Parte da estratégia de marketing para divulgação de um game é investir no hype, criando expectativa e liberando informações a ritmo de conta gota, de forma a deixar os gamers famintos pelo lançamento. Com a chegada do game às prateleiras, toda esta excitação, porém, acaba morrendo aos poucos pois o objeto de desejo finalmente está disponível.
Algumas empresas tentam estender o interesse dos jogadores utilizando DLCs e acrescentando novas informações à história, como é o caso de Resident Evil 5 ou Red Dead Redemption. Esta solução, porém, tem um prazo de validade bem mais curto, já que estes episódios extras normalmente apresentam apenas trechos adicionais que, por mais que sejam criativos, não passam de um tempero a mais no game original.
Porém, que tal não deixar o hype morrer nunca, e brindar os fãs com um novo game enquanto eles ainda estão se divertindo com o anterior? Esta é a estratégia adotada pelas desenvolvedoras de franquias anuais, que lançam um jogo após o outro. Esta tática, apesar de sempre manter os títulos vivos na memória dos gamers, pode nem sempre funcionar, pois na maioria das vezes, a velocidade é privilegiada em detrimento da criatividade.
Campeonatos anuais
Quando se fala em games lançados anualmente, é impossível não pensar nas séries FIFA e Pro Evolution Soccer. Ambas dominam com folga o mercado de games de futebol e são campeões absolutos do gênero na opinião da maioria dos fãs da bola. Também são jogos que chegam anualmente ao mercado.
Quando terminam os campeonatos mundiais, inicia-se a rodada de negociações, na qual clubes compram e vendem seus jogadores, novos times surgem no topo da classificação e as tabelas para o ano seguinte são drasticamente modificadas. Apenas isto já é motivo para a criação de um novo jogo das franquias de futebol, com novos atletas e escalações atualizadas.
O problema é que, no caso de Pro Evolution Soccer, as novidades param por aí. A cada lançamento anual, o game é elogiado pela boa simulação das dinâmicas nos campos, mas recebe duras críticas devido à falta de inovação e criatividade. Alguns fãs argumentam que esta constância é benéfica, já que sempre é possível saber o que esperar de um novo PES. Para outros, porém, a falta de diferenciação é um problema sério.
Este é um fator do qual os games da série FIFA tentam não sofrer. A cada edição, a Electronic Arts tenta se reinventar e adiciona inovações a seu game. Alguns fãs chegam a afirmar que, a partir de sua versão 2010, a franquia finalmente ultrapassou Pro Evolution Soccer, seu principal rival, e finalmente recuperou o topo do ranking quando o assunto é futebol.
Mal chegamos em 2011 e versões atualizadas de FIFA e Pro Evolution Soccer já estão nas lojas. E como não poderia deixar de ser, novos episódios das duas franquias já estão no forno para o ano que vem.
Não são apenas os games de futebol que são lançados anualmente. A Electronic Arts, autoridade quando se fala em jogos esportivos, possui uma série de outros jogos do tipo lançados um após o outro. Alguns exemplos são NBA e suas variações, NFL, NHL e Tiger Woods PGA Tour.
Problemas contratuais invadem as pistas
Assim como o futebol e o basquete, por exemplo, a Fórmula 1 também é um esporte de muito destaque mundial e tem tudo para receber jogos anuais. Contratos geralmente complicados e valores de licenciamento e desenvolvimento muito altos, porém, fazem com que os direitos da modalidade pulem de desenvolvedora em desenvolvedora, impedindo assim a geração de um fluxo constante de jogos.
A modalidade chegou a ficar sem nenhum game entre 2007 e 2008, devido a dificuldades de contrato com Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e altos valores de licenciamento. Em 2009, porém, bons ventos ajudaram a resolver os problemas com a papelada, e o circo da velocidade voltou a ter bons jogos anualmente, por meio da união entre Sumo Digital e Codemasters.
Em 2010, a franquia chegou a seu auge e, após muitos anos, finalmente recebeu um jogo digno do glamour das corridas que são assistidas aos domingos na televisão. F1 2010 trouxe opções inovadoras, gráficos belíssimos e circuitos fiéis, que reproduzem a temporada da competição com fidelidade. Um deleite para os fãs.
Para alegria dos aficionados por velocidade, F1 2011 já está nos planos e, por contrato, a Codemasters possui os direitos de produzir ainda mais um game da modalidade em 2012.
Inconstância em alta velocidade
Já que estamos falando em velocidade e franquias, como não citar Need for Speed? Os mais novos devem enxergar a série como sinônimo de carros tunados e perseguições policiais. Jogadores mais experientes provavelmente se lembram de quando os jogos da Electronic Arts exigiam do jogador apenas o essencial dos games de corrida: chegar em primeiro.
