Coluna: Quem conta um conto aumenta um ponto

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A Segunda Guerra Mundial pode ser uma pauta interessante para muita gente. Na verdade, basta olhar para a pose dos envolvidos em uma discussão para saber que alguém, ali, levanta algum ponto particularmente interessante sobre o III Reich, sobre o desembarque na Normandia ou sobre como o Ocidente fez fortuna vendendo badulaques à Europa destroçada do pós-guerra. Mas, ei! Isso já é quase lugar-comum.

Quer dizer, os video games também “discutem” temas históricos — e o fazem de um jeito bastante singular em grande parte das vezes. De fato, não se trata apenas da Segunda Grande Guerra — embora, ainda hoje, nove em cada dez FPS (tiro em primeira pessoa) achem que há mais a ser retirado daquele cenário. Há de tudo: Independência dos EUA, guerras civis variadas, a Itália Renascentista...

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Entretanto, em grande parte das vezes, há uma distinção óbvia no tratamento dado pelo entretenimento eletrônico a fatos históricos. Basicamente, uma quantia considerável de games que resgatam cenários passados acaba acrescentando “alguns pontos” ao “conto” inicial.

Afinal, ninguém negaria que Leonardo da Vinci realmente existiu. Mas você acredita que, de fato, ele foi um “brother” de Ezio Auditore da Firenze (Assassin’s Creed 2)? Igualmente, ninguém negaria que os crimes hediondos de Jack, o Estripador realmente ocorreram... Mas seria preciso alguém realmente crédulo para acreditar que o assassino vitoriano teve, de fato, alguma ligação com Shadow Man e a liga de assassinos conhecida como “Os Cinco”.

Isso para não falar nos exercícios de futurologia e nas teorias da conspiração. Afinal, ninguém negaria que a Coreia do Norte é, hoje, um país que tem deixado muitas potências mundiais com arrepios na espinha. Mas é preciso uma imaginação bastante fértil para acreditar que Kim Il-Sung meteria os pés na porta dos EUA bem antes de 2030 (Homefront). Que tal relembrar alguns dos melhores “Faça você mesmo” históricos dos games?

“Que tal se nós acrescentássemos isto à História?”Cumpra o seu papel e altere o percurso da humanidade

O que pode ser melhor do que decorar algumas datas e passagens históricas para marcar o “X” correto em uma prova? Compreender o contexto e vivenciar a época em uma bela experiência audiovisual, talvez. Mas pode ficar melhor: que tal se você pudesse cumprir um papel fundamental no curso da história humana — seja utilizando um guerreiro voodoo ou um soldado armado até os dentes. Para tanto, “habemmus” video games.

“Mas o cinema já faz isso há muito tempo”, diria algum crítico observador — mas também meio ingênuo. Ok, é verdade. Entretanto, o que pode ser melhor para “aumentar um ponto” do que o bom e velho entretenimento eletrônico? Trata-se ainda de uma bela oportunidade para quem foge de livros didáticos como o Diabo foge da Cruz.

  • Reinventando a história com Assassin’s Creed

Talvez isso seja um balde de água fria para alguns jogadores, mas alguém precisa dizer: não, Ezio Auditores da Firenze jamais existiu. Não apenas ele, mas nenhum dos membros da sempre crescente família de ancestrais de Desmond Miles.

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Entretanto, é justamente na mistura entre “abordagem vagamente histórica” e “personagem fictício” que surge o ponto alto da proposta da Ubisoft. Quer dizer, você poderia simplesmente ajudar alguém a coletar cadáveres pela cidade (?!)... Mas que tal se isso for uma “mãozinha” para o icônico Leonardo da Vinci? Afinal, até hoje, muita gente questiona a avançada percepção anatômica demonstrada pelo artista renascentista.

Mas não fica só nisso. Quem jogou o segundo game da série também deve se lembrar que Ezio tem um papel decisivo em uma tentativa de atentado contra Lorenzo de Médice — figura proeminente da conhecida família de mecenas (patrocinadores de artistas).

Bem, acontece que o referido atentado realmente ocorreu — embora os anais da História não mencionem nenhum assassino trajando roupas carnavalescas, naturalmente. Outras figuras históricas que cruzam o seu caminho incluem Nicolau Maquiavel, Caterina Sforza e o Papa Alexandre VI.

Naturalmente, isso deve continuar ao longo da franquia. Basta considerar Assassin’s Creed 3  Aqui você encarnará mais um dos antepassados do Sr. Miles, dessa vez, mais um dos heróis desconhecidos pela história “enfiará o bedelho” na Revolução Americana.

  • A vingança do general Custer

Ao confrontar essa verdadeira “pérola” do Atari 2600, pode-se perceber que a prática de alterar realidades históricas utilizando video games não é, nem de longe, algo novo. Aqui você encarna uma das figuras mais controversas da história estadunidense, o general Custer.

