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Lost Records Bloom & Rage é o Life is Strange 3 que nunca existiu - Review em progresso

Trazendo o ápice narrativo do estúdio Dontnod, Lost Records Bloom & Rage é uma viagem aos anos 90 repleta de nostalgia e mistério

em 18/02/2025, 09:18
Lost Records Bloom & Rage é o Life is Strange 3 que nunca existiu - Review em progresso

Revelado no The Game Awards 2023 com um trailer cheio de música e nostalgia, Lost Records: Bloom & Rage ganhou a atenção de muitos jogadores logo de cara por causa de uma característica. O jogo focado em história é feito pelos criadores de Life is Strange, o estúdio francês Dontnod, e promete trazer uma vibe bem parecida com os títulos originais da franquia da Square Enix.

O game acompanha quatro adolescentes vivendo seu último verão juntas em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos nos anos 90, quando um grande mistério marca a vida delas para sempre. Além disso, a história também pula para 27 anos no futuro, quando os segredos do passado vêm à tona e obrigam o grupo a se reunir novamente.

Trazendo foco nas escolhas e narrativa, o game será dividido em duas partes: enquanto a primeira chega nesta terça, 18 de fevereiro, o final será lançado em 15 de abril. Eu tive a chance de jogar a metade inicial de Lost Records e trago aqui as minhas impressões com o novo projeto da Dontnod, tudo sem spoilers da história. Ainda assim, já adianto uma coisa: os fãs de Life is Strange podem comemorar!

Afinal, por que Lost Records não é um jogo da franquia Life is Strange?

Antes de entrarmos na narrativa de Lost Records, é importante trazer um pouco dos bastidores por trás da criação do projeto. Afinal, muita gente pode se perguntar: por que esse jogo focado em narrativa, com personagens densos, elementos sobrenaturais e feito pelos criadores de Life is Strange, não é um título da franquia Life is Strange?

Em suma: burocracia e diferenças criativas. A franquia de Max e Chloe, iniciada há 10 anos, foi criada pelo estúdio Dontnod em parceria com a Square Enix, a dona da propriedade intelectual. Enquanto a produtora francesa produziu os dois primeiros jogos da série com um tom antológico e bastante foco nas escolhas, sem nenhum medo de matar personagens, a publisher claramente queria um caminho diferente para a saga.

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Lost Records pode ser considerado um “sucessor espiritual” dos primeiros jogos de Life is Strange
Fonte:

Com isso, a Dontnod foi afastada do desenvolvimento de Life is Strange, que agora está nas mãos do estúdio Deck Nine. Desde então, a franquia passou por grandes mudanças em seu direcionamento, dando mais foco em personagens conhecidos e nos “superpoderes”.

O ápice dessa estratégia da Square Enix foi visto em Life is Strange Double Exposure, lançado em 2024, que trouxe Max Caulfield de volta como protagonista em uma nova história. O jogo acabou desagradando os fãs mais antigos da franquia devido à sua nova abordagem com escolhas mais rasas e clima de “filme da Marvel” — confira o que acontece no final.

Nesse contexto, Lost Records se tornou uma esperança para muitos fãs de Life is Strange, pois é um projeto independente dos criadores do jogo original e que traz uma vibe parecida com os dois primeiros games da saga. E depois de encarar o início de Bloom & Rage, posso garantir que o título possui muitas características que vão agradar os fãs de Max e Chloe.

Narrativa cheia de escolhas e com personagens carismáticas

Lost Records Bloom & Rage acompanha a protagonista Swann em dois momentos de sua vida, numa pegada que lembra obras como IT: A Coisa. No passado, vemos a jovem de 16 anos conhecendo um grupo de garotas e vivendo seu último verão em Velvet Cove, no interior dos Estados Unidos, quando um misterioso evento marca a vida delas para sempre.

Já no presente, jogamos com Swann após 27 anos, em um retorno para a cidade para reencontrar suas antigas amigas. Mesmo tendo prometido nunca mais se ver desde o verão dos anos 90, elas voltam a Velvet Cove ao receberem um pacote misterioso.

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O jogo é protagonizado por Swann em dois momentos distintos de usa vida, lembrando obras como IT: A Coisa
Fonte:

Como a especialidade da Dontnod é a narrativa, o jogo traz muito foco e capricho nesta parte. No gameplay do passado, jogamos com Swann em terceira pessoa em diferentes fases, onde vamos conhecendo melhor cada uma de suas novas amigas: a carismática Autumn, a rebelde Nora e a enigmática Kat.

Para a alegria dos fãs de Max e Chloe, o núcleo de protagonistas é bem interessante e fiel ao que se espera de um grupo de adolescentes. Cada personagem tem uma personalidade única, enquanto Swann possui um “jeitinho nerdola” que rende muitos momentos embaraçosos, mas também cenas que geram identificação em quem já foi jovem meio desajustado.

Narrativa cheia de possibilidades

Além da densidade dos personagens, Lost Records impressiona com as possibilidades da narrativa. Cada diálogo acaba colaborando para o relacionamento e amizade de Swann e suas parceiras. Às vezes, uma pequena informação que você pegou durante uma conversa pode fazer a diferença em uma escolha futura que possui mais peso na narrativa geral.

