Wii U: a primeira trincheira de uma nova guerra

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Com o Wii U, ocorre o primeiro movimento oficial rumo à oitava geração. Como é de praxe, figurões da indústria, espertinhos e mesmo todo tipo de parasita da imensa força motriz da indústria de games começam a arregaçar as mangas para trocar farpas, gracejos e, por fim, para tentar “puxar a brasa para a própria sardinha”.

Mas, se esses comentários, se essas controvérsias já são uma tradição desde que os video games deixaram seus primeiros monitores de osciloscópio da metade do século passado, parece fato que, agora, há uma razão extra para que eles existam.

Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo
Em suma, algo que se resume em uma simples pergunta: qual será o real teor da oitava geração? Haverá uma oitava geração? Ou... Faz sentido realmente falar em um novo salto de gerações, enquanto há hoje um imenso emaranhado de tendências, plataformas e tecnologias, cada uma ditando o seu próprio ritmo, dentro do seu próprio espaço? A Nintendo acredita que sim. Microsoft e Sony, ao que parece, também.

Vitima do próprio pioneirismo?

Embora muito fã de MarioDonkey Kong e Cia. tenha sentido a orelha esquentar no momento em que um dos chefões da Sony disparou o seu comentário, não parece ser assim tão fácil refutá-lo. “Eu sempre pensei que o PlayStation 3 e o Xbox 360 estivessem na mesma geração, mas o mesmo não acontece com o Wii”, disse Shuhey Yoshida ao site Eurogamer.

Ele continua: “O Wii moldou um novo nicho para si próprio. Para mim, era como se houvesse duas gerações seguindo ao mesmo tempo.” A mensagem é bastante clara, embora também se pareça com uma faca de dois gumes.

Afinal, se o Wii inaugurou um nicho de mercado vendendo jogos para pessoas que antes adquiriam outras formas de entretenimento (muitas delas totalmente díspares em relação ao foco mais tradicional da indústria), parece fato que, ao tomar o novo direcionamento, a Nintendo imputou a si mesma a necessidade de... Continuar inovando, digamos.

Isso explicaria os narizes torcidos diante da apresentação do console durante a última edição da feira E3 (Electronic Entertainment Expo)? Talvez. Mas a Big N ainda insiste que, nesta geração (seja ela qual for), haverá, por fim, o reencontrou entre casual e hardcore, entre produções próprias e acordos com third parties. Trata-se apenas dos primeiros passos, dizem eles. Faz sentido.

Entre o hardcore e o casualBons gráficos ou uma nova evolução?Como você já deve saber, o TecMundo Games esteve presente na última edição da E3 e pôde conferir de perto como funciona a nova máquina da Nintendo. A impressão: um bom sistema em cima do muro. Afinal, embora colocar um tablet como controle mostre que a Nintendo anda antenada com as assim chamadas “tendências do mundo dos games”, isso não parece ser suficiente para retomar a imensa parcela de jogadores esporádicos que acabou migrando para o ascendente mercado da jogabilidade portátil em celulares e afins.

Por outro lado, pode-se dizer que os gráficos demonstrados — mesmo as imagens bem razoáveis obtidas em ZombiU e Batman: Arkham City — não chegaram (absolutamente) a fazer os olhos dos presentes saltarem de suas órbitas (incluindo o nosso bom redator, Durval Ramos).

  • O argumento hardcore: “Como competir com plataformas instaladas há seis anos?”

Sim, é verdade: a Nintendo tem, ao menos, uma boa resposta provisória para esse efeito cinzento que acompanhou o “baile de debutante” particular do Wii U durante a E3. Em entrevista ao site Video Gamer, Satoru Iwata justificou as texturas medianas e mesmo alguns visuais chapados à relativa falta de familiaridade dos estúdios de desenvolvimento diante de algo que ainda é bastante novo.

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Afinal, esses mesmo estúdios (incluindo a Ubisoft, por exemplo) já desenvolvem para PlayStation 3 e Xbox 360 há mais de seis anos, o que, em teoria, permitiria maior conhecimento das nuances tecnológicas dos sistemas da Sony e da Microsoft. Alguém ainda precisa descobrir como apertar corretamente as porcas do Wii U, certo?

  • O argumento casual/inovador: “Nosso negócio é a diversão”

Não apenas o Wii U ainda parece um tanto indeciso quanto ao rumo que deve ser tomado como também os seus criadores ainda parecem chacoalhados de um lado para o outro. Afinal, como abocanhar novamente o hardcore enquanto se mantém entre os dentes o casual? Reggie Fils-Aime se segura firme e rosnando sobre o último filão.

Fonte da imagem: TecMundo Games
Em entrevista ao site Globe and Mail, o chefão da divisão norte-americana da companhia afirmou que o negócio da Nintendo nunca foram os gráficos, mas sim a diversão. Afinal, o último embate gráfico em que a Big N entrou terminou por cuspir das linhas de produção o Game Cube — um bom sistema, com belos gráficos, mas desempenho pífio nas prateleiras, como o próprio Iwata reconheceu durante a referida feira.

Além disso, Fils-Aime afirma que, caso gráficos realmente fossem fator decisório em um sistema, não haveria explicação razoável para o sucesso estrondoso do Wii. Isso antes de bater na mesma tecla “chefão maior” da Nintendo: trata-se ainda dos primeiros títulos, a “estética” aparecerá aos poucos.

O que será a oitava geração?Entre novas tendências e modelos de negócio desgastadosDiante do panorama que acompanhou o clima blasé da última edição da feira E3, é impossível deixar de questionar não as “novas plataformas”, mas sim os “velhos modelos de negócio”. Embora parte do padrão da sétima geração apareça novamente — a inauguração da Nintendo, a discussão acerca do poderio gráfico —, há hoje uma profusão de tecnologias já instaladas, algo que não havia nos primórdios da geração passada.

A Nintendo dará o primeiro chute? Certamente. Entretanto, há mais jogadores em campo: Microsoft e Sony acabaram por se render e apostar no público casual (Kinect e PS Move, respectivamente); o mercado de jogos a 99 centavos de dólar anda bastante aquecido — vendendo mesmo ótimos títulos por quantias praticamente simbólicas. E isso sem nem mesmo entrar no mérito da jogabilidade “em nuvens”... Enfim, senhores: façam suas apostas.

Fontes: Video Gamer, Globe and Mail

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