Escolha a forma como o mundo deve ser destruído

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Há muita especulação sobre a forma como a Terra encontrará o seu fim. Segundo uma das teorias mais aceitas, o nosso planeta deve permanecer por aqui por mais cinco bilhões de anos, aproximadamente. Depois disso, a expansão natural do Sol em uma gigante vermelha (decorrente do envelhecimento do astro) acabaria por comprometer a órbita, resultando em um superaquecimento que faria evaporar toda a água — de maneira que o resultado seria um território árido, poeirento, razoavelmente semelhante ao que se vê em Marte hoje.

Em seguida, o Sol lentamente se tornaria uma anã branca, incapaz de prover uma quantidade mínima de calor para a manutenção da vida. Entretanto, mesmo em uma projeção particularmente pessimista, esse fim astronômico ainda demoraria pelo menos 1,1 bilhão de anos para começar a mostrar seus efeitos.

A despeito do desfecho da Terra, entretanto, deve haver dezenas de possibilidades para que a raça humana seja varrida daqui para todo sempre — talvez antes mesmo de as coisas começarem a esquentar (literalmente). E boa parte delas já encontrou representações nas mãos e cérebros de grandes ficcionistas — de escritores a cineastas, sem se esquecer dos desenvolvedores de jogos eletrônicos.

Uma praga? Uma bomba? Alienígenas?!

Entre possibilidades científicas remotas (ou não), especulações e delírios coletivos, fato é que nós já imaginamos inúmeras possibilidades sobre o fim dos nossos dias por aqui. Normalmente, essas teorias apocalípticas são um reflexo de cada período histórico posterior ao momento em que o ser humano passou a questionar o seu próprio futuro como raça hegemônica.

Para Mary Shelley, por exemplo, o fim da humanidade era um eco da Peste Negra: seria uma praga a nos varrer a todos daqui, conforme descrito no livro “O Último Homem”. Já a primeira detonação de uma bomba atômica e o período subsequente identificado como Guerra Fria se encarregaria de colocar o fantasma nuclear definitivamente entre os principais temores coletivos — isso para não falar no medo constante de que os nossos fiéis computadores ganhem consciência e se rebelem algum dia após anos de escravidão (Matrix? Alguém?).

Os fins do mundo interativos

Momentos históricos nos deram hipóteses típicas para o fim do mundo, portanto. Como mídia tardia, entretanto, é interessante observar que praticamente todas as categorias de apocalipse já encontraram, em algum momento, uma representação em pixels — uma  herança pronta, sempre ao alcance de estúdios dispostos a mostrar mais uma vez o chute no balde da humanidade.

Independentemente do fim retratado, entretanto, é fato que a maioria games (assim como outras obras de ficção) normalmente poupam alguns poucos remanescentes “sortudos” da raça humana — prontos para lutar pelos poucos recursos que sobraram enquanto degeneram em pura barbárie, conforme a civilização regressa bruscamente a um estado primitivo.

Afinal, nenhum entretenimento interativo que se preze vai querer colocá-lo no controle de uma bola de feno rolando a esmo por um deserto (embora já tenham feito algo semelhante com pétalas, é verdade). Dessa forma, vamos a algumas das formas com que o mundo já foi terminado em ambiente virtual — normalmente deixando para o seu protagonista uma última chama de esperança.

O fim biológico

Pestes, zumbis, mutações e degenerações variadas. Afinal, como mostrou a Peste Negra na Baixa Idade Média, entidades minúsculas podem facilmente nos varrer do planeta mais rápido do que alguém diria “Atchim!”.

The Last of Us

The Last of Us provou quando deu as caras em 2013 que, sim, é possível tratar de zumbis sem cair na mesmice — sem descambar para o bando de clichês que ocupava (e ainda ocupa) a temática. Mas o game da Naughty Dog também é um herdeiro do pavor humano relacionado ao descontrole biológico que parece sempre iminente.

Longe de ser apenas uma epopeia focada no bem maior da humanidade, entretanto, The Last of Us é um verdadeiro brinde aos dramas psicológicos igualmente requintados e sensíveis. Ao final, cabe colocar em uma balança: salvar tudo o que restou da humanidade... Ou apenas a última parte que ainda lhe interessa? Ademais, o título ainda traz um dos mais belos universos pós-apocalípticos da história do entretenimento audiovisual.

