Quem sobe (e quem desce) na montanha-russa econômica dos games

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Conforme os relatórios financeiros começam a despontar, é chegado o momento de dar aquela olhadela para ver a quantas andam algumas das principais empresas do ramo do entretenimento eletrônico. Afinal, para cada gigantes que desponta nas bolsas de valores (em mais ou menos acelerado), certamente há algum outro despencando ladeira abaixo — o que é tão ou mais certo conforme a proximidade do território minado da jogatina mobile, por exemplo.

Em matéria postada recentemente, o site gamesindustry ofereceu um panorama geral das companhias mais relevantes do nicho. Embora alguns status não exatamente surpreendam — a subida exponencial das ações da Electronic Arts, por exemplo —, há marasmos e mesmo quedas espetaculares (vale aqui mencionar a Gumi) que deixam claro: em um ponto de alto desenvolvimento tecnológico, o mercado pode ser mais imprevisível do que nunca.

Seguindo a tendência que já havia aparecido ao final do ano passado, EA, Take-Two, Ubisoft, Square Enix, Sony e Apple continua na direção dos bons ventos — todas com boas performances, facilmente execendo os 30% de crescimento ao longo do ano passado.

Na porção do “revez”, entretanto, há a SEGA Sammy (com um 2014 desastroso, embora com um horizonte animador) e, igualmente, a Zynga, ambas escorregando em 40% nos valores de suas ações. E as derrapadas também incluem diversas publicadoras janponesas de games para smartphones e afina, incluindo a GungHo, a Gree e a DeNA — todas com uma queda de pelo menos 30%.

Subidas e descidas no Oriente

Naturalmente, cada país sua própria bolsa de valores, com critérios próprios de valoração e ranqueamento — de forma que uma comparação “além mar” nem sempre é algo fácil. Dessa forma, começamos aqui por quem subiu (e também por quem desceu) na Terra do Sol Nascente. Sem grandes surpresas, as gigantes japonesas parecem ter simplesmente repetido o padrão revelado ao longo de 2014.

Sony

A Sony conseguiu manter o embalo mostrado em 2014. A companhia apresentou um “boos” de 30% sobre os 80% de crescimento experimentado nos últimos 12 meses — conforme revelado pela Nikkei 225, principal índice da Bolsa de Valores de Tóquio.

O bom desempenho se deve, em grande parte, ao relatório exibido pela empresa em fevereiro, no qual mostrava que as coisas permanecem nos eixos em 2015. A Sony não atravessava um período tão positivo (e continuado) de ações em alta desde a explosão da crise financeira de 2008.

Nintendo

A Nintendo, por sua vez, acabou com uma leve escorregada ao final de janeiro, quando acabou perdendo a meta traçada durante os nove meses anteriores, o que forçou a companhia a tornar um tanto mais modestas as suas metas para o ano.

Não obstante, os ventos mudaram brevemente ao final de fevereiro, quando o New 3DS deu as caras nos Estados Unidos e na Europa, juntamente com o aguardado remake de The Legend of Zelda: Majora’s Mask. Naturalmente, isso ajudou a desviar um pouco as atenções do Wii U — que ainda parece distante da decolagem esperada pela Nintendo.

De fato, foi a subida protagonizada pelo New 3DS ao final do ano último ano fiscal a responsável pela valorização tímida de 5% nas ações da empresa — algo bastante baixo, considerando-se que, de forma geral, o índice da Nikkei 225 subriu 23% durante o mesmo período.

Namco Bandai

Embora boa parte das grandes produtoras japonesas tenha conseguido se manter sobre o fio de navalha da Bolsa de Valores de Tóquio, há quem tenha apanhado consideravelmente durante os últimos 12 meses. Entre elas, a Namco Bandai.

Conforme colocou a gamesindustry, o mercado parece não ter recebido muito bem o relatório fiscal apresentado pela softhouse durante o mês de fevereiro. Embora tenha apresentado resultados mais animadores “em todos os aspectos”, a Namco Bandai não conseguiu fazer juz às próprias projeções — um tanto infladas pela febre gerada em torno do Yokai Watch, embora não apenas por isso.

Square Enix

No que se refere ao desempenho, a Square Enix apresentou resultados semelhantes àqueles da Take-Two (mais detalhes adiante). Em ambos os casos, houve a já tradicional “ressaca” após um ano particularmente forte — embora a queda sutil no valor das ações também se deva ao anúncio, em fevereiro, de que a companhia apenas cumpriria suas previsões, sem quaisquer excedentes.

