Dhalsim assopra as velas enquanto Blanka dá aquele mortal de alegria
Pegue um copo de guaraná, um brigadeiro e se acomode, porque estamos em ritmo de festa! Como você já deve ter percebido, 2012 é um ano muito especial para os video games, pois temos muito a comemorar — e não apenas pela grande quantidade de lançamentos e anúncios. Muitas das franquias que nós adoramos e que ajudaram a construir nosso caráter como jogadores estão fazendo aniversário.
Pode ser que você não seja fã de uma ou outra dessas séries, mas é impossível negar sua importância dentro da indústria. Afinal, como poderíamos negligenciar os avanços gráficos apresentados em cada Final Fantasy ou a revolução que Metal Gear trouxe à forma com que a narrativa interfere na experiência?
Por isso, coloque seu chapéu de festa e se prepare para assoprar várias velinhas. E fique, porque vai ter bolo.
Final FantasyA última esperança da SquareEmbora a série esteja um pouco desgastada com os recentes lançamentos, é impossível desmerecer o que Final Fantasy representa não apenas para os fãs de RPGs, mas para todos aqueles que buscam sempre grandes inovações entre um título e sua sequência. Durante muito tempo, o anúncio de um novo capítulo da franquia era aguardado com muita ansiedade, pois isso era sinônimo de grandes saltos gráficos. Quem não ficou boquiaberto ao ver a diferença visual apresentada entre o sétimo e o oitavo jogo?
Versão para NES do primeiro Final Fantasy. Jogo ganhou mais uma série de remakes, incluindo PSP e iOS
No entanto, para compreender o que essa “revolução” significa, é preciso voltar à data de lançamento do primeiro game, mais precisamente em 1987. Na época, a Square não estava indo muito bem e, à beira de declarar falência, a companhia decidiu apostar em um último projeto. A ideia era lançar um RPG de fantasia claramente inspirado em outros sucessos, como The Legend of Zelda e Dragon Quest.
Como a estratégia era quase que suicida, o diretor Hironobu Sakaguchi batizou sua criação de Final Fantasy, pois seria a primeira e única tentativa da produtora no gênero. No entanto, o fim foi apenas o começo e a ótima recepção do jogo não apenas salvou a Square de fechar as portas como também deu início a uma das franquias mais lucrativas das últimas décadas.
Final Fantasy IV chegou primeiro ao SNES, mas ganhou versões melhoradas para DS e PSP
A partir desse ponto, tivemos dezenas de continuações que, mesmo com tramas independentes, traziam algumas características em comum entre elas. Exemplo disso foram as histórias muito bem trabalhadas — com foco para Final Fantasy IV, lembrado até hoje como um dos melhores enredos da saga — e a própria mecânica, que era sempre reinventada.
E que entre Final Fantasy VII
É impossível falar da série sem citar Cloud e Sephiroth. Os dois personagens protagonizaram não somente um dos títulos mais aclamados pelos fãs, como fizeram parte de uma verdadeira revolução na forma com que as desenvolvedoras e os próprios jogadores iriam lidar com os jogos a partir daquele ponto. Afinal, imagine como foi impressionante ver os velhos sprites se transformarem em personagens tridimensionais.
Essa novidade, porém, não foi importante apenas para a Square, mas para a indústria como um todo. Exemplo disso é que o sucesso de Final Fantasy VII — e dos demais títulos em 3D que vieram em seguida — ajudaram o recém-lançado PlayStation a se consolidar no mercado e a ditar as novas regras em quesitos gráficos dos jogos. Esse novo tipo de modelagem passou a ser requisito básico, com direito a uma busca constante pelo realismo — algo que os capítulos seguintes fizeram muito bem.
Metal GearEspionagem, complexidade e uma legião absurda de fãsOutra série que possui uma importância semelhante é a icônica Metal Gear. Lançada em 1987 para o quase desconhecido MSX2, a criação de Hideo Kojima é praticamente um divisor de águas dentro da indústria em diversos aspectos. Primeiramente, ele foi um dos pioneiros no uso stealth e se tornou referência quando falamos em espionagem tática. Ele também introduziu uma história repleta de elementos políticos e armamentistas — o que se encaixou perfeitamente com o período de Guerra Fria que o mundo viva na época.
Esse é o Metal Gear de MSX2 (Fonte da imagem: Reprodução/Gamefilia)
Se isso já era motivo o suficiente para deixar muita gente entusiasmada, a grande sacada de Kojima veio com Metal Gear Solid, para PlayStation. Assim como Final Fantasy VII, a saga de Solid Snake também trouxe um visual impressionante, principalmente durante as chamadas cinemáticas. Porém, mais do que simplesmente servir de parâmetro gráfico, essa novidade ganhou um novo fim, ajudando a ampliar a complexidade que a franquia já possuía.
Foi a partir desse ponto que os games passaram a se aproximar cada vez mais do cinema. Com MGS, a Konami se aproveitou dessa nova tecnologia para encontrar uma forma diferenciada de contar histórias, abandonando os sprites com balões de texto para criar um pequeno filme em nossos consoles. Tanto que Metal Gear Solid 4 é até hoje considerado um dos títulos que melhor aproveitam essa relação.
