Na primeira vez que vi Gears of War rodando em um Xbox 360 em 2006, a primeira coisa que me passou na cabeça foi: “Isso é a nova geração. Preciso jogar isso o mais rápido possível”. E foi assim que o console da Microsoft se tornou meu primeiro video game da sétima geração.
O jogo chamou atenção desde o começo, com gráficos belíssimos, gameplay inovador com um sistema de cobertura que se tornaria referência, história cativante e emocionante em título de ação pesada e armas incrivelmente criativas. A franquia logo se tornou um dos ícones do console, ao lado de Halo.
Como todos esperávamos, Gears vai voltar na sua quarta edição – e quinto título da franquia – no Xbox One, mas vai deixar os fãs esperando um pouco. Para preencher essa lacuna até o lançamento do novo game, a Microsoft decidiu remasterizar o primeiro jogo da série, que agora está em 1080p, com 60 quadros por segundo e com visuais da nova geração.
Gears of War: Ultimate Edition sai em agosto, mas algumas pessoas que se cadastrarem no site da franquia podem receber uma chave para o multiplayer Beta. Tivemos a chance de ser um dos escolhidos e vamos detalhar as nossas impressões abaixo. Confira:
O Gears de sempre, mas melhor e mais bonito
Apesar de o game estar totalmente em inglês – algo que deve mudar na versão final –, me surpreendi ao encontrar a opção de jogar em servidores brasileiros, que ficaram com cerca de 14 de Ping. A má notícia é que eles são bem menos povoados que os americanos e tive que esperar muito mais para encontrar uma partida nos primeiros dias. Além disso, muitas vezes fui colocado em uma partida desequilibrada de 3 vs 4, no qual todos os meus aliados eram novatos e os inimigos tinha um level alto.
Por ora, temos apenas dois modos de jogo: o social e o competitivo. Basicamente, o primeiro é um team deathmatch de 4 vs 4 jogadores em que é preciso ganhar dois rounds consecutivos para vencer. Já a outra modalidade é chamada de King of the Hill, na qual devemos defender bases para conseguir pontos. Quem tiver a maior pontuação no final ganha.
A primeira impressão que tive ao jogar foi a de estranheza. Tive centenas de horas no modo multiplayer de toda a série e, pela primeira vez, estava experienciando isso em 60 fps. Tudo parecia rápido demais e tive até mesmo que ajustar a sensibilidade dos analógicos. Contudo, depois de me acostumar, achei que essa é a melhor forma de jogar Gears of War.
Os mapas, personagens e armas foram todos retrabalhados, dando a cara de que o game é na verdade um remake, e não um remaster. Alguns leitores disseram que os mapas estavam mais claros na nova versão por conta das screenshots liberadas pela Microsoft, mas posso afirmar: todo o clima sombrio do primeiro título foi mantido e, ouso dizer, aprimorado. Basta comparar uma partida no mapa Canals entre as duas versões acima.
O mesmo gameplay, mas com pequenas mudanças
No Beta, pude jogar algumas horas em todos os níveis disponíveis até agora. A ideia da The Coalition – equipe da Microsoft responsável por Gears of War – é lançar um mapa a cada 10 mil partidas mundiais. Até o momento, apenas os cenários Gridlock, Canals, War Machine e Courtyard – este último foi disponibilizado hoje à tarde – foram lançados.
Felizmente, a desenvolvedora optou por manter os mapas praticamente intactos, alterando um ou outro elemento de cobertura. Em contrapartida, a interface teve uma reformulação muito interessante. No modo team deathmatch, por exemplo, há um marcador de respawns do lado esquerdo da tela, sinalizando quantas vidas ainda estão disponíveis para cada time na partida.
Outro ponto de destaque foi a adição de cores nos personagens que estão longe do seu campo de alcance para o modo casual. Se o jogar for um locust – tanto faz se ele é do time inimigo ou aliado –, ele aparecerá na cor vermelha de longe, enquanto os COGs são representados na cor azul. É uma ótima maneira de identificar aliados e inimigos no campo de batalha e evitar rounds demorado por causa do “esconde-esconde” dos jogadores.
Apesar de terem poucas armas nos cenários já revelados, notei que algumas delas sofreram alterações. É o caso da Boomshot, a famosa granadeira do jogo, que agora dispõe de granadas “secundárias” a cada tiro. Ou seja, sempre que você atirar e a bala chegar ao alvo, duas explosões subsequentes da maior ocorrerão. O Hammer of Dawn também tem um delay ligeiramente maior para disparar, mudando um pouco do original.
Excelente para um Beta, mas ainda com diversos bugs
Apesar de ter gostado muito do que vi, o game ainda não está perfeito. Alguns bugs mais graves aconteceram durante a jogatina, impactando diretamente no equilíbrio da partida. Por exemplo: em um round, um dos meus aliados atirou à queima roupa em um inimigo duas vezes com a shotgun, mas nada aconteceu. Se você já jogou o título alguma vez, sabe que essa ação teria destroçado o corpo do inimigo em várias partes, configurando o famoso instalkill.
Em outro momento, fui pegar cobertura em um obstáculo na mesma hora que os pontos de respawn foram alterados. Por algum motivo, fiquei preso no meio do cenário sem poder fazer nada além de esperar ser morto. Se proteger entre os obstáculos é algo essencial na franquia, mas senti que a desenvolvedora ainda não acertou a mão neste quesito, pois nem sempre a troca de cobertura funciona como deveria.
Apesar de serem raras exceções, vale a pena ser mencioná-las. Obviamente, o título ainda está na primeira fase de Beta, algo que serve justamente para encontrar os problemas e corrigi-los até o lançamento.
Outro ponto que me incomodou foi o carregamento de texturas da Unreal Engine. Apesar de esse tipo de problema ser o mais comum em toda a série, é estranho entrar em uma partida e encontrar paredes com texturas lisas e sem detalhes que vão melhorando aos poucos. É algo pequeno? Sim, mas é estranho que o mesmo problema permaneça por quase nove anos, desde o lançamento do primeiro título.
No final das contas, o remake vale a pena?
A resposta curta para essa pergunta é sim. Claro, existem problemas e bugs, mas todo jogo em Beta tem. Se o game fosse lançado nesse momento – mesmo com os glitches –, ainda seria compra garantida para qualquer fã da franquia, de jogos de tiro ou até mesmo pessoas que têm interesse na franquia. Contudo, cabe à desenvolvedora melhorar ao máximo uma das obras-primas do Xbox 360 com o feedback dos gamers.
Ver Gears of War Ultimate Edition rodando em 1080p e em 60 quadros por segundo no Xbox One é tudo o que um fã poderia pedir à Microsoft. A qualidade do jogo supera tudo o que vimos há quase nove anos, além de trazer a nostalgia das partidas multiplayer de volta, com a mesma brutalidade e violência e novos mapas e conteúdo adicional.
Se você quer participar do Beta, basta acessar o site oficial da franquia e se inscrever. Se tiver sorte, em até 24 horas receberá duas keys, uma para baixar o título e outra para ativá-lo. Gears of War Ultimate Edition chega dia 25 de agosto no Xbox One e, em algum outro momento ainda não divulgado, para PC.
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