Se você curtiu Until Dawn e se sente órfão daquele exato estilo de jogo, uma mistura de terror adolescente com câmeras fixas à la Resident Evil e minigames à la Quantic Dream, não se sinta sozinho e jamais abandonado: a desenvolvedora Supermassive Games se aliou à Bandai Namco para dar vida a The Dark Pictures, que aposta no suspense clássico num formato episódico.
A ideia é trazer capítulos que sejam “stand-alone”, isto é, que podem ser comprados e jogados avulsamente, sem um depender do outro. Cada um tem sua própria base. O objetivo da Supermassive é “levar o gênero de horror a um novo nível de cinemática”, com histórias separadas e atores reais que dão vida aos personagens – incluindo o astro Shawn Ashmore, que interpretou o protagonista de Quantum Break, Jack Joyce.
O Voxel teve a oportunidade de jogar um trecho do primeiro episódio, “The Man of Medan”, e constatou exatamente aquilo que se viu em Until Dawn e que muito se vê nos jogos da Quantic Dream: a aposta no “drama interativo” e em animações faciais altamente detalhadas para ilustrar as emoções dos personagens, elemento de suma importância para o desenvolvimento da trama, que, de acordo com suas escolhas, se desenha de formas diferentes. Nesse caso, tudo isso é embalado pelo tom do terror.
Clichês e sustos – juntos, sempre funcionam
Em The Man of Medan, cinco jovens estadunidenses saem de férias numa lancha e se deparam com uma série de imprevistos no caminho ao errarem a rota. O grupo de amigos vai parar num local inóspito envolto por mistérios e, bem, eles não estão sozinhos.
Assim como em Until Dawn, The Dark Pictures não tem vergonha de usar os clichês mais tradicionais do terror para plantar sustos de pular da cadeira nos avisados e nos desavisados de plantão – oras, é uma cartilha do gênero. Como o jogo tem uma forte premissa gráfica ao usar atores reais e ricas animações faciais, o peso recai bastante sobre a imersão que esse realismo é capaz de trazer em detrimento de um gameplay brilhante. É um verdadeiro “filmão” interativo, como alguns gostam de chamar.
Há um compasso moral que te dá o poder de escolha em alguns momentos – salvar X ou Y? Ou, ainda, salvar a si mesmo? Escolhas que não representam nenhum ineditismo, mas, no calor da ação, funcionam para botar uma pressão no jogador, especialmente pelas consequências que podem se desdobrar a partir de tais decisões. Aliás, basta um passo em falso para todo seu grupo morrer e o jogo acabar com final ruim, tal como aconteceu em Until Dawn. A ideia é, basicamente, sair dessa enrascada vivos. Conforme mencionado, The Man of Medan apresenta um grupo de cinco amigos controláveis.
O replay de cenários também obedece ao propósito de mostrar como suas decisões afetam o desenrolar dos fatos. A árvore de possibilidades promete ser enorme, desde animações que mudam bruscamente até o impacto que isso pode ter na aparição ou na não aparição de elementos/personagens secundários.
Formato antológico
Com The Dark Pictures, o objetivo da Supermassive Games e da Bandai Namco é entregar uma experiência em andamento, num formato classificado por eles como “antológico”, com histórias separadas e sempre oferecidas regularmente, como se o produto fosse uma contínua série de horror.
“Queremos criar uma experiência de entretenimento, ser inovadores. The Dark Pictures, o primeiro exemplo de uma série de antologia de horror dentro de um mundo de video game, posiciona os jogadores perto de seus programas favoritos de TV...São experiências novas, stand-alone, entregues aos fãs numa base regular. (...) Um formato novo que acreditamos que os fãs de jogos e de horror vão amar”, explicou Hervé Hoerdt, vice-presidente de marketing digital da Bandai Namco VP para a Europa.
A ideia é louvável, e a Bandai Namco certamente vai aguardar a repercussão de cada capítulo para analisar a viabilidade de produzir um próximo; enquanto houver interesse do público, o modelo, que não é exatamente inédito, porém bastante válido, segue vivo. The Dark Pictures: Man of Medan será lançado em 2019, ainda sem data exata, para PS4, Xbox One e PC.
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