Life is Strange 2 mostra que a série funciona bem sem Max e Chloe

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Lançado oficialmente na última quarta-feira (26 de setembro), o primeiro capítulo de Life is Strange 2 é uma amostra do quão estranha (perdoem o trocadilho) a série criada pela Dont Nod se tornou. Isso porque coube à própria criadora de personagens como Chloe e Max mostrar que não é preciso que elas existam para que as histórias contadas funcionem — e sejam ainda melhores que a original.

No primeiro capítulo do novo game, intitulado “Roads”, somos levados a Seattle, um cenário bem diferente da litorânea Arcadia Bay. Enquanto o começo dá a entender que vamos ter um novo capítulo da “Malhação dos Games”, focando novamente nos problemas e conflitos da vida escolar adolescentes, a história rapidamente toma um rumo repleto de tragédias e comentários políticos.

Tomamos o controle de Sean Diaz, um garoto de origem mexicana que vê sua vida mudar em questão de minutos. Após tentar defender seu irmão mais novo, Daniel, de um ataque, ele acaba sob a mira da arma de um policial, que em meio a uma confusão mata o pai do garoto e desperta um poder misterioso em Daniel — sem saber direito o que aconteceu e vendo tudo a seu redor destruído, o jovem decide fugir do local com seu irmão.

Life is Strange 2

Essa situação dá início a uma viagem que parece sem rumo, que vai intensificar o relacionamento dos irmãos e mostrar o quão perigoso é ter a “cor de pele errada” em um país em que muitos se sentem confortáveis em destilar preconceitos. Life is Strange 2 não mede palavras em criticar o governo Trump, mostrando como são desprezíveis aqueles que acreditam que uma “parede” (literal ou metafísica) tem que ser construída para barrar o que é diferente.

Uma ótima introdução

Sim, Life is Strange 2 continua trazendo uma trama que toma seu tempo para se desenvolver e um grande foco nos diálogos, relegando a parte de “poderes especiais” a algo secundário. Esses aspectos não mudaram em relação ao primeiro, mas tudo surge de forma muito mais refinada aqui — e não falo nem somente dos gráficos que estão mais bonitos, mas também do roteiro que está muito mais natural e que sabe tratar crianças e adolescentes como aquilo que são.

Life is Strange 2 continua trazendo uma trama que toma seu tempo para se desenvolver e um grande foco nos diálogos

Daniel, de 9 anos, é exatamente isso: uma criança que, ao mesmo tempo em que é energética e otimista, também consegue ser um pé no saco quando decide fazer manhã. Da mesma forma, Sean é o típico adolescente que não sabe o que quer na vida e que acha que a coisa mais importante do mundo é conquistar uma menina em uma festa (saudades de se preocupar com isso e não com boletos para pagar).

Life is Strange 2

É em saber estabelecer o relacionamento entre eles que Life is Strange 2 tem sua principal força: quem tem um irmão sabe o quanto isso pode ser chato, mas que, no fim do dia, a relação que você tem com ele (ou ela) é uma das mais fortes possíveis. Os dois protagonistas brigam, se chateiam e entram em conflito, mas no fim do dia você vê que um realmente depende do outro e não há como sobreviver na estrada sozinho.

Roads pode ser somente o começo da história, e reconheço que há chances de a DontNod decepcionar nos próximos capítulos. No entanto, o que foi mostrado aqui já é superior à premissa de Before the Storm e mostra que, mesmo sem Chloe e Max, a desenvolvedora tem o que precisa para dar uma bela continuidade à série que a consagrou.

Life is Strange 2 foi fornecido ao Voxel pela Square Enix

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