Os jogos eletrônicos acompanharam bem a evolução tecnológica e se modificaram bastante nas últimas três décadas. Microchips se tornaram menores, computadores ficaram mais ágeis e potentes, e os games mais realistas e com efeitos gráficos mais precisos — mas nem sempre evoluir foi a melhor escolha.
O fato de ter acompanhado as mudanças e se adaptado às novas realidades e possibilidades proporcionadas pelos motores gráficos não foi sinônimo de sucesso para muitos jogos. Por outro lado, outras séries se adaptaram tão bem que parecem ter sido sempre pensadas para plataformas mais atuais.
A gente aqui no BJ selecionou alguns títulos que se encaixam em cada uma das duas definições acima. A lista, que você confere aí embaixo, tem jogos de estilos diferentes, mas é claro que deixou muita coisa de fora. Se você se lembra de algo que ficou faltando, não deixe de comentar com todo mundo.
Evolução com progresso
A transição para os nomes listados aqui embaixo não foi tão traumática ou, se foi, em algum ponto de sua história eles conseguiram se adaptar à nova realidade do mundo dos games.
Grand Theft Auto (GTA)
Para começar falando do que está bem em voga nas últimas semanas, iniciamos nossa lista com Grand Theft Auto. Um game que começou até que de forma despretensiosa em 1997, no qual você comandava um bandido e via tudo de cima, surpreendeu a todos em uma época em que jogos de mundo aberto não eram tão comuns quanto hoje.
Quando o jogo chegou à sua terceira edição, com GTA III, ganhou profundidade não só na questão de enredo, mas também nos gráficos. As possibilidades de exploração de cenário apresentadas nas duas versões anteriores estavam ainda maiores e mostrava que o caminho trilhado pela Take-Two poderia ser, como foi de fato, bastante frutífero.
Mario
Já que o assunto é transições bem-sucedidas, um nome que não poderia ficar de fora de jeito nenhum é o do encanador mais aventureiro de todos os tempos. Mario e toda a sua turma começaram de forma humilde no primeiro jogo da série, Mario Bros., em 1983. Os gráficos simples para os padrões de hoje deixaram muita gente de boca aberta e divertem gerações até hoje.
Ao aterrissar no Nintendo 64, Mario 64 foi a estreia do super-herói bigodudo no mundo das três dimensões — e isso passou longe de ser decepcionante. Apontando por muitos fãs como um dos melhores jogos da franquia, o game soube explorar bem a possibilidade de um mundo mais aberto, bem como fez um ótimo trabalho gráfico para dar novas formas aos personagens.
Mortal Kombat
Sangue e duelos mortais sempre foram as marcas de Mortal Kombat desda a estreia da franquia em 1992, com Mortal Kombat. Um dos mais celebrados games de luta de todos os tempos marcou a memória dos fãs do gênero com seus três primeiros títulos, todos em 2D, reservando uma grande surpresa para o quarto episódio (que foi o sexto lançamento da série).
Com a chegada dos consoles Nintendo 64 e PlayStation, a Midway resolveu dar um passo adiante e lançou Mortal Kombat 4, o primeiro em 3D da franquia. O trabalho feito conseguiu dar mais vida aos personagens e aos cenários, permitindo que os lutadores “rodassem” pelas salas para se esquivar dos golpes.
Metal Gear
O início da série foi discreto, apesar de ter acontecido com um bom game lançado no fim dos anos 80. A consagração de Metal Gear, porém, veio com seu primeiro título em 3D, Metal Gear Solid, lançado em 1998 para PlayStation. Ali, Solid Snake ganhou vida de forma muito mais precisa e convincente e injetou combustível de sobra para uma das séries de maior sucesso no mundo dos games.
As possibilidades de espionagem e furtividade oferecidas por gráficos em 3D, que davam mais realismo ao game ao colocar o personagem em tubulações de ar, debaixo de veículos e até mesmo para fumar cigarros, foram o grande destaque. A qualidade do trabalho aplicado ao game de PSX gerou um dos títulos mais bonitos já feitos para o primeiro console da Sony.
Warcraft
Iniciada em 1995 com Warcraft: Orcs & Humans, Warcraft é uma das séries de estratégias mais famosas de todos os tempos, conhecida e cultuada por basicamente todos os fãs do gênero. Apenas em seu terceiro lançamento, Warcraft III, de 2002, é que a franquia ganhou perspectiva tridimensional e se consagrou de vez.
O trabalho gráfico trouxe personagens menos cartunizados e com feições mais reais, criando um ambiente mais sombrio para a conquista dos povos inimigos. A consolidação da franquia ainda ganhou como “cereja do bolo” o game World of Warcraft, um dos MMORPGs mais populares em todo o planeta.
The Legend of Zelda
As aventuras de Link em The Legend of Zelda marcaram época em basicamente todos os consoles nas quais aconteceram. Desde sua estreia no Nintendinho até o último remake para Wii U, o game não costuma decepcionar seus fãs, logo sua passagem de duas para três dimensões não foi nada traumática.
Se você teve a oportunidade de jogar Ocarina of Time no Nintendo 64, teve a chance de colocar as mãos em um dos melhores jogos do console da Big N. Estrutura não linear, algo semelhante ao que aconteceu com Mario 64, foi um dos grandes trunfos para evoluir, dando novas opções de jogo, mas sem deixar a desejar.
Final Fantasy
Outra série que suscita verdadeiras paixões entre os gamers é Final Fantasy. Com diversos títulos lançados, a série tem vários games notáveis tanto em 2D quanto em 3D, destacando-se como uma das que melhor se adaptaram aos novos tempos e que normalmente não deixam a desejar aos seus fãs.
