A E3 2018 não apenas trouxe jogos incríveis e grandes surpresas, como também deu força aos rumores e discussões sobre os próximos consoles. É, meus amigos, parece que a atual geração está chegando ao seu fim.
Cyberpunk 2077, o tão aguardado RPG dos criadores de The Witcher 3, já foi confirmado como um jogo cross-gen, ou seja, que sairá tanto para essa quanto para a próxima geração de consoles.
Starfield, a primeira nova propriedade intelectual da Bethesda Softworks em 25 anos, foi descrito na E3 2018 como um jogo exclusivamente para estes novos videogames. É possível que The Elder Scrolls VI também, já que sairá ainda depois.
Phil Spencer até confirmou, no palco da conferência do Xbox, que veremos novos consoles da marca no futuro, e a Microsoft já está trabalhando nisso. Então… o que já sabemos e o que podemos esperar desta nova geração?
Projeto Scarlet e PlayStation 5
O chefe do Xbox disse com todas as letras: “a nossa equipe de hardware, a mesma que trouxe um desempenho sem precedentes com o Xbox One X, está profundamente envolvida no desenvolvimento dos próximos consoles Xbox. E, mais uma vez, garantimos o nosso comprometimento em ser referência em consoles.”
Preste atenção no plural: ele diz “próximos consoles Xbox”, o que pode sugerir tanto que a companhia pensa nas próximas gerações ou, o mais provável, que teremos mais de um modelo dentro de uma nova família de dispositivos, como já acontece com o Xbox One S e o Xbox One X.
Uma informação vinda do site Thurrott reforça isso. De acordo com Brad Sams, mesma pessoa que vazou o título do novo Halo, o nome de desenvolvimento da próxima geração do Xbox é “Scarlet”, referente a uma família de dispositivos, e não apenas um console. O lançamento está previsto para 2020. Fontes do Windows Central e da Game Informer confirmam o codinome.
Do lado azul, pouco foi dito, mas uma nova geração também já é certa. John Kodera, CEO da Sony Interactive Entertainment, disse em uma conferência de investidores no Japão que o PS4 está entrando nos últimos estágios de seu ciclo de vida. Diversos insiders e analistas apontam um sucessor (ou sucessores) também para 2020 ou 2021, quando a atual geração completará 7 anos.
O que esperar?
O mercado de hardware para PCs e smartphones costuma premeditar o que veremos nos consoles, já que tratam-se dos mesmos fabricantes de componentes e tecnologias. Tendo isso em mente, a Digital Foundry, site especializado em análises técnicas, fez algumas projeções interessantes.
É provável que tanto a Sony quanto a Microsoft continuem suas parcerias com a AMD, principalmente por questões de compatibilidade. Entre as novas tecnologias da empresa, temos as arquiteturas Zen, Vega e Navi, para CPUs e GPUs. Destaque para a Zen, presente na linha de processadores Ryzen.
O “calcanhar de Aquiles” dos consoles atuais, tanto nas versões base quanto nas aprimoradas é, sem dúvida, a CPU. É o principal componente quando se trata da taxa de quadros por segundo alcançada e a fluidez das experiências de jogo, e, pelo menos até então, representa um desequilíbrio com as GPUs.
Enquanto que o Xbox One X consegue atingir a resolução nativa de 4K em uma ampla gama de jogos, graças a sua GPU de 6 teraflops de processamento gráfico, vários deles estão limitados a 30fps. A Bungie, responsável por Destiny 2, já declarou que os 60 fps não foram possíveis justamente por conta de sua CPU.
Espera-se uma paridade maior entre CPU e GPU na próxima geração, com consoles projetados para lidar melhor com 60 quadros por segundo ou mais. Isso porque as novas tecnologias de CPU da AMD, como a Zen, apresentaram um salto impressionante com relação a arquitetura Jaguar, utilizada nesta geração.
A recente adição do suporte a 120 Hz no Xbox One X, além do recurso FreeSync, disponível desde o lançamento, podem ser indícios desta direção, ao menos por parte da Microsoft.
A evolução das CPUs pode impactar também na complexidade dos jogos, com simulações mais elaboradas, quantidade maior de NPCs na tela e inteligências artificiais com comportamentos cada vez mais realistas.
Espera-se uma paridade maior entre CPU e GPU na próxima geração, com consoles projetados para lidar melhor com 60 quadros por segundo ou mais
Sobre a GPU: levando em conta que os consoles costumam custar entre $300 a $500 em seu lançamento, e que provavelmente isso não será diferente desta vez, acredita-se que, por este valor, será possível entregar máquinas com algo próximo dos 12 teraflops de processamento gráfico, que podem ser baseadas tanto na atual arquitetura Vega ou na próxima tecnologia da AMD, a Navi.
Tendo isso em mente, é provável que manterão o alvo no 4K nativo e HDR, visto que o próximo passo lógico, 8K, ainda está bem distante tanto em termos de custo computacional quanto a fraquíssima presença de televisores no mercado.
O que pode ser melhorado é o escopo dos jogos: maiores, mais detalhados e bastante ambiciosos, com aspectos gráficos, no geral, como modelos, texturas, efeitos e animações mirando no fotorrealismo.
Resta saber se manterão as diferentes opções de resolução e framerate, presentes em alguns jogos nos consoles “premium”. Seria ótimo que isso se tornasse padrão na indústria, aproximando os consoles da liberdade de customização da experiência presente nos PCs.
Retrocompatibilidade nativa
Tudo indica que, desta vez, veremos um senso maior de continuidade entre as gerações, sem um “muro” as dividindo. Um grande diferencial será, muito possivelmente, a retrocompatibilidade nativa com os consoles anteriores.