Em uma tentativa de fugir da mesmice e, de olho nos números de vendagem, a desenvolvedora reinventa completamente a franquia, transformando-a em algo completamente novo a cada três ou quatro lançamentos. Como edições de Need for Speed são lançadas anualmente, o resultado é uma perda completa da identidade da série e envelhecimento rápido das formas utilizadas pela EA
A primeira inovação surgiu ainda na era PlayStation, quando as provas simples ganharam ares de corridas ilegais em Hot Pursuit. Na série, além de chegar em primeiro, era preciso escapar da polícia, que armava bloqueios nas estradas e usava táticas para impedir o avanço dos corredores.
Com o sucesso de filmes como “Velozes e Furiosos”, a franquia foi completamente repaginada mais uma vez e assumiu de vez seu ar clandestino. Os carros de corrida e as pistas comuns deram lugar às ruas de uma cidade durante a noite, com carros tunados e som muito alto embalando as provas ilegais. Esta fórmula foi aproveitada até a exaustão, com nada menos do que oito títulos lançados entre 2003 e 2010.
O cansaço da ideia, claro, se refletiu em recordes de vendas e mais uma vez Need for Speed precisou se reinventar. Após voltar ao antigo estilo de Hot Pursuit em mais um lançamento, a Electronic Arts se prepara agora para bater de frente com Gran Turismo e Forza Motorsport utilizando a série SHIFT, que dá espaço à simulação, e traz o game de volta aos circuitos de corrida.
A Electronic Arts promete que Need for Speed SHIFT 2: Unleashed será o melhor game da série já lançado. Com foco no realismo, o jogo trará uma grande quantidade de carros e diversas opções de personalização dos veículos, incluindo alterações de performance. Para diferenciá-lo dos concorrentes, a desenvolvedora inclui um sistema de danos preciso e efeitos visuais que ampliarão a sensação de velocidade.
A guerra nunca acaba
Para muitos, Call of Duty é o FPS definitivo. A série, que saiu das batalhas antigas nos palcos da Segunda Guerra Mundial, foi consagrada quando aderiu à modernidade e colocou o jogador dentro dos combates que antes eram apenas assistidos pela televisão. Hoje, CoD é praticamente sinônimo de tiroteio em primeira pessoa, e sua fórmula é copiada por um sem número de games de ação.
Ao contrário de Need for Speed, porém, cada lançamento de Call of Duty ultrapassa com larga vantagem os números de vendagem do título anterior. O tiroteio não parece dar sinais de cansaço pois, apesar de ainda não existir confirmação oficiais, boatos dão conta que três novos jogos da série já estão em desenvolvimento, dois ainda retratando combates modernos e um terceiro abordando um futuro não muito distantes.
Qual a diferença, porém, que faz com que o uso de uma mesma fórmula tantas vezes ainda gere resultados positivos? Para a Activision Blizzard, distribuidora do game, o método aparentemente é diversificar os cenários em que o tiroteio acontece, adicionando também tramas interessantes, um bom trabalho de dublagem e, claro, bons gráficos.
Mesmo os títulos que se passam durante a Segunda Guerra Mundial são bem diversificados, nunca retratando o mesmo episódio dos conflitos. Já os games da era moderna acontecem em períodos completamente distintos. Enquanto Modern Warfare, por exemplo, se passa no Oriente Médio, Black Ops, o mais recente, conta uma história da Guerra Fria, com fases localizadas em Cuba e no Vietnã, por exemplo.
Os recém-chegados à onda
Desde 2003, os fãs de filmes de terror sabem que todo Halloween é época de Jogos Mortais. As armadilhas inusitadas e o banho de sangue da série de filmes aparentemente chegaram a um fim no ano passado, quando o sétimo longa se intitulou o último. Nos games, porém, a série está apenas começando.
Saw: The Video Game foi lançado em 2008, seguido de Flesh & Blood em 2009. Ambos contam histórias que se passam entre os filmes originais, e podem ser inclusive considerados parte da cronologia da série. Nos jogos, a história gira em torno do detetive David Tapp, um dos personagens centrais do primeiro longa, interpretado por Danny Glover.
Na ocasião do lançamento do segundo título, a Konami Productions afirmou que os games de Jogos Mortais também se transformariam em uma série, assim como os filmes. Por enquanto, porém, não há informação sobre um terceiro título da franquia nem confirmação de que ela realmente continuará com o final da saga nos cinemas.
A Ubisoft também pretende transformar um de seus títulos mais bem sucedidos, Assassin's Creed, em uma franquia anual. Entre 2009 e 2010, a série já recebeu dois títulos de sua linha do tempo principal, além de outros para consoles portáteis e até redes sociais como o Facebook.
A saga dos assassinos da Era Vitoriana ainda não possui um título da cronologia central anunciado para este ano, mas 2011 ainda está começando. Por enquanto, há apenas planos de um novo game da série para o Nintendo 3DS, intitulado Assassin’s Creed: Lost Legacy. Boatos, dão conta de que, para sustentar o ritmo mais acelerado de lançamento, a Ubisoft estaria planejando levar os games para outros períodos históricos, experimentando a receita de sucesso de Call of Duty. Como nada foi confirmado oficialmente por enquanto, só nos resta esperar para ver.