(Fonte da imagem: Reprodução/Pokédit)
Todo processo de mudança é complicado — e com os jogos isso não é diferente. Sucesso já não é mais sinônimo de longevidade e é praticamente impossível manter um personagem imutável durante longos períodos. É preciso atualizar conceitos, pensando em novo públicos e naquilo que o mercado em si exige. É uma transformação constante; um grande ciclo de reinvenção.
No entanto, não se trata de algo simples. Mexer naquilo que já vem dando certo pode ser arriscado — embora necessário — e qualquer deslize pode jogar todo o projeto no lixo. Como alterar ideias sobre um personagem que possui uma legião de fãs sem que isso o descaracterize e crie uma onda de revolta? Muitos estúdios ainda tentam achar essa resposta e, enquanto não a encontram, tentam à sua maneira, por mais trágico que isso possa ser.
Afinal, quem nunca torceu ao nariz para o que fizeram com aquele seu herói favorito? Uma mudança de visual mais drástica — ou desnecessária — ou aquela reformulação de personalidade que é um soco em suas memórias são apenas alguns dos exemplos mais comuns de deslizes na hora de atualizar um personagem.
O problema é que algumas dessas falhas extrapolam o limite do bom senso e conseguem manchar todo o histórico de uma franquia a ponto de acabar com os sonhos de um retorno digno em uma sequência ou reboot. Em muitos casos, a tentativa de “melhorar” um conceito apenas o destrói — e é exatamente esse tipo de desgraça que queremos relembrar.
1. SonicVeloz e controversoE vamos direto ao assunto com um personagem bastante polêmico e que divide opiniões por quer que ele passe: Sonic. Embora muita gente goste e até defenda, a versão moderna do ouriço não agradou a maioria dos fãs.
Porém, antes que você comece a atirar as primeiras pedras, vamos explicar. Na verdade, não há nada de errado com o visual mais radical do ouriço. Desde sua versão original, ele já era tido como uma resposta um pouco mais “descolada” da SEGA para o sucesso de Mario. Enquanto o encanador era mais colorido — e, portanto, passava a imagem de infantil —, Sonic era a solução para quem procurava algo mais ágil e dinâmico.
Desse modo, essa evolução chega a ser algo bastante natural, o que faz com que o redesign do raio azul não seja a heresia que muita gente gosta de dizer. É basicamente aquilo que a Capcom fez com Mega Man e Mega Man X. O real problema é aquilo que veio junto com a mudança.
A SEGA tentou amadurecer seu personagem, deixando o visual mais infantil de lado para focar em algo ainda mais radical e “cheio de estilo”, o que refletiu também na jogabilidade. Para isso, foram criadas mecânicas inéditas para acompanhar a nova abordagem — além de abraçar as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias —, que destoaram completamente daquilo que os fãs esperavam. O novo Sonic possuía outro ritmo e uma “pegada” totalmente diferente da série original, o que desagradou boa parte dos jogadores.
Eu ia fazer uma montagem para ilustrar o quão "massavéio" é o Shadow, mas a SEGA já fez esse trabalho por mim.
E como desgraça pouco é bobagem, a empresa ainda decidiu ir além e criar conceitos ainda mais diferentes para o personagem, transformando-o em lobisomem, colocando como skatista ou criando uma nova leva de coadjuvantes que seguiam a mesma estética. Além dos clássicos Tails e Knuckles, o ouriço ganhou uma dezena de outros aliados e inimigos, alguns ainda mais “radicais” e “descolados” do que ele. Afinal, o que é o Shadow além de um Sonic mais “dark”, “bolado” e “massavéio”?
2. Mega Man Roleta da aleatoriedadeE já que citamos o robô, vamos relembrar a saga do protagonista mais negligenciado dos últimos anos, que vem sendo tratado como um vira-lata qualquer pela Capcom e que há algum tempo não recebe um jogo decente. A impressão que temos é que o estúdio não sabe mais o que fazer com o personagem e, desde então, entrou em um modo aleatório na tentativa de reinventá-lo.
Mega Man agora é rainha de bateria
Basta olhar para os últimos títulos protagonizados por Mega Man para perceber que o estúdio realmente não se importa mais em fazer sentido e tem atirado para todos os lados. Ele já foi quase um Pokémon na série Battle, ganhou uma armadura felpuda em Xover, se transformou em um Megazord em Star Force e quase virou um FPS genérico. E como prova de que a roleta da insanidade está girando, até mesmo a versão gorda da capa do game original voltou à vida em Street Fighter X Tekken, mostrando que a Capcom realmente abraçou a galhofa no que diz respeito a um de seus personagens mais famosos.
E voltando à máxima de que o chorume nunca vez sozinho, boa parte do elenco secundário da série também passou por uma série de transformações para acompanhar seu protagonista e também ficaram bem estranhos. Protoman ficou quase irreconhecível e o Zero por muito pouco não é confundido com Roll.
Para completar, fique com uma cena do clássico desenho que coloca as duas versões mais clássicas do herói lado a lado.
