Com o lançamento recente de Call of Duty: Warzone, o battle-royale gratuito que elevou ainda mais a popularidade da franquia nos consoles e PC, a Activision se aproveitou do momento para embalar o hype de Call of Duty: Modern Warfare 2 Remastered, um clássico da desenvolvedora Infinity Ward.
Lançado de surpresa como um exclusivo temporário de PlayStation 4 - Xbox One e PC receberão o jogo um mês depois, em 30 de abril -, o remaster da campanha é um convite tentador para revisitar uma das melhores histórias que a série tem a oferecer.
Na análise do Voxel de 2009, ano em que a versão original chegou às lojas, destacamos o ritmo frenético da campanha que, embora seja curta, traz atuações convincentes, variedade de cenários saudável aos olhos e um enredo que não deve nada às superproduções de Hollywood. Beirando a perfeição, o título arrancou uma nota 96.
Os modos multiplayer e Special Ops, ambos unanimidade entre os fãs de longa data, foram deixados de lado do remaster, já que a Activision vem trabalhando para recolocar alguns mapas clássicos da saga Modern Warfare em Call of Duty: Modern Warfare, o mais recente da série. Mesmo com uma justificativa plausível, não há como negar que os modos clássicos fazem muita falta.
Campanha minúscula, mas fantástica
Call of Duty: Modern Warfare 2 Campaign Remastered é destinado a dois tipos de jogador: ao fã assíduo e experiente, cuja intenção é resgatar boas lembranças de duas décadas atrás, e ao recém-chegado à franquia. Posso dizer que a campanha de cinco horas envelheceu bem e é superior a muitos jogos do gênero na atual geração.
A impressão inicial é que pouca coisa mudou em relação ao jogo original, uma vez que quase todas as cenas ainda estão muito frescas na memória. Contudo, se comparar o remaster lado a lado com a primeira versão de PS3 e Xbox 360, você verá que o trabalho do estúdio canadense Beenox, subsidiário da Activision e responsável por Crash Team Racing: Nitro-Fueled, foi excepcional e fez toda a diferença. É nostálgico reviver a empreitada do Sargento Roach numa roupagem mais moderna.
A história, caso você não esteja familiarizado, narra um conflito entre Estados Unidos e Rússia, isto é, entre forças especiais norte-americanas e um grupo ultranacionalista que apropriou-se do poder russo. Repleta de reviravoltas e com um desfecho redondo, trata-se de uma digna aventura de Call of Duty.
“Nada de Russo”, a quarta missão do primeiro ato, é um resumo do que Modern Warfare 2 representa. O aterrorizante massacre de civis em um aeroporto, no qual o seu personagem participa como infiltrado ao lado de terroristas russos, ainda tem o mesmo impacto e continua perturbador - você pode censurar o conteúdo se quiser sem ser penalizado em termos de troféus ou conclusão.
As memoráveis missões no Brasil, “Derrubada” e “O Vespeiro”, outros grandes momentos da jornada, acontecem em corredores claustrofóbicos das favelas do Rio de Janeiro, com inimigos brotando de todos os ângulos possíveis para amplificar o senso de tensão. Um dos objetivos é capturar o traficante de armas Alejandro Rojas.
Em “À Beira do Abismo”, minha missão favorita, você deve recuperar um satélite norte-americano que caiu em território russo antes que a facção inimiga o decodifique. O início da missão, em que é preciso agir de forma sorrateira, destoa completamente de seu desfecho frenético, com direito a uma perseguição nas montanhas congeladas de Tian Shan no Cazaquistão. Todas as fases da jornada são inesquecíveis e cheias de atenção aos detalhes.
Aquele tapa no visual
Por se tratar de um remaster, a tarefa da desenvolvedora Beenox se resumiu a dar um belo tapa no visual. Modern Warfare 2 Campaign Remastered recebeu animações e texturas aprimoradas, renderização com base em física e ajustes consideráveis nos sistemas de iluminação e sombreamento. Na prática, as mudanças gráficas entregam uma sensação maior de realismo.
Para tirar proveito das plataformas atuais, o game executa a campanha toda em resolução 4K (no PS4 Pro, a versão testada, fica em 1620p), com suporte à tecnologia HDR, e se mantém firme nos 60 fps. Só para relembrar: o desempenho oscilava muito nas versões de PS3 e Xbox 360, algo entre 40 e 60 fps. O uso inteligente do HDR, aliás, é uma adição benéfica, pois faz com que as cores fiquem equilibradas e garante mais suavidade às texturas.
Além das mudanças visuais que, de certa forma, são as mais notáveis, há melhorias na parte sonora. Os ouvidos também sentirão o salto de qualidade nos efeitos de áudio, principalmente se você desfrutar da experiência com um headset. A partir das melhorias de som, você será capaz de identificar a posição exata de um inimigo com muito mais clareza e precisão.
Com relação à jogabilidade, nada mudou. Modern Warfare 2 continua delicioso de jogar e é mais cadenciado do que os CoDs atuais, com combates mais estratégicos e em plano baixo. O gameplay é a série em sua essência, ou seja, não há superpulos, habilidades especiais, classes e nem o arsenal mais futurista de Infinite e Advanced Warfare. Pode-se dizer que é o CoD raiz em sua melhor forma.
Afinal, vale a pena?
Com acréscimos gráficos substanciais, Call of Duty: Modern Warfare 2 Remastered faz jus ao legado de um dos melhores títulos de toda a franquia e carimba o seu selo de atemporal. No entanto, a curta duração da campanha - por mais legal que seja - e a questionável omissão dos modos multiplayer tornam o preço atual de US$ 20 (ou R$ 80) algo quase impraticável para alguns jogadores.
Call of Duty: Modern Warfare 2 Remastered foi gentilmente cedido pela Activision para a realização desta análise