Para quem não conhece, o saudoso militar George Armstrong Custer foi um personagem importante durante a famosa Guerra da Secessão, que ocorreu nos Estados Unidos entre 1861 e 1865. Algum tempo depois, o general, que era bastante conhecido pela sua dureza ao conduzir as batalhas, comandaria posteriormente um regimento de 266 homens a fim de expulsar tribos indígenas de Dakota do Sul.

Bem, algo não deu muito certo, e os índios acabaram exterminando Custer e todo o seu regimento. Custer acabou, é claro, não tendo a oportunidade de se vingar... Pelo menos não até o aparecimento do famigerado e controverso jogo “Custer’s Revenge”, de 1982.

O jogo traz o personagem do general da forma como veio ao mundo tendo que desviar de várias flechas a fim de alcançar uma índia igualmente nua que se encontra amarrada. Bem, o resto você já imagina: pura cópula “pixealizada” — e algo que, certamente, não se encontra nos livros escolares.

  • Lições históricas em Call of Duty

Eis um verdadeiro clássico do “faça você mesmo” gamer. Na verdade, é provável que muitos gamers, que como estudantes são ótimos atiradores, tenham tomado conhecimento de embates como a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã após disparar alguns headshots em títulos da série.

Em Black Ops  por exemplo, você viverá um coadjuvante enviado aos piores momentos da Guerra Fria. No itinerário, Vietnã, Cuba e Rússia. Mas fique avisado: é provável que ninguém lembre do seu nome ao final.

  • A futurologia de Homefront

Ok, nem todo o game de orientação histórica traz fatos concretos ligeiramente modificados. Na verdade, alguns deles simplesmente “dão uma viajada” em belos exercícios de futurologia avançada. Homefront é, com certeza, um desses casos.

Aqui, a desenvolvedora Kaos Studios pretende que você acredite no seguinte cenário: em 2027, os Estados Unidos da América sucumbem ante o avanço inabalável de uma supernação constituída pelas Coreias do Norte e do Sul. A diferença aqui é que a cronologia que conduz até esse desfecho “apocalíptico” — dependendo do lado em que você esteja na guerra, é claro — é tão convincente nos seus acontecimentos, que toda a ficção assume um incômodo clima de “quase real”.

Senão, basta acompanhar os principais eventos do período coberto pela introdução do jogo. A Coreia do Norte ignorando sanções das Nações Unidas em relação ao desenvolvimento de armas nucleares. A morte de Kim Jong-Il e a ascensão ao poder de seu filho, Kim Jong-Un. A indicação deste para o Prêmio Nobel da Paz pela reunificação das Coreias — com direito a capa na revista Time!

  • Civilization: o ápice do “conte você mesmo”

Em termos de aposta histórica, é provável que nenhuma franquia faça frente a Civilization  Isso por que, diferentemente de outros games, a proposta aqui visa toda a história humana — passado, presente e futuro.

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Basicamente, você é convidado a recriar os passos de seres humanos primitivos que, eventualmente, acabarão dominando todo o planeta — e não necessariamente da forma que se conta nos livros.

  • E se os nazistas tivessem levado a melhor? (Turning Point)

Sim, todos sabem que Hitler deu um passo maior do que as pernas, garantindo para si o papel de “vilão perpétuo” em filmes, games e tiradas humorísticas. Mas... E se a coisa não tivesse terminado exatamente como se conta?

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Turning Point traz a resposta a essa pergunta. Aqui a expansão alemã não foi contida pelos esforços dos aliados. E há ainda um fato épico: o III Reich invadindo uma Nova York tão perplexa quanto desesperada. Alguém precisa fazer alguma coisa, é claro.

  • O controverso JFK Reloaded

Em uma das apostas mais controversas dos games, aqui você precisa recriar o famigerado tiro que acabou com muitos sonhos estadunidenses em 22 de novembro de 1963. E isso com requintes de crueldade, já que cada mínimo detalhe precisa ser considerado — incluindo o momento crucial e o ponto de impacto.

  • Os nazistas sobrenaturais de Wolfenstein

Nazistas com poderes extraterrenos e uma abordagem... Ligeiramente diferente daquela estampada por anos nos quadros negros das escolas. As viagens de Wolvenstein certamente dispensam apresentações. Vale dizer, entretanto: não use como referência em questões discursivas.

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  • Shadow Man

Um verdadeiro clássico do Nintendo 64. Aqui você encarna um herói voodoo que se vê em uma trama tão absurda quanto diabólica. No centro da trama, encontram-se os assassinos sobrenaturais conhecidos como “Os Cinco”. Lá pelas tantas, o game traz a presença “ilustre” de Jack, o Estripador — cuja bela apresentação ainda inclui “Sonata ao Luar”, de Beethoven.

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