Assistimos ao filme Kingsglaive: Final Fantasy XV

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Quando Final Fantasy Versus XIII se transformou em Final Fantasy XV, a Square Enix decidiu expandir o escopo do projeto — justificando assim a década dedicada ao desenvolvimento do jogo. Dessa intenção surgiram o anime Brotherhood (que você pode conferir na íntegra no YouTube) e o filme animado Kingsglaive, que finalmente chega aos fãs brasileiros através de lojas como o iTunes.

Com aproximadamente duas horas de duração, o lançamento tem o objetivo de servir como uma prévia para os eventos do game que chega ao PlayStation 4 e ao Xbox One em novembro. No lugar de Noctis e sua trupe entra Nyx Ulric, membro do Kingsglaive, força de elite do reino de Lucis, que deve defender o que restou de seu território e sua capital Insomnia das forças de Nilfheim que estão dominando o mundo.

Após um começo promissor, marcado por efeitos digitais impressionantes e uma batalha em larga escala, somos apresentados à trama central. Depois de décadas de agressões, Nilfheim propõe uma trégua que envolve o casamento do príncipe Noctis com a princesa Lunafreya de Tenabrae.

Apesar de o rei de Lucis, Regis, concordar com a trégua, ele desconfia de que as intenções do império não são exatamente benignas. Assim, cabe ao monarca e à sua força de elite descobrir o que está acontecendo e fazer o possível para proteger Insomnia e o último Cristal do mundo das influências de forças malignas.

Filme ou CG de introdução?

Embora a premissa de Kingsglaive seja promissora, o filme revela em questão de pouco tempo o fato de ser derivado de um RPG japonês. Aparentemente ignorando o formato adotado, o título se rende rapidamente a longos diálogos expositivos que não acrescentam muito ao desenvolvimento da trama — e, o pior, muitas vezes adicionam informações complementares que nunca são bem desenvolvidas.

Em certo momento do filme, você descobre que há traidores conspirando com o reino de Nilfheim para derrubar Lucis. No entanto, não somente as motivações para esse ato são mal explicadas, como todo o arco se desenvolve de forma superficial e não traz o impacto esperado — muitas mortes resultantes do ato não têm nem uma parte do impacto que a Square Enix pretendia dar a elas.

Infelizmente, os problemas de roteiro se repetem durante toda a história, passando do sacrifício de figuras com efeito dramático nulo — porque nunca tivemos tempo de nos importar com elas —, clichês envolvendo arrependimentos e decisões simplesmente estúpidas. Por exemplo: após descobrir que um transmissor denunciava a posição dos heróis ao império, eles não se livram do item e decidem ficar parados conversando até que uma nova leva de forças inimigas chegue até eles.

Da mesma forma, o protagonista Nyx não apresenta qualquer espécie de crescimento ou desenvolvimento durante o filme. Do começo ao fim, ele cumpre o papel de “soldado estoico que não questiona ordens e está pronto para morrer por seu monarca” que já vimos tantas vezes — o que, ao menos, rende algumas cenas de animação bastante impressionantes.

Fato é que, em matéria de roteiro, Kingsglaive é confuso e indeciso sobre o caminho que deve seguir. Se em sua primeira metade o longa-metragem parece ser uma trama estritamente política e toca em temas como identidade nacional, privilégios e refugiados, após uma hora de exibição tudo isso é jogado fora para favorecer cenas de ação repletas de exposição que parecem inspiradas nas obras mais famosas de Michael Bay.

Uma grande conquista técnica

Se o roteiro de Kingsglaive é medíocre, isso não pode ser dito de sua parte técnica. O longa-metragem é uma evolução técnica impressionante em relação ao que foi apresentado em Advent Children e Spirits Within, trazendo diversos momentos nos quais os personagens tridimensionais poderiam ser substituídos por humanos reais sem que notássemos isso.

Ao menos no que diz respeito ao visual do filme, é inegável o talento dos membros da Square Enix no que diz respeito a técnicas de computação gráfica. No entanto, os tipos de cortes e câmeras utilizados pela companhia aproximam o resultado final muito mais de um trailer ou videoclipe do que de projetos em animação da Pixar e da Dreamworks, por exemplo.

Somado aos já mencionados problemas de roteiro, isso causa a impressão de que estamos vendo uma longa cena de apresentação para um game e não um produto pensado desde o começo para ser um filme. Em contrapartida temos cenas de ação que realmente são surpreendentes, mas que poderiam se aproveitar de um trabalho de câmera um pouco melhor.

Melhor esperar pelo game

Após terminar de assistir a Kingsglaive: Final Fantasy XV, o melhor que você pode fazer é não pensar muito sobre o conteúdo do que acabou de ver. Algumas subtramas — como a do príncipe de Lunafreya que decide ajudar o Império — simplesmente não fazem sentido e parecem ter sido incluídas simplesmente para cumprir uma lista de clichês obrigatórios de JRPGs.

Felizmente, nem mesmo os graves erros de roteiro impedem que a experiência seja divertida: isso é, a não ser que você espere algo muito profundo da produção. Tratado como uma peça complementar ao vindouro jogo da Square Enix, a experiência funciona como uma introdução para tramas que, esperamos, sejam melhor desenvolvidas futuramente.

No entanto, visto de forma de um filme individual, Kingsglaive não funciona muito bem. Deixando várias pontas soltas e marcado por erros grosseiros em seu roteiro, o título deve ser lembrado em alguns anos muito mais por questões técnicas do que por apresentar uma história que vai ressoar com os fãs da franquia.

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