Como fã de longa data dos games da LEGO e dos quadrinhos da Marvel, devo admitir que aceitei a tarefa de analisar LEGO Marvel Super Heroes 2 com um pé atrás. Afinal, depois da decepcionante experiência que tive com LEGO Worlds, minhas expectativas não estavam lá muito altas. Mas isso poderia servir para bem – afinal, esperar menos do título pode ser o que faltava para me ajudar a ver a jogatina com novos olhos, não é...?
Pois bem, as horas de jogo se passaram e digo que o game realmente me surpreendeu. Uma pena que não foi de maneira positiva.
A volta dos super-heróis de blocos
Ambientado em mais uma aventura no maior estilo do clássico dos quadrinhos Guerras Secretas, LEGO Marvel Super Heroes 2 coloca você em uma jornada simples e direta: impedir Kang, O Conquistador, de usar a Joia do Infinito do Tempo para dominar o Multiverso. Para isso, você deve controlar quase 200 diferentes super-heróis Marvel enquanto percorre fases, cumpre missões e, de vez em quando, desce a porrada em mais algum vilão famoso das HQs.
Como muitos já devem estar imaginando, o conhecido humor dos games LEGO se faz bem presente em Marvel Super Heroes 2, indo desde os primeiros minutos de jogo. Apesar das piadas nunca serem das mais rebuscadas, as brincadeiras leves são inteligentes o suficiente para trazerem risadas para adultos e crianças.
Também não há como negar que LEGO Marvel Super Heroes 2 faz um bom trabalho na parte estética. Como já é padrão para os títulos da TT Games, cada mapa do jogo consegue combinar com maestria os cenários realistas com construções inteiras em LEGO, enquanto os super-heróis são muito bem feitos em seu visual, dublagem e poderes.
Personagens demais, diversão de menos
Até aí, poderia parecer que LEGO Marvel Super Heroes 2 é uma obra de muita qualidade. Uma pena, no entanto, que isso compõe uma parcela pequena da experiência: para chegar aos momentos bem-humorados de piadinhas ou entender mais da história, você vai ter que passar pelas longas e arrastadas fases com o cada vez mais cansado gameplay pelo qual os games LEGO são conhecidos.
Para aqueles que não sabem o que isso quer dizer, trazemos um breve resumo da experiência. Basicamente, cada fase de LEGO Marvel Super Heroes 2 consiste em uma mistura de esmagar o botão de ataque em tudo o que se move e, depois disso, resolver os “puzzles” do nível – leia-se “socar cada objeto do cenário até que ele se quebre em peças que permitem construir algo que o permita avançar na fase”. Há também algumas batalhas contra chefes, mas elas raramente são muito mais desafiadoras do que uma luta comum.
Como a empresa tenta solucionar essa jogatina vazia? Com muitos e muitos personagens desbloqueáveis, é claro. Visto que vários deles têm poderes visualmente fieis ao universo da Marvel, pode parecer que esse é um tiro impossível de errar, mas acreditem quando dizemos que eles conseguem a façanha. Afinal, quando isso praticamente só muda a cor do projétil disparado pelo seu ataque (ou o efeito do seu golpe, caso prefira lutar com heróis focados no corpo a corpo), alternar entre personagens mais confunde do que ajuda.
Outra das tentativas da TT Games em trazer uma mudança na experiência é Cronópolis, a cidade criada por Kang que consiste em pedaços do passado, presente e futuro de vários cenários do multiverso Marvel. Servindo como um enorme sandbox para você explorar, o game peca nesse aspecto pela falta de conteúdo realmente interessante para conseguir, bem como pelo sistema de quests pouquíssimo variado.
Para piorar, Marvel Super Heroes 2 continua errando em muitos pontos básicos para qualquer jogatina. Voar, por exemplo, é um suplício por culpa da câmera nada amigável; já acertar um inimigo no combate é outro desafio enorme em meio à bagunça das lutas, graças aos personagens cujo visual se mistura com seus aliados e sua mira automática, que frequentemente prefere atacar seus amigos e outros objetos do cenário.
Para jogar com a família? Talvez nem isso
Dito isso, não há como deixar de lado o fato de que os games da série LEGO têm como alvo aquele público família; logo, uma trama e jogabilidade mais simples são muito bem-vindos. O problema está justamente na maneira pouco eficiente como LEGO Marvel Super Heroes 2 equilibra seus principais elementos na jogatina.
Em resumo, durante as batalhas, o game é frustrante por praticamente não permitir nenhuma estratégia, consistindo em esmurrar os botões do controle e torcer que seus ataques matem os inimigos antes que eles o façam. Já no resto do tempo, descobrir como avançar é um exercício de paciência, visto que você vai passar vários e vários minutos quebrando tudo o que há no cenário – e só.
Se LEGO Marvel Super Heroes 2 pode trazer alguma diversão? Talvez. Consigo até imaginar um cenário de pai e filho jogando juntos, mas no máximo se divertindo algumas fases por vez antes de a experiência se tornar terrivelmente desinteressante para um ou arrastada para o outro.
Já para quem busca um pouco mais da experiência do que algumas risadas, como foi no meu caso, LEGO Marvel Super Heroes 2 oferece uma experiência sofrível do começo ao fim. Por mais que ver seus heróis favoritos dos quadrinhos seja sempre divertido, essa nova roupagem não consegue esconder o que é, em sua essência, só mais um jogo LEGO, que tenta cobrir suas mecânicas sem sal debaixo de uma tonelada de conteúdo.
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