No gameplay do futuro, o peso dos diálogos fica ainda mais evidente. Quando o jogo vai para 2022, acompanhamos Swann em primeira pessoa, o que cria um mistério sobre como ela está atualmente. Nesta parte, toda a exploração acontece dentro de um bar, dando foco na conversa da protagonista com as suas amigas, onde o jogador pode usar informações que descobriu nos flashbacks do passado para melhorar sua relação com as ex-amigas no presente.

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Além do gameplay nos anos 90, acompanhamos Swann reencontrando suas amigas após um grande mistério
Fonte:

No entanto, é interessante notar o cuidado nas ramificações até mesmo em diálogos mais simples. Durante algumas cenas, você pode desbloquear mais opções ao ficar em silêncio por mais tempo ou simplesmente não responder, por exemplo. Na minha segunda jogatina, fiquei impressionado com as mudanças no roteiro em escolhas aparentemente pequenas, mostrando que a Dontnod realmente deu atenção ao roteiro do game.

Novas possibilidades na hora de escolher

A Dontnod também adicionou novas mecânicas interessantes ao gameplay de escolhas, integrando melhor a narrativa ao ambiente. Em locais mais abertos e com a possibilidade de exploração, você pode ter interações extras com as personagens, o que permite criar mais vínculos.

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Em locais mais abertos, é possível descobrir interações extras durante a exploração do ambiente
Fonte:

Além disso, tanto no passado quanto no presente, o jogador pode observar o ambiente em determinadas cenas para desbloquear novos diálogos e escolhas. No gameplay com as personagens mais velhas, também é possível interagir com objetos para ter “flashbacks” em áudio que dão pistas sobre o que acontecerá na história.

A ambientação nos anos 90 também é parte essencial da história. Repleto de referências a obras do cinema e da música, o game é uma viagem no tempo para o ano de 1995. Incluindo detalhes que vão desde o punk rock até lendas urbanas, o título conta com um mistério que cerca toda a narrativa, mas que claramente não é o foco da parte 1.

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Lost Records não economiza na ambientação dos anos 90
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O foco na trajetória das personagens na primeira metade do game me agradou bastante, mas senti que o grande mistério acabou ficando de lado nesse início. Ainda assim, o jogo deixa o palco montado para grandes revelações na história em sua parte final, que chega em 15 de abril, deixando tempo para os fãs montarem teorias.

Enquanto isso, os jogadores podem tirar proveito da rejogabilidade do game. Além das múltiplas escolhas garantirem caminhos diferentes para seguir, Lost Records esconde muitos segredos que você pode perceber em uma segunda jogatina.

Como só tive acesso ao início da história, é difícil cravar o quanto o peso das escolhas do jogador vão moldar o resultado final da narrativa. No entanto, a Dontnod já confirmou que o game contará com múltiplos finais em seu passado e no presente. Se eles serão bons, eu te respondo futuramente.

Gameplay traz ótimo uso da câmera

A jogabilidade de escolhas e as ramificações da narrativa são o grande atrativo de Lost Records, mas o jogo também conta com uma mecânica de gameplay que merece muito destaque: a câmera de vídeo. A protagonista Swann é apaixonada por cinema e, por causa disso, ela sempre leva seu equipamento de vídeo em suas aventuras.

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A câmera de Swan é parte essencial do gameplay
Fonte:

O uso criativo de objetos como mecânica narrativa já virou marca registrada da Dontnod. Life is Strange 1  mostrava Max Caufield com sua câmera e trazia algumas interações com o objeto. Já no segundo jogo da franquia, era possível usar o caderno do protagonista Sean para desenhar paisagens e obter conquistas.

Em Lost Records, no entanto, o hobby de Swann vai muito além de uma referência para caçar colecionáveis. Além de utilizar a câmera na exploração para descobrir interações ou até iluminar o caminho, o objeto pode ser usado a todo momento para fazer gravações.

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Em cada fase, o jogador pode gravar diferentes objetos, paisagens e até mesmo as protagonistas. Depois, é possível editar minifilmes com as gravações, escolhendo quais takes utilizar e a ordem deles. O resultado final é uma espécie de cutscene personalizada com as imagens feitas pelo próprio jogador.

A solução basicamente mistura colecionáveis e o “Diário” que tínhamos em jogos da franquia Life is Strange. No entanto, como a protagonista de Lost Records é cinéfila, tudo é feito de maneira mais visual. Pessoalmente, eu achei muito interessante a abordagem, pois o jogador pode assistir e customizar a exibição ao invés de ficar lendo grandes blocos de texto.

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Uso da câmera é muito divertido durante o gameplay
Fonte:

Vale destacar, também, a experiência de uso no PS5. Devido aos sensores do controle Dualsense, a câmera também se mexe de acordo com o movimento do controle, o que garante uma imersão extra durante o uso da filmadora.

