O que hoje conhecemos como gênero “plataforma” nasceu lá nos primórdios dos video games, quando tudo ainda era quadrado. Games como Hero, Pitfall, Mario e Sonic foram alguns dos tantos títulos que atraíram a atenção dos jogadores que conheceram os primeiros consoles.
Ao longo dos anos, os consoles evoluíram consideravelmente e muitas franquias de sucesso desse gênero acabaram perdendo seu público. Gráficos de altíssima qualidade e outros tipos de games fizeram com que muitas pessoas começassem a pensar diferente e perder o interesse pelos bons e velhos joguinhos de plataforma.
Essa história se perpetuou por um bom tempo, até que alguns games conseguiram resgatar o gênero e levá-lo ao topo novamente. Hoje, temos grandes títulos como Rayman Legends, Child of Light, Donkey Kong Country: Tropical Freeze e outros tantos que exploram de maneira magnífica essa proposta simples e muito funcional.
Todavia, algo que nos intriga é a fórmula que existe por trás desses jogos. Afinal, o que há de tão atraente nos títulos plataformas? Por que é tão divertido controlar um personagem em um cenário simples que é montado com plataformas? Isso é o que vamos tentar debater neste artigo.
Mantendo o foco na simplicidade
É difícil identificar um único motivo que leve as pessoas a mostrar interesse por um determinado tipo de jogo, afinal são inúmeras as razões para que o jogador queira experimentar um determinado título.
Entretanto, uma grande suspeita quanto aos jogos de plataforma é a simplicidade. Desde os primeiros títulos até os mais recentes, os games focam em comandos básicos. Corra, pule, se agache, role, suba em plataformas, quebre blocos e assim por diante.
Não só isso. A premissa geral é totalmente simplificada e, muitas vezes, minimalista (Thomas Was Alone manda lembranças). Não existe um compromisso com a realidade (em que mundo existe plataformas flutuantes?). O mundo pode ser muito detalhado, mas no fundo tudo ainda é plano e bem definido.
Dificilmente um ambiente tem inúmeras irregularidades, como acontece em jogos tridimensionais que tentam imitar o nosso mundo. As plataformas possuem bordas que servem para você escalar e explorar diferentes níveis. Contudo, deixando as exceções de lado, não há tridimensionalidade e profundidade.
É justamente esse foco no simples que garante o sucesso do gênero. As pessoas nem sempre buscam um título absurdamente detalhado em questão gráfica ou de similaridade com o mundo real. Muitas vezes, pode ser bem mais interessante explorar um mundo colorido que seja simples de entender e que sirva como uma fuga da vida.
É para todos
Ainda que existam muitos jogos de plataforma que foquem no público adulto, grande parte dos títulos famosos é idealizado para o público geral. Se pensarmos nos títulos da Nintendo, quase todos são voltados a crianças, jovens e adultos. Quanto aos games indies, muitos também são criados para agradar a um público maior.
Essa ideia de abusar do colorido, usar personagens fofinhos, elaborar cenários com poucos perigos e introduzir inimigos que podem ser derrotados com um simples pulo na cabeça são alguns dos fatores que fazem mais e mais pessoas gostar do gênero.
Além disso, a fuga da tridimensionalidade ajuda muito, pois muita gente tem medo de não compreender as mecânicas e os controles complicados dos jogos que colocam a câmera atrás do personagem.
É engraçado que não é porque estamos tratando de um gênero que habitualmente trabalha com duas dimensões que isso significa necessariamente que não exista forma inteligente de adicionar uma nova dimensão. LittleBigPlanet é um dos jogos que consegue fazer isso muito bem e ainda atrair todos os tipos de públicos.
Apesar de não funcionar como um jogo 3D, ele modifica levemente os ângulos das câmeras e dá a sensação de que o mundo tem profundidade. Há diversas partes dos cenários que permitem que o jogador leve o personagem para o fundo e depois o traga para frente. O conceito de plataforma continua, mas o jogo inova ao adicionar pequenos detalhes do 3D.
Inovando na mecânica
Todo jogo de plataforma aproveita um conceito muito simples: um personagem que se movimenta na horizontal e, ocasionalmente, na vertical (quanto é possível pular ou voar). Não há como fugir dessa premissa, pois esse é o sistema básico de jogabilidade.
Entretanto, existem alguns jogos que conseguem mudar a mecânica básica, introduzindo algumas novidades que levam o jogador a aprender formas diferentes de jogar. É o caso de Braid, que, ao usar um sistema inteligente de manipulação do tempo, permite que o jogador controle o personagem em uma dimensão diferente (o tempo).
O mesmo vale para o jogo Closure. O sistema básico de controle funciona normalmente, mas as barreiras das plataformas não são bem definidas. Uma parede nem sempre é uma parede. O solo não existe se não houver luz. O personagem morre se cair no escuro absoluto.
Esse tipo de inovação, por mais simples que seja, é o que acaba levando o jogador a demonstrar interesse — afinal, estamos tratando de games comuns de plataformas, mas esses pequenos recursos adicionais chamam a atenção.
Vale notar ainda que o gênero plataforma vem ganhando ramificações diversas, graças às inúmeras possibilidades de explorar os cenários simples. Guacamelee! é um bom exemplo de jogo que mistura os conceitos do gênero plataforma com combates que remetem muito aos títulos de luta.
Talvez este não seja um jogo para todos, mas é um título que puxa mais jogadores para conhecer um título do gênero plataforma.
Um gênero que vai perpetuar
Enfim, não há como definir os motivos que nos fazem gostar tanto dos jogos de plataforma, mas, seja qual forem eles, não temos dúvidas de que esses mesmos motivos que nos fazem aproveitar os jogos na atual geração continuarão presentes nos próximos títulos. Isso sem contar que um ou outro desenvolvedor acabará adicionando novidades que nos farão ter ainda mais interesse em outros títulos do gênero que vão revolucionar em um futuro próximo.
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