A imagem que deu origem à brincadeira (Fonte da imagem: Reprodução/Ubisoft)Embora o lançamento de Assassin’s Creed 3 esteja cada vez mais próximo, o jogador brasileiro passou a esperar outro destino para a popular série da Ubisoft. Desde que o produtor executivo da franquia, Sebastien Puel, declarou que o Brasil possui um ótimo cenário para um novo jogo, muita gente ficou imaginando se a afirmação não era um indício do que estava por vir.
É claro que nada foi confirmado e tudo não passou de uma simples sugestão, apontando o período colonial ou até mesmo das bandeiras como bons momentos históricos a serem explorados. No entanto, não nos limitamos a esperar qualquer decisão do estúdio e decidimos dar asas à nossa imaginação, tentando trazer o Credo dos Assassinos para terras verdes e amarelas e contextualizar a guerra entre assassinos e templários dentro da nossa História. Será que funciona?
O herói negro
O início da saga no Brasil Colônia
Nos mais de 500 anos de História, nenhum período seria mais marcante para inserir a guerra invisível que marca a série Assassin’s Creed do que as últimas décadas do Período Colonial. Embora ainda fosse uma simples colônia de Portugal, trata-se de um momento bem conturbado socialmente, marcado por uma série de conflitos.
E, para representar esse momento, nada melhor do que o primeiro herói negro da franquia. Neste jogo, acompanharíamos a saga de Osei, um escravo fugido que acaba se deparando com um assassino e conhecendo os ideais de liberdade e igualdade que ele defende. Ao se tornarem aliados, o herói acaba participando de vários ataques a fazendas e engenhos até saber que há uma revolta prestes a acontecer em Minas Gerais.
Mesmo com suas habilidades, herói não consegue salvar Tiradentes (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
Ao chegar ao local, Osei e seu Mentor são apresentados ao homem chamado de Tiradentes e aos demais líderes da revolta. Com ideias semelhantes, eles unem forças e lutam contra as tropas portuguesas que comandam a região — até serem traídos por um de seus aliados. O protagonista até tenta evitar a morte de seu mestre e dos demais companheiros, mas não chega a tempo. É seu primeiro contato com os templários.
O jogo, então, nos levaria para a Bahia, onde um novo foco de revolta surgia. Lutando contra as forças da Corte, o assassino percebe que seu inimigo ainda é invisível, estando a milhares de quilômetros de distância de suas armas. Tentando pôr um fim na falta de liberdade de brancos e negros, o herói falha mais uma vez, principalmente quando seu principal inimigo não pode ser derrotado.
No entanto, a chance de sua vida surge em 1808, quando a Família Real portuguesa foge para o Brasil de uma ameaça maior na Europa. Já no Rio de Janeiro, Osei tenta acabar com a vida de D. João VI, mas descobre que ele nada mais é do que um brinquedo na mão do verdadeiro governante: o templário António de Araújo e Azevedo.
Depois de quase 10 anos de luta, o assassino consegue finalizar seu objetivo e acabar com a influência de Azevedo sobre D. João, que pouco depois é convencido a voltar para Portugal e a deixar o Brasil nas mãos de seu filho, Pedro. Osei e seus aliados tentam se infiltrar na nova Corte para influenciar o príncipe a declarar independência — algo que eles conseguem somente em 1822, depois de muitas batalhas.
No entanto, mesmo depois de tanta luta e sangue derramado, o assassino percebe que nada mudou e que a nova cúpula do Império está tão imunda quanto antes. Decepcionado, ele abandona o manto e se exila no interior, deixando o novo país livre para que os templários atuem mais uma vez.
A ameaça invisível
O império do país em chamas
Mesmo após a independência, as coisas parecem não ter mudado no país. A situação da população continua a mesma, ou seja, pobre e sem oportunidades. Mais do que isso, os templários voltaram a exercer poder sobre o novo Império. Além de tudo, eles se aproveitaram da recente volta de D. Pedro I para Portugal para comandar de vez o Brasil.
Como o sucessor da coroa ainda era criança, os regentes assumiram o poder e a entregaram à Ordem. É nesse contexto que o assassino David surge na capital para protagonizar essa sequência. Vindo como um herói da Revolução Farroupilha, ele logo se junta a outros membros da Irmandade para tirar seus inimigos do poder.
Após diversos combates contra as forças regenciais, o assassino consegue chegar muito próximo de eliminar Diogo Feijó, um dos principais responsáveis pelo domínio templário no Brasil. Apesar de não tê-lo derrotado, os assassinos conseguiram expulsá-lo da Corte e realizar o golpe que fez com que o menino Pedro, de apenas 15 anos, se tornasse imperador — e amigo da Irmandade.
Com o imperador ainda criança, os templários comandaram o país (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
É aqui que o jogo mais se diferencia de todos os demais da série. Isso porque o Credo dos Assassinos não tentará derrubar um poder corrupto, mas manter um que tem potencial para ser próspero. Para isso, David e seus irmãos deveriam viajar pelo país para combater movimentos separatistas e rebeliões comandadas pelos próprios templários para desestabilizar o Estado em uma clara tentativa de voltar ao poder.