A estreia em 3D foi feita por nada menos do que Final Fantasy VII, considerado por muitos como a obra-prima da franquia. Lançado em 1997 para PC e PlayStation, o game conseguiu misturar jogabilidade, enredo, narrativa e gráficos de forma primordial na época de seu lançamento.
Quando evoluir parece não ter sido a melhor escolha
Se alguns jogos conseguiram evoluir tanto ao fazerem a transição de 2D para 3D, outros tiveram experiências desastrosas com um formato mais moderno. Confira algumas séries lembradas pelo pessoal da equipe BJ.
Sonic
A mais lembrada e provavelmente a mais frustrante de todas é, provavelmente, Sonic. O game que durante anos rivalizou com Mario o papel de maior astro do mundo dos jogos de plataforma foi simplesmente manchando a sua história a cada novo lançamento em 3D. A primeira tentativa de fato em 3D foi em Sonic Adventure, lançado em 1998 para o Dreamcast.
O debute do ouriço no mundo 3D não foi assim tão ruim, mas nada memorável, especialmente se comparado com a mesma transição realizada por seu “rival” bigodudo. O jogo não se manteve, digamos assim, sendo rapidamente superado por games com gráficos melhores. De modo geral, dá para dizer também que os passos seguintes de Sonic em jogos tridimensionais foram totalmente desastrosos e não conseguiram resgatar as belas jogatinas do começo da série.
Donkey Kong
Se você jogou Super Nintendo, a sua mente é recheada de boas lembranças relacionadas a Donkey Kong. O gorilão fez tanto sucesso que figura ao lado de Link e Mario como um dos personagens mais icônicos da Big N, mas isso também ficou para trás.
Com a evolução dos consoles, as tentativas de recolocar Donkey Kong, Dixie Kong, Diddy Kong e todos os demais macacos em um game de sucesso nunca alcançou seu objetivo. Falhas gráficas e histórias que não conseguiram envolver os jogadores como na gloriosa época de SNES figuram entre os motivos que relegaram DK a apenas uma boa lembrança de um passado feliz.
MegaMan
O menino-robô é mais um dos personagens clássicos da infância e adolescência de muita gente, mas que talvez passe até despercebido pelos mais novos. Apesar de uma série de produtos licenciados, desenhos animados e até mesmo participações em jogos de luta, como Marvel vs. Capcom, MegaMan sofreu com a transição 2D > 3D.
O mundo dos games tridimensional recebeu MegaMan pela primeira vez em MegaMan Legends, lançado em 1997 para PlayStation. A crítica em torno do game ficou dividida, especialmente com a enorme diferença de qualidade apresentada entre as versões do título lançadas para N64 e PC, e pode-se classificá-lo como um jogo nada mais do que mediano, o que não é o suficiente pela importância do personagem.
Castlevania
Outra série clássica que sangrou bastante durante a troca de pele 2D para 3D (boa analogia, hein!) foi Castlevania. A matança de vampiros é celebrada por muitos jogadores de todas as idades, mas, quando a Konami resolveu apostar em um visual tridimensional, a reação dos fãs não foi das melhores.
Castlevania ganhou um título homônimo para Nintendo 64 em 1998 e talvez somente características ruins marcaram a lembrança dos gamers: gráficos ruins, história linear demais e jogabilidade bem problemática são algumas delas. Mas vale lembrar também que a relação da série com games em 3D melhorou posteriormente, com destaque para Curse of Darkness (PS2) e Lords of Shadow (PS3, X360 e PC).
Contra
Um jogo de enorme sucesso no fim da década de 1980, Contra marcou o passado dos jogos de aventura como poucos games conseguiram fazer. Com isso, nada mais justo do que novos lançamentos que tentassem acompanhar a evolução técnica dos consoles e do PC, mas talvez isso tenha servido apenas para macular as boas lembranças de muita gente.
Quando Contra: Legacy of War chegou no final de 1996 para PlayStation, muita gente torceu o nariz. O jogo, desenvolvido em 3D, vinha acompanhado de um par de óculos 3D anáglifos (aqueles com duas lentes plásticas, uma azul e outra vermelha), mas, ao colocá-lo diante de seus olhos, você dificilmente conseguia compreender o que estava acontecendo. Não é difícil entender por que o game foi um fracasso.
Street Fighter
Uma franquia que dispensa apresentações, Street Fighter é uma das séries de luta mais populares de todo o planeta, mas nem por isso ela escapou de sofrer com a transição para o mundo do 3D. Especificamente falando, a saga Street Fighter EX, que conta com diversos títulos — todos em 3D —, não está entre as favoritas dos gamers.
Em alguns títulos, os personagens pareciam papertoys de tão “quadrados” que eram, tirando muito do brilho que o visual de desenho dos personagens sempre tiveram. Felizmente a Capcom abandonou a ideia e, por mais que Street Fighter IV tenha um ar tridimensional, ele fica num ótimo meio termo entre 2D e 3D.
Final Fight
Um dos beat’-em-up mais divertidos de todos os tempos, Final Fight entrou com os dois pés no peito em um side scrolling totalmente empolgante — e em 2D. Assim foi com os três primeiros títulos, todos com o mesmo formato visual, mas o bolo desandou quando seus criadores resolveram tridimensionar as coisas.
Em 2006, depois de um longo período de 13 anos sem novidades para consoles de mesa, chegou ao PlayStation 2 e ao Xbox Final Fight: Streetwise. A malandragem das ruas, porém, ficou no passado, pois o novo título apresentava gráficos pouco empolgantes, problemas de jogabilidade, além de uma câmera desastrosa. O fiasco foi tamanho que o Studio 8, divisão da Capcom responsável pelo game, foi fechado após o lançamento.
E aí, algo ficou de fora? Escreve nos comentários!
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