A Microsoft já deu a entender, tanto em entrevistas quanto por seu posicionamento atual, que mira na retrocompatibilidade total. O Xbox One já executa um imenso catálogo de jogos de todas as gerações da família Xbox, do primeiro até o Xbox 360, e essa política deve continuar.
Quanto a Sony, apesar de não oferecer uma alternativa para executar jogos de PS3 no PS4, devido à complexidade da arquitetura Cell, possui um considerável catálogo de jogos do PS2 via emulação. Isso indica que a empresa é favorável a ideia, ao menos.
É quase certo que os próximos consoles serão novamente construídos na arquitetura x86 de 64 bits, com hardware da AMD, o que facilitaria a retrocompatibilidade nativa, ou seja, sem a necessidade de emulação. Não é necessário ir muito longe para entender: algo semelhante acontece nos PCs, que mantém essa mesma arquitetura há muitos anos.
Tudo indica que, desta vez, veremos um senso maior de continuidade entre as gerações, sem um “muro” as dividindo
Seria uma boa notícia a quem teme um fim prematuro da atual geração. A retrocompatibilidade nativa tem tudo para estender a vida destes consoles, já que os estúdios poderão continuar lançando seus jogos para as plataformas atuais, sabendo que eles também estarão disponível aos adeptos da nova geração. Ou seja: base instalada maior.
E, claro, Xbox One e PlayStation 4 continuarão recebendo alguns jogos mesmo após o lançamento de novas plataformas, até porque, sempre foi assim. Leva alguns anos até uma nova geração se estabelecer de vez.
Entretanto, a grande incógnita é com relação aos consoles intermediários. Será que o Xbox One X e PlayStation 4 Pro serão capazes de rodar os primeiros jogos projetados para a próxima geração, ou serão colocados de lado juntamente aos modelos-base? Só o tempo dirá.
Outras questões
Muito se especula sobre o fim das mídias físicas. O mercado digital ganha cada vez mais espaço, e assim como ocorreu em outras formas de entretenimento, como o cinema e a música, tende a se tornar 100% digital. Remover o leitor de discos até baratearia o preço do produto final.
No entanto, os discos ainda representam uma parcela muito grande dos jogos vendidos em todo o mundo, e que não deve ser ignorada. Mark Cerny, arquiteto-chefe na divisão PlayStation, afirma que vários mercados ainda não estão prontos para algo 100% online, e que os próximos consoles ainda deverão contar com leitores de mídias físicas.
Outro assunto constantemente abordado é sobre a realidade virtual, que, através de máquinas mais poderosas, poderia, finalmente, receber maior atenção das publicadoras. É uma tecnologia ainda cercada de limitações, principalmente quando se trata dos consoles, e isso pode ser diferente na próxima geração.
Apostaria que sim, veremos um crescimento da realidade virtual nos próximos anos, principalmente por conta do barateamento da tecnologia e toda a experiência adquirida até aqui, mas dificilmente deixará de ser visto como algo “secundário”, um acessório, como foi o Kinect e o PlayStation Move. Não substituirá a forma com que jogamos desde sempre.
Streaming de jogos em ascensão
Outro tema bastante comentado nesta E3 foi o streaming de games, que, pelo visto, veio para ficar. A EA apresentou uma nova alternativa no modelo, o Origin Access Premier, que permitirá jogar os títulos da publicadora em qualquer dispositivo através da nuvem. Phil Spencer também mencionou que a Microsoft está trabalhando em algo semelhante.
Yves Guillemot, CEO da Ubisoft, vai além: acredita que a próxima geração de consoles, pelo menos no formato que conhecemos, será a última. O executivo aposta que o streaming é o futuro da indústria, eliminando a necessidade de um hardware dedicado e tornando os games acessíveis a um público muito maior.
Porém, ao menos por enquanto, é uma tendência que deve coexistir com os novos consoles, servindo de uma alternativa, e não algo para substituí-los. O argumento é o mesmo para a permanência das mídias físicas: vários dos principais mercados ainda não estão preparados para a obrigatoriedade de conexão com a internet.
E a Nintendo?
Enquanto isso, a Nintendo trilha seu próprio caminho, como já tem feito há um bom tempo. Tatsumi Kimishima, ex-CEO da companhia, declarou que enxerga um longo ciclo de vida para o Switch, maior do que os tradicionais 5 ou 6 anos. Levando em conta que o console híbrido foi lançado em março de 2017, parece que não veremos seu sucessor antes de 2023.
Ao que tudo indica, a empresa se distanciará cada vez mais de seus concorrentes, mirando em uma proposta completamente diferente
É compreensível, visto o sucesso da plataforma e como a sua produção e o desenvolvimento de jogos tendem a ficar cada vez mais baratos nos próximos anos, ampliando a margem de lucro. Só não sabemos como o console da Nintendo se posicionará diante de novas máquinas, ainda mais poderosas.
Seria este o novo 3DS, promovido essencialmente como um console portátil? Ao que tudo indica, a empresa se distanciará cada vez mais de seus concorrentes, mirando em uma proposta completamente diferente.
My body is ready
Ainda são questões bastante incertas, mas só por saber que teremos novos consoles, em uma indústria onde constantemente ditam a morte deste modelo, já é uma boa notícia para mim. Espero que o salto evolutivo nos surpreenda, e que, da mesma forma, respeitem quem investiu em um console atual, principalmente se tratando dos modelos “premium”.
Quais são os seus palpites? Está preparado para uma próxima geração de consoles? Deixe sua opinião aí no campo de comentários.
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