Essa nova narrativa encaixou perfeitamente com aquilo que a série já sugeria em fazer desde o MSX2. Com a possibilidade de também mostrar ao jogador o que estava acontecendo, Hideo Kojima pôde aprofundar ainda mais a temática de seus jogos e explorar assuntos que, até então, permaneciam intocados — tudo isso de uma maneira bem diferente daquilo que era feito até então.
Street FighterUm quarto de século dando HadokenPor muito tempo, eu acreditei que a série Street Fighter tinha começado em seu segundo jogo, já que nunca vi e nem conheci alguém que tivesse posto os olhos no primeiro — nem mesmo o famoso “amigo do primo do vizinho”. Era um mito que só foi superado graças ao advento da à internet.
A capa de Street Fighter II pro SNES é a prova de que não havia maldade nos anos 90 (Fonte da imagem: Reprodução/PaletteSwap)
As razões pelas quais a continuação ficou infinitamente mais popular que o game original são várias. Entre elas, temos a quantidade de adaptações — enquanto o primeiro Street Fighter se limitou aos arcades, SF II chegou a praticamente todos os consoles — e as inovações oferecidas, como a jogabilidade precisa e voltada para a realização de combos, que deixou tudo muito mais dinâmico.
No entanto, isso não quer dizer que o início de tudo deva ser esquecido, principalmente quando ele também trouxe suas próprias novidades. Embora os jogadores ficassem limitados apenas a Ryu e Ken, o jogo apresentou um sistema que reconhecia a força com que cada botão era pressionado, o que deu origem à ideia de socos e chutes fracos, médios e fortes.
Mistério resolvido: o primeiro Street Fighter existiu de verdade (Fonte da imagem: Reprodução/Geral Games)
Em Street Fighter II isso foi aprimorado, com seis teclas de ação específicas. Mais do que isso, ele trouxe uma mecânica muito mais simplificada e ágil, o que deixou muita gente empolgada com as possibilidades. Isso, em conjunto com a “grande” quantidade de personagens disponíveis — o que foi ampliado com o lançamento das “expansões” Hyper Fighting e Super Turbo —, foi a chave do sucesso.
Porém, mesmo se tornando referência no gênero, isso não impediu a Capcom de cometer alguns deslizes com a série. Primeiramente, a tentativa de levar as lutas para o mundo dos personagens tridimensionais deu origem ao famigerado Street Fighter EX enquanto Street Fighter III trouxe uma mecânica tão complexa que muita gente não se adaptou. E para corrigir isso, nada melhor do que um retorno às origens do “Hadoken moleque” com SF IV, que resgatou a mecânica simplificada que conquistou milhões de fãs nas últimas duas décadas.
Mega ManDe presente, o ostracismo
Se a Capcom decidiu comemorar o aniversário de Street Fighter em grande estilo, o mesmo não aconteceu com a série que um dia já foi símbolo da empresa. Afinal, que presente poderia ser melhor para o pobre Mega Man do que o esquecimento? Depois de praticamente todos os seus jogos em desenvolvimento terem sido cancelados e o herói ter sido ignorado até mesmo em Marvel vs. Capcom 3, os fãs tiveram de se contentar apenas com as lembranças.
O primeiro Mega Man é também o mais errado de todos (Fonte da imagem: Reprodução/Scottthong)
Mas por que o estúdio insiste em negligenciar o pequeno robô? Sinceramente não sabemos, principalmente se levarmos em conta seu histórico nos últimos 25 anos. Desde sua primeira aparição, em 1987, Rockman — como a série é conhecida no Japão — conquistou o público por trazer o clássico gênero de plataforma combinada com uma dificuldade acima da média.
Além disso, os jogos também apresentaram uma mecânica de fases bem diferente, o que ajudou a popularizar a aventura futurista. O jogador tinha a liberdade para selecionar qualquer um dos estágios disponíveis, podendo escolhê-los em qualquer ordem. Mais do que isso, cada chefe trazia um poder especial que ajudaria o herói a enfrentar outro inimigo.
(Fonte da imagem: Reprodução/AllSpark)
A partir dessa fórmula, várias sequências e outros títulos relacionados foram lançados, como Mega Man X, Zero, Legends e Battle Network. No entanto, no meio do caminho, a Capcom se cansou de mostrar que há desafio em títulos de plataforma e engavetou o herói azulado por tempo indeterminado.
Menções honrosasMais aniversáriosNo entanto, essas não são as únicas séries a assoprar as 25 velinhas. Vários outros jogos clássicos também estão celebrando este um quarto de século, embora sem a mesma força que os nomes citados. Afinal, há quanto tempo você não vê um jogo da série Double Dragon chegar aos consoles?
Além dele, temos o bom e velho Contra, que chegou ao NES e arcades em 1987 e deixou muito marmanjo de mau humor ao trazer uma dificuldade realmente desafiadora para a época. Detalhe para a réplica do Stallone e Schwarzenegger na capa do jogo.
E para quem ainda duvida que 2012 seja um ano de festas, ainda temos o lançamento ocidental de The Legend of Zelda e a estreia de Phantasy Star, o RPG da SEGA que até hoje tem sua base de fãs. Independente da franquia que você adora, o fato é que essa longevidade é a prova de qualidade definitiva para cada uma delas.
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