Boa parte dos jogos já vem “de fábrica” com dificuldade estratificada, de maneira que é comum que existam desafios para todos os níveis de habilidade e capacidades cognitivas (sempre é possível iluminar objetos pelo cenário caso a atenção ou o raciocínio lógico não sejam o seu forte). Bem, mas o que fazer quando determinado título não consegue mais fornecer aquele gostinho “masoquista” da conquista depois da luta?
É simples: você inventa alguma coisa. O mais óbvio aí normalmente aparece na forma dos chamados speedruns, cuja ideia normalmente é atravessar todo o jogo sem morrer e no menor tempo possível. Entretanto, a criatividade de alguns jogadores internet afora parece ir além da pura e simples correria virtual.
Quer dizer, por que apenas partir em disparada por Mega Man se você ainda pode se autodesafiar a não sofrer nem mesmo um único dano durante a proeza — acrescentando ainda, como a cereja do bolo, o objetivo insano de não desperdiçar nem mesmo um único tiro. Ou, quem sabe, aquele seu periférico encostado — adquirido nos tempos em que Guitar Hero e Rock Band pareciam uma moda eterna — possa fazer um “bico” derrotando demônios.
Sem mais, vamos a alguns exemplos excêntricos/cômicos/insanos de desafios personalizados. Ao final você até pode criar o seu próprio e compartilhar com a gente — tipo assobiar, chupar manga e fechar Battletoads sem perder nenhuma vida, tudo ao mesmo tempo. (Este que vos escreve consegue há anos atravessar jogos inteiros sem parar de comer guloseimas, a despeito de recomendações médicas enfáticas).
Final Fantasy e o exército de um homem só
Final Fantasy talvez traga uma valiosa lição de colaboração implícita: “Associe-se a bons e poderosos amigos para varrer da face do planeta tudo o que for diferente”. Entretanto, nada impede que você levante sozinho sua espada/cajado/maça contra todo um mundo de terríveis abominações — algumas delas incrivelmente semelhantes a hortaliças pós-desastre nuclear.
E um ponto de partida bastante óbvio para essa proposta heroica e antissocial pode ser o primeiro Final Fantasy: basta deixar que todos os seus companheiros de equipe beijem a lona e continuar por sua própria conta e risco. É verdade que Final Fantasy tende a ser sutilmente condescendente com esforços solitários. Entretanto, sempre se pode apimentar a coisa... Digamos, encarando todo o jogo como um ladrão (rogue). Aí sim.
“Riff” matador de demônios
Em Brutal Legend, Jack Black deu vida ao super-roadie Eddie Riggs. Entre seus vários poderes, Riggs podia disparar raios de sua poderosa Gibson Flying V. Decidido a não ficar para trás, o speedrunner Benjamin “Bearzly” Gwin resolveu também brandir sua guitarra contra os demônios — no caso, as potestades de Dark Souls.
Ok, caso você diga a alguém que a série Souls é difícil, é possível que essa pessoa diga algo como “nem tanto”, mostrando que é preciso apenas uma mistura generosa de precaução e apreensão de padrões. Bem, mas quando o seu controle são os botões coloridos de uma guitarra ou os pads de uma bateria eletrônica... Aí o sujeito provavelmente não dirá nada — enquanto cata o próprio queixo do chão. No caso do Sr. Gwin, a experiência foi levada até os créditos finais de Dark Souls e de Dark Souls 2.
Diablo 2 e Irene, a “Enferma”
A vantagem de jogos com uma história não totalmente definida é que sempre se pode achar espaço para as próprias fantasias (mesmo correndo o risco de fornecer indícios de algum problema mental). Foi o que fez o usuários de fóruns MongoJerry ao atravessar toda a ação de Diablo 2 com suas personagem Irene, “a Enferma” — uma feiticeira sem armadura, sem armas e sem aumentos em suas estatísticas ou acréscimos de novas habilidades.
A pobre diaba segue pelo jogo contando apenas com seus dois punhos e com o auxílio de um mercenário, igualmente desarmado. Além do feito, MongoJerry também contou a história de Irene em fóruns — incluindo uma primeira parte bastante impressionante, com a frágil maga habilmente despachando Andariel, enquanto se esforçava para escapar de qualquer golpe (que teria sido suficiente para dar um fim prematuro ao martírio).
O incrível samurai e seu molinete mortal
A famigerada vara de pesca do Dreamcast era um daqueles periféricos que você comprava já imaginando que o prazo de validade venceria muito rápido, certo? Ledo engano. Durante todos esses anos, todos nós condenamos o pobre aparato por nossa falta de imaginação rasteira, conforme mostra claramente o sujeito do vídeo acima.
Cansado de SEGA Bass Fishing, ele resolveu utilizar o molinete como uma espada. E o feito é tão impressionante quanto a criatividade: SoulCalibur original atravessado de ponta a ponta no modo Ultra Hard — algo como fisgar um enorme bagre no jogo original.
Link de olhos vendados
Durante maratona realizada neste ano, um sujeito que atendia pelo codinome de Runnerguy2489 maravilhou os presentes — todos jogadores particularmente habilidosos — com sua destreza em The Legend of Zelda: Ocarina of Time. O sujeito atravessou as três “Child Dungeons” de olhos totalmente vendados.
