No último dia 1º de agosto, o Voxel foi convidado para cobrir o Warner Summit 2018, que trouxe diversas novidades sobre muitos títulos aqui no Brasil (como as legendas em português de Resident Evil 2 Remake e Devil May Cry 5, por exemplo) e até mesmo alguns games jogáveis, como Resident Evil 2 Remake e Assassin’s Creed Odyssey (a Warner distribui os títulos da Ubisoft no Brasil).
A maioria dos jogos que estiveram por lá o nosso querido Bruno Micali já havia testado na E3 2018, mas teve um que nos chamou atenção e que ainda não havia um conteúdo de hands-on aqui no Voxel: Hitman 2, a sequência do aclamado game de 2016. Confira as nossas primeiras impressões do game!
Hitman 2
O mesmo playground criativo de assassinato
Em 2016, Hitman teve alguns probleminhas, mas o maior foi outro elemento: criar uma experiência episódica. A própria Warner, atual distribuidora do game, reconhece que o modelo não foi o melhor e agora quer trabalhar em uma experiência contínua. Mas, com essa exceção e pequenos defeitos técnicos, o game era brilhante.
Até hoje, Hitman é quase um exemplo de bom level design e principalmente de game design. A liberdade e leque de alternativas para assassinar um alvo continuam presentes em Hitman 2. Na demo que testamos, o objetivo era matar um piloto em uma corrida de carros esportivos (mas ele está dirigindo, não no autódromo).
Hitman 2
Com o pouco tempo que tivemos com a demonstração, fica evidente que os pontos positivos que fizeram do primeiro jogo uma ótima experiência continuam firme e fortes. Há muitas maneiras de assassinar o alvo e a solução que nos foi apresentada era bem criativa: ter acesso à área VIP (com uma infinidade de disfarces diferentes), envenenar um outro piloto para ter acesso às garagens para só aí se passar como um membro da equipe de corrida, nos dando a oportunidade de sabotar o carro do piloto e gerar poucas suspeitas.
No fim da demo, fica evidente que há dezenas de formas diferentes para finalizar o mesmo percurso, como derrubar um tubarão sobre o alvo, detonar bombas na hora da comemoração do pódio, assassiná-lo com uma sniper de longe e muito mais. Aparentemente, a gama de meios de matar alguém continuará firme e forte e é o que mais esperamos.
Algumas melhorias interessantes e bem-vindas
Apesar de usar como base o primeiro Hitman de 2016, Hitman 2 traz algumas novidades à mesa. Vale ressaltar que, em um primeiro momento, o jogo mais se parece com uma expansão do primeiro do que algo completamente novo e com um recheio considerável que o distancie bastante.
Porém, a IO Interactive investiu sim em alguns aspectos inéditos que podem trazer um tempero mais charmoso à fórmula. Algumas das novidades mostradas para a imprensa foi a adição dos reflexos, que deixa de ser algo estético para se tornar uma mecânica sutil, mas importante: pessoas que avistarem o Assassino 47 por qualquer reflexo vão detectá-lo.
As câmeras também ganharam um papel mais significativo na jogabilidade e agora não só podem detectarem o protagonista como marcar sua face a aparência no sistema, gerando mais dificuldade em certos casos (em outras palavras, fica um registro no sistema). Por fim, há um último elemento que dificulta a jogatina: alguns inimigos podem ver através do seu disfarce, mas de uma forma contextualizada.
Por exemplo: se você conseguir a roupa de um segurança, outros seguranças e colegas de profissão (não todos, alguns específicos que são inseridos meticulosamente para dificultar a experiência em certos pontos do mapa) podem descobrir que você não é quem diz ser, o que faz todo sentido – afinal, a equipe teoricamente se conhece ou pelo menos alguém maior na hierarquia saberá reconhecer o funcionário.
Para contrabalancear essas novas propostas, a IO Interactive trouxe dois novos elementos à fórmula de bolo. O primeiro deles é um meio efetivo de evitar o contato, que é o sistema de multidões: se misturar a grupos de pessoas vai torná-lo parte do ambiente, similar ao que Assassin’s Creed fazia. Como a desenvolvedora prometeu que algumas fases conseguem exibir até 2 mil NPCs simultaneamente, trata-se de um bom recurso.
O segundo, mas não menos importante, é o combate refinado. O Agente 47 consegue utilizar mais objetos como arma e até mesmo arremessar alguns elementos para nocautear os inimigos de longe, perdendo um pouco a dependência de seus equipamentos próprios. Apesar de ser uma evolução bacana em seu antecessor, nem tudo em Hitman 2 são flores.
O conteúdo é bom, a execução nem tanto
Antes de mais nada é essencial frisar esse ponto: a demo que jogamos faz parte de um projeto em desenvolvimento e não necessariamente remete à qualidade do produto em seu lançamento. Contudo, Hitman 2 deixou a desejar em muitos aspectos, principalmente quando colocado lado a lado com a obra que veio antes.
De uma forma geral, Hitman 2 pareceu muito pouco polido em diversos aspectos, desde a parte técnica até mecânicas que anteriormente não apresentavam problemas. A movimentação do personagem é um pouco estranha, frequentemente as animações tinham movimento cortados (o braço do protagonista se teletransporta até o objeto que quer pegar, por exemplo, cortando a animação dele esticando o braço) e há problemas técnicos gerais, como screentearing e outros defeitos visuais.
Constantemente durante a jogatina, uma parcela vertical do lado direito da tela parecia se repetir ou ter problemas de renderização. Pense como se uma pequena coluna no canto da tela exibisse os frames anteriores ou algo nessa linha: algo claramente estava errado, criando uma sensação bem menos fluida de uma forma geral.
De uma perspectiva mais ampla, dá para dizer que Hitman 2 ainda carece de um capricho maior em cada nuance e detalhe, apesar de ser um game promissor, há coisas que parecem cruas demais, tirando a imersão que a franquia oferece. Se a sequência conseguir manter a essência que fez do primeiro jogo tão espetacular e corrigir esses problemas, só nos resta saber sobre a variedade e quantidade de conteúdo para nos dar mais conforto de uma compra certa.