, será possível dizer que a espera valeu a pena.
Para que serve o SpotPass?
Trata-se aqui de uma questão quase retórica. Quer dizer, nesse momento, a maior parte dos jogadores antenados provavelmente conhece perfeitamente a proposta do SpotPass. É o sistema que permite receber demonstrações diretamente no 3DS via Wi-Fi, mesmo como o aparelho em stand-by. O problema é que a própria Nintendo atualmente não tem muita certeza no que diz respeito à viabilidade ou mesmo à utilidade do sistema.
Em entrevista ao site Wired.com, o produtor Hikeki Konno soltou que ainda questiona se as demonstrações via SpotPass são realmente efetivas. “Existem casos em que as pessoas jogam a demonstração de um jogo, ficam satisfeitas com a experiência, mas não compram o jogo”, disse o produtor. “Também há casos em que elas jogam a demo e pensam, “uau, isso é demais, vou comprar assim que tiver a oportunidade”.
De qualquer forma, a dúvida quanto à viabilidade do sistema se mantém: “Se as demonstrações são ou não uma utilização efetiva de recursos, eu realmente não tenho certeza”. É claro, a Nintendo não seria a primeira a considerar que demonstrações, talvez, não tragam o retorno esperado. Enfim, o negócio é deixar o 3DS em semidormência e esperar por alguma surpresa no dia seguinte.
Mas nem tudo é deslumbramento...Cuidado com a “tela negra da morte”!
Inovadora ou não, o 3DS ainda é feito de componentes eletrônicos falíveis. E a reafirmação desse fato surgiu recentemente, a contragosto da entusiasmada Nintendo.
Reportes de usuários ao redor do globo sugerem algo como uma “tela negra da morte”, espécie de erro ocorrido em diversos títulos do console. Entre os queixosos, usuários dos fóruns NeoGav, AVForums e Digital Spy, que descrevem um erro que apenas pode ser eliminado zerando-se o aparelho.
Os erros teriam ocorrido com os jogos Super Monkey Ball, Street Fighter IV 3D, Pilotwings, Ghost Recon, LEGO Star Wars e aplicações utilizando os Miis. Embora alguns usuários tenham resolvido o problema apenas com o clássico “reset”, outros afirmam que há a necessidade de se formatar o cartão de memória utilizado. Entretanto, um grupo menos afortunado de jogadores precisou mesmo trocar o aparelho na loja. Aguarda-se no momento um posicionamento oficial da Nintendo.
JogosTítulos que acompanham o lançamento do 3DS
O período de lançamento de qualquer console é sempre um tanto dúbio. Afinal, a biblioteca de jogos disponível no momento em que a nova tecnologia será colocada à prova nem sempre é muito expressiva.
Mas há variações, é claro. Embora os títulos que acompanhem o lançamento do 3DS ainda representem um número razoavelmente tímido, há na lista algumas presenças marcantes, como Super Street Fighter IV: 3D Edition, Tom Clancy’s Splinter Cell 3D e Pro Evolution Soccer 3D. Os preços? Sempre em torno dos US$ 40. Confira a lista completa abaixo:
Um legítimo clássico do Super Nes e do Nintendo 64. Prenda a respiração e prepare-se para voar, pois Pilotwings está de volta! Pilotwings Resort, para Nintendo 3DS, retoma as características clássicas da franquia, fazendo com que os jogadores passem por séries de testes, tendo que pilotar máquinas como aviões e foguetes portáteis (jetpacks).
Trata-se de uma das aplicações mais úteis do 3DS até o momento. A tecnologia estereoscópica acrescenta uma profundidade sem precedentes às corridas intensas de muscle cars. Ademais, há ainda uma boa dose de nostalgia — embora devidamente acrescida de detalhes que trazem as corridas de Ridge Racer para os padrões rígidos dos jogos de corrida atuais.
Não é propriamente um jogo, mas ainda assim pode ser divertido — sobretudo entre o público mais jovem. Nintendogs + Cats é o primeiro título da popular franquia de simuladores para o Nintendo 3DS. A série que fez fama no Nintendo DS coloca o jogador na pele de um treinador de cães, que deve brincar e adestrar um cãozinho desde o nascimento até que ele se torne adulto.
Sem muito o que acrescentar aqui. Trata-se do bom e velho Street Fighter, agora abocanhando a tecnologia tridimensional. Entretanto, seguindo o mote do “para além do 3D”, 3D Edition se vale da conectividade do 3DS para introduzir diversos modos competitivos, tanto offline quanto online.
Pro Evolution Soccer 3D traz a fórmula consagrada pela Konami, com um acréscimo que pode demandar algum tempo de adaptação: a visão acima dos ombros, tal qual o modo “Become a Legend”.
