Coluna: jogos que NÃO precisariam virar filmes

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Sempre que um novo jogo tem uma adaptação para o cinema anunciada, uma legião de fãs entra em conflito. Uns choramingam com a grande possibilidade de o filme acabar sendo uma imensa porcaria, enquanto outros acreditam no potencial da adaptação.

Só que alguns jogos adaptados para o cinema realmente podem se tornar bons filmes, enquanto outros não têm a necessidade de serem feitos. Nós aqui do BJ tentamos reunir alguns dos motivos pelos quais alguns títulos os quais muitas pessoas acreditam que ficariam excelentes na tela grande,  se tornariam apenas mais uma decepção, provavelmente.

Você não precisa rever as mesmas cenas, só que com atores reais

Muitas vezes, ao criar um novo game de ação, desenvolvedores se baseiam em diversas técnicas cinematográficas. Isso faz com que alguns games se pareçam com filmes. Um bom exemplo disso é a série Uncharted.

A franquia da Naughty Dog já foi anunciada como uma possível nova série de filmes da Sony Pictures, o que fez muita gente (eu inclusive) acreditar que poderíamos ver uma espécie de “Indiana Jones para a geração video game”. Nas primeiras notícias sobre possíveis mudanças na história, os fãs surtaram e falaram mal dos responsáveis pela adaptação, que logo caiu no limbo.

E é esse tipo de reação que mostra o grande problema na hora de adaptar um game para o cinema: os fãs querem exatamente aquilo que viram no game, sem mudança alguma. Isso não é exclusivo dos games, já que qualquer obra adaptada para o cinema vira alvo do escrutínio de seus fãs, mas as coisas ficam ainda piores quando estamos falando de jogos de video game.

Por terem uma narrativa próxima de um filme, acredita-se que basta colocar alguns atores (idênticos aos personagens, pois, se não forem, o choro corre livre) para fazer exatamente as mesmas coisas do game e um sucesso do cinema está pronto.

Outro jogo da Naughty Dog que também virou um queridinho dos fãs para se tornar filme é The Last of Us. O game, que recebeu a nota máxima do BJ na sua análise, é realmente envolvente, com uma história e uma qualidade no desenvolvimento de personagens que muitos longas de Hollywood não têm. A pergunta que fica é: por que ele precisa virar um filme?

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Não existe necessidade alguma, já que a mudança de mídia não acrescentaria nada à trama. Na verdade, a transição de “game para cinema” poderia estragar tudo, já que as construções da história e personagens feitas ao longo do game teriam que ser resumidas em, no máximo, duas horas, que é o tempo médio de um filme de Hollywood.

Sabe aquele momento que você tanto gostou do jogo, mas que não era realmente importante, só servindo como uma maneira de colocar o jogador mais “dentro da história”? A chance de ele ficar de fora de um filme é enorme. Caso o diretor do longa se sentisse obrigado a agradar aos fãs, a adaptação se tornaria um amontoado de referências e cenas que estão lá apenas para fazer um pequeno grupo de pessoas vibrarem de emoção.

Img_normalCena de Heavy Rain

Uma boa adaptação é aquela que não só consegue dar vida a uma história criada em outra mídia, mas que também consegue surpreender àqueles que já a conheciam. Jogos como Heavy Rain ou Beyond: Two Souls começariam com um revés incrível caso fossem adaptados para o cinema, pelo simples fato de que já utilizaram a melhor mídia disponível para contar toda a sua trama.

Quando os desenvolvedores da Quantic Dream criaram esses títulos, a união de história e jogabilidade foi pensada como uma forma de você ter uma experiência única, que não poderia ser reproduzida de maneira alguma no cinema. O mesmo vale para os games citados da Naughty Dog.

Qual é a necessidade disso, gente?

Depois de falarmos dos jogos que são cinematográficos, mas que não proporcionariam a mesma experiência no cinema, mesmo tentando fazer tudo o que os fãs gostariam, chegou a hora de falar dos jogos que não fazem sentido na hora de serem adaptados.

Recentemente, a Sony Pictures anunciou que produzirá um filme baseado em Gran Turismo. A pergunta que você e provavelmente todo mundo fez foi: o quê? O jogo de corrida da Polyphony Digital não traz nenhum elemento que segure um filme. Não existe um modo história, em que você é um jovem corredor tentando alcançar o sucesso, sendo passado para trás, vitimado por um rival sem escrúpulos. É um jogo em que você compra carros e corre.

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A impressão que fica é a de que o filme será apenas um longa de ação com carros, totalmente genérico e que terá a marca Gran Turismo para vender mais ingressos. A graça do jogo, o motivo pelo qual ele tem fãs, será ignorada.

O mesmo poderia ser falado de uma adaptação cinematográfica de Call of Duty ou Battlefield. Esses jogos contam com um modo história interessante, mas o que trariam de diferente de qualquer outro filme de guerra que foi lançado nos últimos tempos em Hollywood?

Outro exemplo, que já foi filmado e tem trailer, é o filme de Need for Speed. A adaptação tem uma história que parece ser levemente baseada em Need for Speed: The Run, mas poderia se chamar qualquer outra coisa, porém, por ter algumas corridas com carros legais, receberá a marca da franquia da Electronic Arts para tirar um troco a mais nas bilheterias.

Ainda existe a possibilidade de um bom filme baseado em games ser produzido?

Apesar de tudo, ainda é possível fazer uma boa adaptação de games para o cinema. Um filme baseado em Metal Gear Solid poderia se tornar um ótimo longa de espionagem. Até mesmo o já citado Uncharted poderia ser um belo filme de aventura para toda a família.

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Só que, para esses filmes funcionarem, seria necessário traduzir a sua linguagem para outra mídia, transcendendo a sua narrativa dentro dos games, apresentando algo novo e que faça valer a pena comprar um ingresso de cinema. Da maneira como diversos títulos são desenvolvidos, é quase impossível realizar essa tarefa.

A partir do momento em que fãs e cineastas entenderem essa diferença, adaptações de jogos que realmente poderiam proporcionar uma experiência diferente no cinema poderão ser produzidas e se tornar sucessos. Até lá, veremos filmes como a série “Resident Evil” (que estão cada vez mais distantes dos games), “Alone In The Dark”, “Postal” e tantos outros que dão desgosto nos fãs ao estrear nas salas de cinema mais próximas.

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