The Walking Dead

Igualmente dividido entre as relações interpessoais dos seus protagonistas e a garantia de uma próxima página para a humanidade, The Walking Dead se tornou inegavelmente onipresente desde que estreou nos quadrinhos em 2003 — ganhando vários prêmios na categoria. O sucesso então passou às séries de TV e, atualmente, segue de vento em popa com seus zumbis virais no entretenimento eletrônico.

O fim atômico

As maravilhas da ciência atômica podem nos dar energia e também nos colocar no espaço — desde que não acabem mandando tudo pelos ares ou, novamente, gerando mutações e degenerações variadas.

Wasteland

Um verdadeiro clássico semidesconhecido do nicho pós-apocalíptico atômico. Embora os gráficos relativamente simples do final dos anos 80 não fossem suficientemente convincentes para que alguém considerasse estocar alimentos em um bunker subterrâneo, a proposta já estava ali: uma guerra nuclear varreu a maior parte do mundo no futuro distante de 1998 (pois é), legando os restos para apenas alguns poucos remanescentes pixelizados.

Fallout

Para muita gente, simplesmente a melhor série de videogames focada em uma realidade pós-apocalíptica — espécie de equivalente interativo de Mad Max, pelo menos na época em que ainda não havia uma adaptação tão decente dos filmes em um jogo.

Além de oferecer à exploração toda uma wasteland virtual, Fallout também sempre foi preciso em explorar as relações estabelecidas entre o que restou da espécie humana — algo desenvolvido quase à perfeição em Fallout 3 e aperfeiçoado ainda em New Vegas.

Destaque para o objeto de adoração em uma das últimas agremiações humanas: uma bomba nuclear não detonada capaz de reunir à sua volta todo um séquito liderado por um fervoroso e alucinado pregador que vê na fissão atômica uma mensagem de redenção e evolução. Sim, é por isso que todos ao seu redor estão tão ansiosos pela chegada de Fallout 4. O hype aí, afinal, é mais do que justificado.

Metro 2033

Diferentemente de grande parte dos games pós-apocalípticos, Metro 2033 não traça suas origens até os quadrinhos, uma série de TV ou um roteiro semioriginal. Trata-se, antes de uma adaptação do romance homônimo de Dmitry Glukhovsky.

Aqui você acompanha a saga dos sobreviventes de uma guerra nuclear iniciada em 2012. Os destroços tomam conta das paisagens ao redor do mundo enquanto a Mãe Rússia tenta se reerguer das cinzas — pois é, os americanos não são os únicos a imaginar o fim do mundo. O último reduto para a sobrevivência humana são os sistemas de metrô abandonados, onde é possível traçar planos contra as mutações da superfície, os “Dark Ones”.

STALKER

STALKER é outro jogo que se perguntou se os seres humanos restantes após uma guerra nuclear ainda seriam realmente humanos — tanto biologicamente quanto moralmente, vale dizer. Conforme indica o acrônimo que dá nome ao título, aqui você ocupará uma terra inóspita (chamada apenas de “The Zone”) tomada por “Necrófagos, transgressores, aventureiros, solitários, assassinos, exploradores e ladrões”. Isso além de uma miríade de criaturas humanoides, é claro.

O fim bíblico

“Fora ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira.” (Apocalipse 22:15)

Darksiders

Com defensores e detratores quase em igual medida, Darksiders é um dos poucos títulos pós-apocalípticos recentes que trata do fim da humanidade sob uma ótica bíblica — com inspiração na forma como o fim dos dias é descrito no livro Apocalipse. Ok, a interpretação se permite liberdades nada menos do que incríveis, fazendo cavaleiros e ceifeiros se cruzarem com RPGs nipônicos e títulos de ação consagrados. Mas as bases ainda são bem perceptíveis.

Doom

Apenas um fuzileiro “dos mais durões na Terra, forjado em combate e treinado para a ação” poderia mesmo encarar a fauna incrivelmente variada de Doom. Neste verdadeiro clássico do gênero shooter algo deu terrivelmente errado em uma experiência secreta de teletransporte conduzida em Marte, dando origem a um portal de onde passa a brotar todo tipo de abominação demoníaca.