Em Ghost Recon: Shadow Wars, a Ubisoft traz os boinas verdes diretamente para as funcionalidades do 3DS. É hora de assumir novamente o controle das Forças Especiais do exército estadunidense... Que agora ainda brotam da tela.
Investindo na profundidade dos cenários e fazendo uso dos efeitos tridimensionais do Nintendo 3DS, a SEGA traz ao portátil mais uma versão de Super Monkey Ball. Desta vez, a principal inovação é o uso dos sensores de movimento do console, que controlam o nivelamento do ambiente e, indiretamente, o personagem.
A tradicional série de corrida para os portáteis agora chega ao Nintendo 3DS, trazendo toda a experiência do efeito tridimensional para as pistas. Com seus mais de 40 veículos licenciados e um grande leque de possibilidades oferecido pelo modo de personalização, os jogadores terão o prazer de sentir que estão realmente dirigindo Lamborghinis ou pilotando motocicletas Ducati.
Trata-se de um remake do excelente Rayman 2. Novos gráficos, tecnologia estereoscópica... Impossível não alimentar a expectativa.
Samurai Warriors: Chronicles é o último de uma longa série de títulos hack ‘n’ slash. O enorme sucesso conquistado durante o lançamento japonês do 3DS indica que algo semelhante pode ocorrer por aqui — mesmo que a consagração ocidental da franquia não seja tão pronunciada.
A fusão entre LEGO e vídeo games foi certamente um dos mais rentáveis crossovers de que se tem conhecimento. Dessa forma, nada mais natural que um aporte da série na nova menina dos olhos da Nintendo. Quanto a Clone Wars (A Guerra dos Clones), nenhuma novidade: trata-se da saga produzida para a Cartoon Network, espécie de interlúdio entre o segundo e o terceiro filmes.
The Sims você já conhece: trata da consagrada franquia da Electronic Arts que coloca seres humanos como ratos de laboratório em um ambiente virtual — ok, uma descrição mais romântica também seria possível. O que dizer? Em The Sims 3D as reclamações constantes do seu “Sim” ganham o espaço tridimensional.
Que tal alguns dos atletas mais bem pagos do futebol americano saltando pela tela do seu console? Só que, lamentavelmente, os efeitos tridimensionais não vão muito além disso — cenários e demais características permanecem basicamente os mesmos de versões anteriores.
O Sam Fisher tridimensional do 3DS é um remake do criticamente aclamado Tom Clancy’s Splinter Cell: Chaos Theory. E a missão aqui é igualmente épica: infiltrar-se em instalações militares russas. Naturalmente, o arsenal clássico do espião continua à disposição.
Steel Diver começou como um programa de demonstração tecnológica para o Nintendo DS e acabou se transformando em um jogo completo para o 3DS. Dessa forma, a plataforma da Nintendo propicia, literalmente, um mergulho na vastidão oceânica. O game traz ainda diversos modos competitivos que se valem das conexões do console.
Universe traz uma proposta similar aos jogos anteriores da franquia. A ideia é tão simples quanto viciante: conecte três bolhas da mesma cor para fazê-las desaparecer. Entre os modos de jogo aparecem lutas contra chefes, “100-second”, “300-second” e “Challenge”.
Sem muito segredo aqui: diversas espécies de dinossauros digladiando em ambiente tridimensional. São quatro grupo distintos: “Predators”, “Hunters”, “Chargers” e “Defenders”. O resto? Pancadaria de dinossauros — alguém aí ainda se lembra de Primal Rage? Enfim.
Quebrando as barreiras do 3DO primeiro passo na popularização de sistemas tridimensionais
Afinal, qual seria o segredo por trás do sucesso (embora ainda potencial) do 3DS? Há quem responda. Para o gerente geral da Nintendo britânica, David Yarnton, o portátil representa o primeiro passo rumo à popularização do sistema tridimensional. E isso devido ao pioneirismo da Nintendo ao derrubar diversas barreiras que anteriormente se impunham à tecnologia.
Em entrevista ao site MCV.com, Yarnton declarou:
“Até momento, o 3D se via contido por três barreiras. Ser muito caro, não ser móvel e necessitar de óculos especiais. O Nintendo 3DS supera todas elas. Eu tenho trabalhado com a Nintendo por 18 anos e na indústria de games por mais de 25 anos, e esse é realmente o produto mais impressionante que eu já vi”.
Enfim, entre tecnologias de ponta e robôs gigantescos reconstruídos em realidade aumentada, o melhor talvez seja aguardar. Aguardar afim de conferir quando, como e se a proposta representada pelo 3DS vai de fato se instalar entre os jogadores. Os auspícios não poderiam ser melhores, é claro.
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