3. CrashO maior de todos os vira-latasNo entanto, ninguém é mais vira-lata do que Crash Bandicoot, o antigo mascote da Sony e ícone da geração PlayStation. E por mais que o marsupial ainda seja lembrado com carinho por muita gente, ele não tem um jogo decente há alguns anos e as constantes transformações pelas quais ele passou apenas contribuíram para afundá-lo na tristeza, derrota e vergonha.
Do design simples — e até mesmo estranho — dos primeiros games, o personagem passou um processo de evolução semelhante ao do Sonic, ou seja, uma tentativa de deixá-lo mais radical. A diferença é que, neste caso, não havia a necessidade disto e todas as adições são totalmente desnecessárias.
Os pelos pontiagudos, as tatuagens e a própria postura deixavam claro que o objetivo da Activision era deixar o herói muito mais moderno, quase como um adolescente. O único ponto é que o personagem já tinha esse comportamento quando foi criado.
Crash sempre passou essa imagem de selvagem, irônico e desbocado desde seus primeiros jogos. Basta olhar para a capa desses títulos para perceber isso na forma como ele é retratado. Contudo, as versões mais atuais do protagonista deixam essas características de lado para torná-lo em algo mais “normal”. Ele é realmente como um adolescente comum e sem o mesmo charme de outrora.
4. SpyroSolte sua fera
Quem passou por um processo semelhante foi o pequeno Spyro, embora de uma maneira muito mais drástica. Enquanto os primeiros jogos tinham um visual bem mais infantil e cartunesco, as últimas aparições do dragão púrpura apresentavam-no com uma aparência muito mais feroz.
Com o passar do tempo, ele recebeu traços mais animalescos e chegou ao ponto de se transformar em um dragão clássico como aquele que a mitologia Medieval nos apresentou. Em Dawn of the Dragon, Spyro abandonou completamente a “inocência” e abraçou sua natureza. Ficou legal, mas muito longe daquilo que conhecíamos do personagem.
Em suas últimas aparições, o herói alado voltou a ficar mais caricato, mas não ignorou a pegada mais selvagem. Se o Spyro original nos deixava com vontade de ter um dragão de estimação, a versão apresentada em Skylanders só nos faz querer correr o mais rápido possível para longe dele.
Pelo menos, os últimos games do personagem foram razoavelmente bem.
5. Diablo De demônio primordial à moça dos infernos
O mal encarnado, representação das trevas, fonte do caos. Muitas são as formas de se referir a Diablo, a entidade mais maligna e diabólica do universo dos games. Desde sua primeira aparição, ele sempre foi retratado como algo que todos deveriam temer, tanto pela forma como ele é representado quanto pela ameaça que ele realmente é.
Você esperava um Diablo assim...
E isso era justificado também em sua aparência. Como todo demônio que se preze, o Diablo original era gigantesco, grotesco e capaz de fazer até mesmo o mais valente dos guerreiros vacilar. Tudo no inimigo despertava o medo e fazia jus à sua fama.
... e encontrou um Diablo assim.
E daí caímos em Diablo III. A Blizzard até tentou vender a imagem de que o monstro voltaria ainda mais aterrorizante do que antes, mas o que os jogadores encontraram foi algo bem diferente. Os traços femininos incomodaram muita gente — embora isso faça bastante sentido dentro da trama —, mas o que realmente revoltou os fãs foi o fato de que toda a imponência do demônio desapareceu, fazendo dele ficar bem mais magro, frágil e nada ameaçador.
6. Simon BelmontO bárbaro metrossexualQuando Simon Belmont apareceu na capa dos primeiros Castlevania, ele sempre era retratado como um bárbaro. Por mais que a tanga de couro e a tiara não fossem as referências mais ideias para um guerreiro, tudo combinava com a imagem de um guerreiro — ainda mais com as semelhanças com “Conan, o Bárbaro”. Só que isso é coisa do passado.
O Simon atual é muito mais preocupado com sua imagem, tanto que abandonou a truculência de outrora e adotou algo um pouco mais delicado. Nos anos 90, por exemplo, ele adquiriu uma aparência bem mais andrógina e substituiu o traje bárbaro por algo um pouco mais estiloso, com direito a plumas e couro preto — o que nada combinava com a imagem de um guerreiro caçador de vampiros.
E quando você acha que viu tudo, Castlevania: Judgment vem para mostrar que sempre há um designer ainda mais “criativo” para dar seu toque de inovação. No caso, a brilhante ideia de transformar o antigo caçador em um rockeiro de coletinho de couro, bermuda e coturno foi de Takeshi Obata, criador da série “Death Note”.
Para mostrar que nem tudo está perdido, Simon voltou a ser um pouco mais bruto em Mirror of Fate. Apesar de as roupas permanecerem as mesmas dos anos 90, o personagem em si recuperou parte de sua dignidade perdida.
7. BombermanO horror, o horrorEu poderia escrever um tratado sobre a atrocidade que fizeram com o Bomberman, mas é melhor você ver com seus próprios olhos.
Lembra-se disso?
Pois ele virou isto.
Bem... É isso aí.
Algum mais?
Como nenhuma lista é definitiva, é natural que alguns personagens ficaram de fora. É por isso que pedimos a sua ajuda para listar mai alguns personagens que foram estragados com o tempo. Será que você é capaz de se lembrar de mais algum.
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