O anúncio de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart Of Chornobyl foi recebido com muita animação por parte de seus fãs e até aqueles por aqueles que apenas acompanhavam a franquia de longe. No entanto, a invasão russa na Ucrânia tornou seu desenvolvimento algo bem incerto.
Apesar das dificuldades, o estúdio GSC Game World continuou a trabalho conforme era possível, lançando até um documentário mostrando o processo desafiador de criar um jogo em meio à guerra. Agora, após algumas datas adiadas, S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart Of Chornobyl está oficialmente entre nós.
O título já está disponível para PC e também nos consoles Xbox Series S e X, chegando diretamente no Xbox Game Pass. Eu tive a oportunidade de jogar o título algum tempo antes do lançamento e deixo vocês com as minhas primeiras impressões em meu review em progresso.
Enquanto o jogo demonstra muito potencial, tivemos dificuldades técnicas severas durante o período de acesso antecipado no computador — algo que deve ser corrigido com o tempo. Confira mais detalhes a seguir.
Review em progresso
Para deixar claro, mesmo após mais de uma semana com o jogo, ainda não sinto que posso dar meu veredito final em forma de uma análise completa. Por se tratar de uma build antecipada, eu enfrentei muitos problemas técnicos que me impediram de fazer o progresso que eu considero necessário para para uma análise. De acordo os desenvolvedores, os problemas e bugs que enfrentamos nessa build de análise estão sendo resolvidos e isso será refletido na versão que os jogadores terão acesso, mas eu não tenho como saber com total certeza como o game estará para vocês.
Eu imagino que mesmo com as atualizações que ocorrerão no lançamento e nos dias subsequentes, o game deva sofrer com alguns bugs e até problemas de perfomance, especialmente quando se trata de PCs mais modestos, como é o meu caso com uma GTX 1660, 16 GB de RAM e um Ryzen 5 3600. Apesar de ter uma performance decente enquanto explorava o mundo, era notável que meu computador não lidava tão bem com as cidades mais populosas de S.T.A.L.K.E.R. 2, embora eu não saiba exatamente o quanto disso era causado pela má otimização ou por algum bug em locais específicos do game.
Para garantir que o problema não estava ligado a apenas uma máquina, testamos o game em outras plataformas aqui na redação, inclusive em uma RTX 4070. No entanto, os problemas severos de performance também ocorreram, dificultando o processo de review.
Vale dizer que a build de análise recebeu inúmeros updates substanciais ao longo da última semana, o que já melhorou a minha experiência de diversas formas. Em alguns patches que baixavam o jogo inteiro novamente lançados nos últimos dias, os desenvolvedores corrigiram cerca de 1000 erros e bugs, de acordo com um comunicado oficial.
Ainda assim, acho melhor jogar por mais algum tempo e ver qual será o estado do game em seus primeiros dias pós lançamento, já que um patch considerável também está sendo prometido para quando o título for liberado para todos. Com esse tempo extra, posso fazer bem mais progresso na trama e, só então, cravar meu relato completo sobre o game.
Lutando pela sobrevivência
O que mais se destaca nas primeiras horas com S.T.A.L.K.E.R. 2 é sua atmosfera e construção de mundo, deixando a realidade alternativa da Zona de exclusão de Chernobil ainda mais temível e intrigante. Os perigos são constantes, seja por parte de criaturas mutantes, anomalias ou humanos que estão tentando levar a melhor no meio da destruição e radiação. O combate pode ser brutal e confrontos diretos nem sempre são a sua melhor opção para sobrevivência. Falando nisso, você ainda tem que se preocupar com seu nível de radiação, possíveis sangramentos e fome.
Tudo isso deixa o tom do game bem claro: será uma aventura brutal e, na qual, você terá que pensar de forma estratégia em muitas ocasiões, deixando de lado a vontade de partir para cima de tudo o tempo todo. Isso também vale para sua exploração das diferentes zonas do mapa, já não são poucas as vezes que é necessário fazer viagens longas e em não há muita civilização por perto. Até há um sistema de viagem rápida, mas partindo mais para o realismo, ele é mais limitado e requer que você contrate um serviço em cidades específicas para ir para outras cidades onde esse serviço está disponível.
Desta forma, até suas explorações precisam ser planejadas com alguma antecedência. Você precisará de suprimentos o suficiente para se alimentar e se curar, pouco peso no inventário para levar o loot que encontrar no caminho, armas em boas condições, munição e certa paciência para longas caminhadas. Para alguém que ama jogos de sobrevivência, como é o meu caso, eu gosto bastante de todos esses detalhes, mas não me surpreenderia se o gerenciamento de inventário e a limitação do fast travel fosse um ponto negativo para muita gente.
