Durante a era 16 bits, alguns dos maiores clássicos dos games de corrida chegaram às lojas, como Top Gear, OutRun e Rock & Roll Racing.
O game foi desenvolvido pela Silicon & Synapse, hoje conhecida como Blizzard Entertainment, e trazia corridas interplanetárias, carros modificados para se tornarem verdadeiras armas, alienígenas e uma trilha sonora que deve ter feito muito moleque começar a ouvir rock.
Só que, com o passar do tempo, a Blizzard começou a focar em outras propriedades, como Diablo, Starcraft e Warcraft. Títulos como The Last Vikings e R & R Racing ficaram no passado.
Sem nenhuma previsão para um possível retorno do game de corrida, fãs resolveram tomar para si a responsabilidade de criar uma sequência para Rock & Roll Racing. Um grupo de desenvolvedores russos da YardTeam começaram a recriar pistas, carros e mecânicas de jogo em um título que se chamaria Rock & Roll Racing 3D.
Com o avanço do desenvolvimento, iniciado em 2009, os envolvidos acharam que seria uma boa pedida tentar ganhar em cima do seu esforço. O game mudou de nome e se transformou em Motor Rock, chegando ao Steam na metade de dezembro de 2013.
Let the carnage begin!
A primeira coisa que deve ser dita sobre Motor Rock é que os fãs de Rock & Roll Racing não sofrerão uma decepção ao começarem a jogar o título. Desde os momentos iniciais de jogatina, com o primeiro acorde da música de abertura, você consegue perceber que está com o jogo que esperou durante anos.
Apesar de os gráficos estarem melhorados, ainda é possível notar a semelhança com o clássico da Blizzard. Os carros, os power-ups, está tudo lá. A grande novidade de Motor Rock deve mesmo ser a possibilidade mudar a câmera durante as corridas.
Rock & Roll Racing foi um dos games que melhor utilizou o esquema de perspectiva isométrica e ela volta com toda a sua beleza em Motor Rock, mas, se você prefere algo mais comum aos games de corrida atuais, também pode usar uma câmera para ver seu carro de trás.
Essa mudança transforma completamente o estilo que você usa para correr. Enquanto no esquema isométrico você consegue ver melhor a pista e planeja como fará as ultrapassagens, na visão com a câmera na traseira do seu veículo as coisas ficam tão caóticas que você deve apelar para seus reflexos para conseguir sobreviver.
Novidades para se destacar
É interessante notar que, apesar de algumas pistas serem idênticas às do game da década de 90, os desenvolvedores de Motor Rock quiseram incluir algumas novas ideias. Logo no começo, em vez de você escolher um corredor e partir para disputas interplanetárias, um jogador vê a possibilidade de reunir velhos competidores em novas corridas, tentando se tornar uma espécie de “continuação espiritual” da trama de R&R Racing.
Partindo daí, você deve comprar um carro para participar da competição. Os três veículos iniciais do game de 93 estão lá, mas os desenvolvedores resolveram incluir mais modelos para você escolher.
Apesar de isso parecer pouco, a inclusão de mais carros e pistas acaba dando um gostinho todo especial a Motor Rock.
Outro elemento que deve fazer a alegria de muitos fãs é, sem sombra de dúvida, a trilha sonora do game. Todas as músicas presentes no jogo clássico estão de volta, em versões regravadas e cheias de peso. Além delas, outras melodias foram incluídas no jogo, o que apenas deixa o título com uma sensação maior de que está tentando ser uma versão realmente melhorada do original.
Ainda é o mesmo jogo
O grande problema de Motor Rock é o fato de que, por mais que ele traga algumas novidades, o game ainda parece o jogo clássico com gráficos melhorados. Por mais que isso seja algo que muitos fãs desejavam, não deixa de ser estranho ver que os desenvolvedores poderiam ter criado algo próprio e original, já que claramente contam com o talento para tal.
Quando você começa a se acostumar com o Motor Rock, é possível perceber que ele é praticamente o mesmo jogo que a Blizzard lançou na década de 90. Os comandos são extremamente similares, até mesmo quando a câmera traseira é utilizada.
O esquema de combate, os power-ups, a maioria dos carros, o esquema de evolução de mundos, o traçado de várias pistas, é tudo uma versão quase idêntica à vista no título original. Provavelmente, por causa disso, após pouco mais de uma semana disponível no Steam, o game saiu da loja da Valve.
Através do fórum da YardTeam, foi possível notar que nem mesmo os desenvolvedores conseguem dar um motivo real para o título parar de ser vendido no Steam. Existe a possibilidade de que as músicas utilizadas no game foram as responsáveis, pelo simples fato de que não haviam sido liberadas pelos seus detentores de direitos autorais. Outros acreditaram que os advogados da Blizzard entraram em contato com a Valve ao notarem o lançamento do jogo.
Algumas funções, como o modo multiplayer online, não estão disponíveis por causa disso, já que seus servidores não foram ligados pelos desenvolvedores. Existe um meio de criar salas privadas com o seu IP, mas não é uma saída boa o suficiente para quem gostaria de competir com jogadores de todo o mundo.
Particularmente, por ser um fã de Rock & Roll Racing, comprei Motor Rock assim que ele chegou à loja da Valve, simplesmente pelo fato de a Blizzard não dar nenhum sinal de que poderia fazer um novo game. Mesmo me divertindo horrores com o título criado por fãs como eu (mas com muito mais talento para a criação de jogos), é impossível deixar de lado a sensação de que ele é exatamente isto: um game criado por fãs.
Em resposta a alguns consumidores no seu fórum oficial, desenvolvedores da YardTeam informaram que pretendem resolver os problemas com a Valve para que Motor Rock retorne ao Steam. Se essa solução significa deixar o game mais “original”, talvez tenhamos um verdadeiro sucessor espiritual de Rock & Roll Racing, com a possibilidade de conseguir mais fãs, tendo a habilidade de “voar com suas próprias asas”.
Por enquanto, ele é apenas um projeto fanmade que ficou grande demais. Uma ótima homenagem, mas nada além disso. Agora, se tudo isso servir para que a Blizzard volte a olhar para Rock & Roll Racing, podemos dizer que valeu a pena.
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