Dizem que ano de número ímpar costuma ser “melhor”. Se há alguma razão ou teoria por trás disso, ninguém sabe, mas o fato é que a temporada vai marcar um importante período para a indústria de video games. Estamos no segundo ano do ciclo de vida da dita “nova geração”, composta, majoritariamente, por PS4 e Xbox One – o Wii U segue um caminho próprio e está deliberadamente fora dessa disputa.
O período de transição costuma ser naturalmente lento. Eu mesmo, desde o começo, não apostei que 2014 seria um grande ano para os games – mas importantíssimo para a indústria, principalmente o Brasil, que está aquecido no segmento – justamente pelo fato de a nova geração ser ainda muito recente. Jogos exclusivos para PS4 e Xbox One ainda estão escassos, e as adaptações multiplataforma ou ficam capadas ou não têm a mesma “lapa” daqueles que só saem para os novos consoles (e o PC).
Vide títulos como Watch Dogs, Far Cry 4, Evil Within, Middle-earth: Shadow of Mordor e tantos, tantos outros. Shadow of Mordor é especialmente marcante! Mas só no PS4 e Xbox One. Tanto que o game da Warner Bros. chegou ao PS3 e Xbox 360 meses após ter sido lançado na nova geração. Basicamente, o que temos agora são portes. Os jogos são desenvolvidos para as novas arquiteturas e posteriormente portados para as velhas – daí o “capado” que estampa o título desta matéria.
Portes, portes e poucas iniciativas interessantes
É curioso ver que uma ou outra publisher ainda resguarda na manga algumas iniciativas válidas para dar sobrevida à velha geração. A Ubisoft, por exemplo, lançou Assassin’s Creed: Rogue só para a velha geração. Por mais que o game esteja sujeito ao porte a novas plataformas no futuro, ele foi concebido como um “brinde” aos jogadores que prezam por suas queridas plataformas da geração passada.
O panorama deste ano, por exemplo, é um dos mais promissores dos últimos tempos. O lançamento de sequências aguardadíssimas e o nascimento de IPs inéditas vão abarrotar a temporada. Tudo o que foi prometido em 2014 chega agora em 2015. Mas e a velha geração?
Games como Halo 5: Guardians, Uncharted 4: A Thief’s End, Rise of the Tomb Raider, Quantum Break, The Order: 1886, Bloodborne, Batman: Arkham Knight, The Witcher 3, entre tantos outros, não vão dar espaço para que títulos “menores” como Yakuza 5 e Tales of Zestiria, ambos exclusivos para PS3 e cujo público é bem seleto. São jogos do nicho oriental que chegarão ao ocidente este ano. Yakuza 5, por exemplo, foi lançado em 2012 no Japão.
O Xbox 360 segue ainda mais apagado. A Microsoft dá fôlego ao console através de ofertas interessantes e jogos gratuitos na Games with Gold, mas convenhamos: não há um exclusivo de peso para a plataforma faz tempo. O último, e do qual muitos preferem não se lembrar tanto, foi Gears of War: Judgment, pouco memorável.
O “truque” das remasterizações
As remasterizações e remakes estão na crista da onda faz tempo. As publishers descobriram que a técnica, apesar de caça-níqueis, funciona. Talvez não de forma tão eficiente para a indústria, mas absolutamente eficaz aos jogadores, que consomem esses produtos.
O fato é que há dois ângulos dessa perspectiva: um é justamente o caráter de lucro que o negócio tem, e o outro é oferecer aos usuários a possibilidade de experimentarem um game que não tenham jogado ainda, reformulado e repaginado. Para um lado ou para outro, o macete só serve para “enfraquecer” o PS3 e o Xbox 360.
Ora, se existem games como The Last of Us Remastered, Tomb Raider: Definitive Edition, Sleeping Dogs: Definitive Edition, Metro: Redux, Halo: The Master Chief Collection (Halo 3 e 4 são do Xbox 360), o vindouro DmC remasterizado, entre tantos outros, quem vai querer jogar tais títulos em suas plataformas antigas? É nesse ponto que o macete desvaloriza a velha geração. E isso é só o começo. Como as publishers viram que a técnica funciona, podem esperar por muito mais. God of War, a trilogia Gears of War, a trilogia Uncharted no PS3... Nada impede que tudo isso seja relançado.
Multiplataforma: alcance maior de público, mas qualidade deteriorada
Conforme mencionado, o horizonte de 2015 é longo e tem um forte caráter multiplataforma. Games como Mortal Kombat X, Resident Evil: Revelations 2, Resident Evil HD Remaster, Metal Gear Solid 5: The Phantom Pain, entre outros, chegarão ao PS3 e Xbox 360. Mas... Será que precisariam mesmo?
Dying Light, por exemplo, foi recentemente cancelado nas duas plataformas. A Techland disse que “simplesmente não estava dando”. Será que isso não mostra que, bom, já deu? Desenvolver um projeto exclusivamente para PS3 e Xbox 360 funciona, mas “capar” o jogo só para que ele esteja em um número maior de plataformas definitivamente não.
O mesmo serve para The Witcher 3. Para quem não sabe, lá no começo, nos primórdios de seu desenvolvimento, ele havia sido concebido para todas as plataformas. Mas a CD Projekt Red também viu que “não dá” e, sem pestanejar, cravou o game para PS4, Xbox One e PC somente.
PS3 e Xbox 360: quando se aposentam? Opine abaixo
Claro que essas são apenas algumas reflexões sobre a atual posição dos consoles no mercado e uma breve espiada no futuro. Quem já tem um PS3 e um Xbox 360 está muitíssimo bem servido com uma vasta biblioteca a ser explorada. Mas quem ainda “acha cedo” comprar um PS4 ou Xbox One já morde a língua, pois seus antecessores devem assumir a aposentadoria no final deste ano ou no máximo começo de 2016.
Alguns títulos multiplataforma, principalmente os esportivos, mantêm a tradição e aguentam mais tempo. Os games com selo EA Sports, por exemplo, sobrevivem pelo menos uns três, quatro anos após o lançamento de novas plataformas. Mas o fato é que a tecnologia, vista tal como está, avança na velocidade da luz e não dá espaço para “caridades”. Hoje, um jogo multiplataforma pode ser visto como capado. Muitos torcem o nariz, e isso é natural.
Tanto PS3 quanto Xbox 360 estão perto de completar 10 anos. O tempo médio de um console é seis anos. Portanto, a aposentadoria, se pararmos para refletir, não veio tão cedo.
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