Afinal, como o game pode ser brutal e te matar de diversas maneiras, não é incomum esquecer de salvar depois de uma longa jornada e perder o progresso porque foi atacado por cachorros mutantes no meio do caminho ou porque andou em cima de uma anomalia mortal sem perceber. Para evitar frustrações assim, não seja como eu e aprenda logo cedo a salvar com muita frequência e a não encher o seu inventário de armas quebradas que nunca vai consertar.
Não tá fácil para ninguém
Falando em armas quebradas, acho que um aspecto que poderia melhorar futuramente em S.T.A.L.K.E.R. 2 é o loot que encontramos em nossas explorações ou, pelo menos, como lidamos com ele depois. Eu não encontrei uma maneira de fazer nosso protagonista consertar armas por si próprio, então sempre foi necessário visitar um técnico e contratar seus serviços. O problema é que isso é bem caro e as missões não costumam dar muito dinheiro, então a melhor maneira de arrecadar um lucro extra é vendendo as armas que você encontra no mundo afora. Só a maior parte delas geralmente está quebrada e não pode ser vendida nesse estado.
Como não vale a pena consertar armas para vendê-las depois, já que você sai no prejuízo, nós aprendemos bem cedo a ignorar parte do loot em S.T.A.L.K.E.R. 2, mesmo ele sendo tão importante para a nossa jornada e nossas finanças. Acredito que uma simples mudança de permitir o protagonista consertar armas, mesmo que com uma qualidade pior, ou até permitir que os vendedores comprem armas quebradas por um preço bem menor já melhoraria muito esse aspecto.
Também acho que a economia geral do game poderia receber alterações, já que costuma ser difícil de ter o dinheiro necessário em algumas situações, seja para suprimentos de emergências ou até itens importantes que te auxiliariam em certas missões. Honestamente, são coisas que não estragam o jogo, mas acredito que deixaram a experiência bem melhor para o jogador e tornaria os combates bem sucedidos, missões e loots encontrados em um algo bem mais recompensador.
Momentos de tensão
O que preciso dizer é que mesmo tendo feito menos progresso do que gostaria, o aspecto que mais me surpreendeu positivamente são as missões de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl. Eu digo isso tanto da trama principal como das quests secundárias que você encontra em cidades ou pelas zonas do mapa. Mesmo as missões que parecem mais simples podem ser divertidas, mas são os desdobramentos das mais complexas que vão te conquistando e te surpreendendo mais, especialmente quando você percebe que certas decisões que você tomou sem pensar também possuem consequências.
Como falei antes, eu preciso de mais tempo com o jogo para realmente avaliar se isso continua a ser o caso, se melhora, se piora, etc. Felizmente, as primeiras impressões nesse quesito foram muito positivas e acredito que deva ser algo bem estável ao longo do game, levando em conta tudo o que vi até agora.
Outro ponto muito positivo, na minha opinião, é que o combate também adiciona um bom nível de tensão ao jogo. Os diferentes tipos de inimigos, especialmente os que ficam invisíveis na maior parte do tempo, podem tornar suas explorações em um verdadeiro jogo de terror. Não tenho vergonha de dizer que já saí correndo diversas vezes mesmo tendo munição suficiente, já que o conjunto de música tensa, a escuridão da noite e eu olhando em círculos sem saber por onde seria atacada foi o suficiente para para aplicar a técnica mais antiga de Joseph Joestar.
Vale a pena?
Embora não dê para cravar nada concreto ainda, a minha impressão geral até agora é que S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart Of Chornobyl tem um grande potencial e pode ser um jogo muito divertido para fãs da série ou até fãs de Fallout, já que há muitas similaridades de mecânicas e gameplay entre as franquias. Deixando os bugs e problemas de lado, eu tenho gostado bastante de muitos aspectos de S.T.A.L.K.E.R. 2, mas também dá para perceber alguns pontos que podem ser aprimorados.
Como o jogo estará disponível no Game Pass logo de cara, você nem precisa comprá-lo se quiser experimentá-lo, bastando ter a assinatura no PC ou no seu Xbox Series S ou X. Se esse for o seu caso, eu recomendaria jogá-lo de qualquer forma e descobrir por si próprio o que acha do game, mas se quiser comprá-lo de fato, talvez seja melhor esperar alguns dias para ver como está sua performance nessas plataformas.
Da minha parte, posso prometer que em breve teremos o review completo com uma noção melhor do que o game realmente poderá oferecer nesse ciclo inicial de vida. Sabendo da horrível cenário no qual o game foi criado e da provável pressão para um lançamento após tantos adiamentos, a minha maior esperança para S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart Of Chornobyl é que o estúdio consiga polir o game da maneira que ele merece, permindo que o jogo brilhe pelo o que é e não que se ofusque por problemas técnicos causados por um desenvolvimento envolto de eventos tão trágicos.
S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart Of Chornobyl foi cedido para review pela desenvolvedora no PC, mas também possui versões para Xbox Series S e X.
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