Antes tudo, é preciso reconhecer: tanto a imprensa focada no entretenimento eletrônico quanto o seu público tendem a apresentar certo “comportamento de rebanho”. Quer dizer, a menos que você seja ermitão (ou pretenda se tornar um), é praticamente impossível elaborar um julgamento sem pelo menos considerar “o que andam dizendo por aí?” — afinal, formamos todos o mesmo nicho, por mais difícil que seja aceitar isso às vezes.
Dessa forma, afirmar que “Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots é um excelente jogo" é uma obviedade quase tão grande quanto dizer que “Superman 64 é uma bela e grande porcaria”. Trata-se quase de unanimidades — caso se resolva fazer vista grossa para aquela famosa frase do escritor Nelson Rodrigues (“Toda unanimidade é burra”).
Mas há alguns casos em que se torna realmente difícil perceber uma orientação entre opiniões. São casos clássicos de “ame ou odeie”, capazes de gerar uma dose de aversão tão grande quando a de uma paixão inflamada.
Em outras palavras, são jogos que dividem de forma às vezes discrepante as opiniões — seja porque conduziram a franquia por rumos muito diferentes, porque tentaram abraçar várias audiências simultaneamente... Ou simplesmente porque irritaram um grupo muito particular de jogadores (os famigerados “fanboys”).
Afinal, alguém poderia afirmar que, sem sombra de dúvida, Dead Island é uma completa perda de tempo? Ou, quem sabe, um bom conjunto de argumentos poderia provar, definitivamente, que a orientação “vamos abraçar todos os tipos de jogadores!” adotada pela Visceral Games em Dead Space 3 não foi mesmo uma boa escolha... Pouco provável.
A fim de levantar a questão, o BJ resolveu elencar aqui alguns dos games que mantêm detratores e defensores devidamente engajados. Ok, talvez isso acabe por gerar novas divisões de opinião, mas deve valer a pena.
6 games que dividiram opiniõesPúblico, indústria e imprensa nem sempre podem concordar
“Juntar algumas pedras para tacar na cabeça da EA”... Eis o que deve ter sido considerado por alguns fãs particularmente dedicados quando a proposta de Dead Space ganhou novos ares em sua terceira edição.
A controvérsia tem uma razão de ser, naturalmente. Pelo lado dos detratores, foi necessário encarar o gosto amargo de ver sua amada série tendo também que abraçar uma fatia maior do público — o que veio na forma de doses maciças de ação destilada e uma história um tanto menos... Elaborada (vá lá, é realmente difícil negar isso).
Entretanto, não se pode dizer que Dead Space 3 realmente não conquistou algo — o que foi percebido tanto pelo público quanto pela crítica, naturalmente. E isso pelo mesmo motivo: o que antes era um survival horror um tanto restritivo acabou por adotar uma postura mais voltada para a ação e o divertimento descomprometido... Embora tenha conseguido se manter fiel às várias características forjadas (e reelaboradas) nos dois primeiros games.
O que diz o BJ?
“A relação entre o jogador com o protagonista apenas pelos dados exibidos nas costas da armadura cria uma relação muito mais intimista. Tudo isso, acrescido de uma mecânica de combate inteligente e de possibilidades quase infinitas de construir e evoluir itens, armas e armaduras, faz com que Dead Space 3 seja um jogo memorável.” (Maurício M. Tadra)
“Nós estamos honrados em anunciar esta nova e fascinante franquia, e estamos confiantes de que Red Steel será um título desejado quando for lançado”. Bem, talvez as coisas não tenham saído exatamente como imaginava a Ubisoft quando o Wii ensaiava seus primeiros passos.
De fato, Red Steel se mantém até hoje quase como um emblema da divergência entre opiniões — tanto entre o público quanto entre a mídia especializada. Por um lado, não faltou quem enxergasse na proposta um chamariz perfeito para as funcionalidades do então novo console “com controles de movimento” da Nintendo.
Por outro lado, foi também impossível não se esquecer, pelo menos um pouco, da nova tecnologia — a fim de perceber que, no fundo, muita coisa em Red Steel não funcionava de forma tão fantástica. E isso sem considerar a terrível dose de clichês — os quais naturalmente dividem opiniões.
O timing de Colonial Marines foi ótimo — as atenções andavam todas voltadas para o recém-anunciado Wii U. A iconografia também se sustenta a toda prova: a franquia Alien é praticamente atemporal hoje — sobretudo se você desconsiderar os últimos filmes.
Entretanto, foi justamente este último ponto (da iconografia) que corroborou algumas das críticas mais drásticas do game. Colonial Marines acabou tachado como um esforço genérico, devidamente dependurado em uma marca reconhecida. Por outro lado, também não faltou quem defendesse o foco na trama — o que reforça a propaganda inicial do game, é claro.
O que diz o BJ?
“Aliens: Colonial Marines demorou seis anos para ser feito e, no final, a grande pergunta que fica é: como um jogo tão fraco pode ter levado tanto tempo para ser feito? Apesar de apresentar alguns méritos (que, em sua maioria, só serão aproveitados pelos fascinados pela série), o game falha bastante na tentativa de criar uma experiência interessante.” (Cássio Barbosa)
Novo sistema de coberturas, juntamente com outras manobras de combate inéditas na franquia. “Nós trabalhamos duro para ter a certeza de que isso seria útil para o stealth”, disse a IO Interactive. De fato, a opinião foi apoiada por muita gente — novamente, tanto entre o público quanto entre a mídia.
Apesar disso, não é preciso procurar muito para encontrar um fã descontente que nem mesmo considere Hitman: Absolution como “um genuíno Hitman”.
Afinal, a despeito das inovações, muita gente sentiu falta da forma como a ação em mundo aberto fora tratada em games anteriores. Além disso, é impossível negar: a I.A. (inteligência artificial), justamente um dos maiores deslizes da série, acabou praticamente na mesma em Absolution.
O que diz o BJ?
“Claro que o game conta com alguns pontos negativos, mas, na soma das qualidades e defeitos, Hitman Absolution garante o título de melhor jogo da franquia feito até hoje. Para compensar ainda mais o ato da compra, o modo de jogo Contracts aumenta exponencialmente o tempo útil de jogatina. Portanto, Hitman: Absolution vale muito a pena!” (Maurício M. Tadra)
Pode-se criticar qualquer coisa na Deep Silver, menos a sua honestidade. De fato, a desenvolvedora havia deixado claro desde o início: Dead Island não é um dramalhão sobre perdas em um mundo infestado de zumbis. Trata-se de uma ação rápida, focada sobretudo em “corre, combate, corre novamente”.
Naturalmente, a proposta acima encontra um público consideravelmente amplo. O problema? Nem tudo saiu como havia sido projetado, e o resultado acabou deixando diversas arestas por aparar — além de uma infinidade de bugs.
O que diz o BJ?
"Dead Island não é o que podemos chamar de um jogo 'bonito'. O visual é no máximo 'aceitável', o enredo não é empolgante, as interpretações dos personagens não convencem e a ambientação sonora também não é uma das melhores já vistas até hoje." (Maurício M. Tadra)
Eis um clássico em termos de controvérsia. De um lado, havia a tentativa de reformular as desventuras de Lara Croft. De outro, um enorme grupo de fãs, aficionados por um estilo de jogo muito particular (sem desconsiderar o apelo das “curvas”, naturalmente).
O resultado não poderia ser outro: elogios ao que foi considerado um novo rumo interessante para a história e, por outro lado, reclamações as mais variadas — boa parte delas focada nas mecânicas de jogo.
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