O fim extraterrestre

É verdade que a tecnologia humana atual poderia transformar a superfície da Terra na sala de cinema de um filme do Uwe Boll em pouquíssimo tempo, sem deixar ninguém para contar a história. Mas... E se o final vier de fora?

Gears of War

Gears of War colocou o último reduto de sobrevivência humana em um planeta distante batizado de “Sera”. Durante as 24 horas fatídicas conhecidas como “Emergency Day”, abominações gigantescas irromperam subitamente na superfície, iniciando uma guerra sangrenta entre a humanidade e a terrível horda Locust.

Como anti-herói especialmente recrutado, a sua missão é “simples”: destruir a ameaça dos Locust e reestabelecer a paz na Terra encarando várias missões verdadeiramente suicidas através de um cenário devastado. É verdade que a carreira de Marcus Fenix acabou com um final um tanto prematuro para parte dos fãs da série, mas o exemplo de como conduzir um bom caos apocalíptico extraterrestre permanece.

Rage

Rage é uma espécie de jogo pós-apocalíptico sui generis (único em seu gênero). Embora ainda imagine o fim da humanidade como nós a conhecemos sob a égide de algo extraterrestre, aqui não se trata de criaturas, mas sim de um asteroide. Ao perceberem a ameaça em rota de colisão com a Terra, os principais líderes mundiais dediciram assegurar a continuidade da espécie por meio da construção de um abrigo subterrâneo.

O problema é que nem todos foram contemplados com a medida. Na superfície da Terra, restaram multidões de mutantes, seres terrivelmente modificados pelo impacto do corpo celeste e que agora pretendem manter o controle das coisas.

O fim em um descontrole tecnológico

Chama-se de tecnologia qualquer coisa que nos facilite a vida na eterna tarefa de controlar e moldar a natureza. Entretanto, convenhamos, grande parte das criações tecnológicas atuais são por vezes mais poderosas do que um ser humano em mais de um aspecto — de forma que pode ser apenas uma questão de tempo até que o esquema de “servos” e “servidos” se altere diametralmente. Morpheus diria “Amém”.

Horizon: Zero Dawn

Revelado oficialmente durante a edição recente da feira E3 (Electronic Entertainmet Expo), Horizon: Zero Dawn talvez cause um pouco de estranheza a princípio, conforme receio da própria Guerrilla Games.

Neste exclusivo para o PlayStation 4, você assumirá o controle de Aloy, uma caçadora e arqueira, conforme ela adentra um universo arruinado e controlado por criaturas mecanizadas — com direito a dinossauros robóticos. Para sobreviver, Aloy precisará ceifar metal e fontes de energia, utilizando os recursos para sobreviver em um cenário bastante hostil.

Enslaved: Odyssey to the West

Talvez Enslaved: Odyssey to the West não seja a perfeita representação de um tiro tecnológico que saiu pela culatra — afinal, a analogia mais óbvia aqui ainda envolve a tradicional “Jornada ao Oeste”. Entretanto, ao notar o tipo de ameaças que se lançam sobre a dupla improvável do título, é difícil não considerar que algo realmente deu muito errado. Mas é verdade que também se trata de uma espécie de retomada da Natureza, 150 anos no futuro.

Menção honrosa: Tokyo Jungle

Seria um despropósito incluir Tokyo Jungle em qualquer categoria típica de fim do mundo. E isso menos pelo fim criativo dado à humanidade aqui — que, entretanto, jamais é totalmente explicado — do que pelos protagonistas largados à própria sorte em um cenário literalmente selvagem.

Sabe aquilo que foi dito anteriormente, sobre sempre restar um ser humano para tocar adiante o barco da humanidade? Pois esqueça. Este criativo título Sony conta a história dos animais deixados em uma Tóquio convertida em uma selva.

Os desafios aqui se concentram em garantir um território como “alfa”, encontrar um(a) parceiro(a) sexualmente atraente e gerar prole... Algo não muito diferente do que faz a maioria de nós hoje, caso você pare para pensar.

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