Beyond: uma segunda opinião e reflexões sobre análises

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Neste ano, contamos com algumas notas 100 aqui no TecMundo Games, sendo a mais recente a de Beyond: Two Souls. Posteriormente, o Fábio Jordão (responsável pela análise do jogo) e eu estreamos o novo formato do Papo de Game conversando um pouco a respeito do título da Quantic Dream.

No vídeo, caso você não tenha visto, nós conversamos brevemente sobre como a recepção do jogo pela crítica foi bastante variada e como nós também tivemos impressões diferentes a respeito do game. Pensando nisso, pensei em tentar detalhar um pouco mais sobre essas experiências distintas que tivemos e também tratar um pouco a respeito sobre as nossas análises.

Mas, primeiramente, vamos falar sobre Beyond: Two Souls.

Minha experiência imperfeita

Enquanto eu não faço parte daqueles que se decepcionaram com o último trabalho de David Cage, pessoalmente eu não ofereceria uma nota tão alta. Isso porque, a meu ver, o jogo apresenta alguns problemas que não permitem que ele seja aproveitado da melhor maneira.

É interessante notar que, em sua análise, o Fábio cita algumas dessas falhas, como a falta de conectividade entre algumas partes do roteiro e alguns problemas gráficos enfrentados pelo jogo (como as famosas engasgadas nos momentos de ação). Mesmo com esses problemas, contudo, Beyond: Two Souls recebeu uma nota 100 por apresentar uma experiência diversificada e inovadora que, para o Fábio, não pode ser prejudicada pelas falhas do game.

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No meu caso, a experiência foi um pouco diferente. Em relação à história, isso com certeza já era algo esperado – resultado das múltiplas opções apresentadas durante o jogo e que fazem com que cada jogador experimente uma versão única do enredo ao longo do game.

No entanto, não foi apenas essa diferença que eu encontrei durante a minha experiência com Beyond. Para mim, a mecânica de movimentação e de interação com objetos presente nas cenas com a Jodie é bastante problemática. Quem já viu o jogo em ação sabe que objetos que podem ser utilizados ao longo do game tem um pequeno ícone branco indicando essa possibilidade.

Enquanto eu imagino que essa escolha tenha sido feita para tentar deixar os ambientes limpos de qualquer interferência visual, ela acaba atrapalhando a jogabilidade em diversos momentos simplesmente por impedir a descoberta de possíveis interações que poderiam modificar a minha experiência.

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Ao mesmo tempo, a mecânica de stealth e de combate são complicadas. Se a jogabilidade de Heavy Rain baseia-se completamente em ícones indicando ações específicas do controle (seja o DualShock 3 ou o Move), Beyond faz com que o jogador ataque ou defenda-se pressionando selecionado o botão do direcional que indique a mesma direção dos golpes executados por Jodie e por seus inimigos ou de seus obstáculos. O problema é que, com a mudança dos ângulos de câmera é fácil perder o seu referencial e acabar selecionando a direção errada – o que resultou em diversos momentos de frustração.

Apesar de eu concordar com o Fábio a respeito de o jogo oferecer uma proposta inovadora, diferente daquilo a que estamos acostumados, esses problemas de jogabilidade são os principais responsáveis por impedir que eu tenha a mesma opinião que ele a respeito do jogo.

Opiniões diferentes

É bastante comum encontrar leitores discordando das notas atribuídas aos jogos nas análises aqui do TecMundo Games. Há desde o “em vez de 85 eu acho que esse merece 87” até o “não acredito que esse jogo recebeu 90 quando ele claramente não vale nem 50”, passando pelo leitor que gosta de comparar títulos completamente diferentes para apontar a sua indignação frente ao fato de Phoenix Wright receber 95 enquanto o último Batman recebeu “apenas” 75.

Enquanto nem todos os argumentos apresentados na caixa de comentários são convincentes, isso é uma amostra de que as pessoas apresentam opiniões diferentes e vivenciam experiências diferentes ao jogar um mesmo título.

Img_normalIndependentemente de nossa nota, a sua experiência será diferente

Desse modo, quando eu aponto problemas que eu encontrei em Beyond: Two Souls, não pretendo desqualificar a análise do Fábio por ele não as ter apontado. Afinal, como ele mesmo conclui em sua análise, aquela é a opinião dele e não uma verdade absoluta que deve ser acatada por todos que experimentarem o game.

O grande ponto das análises de um jogo são as argumentações presentes dentro do texto. Ao elogiar ou criticar certos aspectos de um game, quem escreve uma análise está apresentando o que funcionou ou não durante a sua experiência com este certo título. Como as pessoas não são idênticas umas às outras, muitas vezes os mesmos aspectos podem agradar algumas pessoas ao mesmo tempo em que são detestados por outras.

Se geralmente, no entanto, alguns títulos costumam ser avaliados sob uma certa uniformidade, recebendo notas semelhantes de diferentes veículos, de tempos em tempos alguns jogos conseguem dividir a crítica. Foi o que aconteceu com Beyond: Two Souls e o que motivou a existência deste texto.

Vamos nos incomodar um pouco menos com números

Apesar do sistema de notas numéricas sofrer muitas críticas, ele é utilizado pelo TecMundo Games (assim como por outros veículos) como uma forma de indicação do nível da experiência de jogo obtida pelo responsável pela análise.

Assim, é possível esperar poucos pontos negativos de jogos com uma nota alta e vice-versa. No entanto, é sempre importante ressaltar que essa nota é atribuída com base na experiência pessoal do analista – a qual pode ser bastante diferente da sua. Assim, quando uma nota o surpreender, nunca entre em desespero. Primeiramente tente ler os motivos que levaram o autor da análise a atribuí-la e veja se você concorda com eles.

Se num futuro hipotético, por exemplo, a From Software decidir desenvolver um Dark Souls 3 bastante facilitado, alguém pode elogiar essa atitude da companhia – ao contrário de boa parte da atual comunidade de fãs do jogo, é claro.

Desse modo, é importante concluir que, mais importante que o número estampado nas análises é o conteúdo do texto que justifica a nota publicada. Da mesma forma, em vez de reclamar sobre a nota de um jogo, procure especificar de quais aspectos do texto você discorda e contribua com discussões mais saudáveis no futuro.

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