Visual e trilha sonora impressionam

Lost Records Bloom & Rage também agrada tanto aos olhos quanto aos ouvidos. Produzido na Unreal Engine, o game traz ambientes muito bonitos e com iluminação realista, garantindo bastante profundidade para as paisagens.

O jogo também não deixa a desejar no visual de suas protagonistas e outros personagens. Mesmo com um toque mais cartunizado, todas as personagens principais contam com um visual único e que certamente vai agradar os fãs de jogos ao estilo Life is Strange.

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Lost Records traz belos visuais no PS5
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As mecânicas de escolhas também influenciam certos aspectos visuais, o que é bem interessante. Além de você poder escolher a roupa da protagonista no passado, existem algumas opções de customização visual durante o gameplay. Ao escolher o nome do seu gato, por exemplo, a aparência do bichano muda, e todos os aspectos envolvendo ele também, desde desenhos até adesivos e fotos.

Vale mencionar também a estética dos anos 90, que é simplesmente um show à parte. Além das referências na história, o jogo conta com muitos acenos à época em sua apresentação, incluindo desde videogames de fita até referências a filmes e músicas da época.

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Nem o bichinho virtual passou despercebido pelas referências de Lost Records
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Falando em música, como esperado de um “sucessor espiritual” de Life is Strange, a trilha sonora também desempenha um grande papel em Lost Records. Durante o gameplay, as protagonistas acabam montando uma banda de rock, o que permite a integração perfeita das músicas na narrativa.

Trazendo bastante foco em obras autorais e de bandas independentes, a trilha sonora engloba músicas que lembram bastante os anos 90. O destaque da parte 1 fica para See You in Hell, que está amplamente integrada na história do jogo e com certeza pode entrar na playlist de muitos jogadores.

Os problemas no caminho

Enquanto Lost Records traz muitos acertos que marcaram o início da franquia Life is Strange, o jogo também conta com problemas que, ironicamente, também estavam presentes no game da Square Enix. Em algumas partes, a sincronia labial das falas não funciona direito, o que acaba quebrando um pouco da imersão.

Além disso, o jogo também apresentou problemas no carregamento de texturas. Enquanto algumas sombras apareceram do nada durante a minha jogatina, parecendo até assombrações, alguns assets demoravam muito tempo para carregar totalmente.

A experiência no PS5 base também contou com algumas inconsistências na performance, com eventuais quedas de frames em partes mais abertas do gameplay. Considerando que o jogo foi adiado e dividido em duas partes, esses problemas pontuais certamente poderiam ter recebido mais atenção para garantir um lançamento 100% refinado. Ainda assim, nenhuma das falhas é grave o suficiente para atrapalhar a experiência geral de gameplay.

Vale a pena

Lost Records: Bloom & Rage traz uma experiência bela, sentimental e com bastante densidade em sua narrativa. Além de transportar os jogadores para os anos 90, o game também capricha na nostalgia ao trazer de volta pontos que fizeram o primeiro Life is Strange ser um grande sucesso, indo desde os adolescentes cringe até os múltiplos caminhos narrativos. 

Com isso, o projeto é praticamente o Life is Strange 3 da Dontnod que nunca aconteceu, servindo como um sucessor espiritual da fase inicial da franquia da Square Enix. Por outro lado, o Lost Records também não deixa a inovação de lado, entregando uma experiência repleta de originalidade.

Com mecânicas avançadas de escolha e um gameplay divertido envolvendo a câmera de vídeo, o jogo com certeza merece a atenção dos fãs de uma boa história. Infelizmente ainda não tive acesso ao desfecho da narrativa pra cravar de vez uma nota para o game, mas já adianto: a menos que um deslize tremendo ocorra no desfecho, tudo indica que Lost Records estará entre os melhores jogos narrativos de 2025.

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Lost Records é o Life is Strange 3 que nunca aconteceu
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Ainda assim, é importante ressaltar: Lost Records é um jogo feito sob medida para um nicho específico, e se você não faz parte dessa bolha, pode acabar se decepcionando simplesmente pelo jogo ser o que ele é. Por outro lado, se você estava ansioso para ver o que a Dontnod podia fazer de forma independente, tenho boas notícias, pois o conteúdo entregue na primeira parte já é suficiente para conquistar os fãs de Life is Strange das antigas.

Pontos Positivos

  • Narrativa densa e repleta de caminhos;
  • Novas mecânicas de escolhas;
  • Personagens carismáticas e marcantes;
  • Gameplay com a câmera e edição de vídeo;
  • Belos gráficos nos ambientes e personagens;
  • Trilha sonora original cheia de personalidade.

Pontos Negativos

  • Eventuais quedas de performance;
  • Problemas no carregamento de texturas;
  • Pop-up de sombras.

Uma cópia de Lost Records: Bloom & Rage foi oferecida pelo estúdio Dontnod para review no PS5. A primeira parte do game chega ao console da Sony, diretamente na PS Plus, no PC e no Xbox Series S/X hoje, 18 de fevereiro. A segunda parte estreia em 15 de abril e será liberada como um update grátis para todos os jogadores.
 

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