Ao longo dessas viagens, ele conhece a história de Osei, um assassino que atuou na região há anos e que sonhava com um país livre e igual entre raças, mas que desistiu da Irmandade após ver seu sonho ruir pela corrupção. Assim, David adota esses ideais e volta para o Rio de Janeiro na tentativa de trazê-los à realidade — o que consegue apenas em 1888, ao convencer a Princesa Isabel a abolir qualquer tipo de escravidão.
A decisão, no entanto, foi o estopim perfeito para que os templários voltassem a agir. Reunindo aristocratas que perderam sua principal mão de obra, eles voltaram ao poder ao derrubar o Império para estabelecer a República — um novo regime sempre significa facilidade de ser controlado.
David, já idoso, pouco pôde fazer para conter a revolta. Embora ele e seus irmãos tenham tentado impedir o avanço inimigo, a idade tirou a habilidade do assassino, que tombou antes de ver se o Imperador sobreviveu. Os templários venceram mais uma vez.
Os templários fardados
O país sem voz
Por muitas décadas, o Brasil esteve sob o controle dos templários. No entanto, foi somente em 1964 que eles voltaram a atacar a estrutura da sociedade com mais força. Sob o pretexto da ameaça comunista, a Ditadura Militar é instaurada e o país fica sendo controlado pela Ordem por quase 20 anos.
É nesse ponto que o terceiro e último game da trilogia nos apresentaria Douglas, um jovem que vê sua hora de agir quando seus inimigos decretam o infame Ato Institucional Número 5. Treinado por seus pais — assassinos sobreviventes da Ditadura Vargas —, ele começa a agir em grandes cidades para impedir que inocentes sejam vítimas da repressão militar.
As primeiras missões seriam como mensageiro entre os grupos estudantis, mas suas habilidades logo são exigidas pela Irmandade, que colabora com o movimento de esquerda. Após se mostrar eficiente eliminando soldados, Douglas é convocado pelo MR-8 para algo maior: sequestrar o embaixador americano Charles Burke.
Herói moderno usava novas armas para acabar com a repressão (Fonte da imagem: Tecmundo/Nick Mancini)
Assim como os demais jogos, este Assassin’s Creed traria algo diferente em sua estrutura. Ao contrário de tudo o que se viu até agora, a influência da Ordem dos Templários parece não diminuir, mesmo com os constantes ataques da Irmandade. Eles eram o Governo, e não apenas pessoas influentes. Era uma hidra impossível de ser derrotada.
Ainda assim, Douglas continua na luta para enfrentar os militares, mantendo a população longe da violência. Porém, mesmo com seus esforços, muitas vidas se perdem, inclusive a do jornalista Vladimir Herzog, um forte aliado na luta contra a repressão. Tomado pela culpa, ele decide agir de maneira mais efetiva.
É aí que temos a ida para Brasília, criando o palco perfeito para que o assassino atue. Primeiramente, a cidade foi projetada por um velho amigo da Irmandade, o que faz com que a movimentação furtiva sobre os prédios seja ideal para a caçada aos militares. Além disso, todos os principais templários estavam ao seu alcance, fazendo com que sua lâmina seja mais necessária do que nunca.
Depois de derrubar todos os grandes nomes da Ordem, o herói finalmente veria o processo de abertura política. No entanto, quando acreditava que a liberdade estava prestes a ser obtida, mais sangue foi derramado: os templários tentaram armar um ataque terrorista em meio a um evento para culpar os chamados “vermelhos”. Douglas consegue impedir a explosão da bomba no Riocentro, mas sai gravemente ferido.
Mesmo assim, ele consegue sobreviver para ver a última parte do game: o fim da influência da Ordem sobre o Regime Militar e o retorno da democracia. Apoiando o novo presidente — aliado dos assassinos —, ele acredita que seu trabalho está, enfim, terminado. Contudo, ele percebe seu erro ao ver o recém-eleito governante ser morto e, mais do que isso, ao ver seu próprio sangue tocar o chão. Um tiro pelas costas que lhe deu a resposta que sempre procurou: o Brasil nunca estará livre dos templários, que se escondem em todas as partes do governo, permanecendo invulneráveis a qualquer ameaça ou revolução. A ameaça é real, embora invisível.
Muito mais história
Agora é sua vez
Como dito, esses são apenas alguns momentos históricos em que a história dos assassinos poderia ser contada em nosso país, mas não quer dizer que sejam os únicos. Embora poucos deem valor, o passado do Brasil é rico o suficiente para que vários outros personagens surjam para mostrar que “nada é real, tudo é permitido”.
A Ubisoft já deu a dica para um novo personagem (Fonte da imagem: Reprodução/Ubisoft Brasil)Por isso, contamos com sua participação.Em que outros períodos da História do Brasil poderíamos ter um novo game da série Assassin’s Creed? Se um dia prepararmos uma sequência, sua ideia pode aparecer aqui.
Ilustrações: Nick Mancini
Texto: Durval Ramos
Via Tecmundo