Após ser anunciado em setembro, o PlayStation 5 Pro finalmente está entre nós e chega com melhorias perceptíveis em hardware e uma leve repaginada no visual. No entanto, o que realmente importa para muitos são as novas capacidades técnicas do console que, segundo a Sony, permitem o aparelho rodar games em 4K com muito mais desempenho.
O Voxel já tem uma análise completa do mais recente carro-chefe da gigante japonesa, mas agora é a hora de se aprofundar nas questões mais técnicas sobre o caro videogame de R$ 7.000 e descobrir qual foi o salto evolutivo proporcionado pela empresa.
Um processador levemente mais rápido
Começando pela base do PlayStation 5 Pro, o novo console da Sony traz algumas novidades mais pontuais para o processador. A nova investida da empresa mantém um chip da AMD com oito núcleos e 16 threads baseado na microarquitetura Zen 2 fabricado em 4 nanômetros da TSMC, mas que sai de 3,55 GHz do modelo base e salta para 3,85 GHz.
Na prática, as mudanças realmente são poucas e se configuram mais como uma revisão de especificações do que uma atualização propriamente dita. A frequência 300 MHz mais alta deve ajudar a melhorar a estabilidade do console em situações mais complexas, mas não espere que esse seja o upgrade que aumentará massivamente o desempenho.
Inclusive, muito se especulava quando a Sony e AMD iriam alterar o processador dos consoles para uma arquitetura mais recente, mas parece que isso irá demorar algum tempo. Vale lembrar que no mundo dos computadores, a companhia vermelha já lançou CPUs da arquitetura Zen 5 que proporcionam um salto geracional bem alto.
Sistema de resfriamento do PS5 Pro continua com uma grande ventoinha responsável pela exaustão de calor.Fonte: Felps/Voxel
No entanto, partindo de um ponto de vista opinativo, é curioso que a Sony tenha realizado tão poucas mudanças no processador de um console “Pro”, mesmo que tenha priorizado a placa gráfica — como veremos nos próximos parágrafos.
Mais memória e armazenamento
Diferente do processador, a Sony deu uma atenção especial para as configurações de memória compartilhada e o espaço interno do PlayStation 5 Pro. Para a RAM, a companhia manteve os mesmos 16 GB no protocolo GDDR6, mas adicionou mais de 2 GB DDR5 extras específicos para rodar tarefas não relacionadas com games, e aumentou a frequência de 14.000 MT/s para 18.000 MT/s.
Assim, a expectativa é que o videogame tenha mais estabilidade na hora de rodar os títulos, uma vez que o sistema e as interfaces do aparelho terão essa folga extra e o clock mais alto. Claro, 2 GB não são o suficiente para auxiliar no processamento geral do PS5 Pro, mas o incremento de memória chega como um reforço para tornar as coisas mais suaves e deixar aqueles 16 GB restantes focados em executar os processos em jogos.
Diferente do modelo base, o PlayStation 5 Pro possui duas portas USB Tipo-C na região frontal.Fonte: Felps/Voxel
Vale lembrar que o hardware do PS5 Pro é compartilhado. O chip de processamento também abriga a GPU e a memória RAM é dividida para CPU e GPU. Assim, teoricamente, quanto mais memória há no sistema, mais os componentes poderão usá-la sem haver uma disputa entre eles para saber quem pegará a maior fatia dessa peça.
Já na parte do armazenamento, a fabricante decidiu inserir 2 TB de um SSD NVMe. Essa é uma mudança muito bem-vinda e que faz total sentido vindo de um console atualizado da empresa, afinal de contas os games exigem cada vez mais espaço interno e não há motivos para a empresa não adicionar mais desse armazenamento super rápido.
Uma GPU bem mais potente
Desde o anúncio do PlayStation 5 Pro, a Sony já havia enfatizado que a placa gráfica do console seria o grande chamariz nesse lançamento. Para isso, a companhia recorreu à AMD para criar um iGPU híbrida que mescla as microarquiteturas RDNA 3 e 4, aumentando a contagem de unidades computacionais de 36 para 60 — um aprimoramento de 67%.
Considerando que o PS5 base opera com 36 unidades na microarquitetura RDNA 2, o PS5 Pro conta com um salto muito considerável e é capaz de alavancar a performance em games. Além de apenas ter aumentado a quantidade de estruturas, a AMD atualizou a arquitetura, trazendo mais tecnologias capazes de fazer a diferença.