SEGA Sammy

Para quem ainda não sabe, a SEGA hoje vê ao longe seus anos puramente dedicados ao entretenimento eletrônico — isso para não mencionar o desenvolvimento de consoles próprios. A companhia hoje forma uma única holding com a desenvolvedora de jogos eletrônicos para cassinos Sammy. Dessa forma, quando se falar em desempenho da SEGA hoje, provavelmente seria arriscado fazer ligações diretas com os desempenhos de Sonic Hedgehog e Cia.

Não obstante, as franquias clássicas da publicadora ainda são corresponsáveis por sua tragetória hoje, de forma que pode ser interessante acompanhar os movimentos da SEGA Sammy. É claro que as últimas flutuações têm pouco a ver com com as franquias clássicas da SEGA, pendendo mais para o lado da Sammy: a holding aguarda a decisão parlamentar relacionada à legalização da construção de cassinos no Japão, algo que acabou engavetado no ano passado, embora tenha voltado à pauta em 2015.

Atualmente, a impressão geral é de que a SEGA Sammy foi injustamente considerada como um azarão. Afinal, embora as coisas no Japão ainda dependam de atravessar impasses legais/burocráticos, a notícia da construção de cassinos na Coreia do Sul fez os investidores voltarem os olhos para a companhia. De fato, o país deve se tornar um dos principais centros de jogatina do mundo nos próximos anos — o que, convenhamos, tem muito pouco a ver com ouriços azuis.

Subidas e descidas no Ocidente

É provável que no Ocidente as coisas estejam tão ou mais convolutas do que do outro lado do globo. Enquanto a Microsoft se vê forçada a prestar esclarecimentos sobre uma queda considerável em seu sistema operacional — o que apenas reforça a impressão de que a divisão do Xbox permanece como algo alheio —, a Take-Two ganhou alguns meses difíceis após o arco-íris financeiro de 2014. Mas a Electronic Arts, entretanto... Essa vai muito bem, obrigado.

Electronic Arts

Ao que parece, a Electronic Arts deve conseguir manter o excelente embalo acumulado no ano passado também durante 2015. Conforme revelou a gamesindustry, a companhia experimentou um crescimento de 90% durante os últimos 12 meses — com o valor de suas ações chegando perto do recorde conquistado entre 2004 e a famigerada crise de 2008.

Não que a EA também não tenha passeado na montanha-russa do entretenimento eletrônico. De fato, a companhia teve suas ações reduzidas a um mínimo em meados de 2012 — embora, de lá para cá, tenha experimentato um espantoso crescimento de 350%, em um período em que a própria NASDAQ subiu apenas 60%.

Além dos papeis extremamente valorizados, entretanto, a EA também recuperar o posto de “principal third party (desenvolvedora terceira)”, conquistando o posto anteriormente ocupado pela Activision Blizzard.

Naturalmente, todo esse crescimento é justificado de perto pelos últimos lançamentos da softhouse. Ao que parece, Dragon Age Inquisition, por exemplo, acabou por deixar os investidores bastante animados.

Activision Blizzard

Ok, é verdade que a Activision Blizzard perdeu o posto de “principal third party” para a EA (acima); mas isso não signiifica que as coisas andem mal. De fato, conforme especulta a gamesindustry, é provável que a leve ressaca experimentada pela companhia ao final do último ano fiscal se deva mais ao fato de que os investidores já sabiam o que esperar.

É verdade que tanto Call of Duty quanto Skylanders superaram consideravelmente as expectativas — mas isso já havia sido anunciado em relatório emitido durante o mês de janeiro, momento em que a desenvolvedora assistiu a um breve salto no valor de suas ações.

Microsoft

O caso da Microsoft talvez seja semelhante ao da SEGA Sammy, guardadas as devidas proporções. Assim como a holding japonesa, a responsável pelo Xbox jamais teve nos jogos seu principal foco de negócios. Não por acaso, a desvalorização recente nos papeis da companhia se deve menos ao seu console do que ao desempenho abaixo do esperado do Windows.

Conforme revelou o relatório financeiro emitido pela companhia, o Windows enfrenta atualmente uma queda difícil de ignorar em suas vendas. Embora a Microsoft tenha conseguido acompanhar o passo da NASDAQ, caso a queda nas vendas do sistema operacional se mantenha, é de se esperar que todas as divisões acabem sentindo o tranco. Por sua parte, a divisão do Xbox atravessa atualmente uma reformulação em sua base de comando.

