Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é um presente para o fim de vida do Nintendo Switch

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Muitos anos atrás a Nintendo era a porta de entrada para jogadores que gostariam de desbravar o mundo dos JRPGs. O tempo passou e hoje podemos encontrar títulos do gênero nas mais diversas plataformas, com jogos inclusive concorrendo com força ao título de game of the year. Uma joia, entretanto, ainda só pode ser encontrada nos consoles da gigante japonesa: Xenoblade Chronicles.

A franquia da Monolith Software já se encontra hoje em sua terceira iteração, com Xenoblade Chronicles 3 lançado para Switch em 2022, mas teve seu primeiro jogo no já longínquo ano de 2010 para o Nintendo Wii. O que muitos não sabem é que existe um spin-off da saga, com uma temática mais voltada para sci-fi e tecnologia, denominada Xenoblade Chronicles X e que foi lançada exclusivamente para o Nintendo Wii U em 2015.

Agora, dez anos depois, a Nintendo traz de forma exclusiva para o Switch Xenoblade Chronicles X Definitive Edition, uma remasterização que promete revitalizar o jogo e adicionar necessárias melhorias de qualidade de vida, assim como conteúdo de história inédito. Nós jogamos o título de maneira antecipada e trazemos para vocês mais detalhes na nossa análise a seguir!

Em busca de uma nova terra

Antes de começarmos nossa análise é importante ressaltar que ela será mais focada na experiência de um novo jogador com Xenoblade Chronicles X, mesmo que as diferenças dessa remasterização se façam presente nesse texto. Como essa foi a primeira vez que joguei o título e ele ficou “preso” por muitos anos em um console que não fez tanto sucesso quanto outros da família Nintendo, falaremos mais sobre a experiência de você que quer experimentar o spin-off pela primeira vez no Switch.

A história de Xenoblade Chronicles X curiosamente começa da mesma forma que a do primeiro título da franquia original: com uma grande batalha. Aqui, entretanto, não vemos a luta entre dois poderosos deuses, mas sim duas misteriosas civilizações alienígenas que usam a terra e sua atmosfera como campo de batalha. Incapaz de se defender devido a disparidade militar e tecnológica entre a humanidade e os invasores, poucos humanos tentam escapar da iminente destruição do nosso planeta natal por meio de enormes espaçonaves desenvolvidas pelo projeto Exodus.

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Mundo de Mira impressiona pelo tamanho e vida

Infelizmente, praticamente todas são destruídas junto com a terra na grande batalha antes mesmo de conseguirem escapar da atmosfera terrestre. Eis que nós então somos apresentados a uma das poucas naves sobreviventes: a White Whale. Infelizmente alguns dos aliens, ou Xenos como a humanidade chama, perseguem a nave e a destroem em combate, que tem seus destroços “sugados” pela gravidade de um planeta vizinho chamado Mira. É justamente nesse planeta inóspito e cheio de vida selvagem que o que sobrou da humanidade se reergue e começa a reconstruir sua civilização na cidade de New Los Angeles, onde nosso protagonista também viverá após ser resgatado por Elma, uma ex-coronel do exército.

A história em si agrada e é interessante, em especial nas missões de afinidade (as missões secundárias mais elaboradas do título), mas não é um grande destaque, já que a trama principal muitas vezes tem suas surpresas e reviravoltas apresentadas de forma previsível. O novo conteúdo de história adicionado (evitaremos spoilers aqui) é uma excelente adição e ajuda a alavancar ainda mais a narrativa do game.

Um destaque nítido e que ajuda a melhorar a experiência com a trama são os diversos personagens que você irá encontrar e recrutar ao longo do jogo. Eles dão um show à parte, tanto pelas suas personalidades, alguns são amáveis e você irá querer proteger com todas as suas forças, enquanto outros são ásperos ou até “nojentos” na primeira impressão, quanto pelas suas histórias paralelas. É importante apontar que todos os personagens tiveram uma excelente atualização em seus modelos e texturas, algo que era alvo de críticas no jogo original já que muitos consideravam os personagens até mesmo “feios” por conta disso.

Um mundo vivo

O grande destaque do jogo, entretanto, está em um “personagem” que pode não parecer tão óbvio para um jogador desavisado: Mira. O planeta onde a trama se desenrola é incrível, tanto do ponto de vista gráfico, que após a remasterização e adição de novas texturas está tão bonito quanto o hardware do Switch permite, quanto da quantidade de vida presente.

Não é de se estranhar que a primeira sensação que tive ao começar a minha exploração em Mira foi Legend of Zelda: Breath of the Wild, já que a Monolith, após a conclusão do título, foi convidada pela Nintendo para ajudar justamente na criação do mundo aberto do de BoTW. Em Xenoblade Chronicles X você também se sentirá a todo momento como parte de um mundo vivo, que não está lá para te servir e que continuamente irá lhe fazer sentir medo e atenção ao percorrê-lo.

Não é nenhum pouco incomum você estar indo realizar uma missão de nível baixo e dar de cara com algum, ou alguns, monstros de até 20 ou 30 níveis acima do seu, quebrando aquela sensação de que o mundo acompanha a progressão de seu personagem e da trama. Mira existe apesar da história de Xenoblade, e não por causa dela, e esse é talvez o maior trunfo do jogo e que lhe fará perder diversas horas e horas enquanto explora a imensidão, sem nenhuma tela de carregamento, dos diversos continentes e seus recursos.

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Se prepare para perder incontáveis horas explorando e desbravando Mira

Mira é tão importante para sua progressão no game que explorar seus territórios e achar seus segredos é parte fundamental do ciclo de gameplay, já que lhe recompensa com experiência e outros benefícios. Além disso uma das mecânicas mais importantes para adquirir recursos no jogo, chamado de FrontierNav, depende de você achar pontos específicos de extração ao longo do mapa, que depois poderão ser equipados com sondas que podem minerar, guardar recursos ou adquirir dinheiro ao jogador em paralelo as suas aventuras, recompensando ainda mais a exploração.