Runnerguy2489 atravessou todos os vários obstáculos das fases baseando-se apenas em sons ambientes, em seu conhecimento prévio das masmorras e em descrições verbais do que se passava em cada lugar. Uma bela mistura de habilidade e memória, sem dúvida.
Pokémon e o desafio Nuzlocke
O Nuzlocke Challenge já é um velho conhecido entre os fanáticos pelos monstrinhos de bolso. Embora não seja propriamente fácil de executar, a proposta é até bem simples: qualquer Pokémon que desmaiar deve ser considerado morto, devendo ser liberado; e os únicos Pokémons que você pode tentar capturar são os primeiros que encontrar em cada nova área.
É previsível que, ao final, o seu Pokedex não possa ser ostentado pela grande variedade de monstrinhos capturados. Entretanto, conforme notou o site gamesradar, trata-se de uma bela oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o potencial (ou a falta dele) em Pokémons que você normalmente ignora. (Nota: dar nomes a cada um deles para poder comemorar ou chorar mais intimamente é opcional).
O nível máximo em WoW (mesmo em cima do muro)
Uma carreira tipicamente bem-sucedida em World of Warcraft normalmente se inicia por uma escolha de lados. Afinal, o mundo sobrenatural ali se encontra dividido, e é preciso tomar partido antes de finalmente começar a catar coisas e acumular níveis — a menos que você seja um urso panda particularmente escorregadio e avesso aos combates.
Ocorre é que os membros da raça Pandaren sempre iniciam suas jornadas na neutralidade. Os pandas apenas são forçados a escolher um dos lados quando deixam a zona inicial... O que não necessariamente precisa ocorrer.
Foi o que fez o usuário do YouTube Doubleagent. Mantendo-se todo tempo nas Wandering Isles, ele gastou 173 dias coletando ervas e desencavando nodos para chegar ao nível máximo à época de 90. Fala-se também de um Tauren que chegou ao mesmo limite sem matar nem mesmo uma única criatura — provavelmente o mais próximo que World of Warcraft pode chegar de um ideal de “paz e amor”.
O mínimo de pontos possível em Super Mario Bros.
É verdade que a maior parte dos jogadores normalmente se dedica a obter pontuações com o máximo possível de casas decimais. Mas esse não foi o caso desse sujeito — embora o feito talvez seja até mais impressionante. NotEntirelySure imaginou qual seria a menor quantidade de pontos que alguém precisaria acumular para chegar ao final de Super Mario Bros.
A resposta: 500 pontos — e nem um pontinho a mais ou a menos, aparentemente. Antes de executar a façanha, ele determinou os seguintes critérios:
- Não pegar nem mesmo uma única moeda;
- Não matar nenhuma das criaturas que perambulam pelas fases; e
- Apenas hastear a bandeira ao final das fases quando o timer chegar a “000”.
Nada menos do que a perfeição em Mega Man
Nico Thulin é um speedrunner já bem conhecido, sobretudo quando se trata da série Mega Man. Mas um dos desafios atravessados por ele certamente fariam inveja mesmo aos seus companheiros aficionados pelo robozinho da Capcom.
Basicamente, trata-se de atravessar todo o jogo utilizando apenas o canhão Mega Buster (a arma padrão do herói), sem tomar nem mesmo um único dano e — pasme — sem desperdiçar nenhum tiro. É claro que isso é rigorosamente pedregoso mesmo para um jogador calejado. De fato, há quem diga que parte da diversão das “zeratinas” de Thulin encontra-se no praguejar constante do sujeito, sempre que algo não sai conforme o planejado.
Ghost run em Thief
Em jogos de natureza stealth, chama-se de “ghost run” uma jogatina concentrada em atravessar as fases de forma perfeitamente furtiva. Em outras palavras, a ideia é chegar ao final sem matar e nem mesmo alertar nenhum dos inimigos distribuídos pelo cenário.
Por sua proposta particular, o Thief original sempre foi um dos preferidos dos “ghost runners”. Entretanto, com o reboot lançado no ano passado, diz-se que as coisas ficaram ainda mais convidativas para esse tipo de desafio — sobretudo nas várias restrições inéditas definidas em consenso pelos “corredores”.
Na ghost run acima, o usuário do YouTube “prenatual” segue sem ferir nenhum inimigo, sem alertar sobre sua presença e sem jamais comprar ferramentas que permitam acessar a caminhos mais efetivos. Talvez não seja a coisa mais divertida de se assistir... Mas com certeza não é tarefa para qualquer um.
Nenhum dano em Ninja Gaiden 2
Completar qualquer jogo da série Ninja Gaiden já é algo a ser comemorado — ainda por cima se for no modo mais difícil. Bem, o que dizer então de atravessar todo o jogo sem tomar nem mesmo um único dano? Parece algo que beira o impossível, não? De fato, é ver para crer. E no caso do jogador chinês do video acima, ainda é possível ver duas vezes. Isso porque o sujeito fechou Ninja Gaiden 2 completamente ileso em mais de uma ocasião. Nada mal. Nada mal mesmo.
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