Apple

Além de ser atualmente a empresa com maior valor de mercado no mundo, a Maçã ainda conseguiu engatar mais algum crescimento em 2015, com suas ações saltando mais 15%. Trata-se, naturalmente, de mais uma pedra no sapato para a situação delicada que atravessa a Microsoft no momento (confira acima).

Take-Two

Conforme mencionado anteriormente, a Take-Two foi afetada ao final do último ano fiscal pelo rescaldo do seu próprio desempenho brilhante em 2014. Entretanto, as coisas não devem ser tão fáceis em 2015. Afinal, os belos números observados nos últimos 12 meses se devem, em grande parte, à chegada de Grand Theft Auto V aos consoles de última geração — e não há nada com dimensões semelhantes para este ano.

O turbilhão do mercado mobile

Se já é difícil prever as subidas e descidas do nicho mais tradicional dos jogos eletrônicos, tudo pode ficar ainda mais complicado quando se trata do mercado de títulos mobile (smartphones, tables e afins). Na verdade, basta acompanhar as linhas dos gráficos indicando as flutuações de empresas como Nexon, a GungHo, a Zynga, a King e a Gumi para perceber, inclusive, que o turbilhão do mercado mobile não se limita a territórios específicos.

A queda estratosférica da Gumi

A Gumi foi uma das maiores surpresas do ano passado. A publicadora de Brave Frontier no Japão se lançou ao mercado de ações em dezembro do ano passado com uma esperança de lucros de US$ 10,6 milhões, unicamente pra fechar o último ano fiscal com um prejuízo de US$ 5 milhões.

Especialistas acreditam que o principal motivo da queda extraordinária da companhia se deva ao desempenho bem abaixo do esperado de Brave Frontier fora do Japão — o que pode ter menos a ver com o jogo do que com a estratégia internacional da Gumi. Seja como for, parece certo que um engano da ordem de mais de US$ 15 milhões em apenas dois meses de previsão de lucros ainda deve pesar nas costas da softhouse por algum tempo.

Não que qualquer outra companhia do mercado mobile japonês tenha se saído muito melhor. A Nexon apenas acompanhou o índice Nikkei 225, sem grandes surpresas, enquanto que a GungHo, a DeNA e a Gree permanecem em uma queda lenta e constante, devida, sobretudo, à capacidade de traçar planos financeiros de longo prazo.

O fenômeno Glu Mobile

Talvez o mercado mobile seja igualmente imprevisível na porção ocidental do globo. Entretanto, por aqui há pelo menos uma grande desenvolvedora colhendo vultosos lucros por conta de uma manobra marqueteira bem executada. Trata-se da Glu Mobile, empresa responsável pelo hit Kim Kardashian: Hollywood — espécie de jogo fashion pautado por microtransações (praticamente uma fábrica de dinheiro).

A softhouse fechou o último ano fiscal com suas ações incrivelmente valorizadas, sobretudo pelo anúncio de um novo título de proposta razoavelmente idêntica à de Hollywood: a Glu Mobile agora deve produzir um game estrelado pela igualmente célebre Katy Perry.

Conforme indicou a gamesindustry, é possível interpretar o bom momento também pela capacidade do estúdio de temperar a imprevisibilidade característica do mobile com o apelo mercadologicamente irresistível de rostos conhecidos — de forma que, fim ao cabo, não importa muito se todos nós já vimos a mesma mecânica de jogo em dezenas de outros títulos não tão bem sucedidos.

O curioso caso da Zynga e da King

A dupla de gigantes mobile do EUA Zynga e King fecharam o último ano fiscal com um caso bastante curioso, embora também lógico. Conforme lembrou o referido veículo, a Zynga acabou punida por uma leve queda no valor de suas ações a despeito de ver suas vendas aumentarem. Por outro lado, a King vendeu menos, mas acabou com papeis mais valorizados.

“A razão para isso é bastante clara, considerando-se que a Zynga continua em ritmo lento com seu plano para ganhar espaço no mercado mobile, enquanto que a King tem feito um bom trabalho ao desenvolver outros títulos para ocupar o lugar das vendas declinantes do mega-hit Candy Crush Saga”, escreveu Rob Fahey em artigo para o referido site.

“No fim das contas, entretanto, isso não foi um efeito de longa duração”, ele continua. “Ao final de março, ambas as firmas já haviam retornado aos seus níveis normais de desempenho.” Dessa forma, é fácil esperar desempenho semelhante ao longo do atual ano fiscal.

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