Embora o título, como podemos ver, nos enche de motivos para explorar o vasto mundo de Mira, no final o grande motivador que você encontrará é justamente a excelente construção do planeta, que assim como em BoTW, torna o ato de esmiuçar cada canto do mapa um prazer tão grande quanto o do combate em si.

A arte do combate

Se na temática Xenoblade Chronicles X se distancia mais da franquia original, o mesmo não pode ser dito de seu combate, que segue um padrão extremamente semelhante com o que vemos no jogo original. Você irá controlar apenas um membro da sua equipe, enquanto o mesmo continuamente, se estiver em seu alcance, irá realizar ataques básicos de forma automática no inimigo. Aí entram as Arts, ou as habilidades dos personagens, que poderão ser usadas sempre que seu cooldown estiver disponível e podem ser divididas entre auras, buffs, debuffs, ataques corpo a corpo e a distância.

Caso você não conheça Xenoblade, a primeira vista pode parecer um combate extremamente simples, bastando usar todas as arts assim que elas estiverem disponíveis. Felizmente esse não é o caso já que uma mecânica exclusiva de X é a Soul Voice, um sistema onde seus aliados, quando certos triggers são acionados, lhe pedem para usar um determinado tipo de art.

Cumprir essa requisição garante uma melhoria na habilidade e a possibilidade de acionar um soul challenge, um quick time event que pode lhe render uma cura e um buff para toda sua equipe. Logo, é necessário distribuir todos os tipos de arts em sua build e saber a melhor forma de usar cada uma em batalha.

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Combate do game é frenético e extremamente complexo

Aposto que você já pode ter se confundido com tantos nomes e mecânicas diferentes não é mesmo? Aqui talvez esteja a minha maior crítica ao excelente combate do game. Embora Xenoblade Chronicles X Definitive Edition tenha adicionado algumas atualizações de qualidade de vida para tornar esse combate mais simples e direto, como a melhoria na HUD ou a adição de quick cooldowns, que lhe permitem usar (de maneira finita) uma habilidade novamente antes dela voltar a estar disponível, a curva de aprendizado do jogo é estranha e a forma que conceitos vão sendo introduzidos pode confundir, e muito, o jogador.

Dois exemplos claros na minha experiência foram as mecânicas de Soul Challenge e  Overdrive. A primeira, que expliquei há pouco, está presente desde os primeiros minutos de gameplay, mas só tem seu tutorial apresentado ao jogador, explicando o que a ativa e quais seus benefícios, apenas após seis horas de jogatina.

Outro exemplo é o Overdrive, uma espécie de ultimate que pode ser ativado ao gastar Tension Points (pontos que ganhamos por ações em combates e são necessários para algumas habilidades), diminuindo drasticamente os cooldowns das nossas habilidades e aumentando o dano delas. Mesmo a mecânica sendo citada em habilidades passivas de itens e personagens, a mesma só foi habilitada após mais de uma dezena de horas de jogo, me fazendo dar reset das builds de alguns personagens para usufruir desse bônus depois (algo que não possui grande custo mas não torna o problema menos relevante).

O mesmo acontece também fora de combate, com as mecânicas de classes ou de economia do título. No geral Xenoblade Chronicles X é um jogo que surpreende igualmente pela sua enorme diversidade de mecânicas e sistemas mas também pela péssima forma que o título as introduz ou explica, se limitando quase sempre a algumas clássicas telas de texto.

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Skells melhoram muito a exploração do mapa mas seu combate deixa a desejar

Por fim também temos a grande mecânica que difere Xenoblade Chronicles X e sua temática do resto da franquia: os Skells. Esses mechas gigantes, que também só são habilitados após algumas dezenas de horas no título, concedem ao jogador uma enorme melhoria nos quesitos movimentação e dimensão dos combates. Se muitas vezes no começo do jogo nos vemos limitados pelo tamanho de certos monstros, os Skells ajudam a “nivelar o jogo” e permitem enfrentar os gigantes de igual para igual.

Embora a base do combate não mude, com cada Skell possuindo um conjunto de arts baseado em seus armamentos, a dinâmica do combate é bem diferente, tanto em velocidade (com cooldowns mais altos) quanto em potencial de combos. No geral, embora apresentem um enorme ganho de poder após investir dinheiro, eu achei o combate de Skell aquém do combate em solo, algo que é um pouco decepcionante dada a expectativa que o jogo impõe em cima desses robôs e o tempo que nos leva para habilitarmos.

Vale a pena?

Se já não bastasse a excelente base de Xenoblade Chronicles X que não precisava ser renovada, como suas vastas e excelentes mecânicas de combate e RPG, um mundo vivo e altamente explorável e uma excelente e viciante trilha sonora, o remaster da Monolith Software também consegue acertar nas melhorias que traz para revitalizar o game para o Nintendo Switch.

Seja você um veterano do jogo, ou assim como eu um novato querendo explorar o mundo de Mira pela primeira vez, Xenoblade Chronicles X Definitive Edition é, como o nome diz, a versão perfeita e definitiva para encarar esse que pode facilmente configurar um dos melhores JRPGs disponíveis para o Nintendo Switch.

Nota Voxel — 93

Pontos positivos

  • Mundo aberto vivo e que dá gosto de explorar
  • Combate divertido e complexo
  • Infinidade de sistemas e conteúdo

Pontos negativos

  • Combate com Skells é aquém da expectativa
  • Curva de aprendizado muito complicada
  • Jogo pode “demorar” para engatar
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