Além das melhorias internas, a GPU do PS5 também é fisicamente maior.Fonte: PlayStation
Em termos práticos, a placa de vídeo integrada do console fica próxima de uma Radeon RX 7700 XT usada em PCs. Esse chip foi lançado em 2023 e foca em rodar games na resolução Quad HD (2.560 x 1.440) com qualidade máxima e a 60 FPS. Mas se o equivalente à GPU do PS5 Pro nos PCs roda em Quad HD, como o console consegue rodar em 4K?
PSSR
Para isso, a Sony criou o PSSR (PlayStation Spectral Super Resolution), uma técnica de upscaling de imagem exclusiva para o console. Essa tecnologia se comporta de maneira similar ao DLSS, FSR e XeSS, comumente encontradas nos computadores e até mesmo usadas em consoles por certas desenvolvedoras.
O PSSR utiliza inteligência artificial e aprendizado de máquina para fazer com que o console renderize os jogos em uma resolução menor, como o Quad HD ou Full HD, e suba artificialmente a resolução para o 4K. A grande diferença para outros métodos é que esse recurso funciona apenas para o PS5 Pro, portanto é mais fácil treinar os algoritmos especificamente para um conjunto de jogos selecionados.
Uma das funções do PSSR também é oferecer mais nitidez aos renderizar os games.Fonte: PlayStation
Dessa maneira, há a expectativa para que esse upscaling seja mais “redondinho” nos games, justamente por essa exclusividade. Como o escalonamento de imagem é artificial, pode ocasionar o surgimento de artefatos e falhas na tela, mas a tendência é que pequenos updates corrijam esse tipo de problema.
IA e NPU
Por ser uma placa gráfica com microarquitetura recente da AMD, naturalmente essa placa possui uma estrutura própria para executar cargas de trabalho que envolvem inteligência artificial, a XDNA. Diferente do PS5 normal que usa a arquitetura RDNA convencional, os novos chips da AMD utilizam o XDNA como a microarquitetura voltada para inteligência artificial.
Isso significa que os chips da companhia agora possuem uma NPU (Unidade de Processamento Neural) para executar essas tarefas. Assim, a placa gráfica consegue rodar melhor o PSSR, já que há uma estrutura nativa que permite a aceleração via hardware para isso acontecer.
Mais teraflops
Tópico de muita polêmica nas últimas gerações, o debate sobre a quantidade de teraflops em um console parece já ter sido superado. Inclusive, o PlayStation 5 Pro chega com um poder de 16,7 TFLOPS, um aumento de 60% em relação ao console regular lançado em 2020.
O Xbox Series X fica no meio do caminho entre a linha do PlayStation 5.Fonte: Felipe Vidal/Voxel
O que isso significa exatamente? Não muita coisa. Medir a potência de um console apenas pelo nível de teraflops é tão incorreto quanto medir o desempenho de um processador somente pela frequência. Embora o aumento na quantidade desses teraflops seja importante, o fato da iGPU ser construída em uma nova microarquitetura mais recente e com quase o dobro de unidades, é o que realmente determina a potência teórica desse componente.
Todo esse poder de fogo tem um objetivo em comum: rodar os mesmos jogos do PS5 normal em 4K, mas oferecendo um modo gráfico avançado com taxa de quadros a 60 FPS. Inclusive, a companhia destaca melhorias no Ray Tracing, algo que também só é possível graças à nova placa gráfica.
Desequilibrado?
Embora toda a questão sobre as melhorias na placa gráfica do PlayStation 5 Pro sejam notáveis, a análise da ficha técnica do console mostra um desequilíbrio. Ao passo que a Sony trouxe uma iGPU realmente mais forte, a fabricante deixou o processador de lado com uma mera revisão.
Por mais que haja o pensamento de que somente a placa de vídeo dá conta do recado, é o processador que calcula os aspectos lógicos no game e manda as informações para a GPU desenhar o que vemos na tela. Em uma analogia simples, manter esse processador e inserir uma placa de vídeo tão melhor é como trocar as rodas de um carro e continuar com o mesmo motor.
E você, o que tem achado do PS5 Pro? Nos conte nas redes sociais do Voxel!
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