A franquia Call of Duty tem passado por maus bocados neste último ano. Entre a amarga recepção de Modern Warfare 3 e o crescente desinteresse por jogos como serviço, o rumo da icônica saga de guerra da Activison nunca pareceu tão perdido. Para muitos jogadores, o foco excessivo em Warzone descaracterizou muito dos elementos mais queridos da marca.
Nesse contexto difícil, todos os olhos estavam mirados para Black Ops 6, o primeiro jogo da franquia desenvolvido sob o guarda-chuva da Microsoft Gaming — ou Xbox, para os mais íntimos. Com a missão de reacender o interesse pela marca, o novo lançamento aposta em uma espécie de “meio-reboot”, resgatando um elenco com personagens clássicos, e da nova era, para atiçar a curiosidade do público.
E ao que parece, a fórmula deu muito certo, já que Black Ops 6 tornou-se o maior e mais bem-sucedido lançamento da franquia. Junto das escolhas criativas, um elemento “extra” contribuiu para a recepção positiva da estreia: a disponibilidade imediata no Game Pass.
Enquanto a combinação tenha sido suficiente para conquistar o voto de confiança de fãs e novos jogadores, Black Ops 6 provou que é muito mais do que apenas conveniente. Mas, afinal, o que torna o lançamento da Treyarch e Raven tão especial?
Nesta review, conto minhas impressões sobre Call of Duty Black Ops 6, e te explico como ele pode devolver os dias de glória para a franquia! Confira.
Espionagem, teorias conspiratórias e ação
A trama de Black Ops 6 começa em uma recapitulação de eventos da Guerra Fria, com a adição de personagens da franquia. Adiante, vemos Troy Marshal e Frank Woods em um interrogatório na CIA, questionados sobre uma missão que falhou no Iraque.
Segundo eles, o grupo militar Panteão teria sabotado os objetivos por meio de informações internas da própria agência, sugerindo a existência de um agente duplo. A partir deste ponto, a equipe não pode mais confiar na CIA e passa a operar por debaixo dos panos, tentando descobrir os supostos planos malignos e impedir um possível desastre.
Pautada em uma premissa clássica de Hollywood, a trama de Black Ops 6 dificilmente pode ser chamada de inovadora — mas isso não é um problema neste caso. Enquanto simples na base, os eventos da narrativa se desenvolvem muito bem através dos personagens e suas motivações, como toda boa história. Durante toda a campanha, é possível conhecer mais sobre a equipe, conversando diretamente com cada membro.
Black Ops 6 tem um elenco carismático e marcante.Fonte: Activision
Na maioria das vezes, esses momentos acontecem pertinentemente em uma base de operações — que, inclusive, pode ser melhorada com novos recursos. Entre os intervalos de cada missão, o jogador fica livre para entender mais sobre as origens e o passado de cada um dos operadores, em diálogos por vezes filosóficos e até emocionantes.
Vale notar que esses trechos são inteiramente opcionais, permitindo que o jogador dite o ritmo da jogatina. Essa decisão, embora arrisque um pouco da coesão narrativa, funciona muito bem para quem só está interessado em curtir os tiroteios e cinemáticas principais.
Foco na missão
E por falar nisso, é seguro dizer que Black Ops 6 foca no que é mais importante no mundo dos jogos: a jogabilidade. Pois é, pode parecer uma frase um tanto redundante, mas que nunca foi tão pertinente quanto em 2024! Enquanto muito títulos modernos conseguem contar histórias marcantes com mecânicas simples, outros se apoiam excessivamente em cinemáticas para maquiar uma jogabilidade repetitiva e pobre em conteúdo.
E nem precisa ir muito longe para buscar um exemplo, já que esse é apenas um dos muitos problemas em Modern Warfare 3. O título, que antecede Black Ops 6, entregou uma campanha curta, apressada e cheia de ideias cozinhadas pela metade. Essencialmente, muito de suas “inovações” eram importadas do Warzone, e simplificaram muito da beleza cinematográfica de Call of Duty — isto é, aqueles momentos marcantes, que todo mundo ama.
Felizmente, Black Ops 6 reconheceu as críticas de Modern Warfare 3, e entregou uma campanha superior em todos os aspectos. Há inúmeros momentos cinemáticos na trama, com aberturas empolgantes em cada missão e um encadeamento coerente de eventos. A cada nova descoberta, há um tempo muito bem-vindo de preparo e contextualização, fazendo com que o jogador se sinta parte da equipe e se importe com ela.
Um Case de sucesso
Parte desse acerto se deve ao operador Case Calderon, que representa o jogador na maior parte da campanha. O personagem segue o estilo de protagonista “mudo”, como em Legend of Zelda ou Far Cry 3, expressando sua opinião através de escolhas na narrativa. Pertinente, essa decisão mantém a atenção do público na trama, já que certos eventos podem mudar inesperadamente a cada diálogo.
Junto disso, Case também parece esconder um passado misterioso, ocasionalmente ouvindo uma segunda voz em seus pensamentos. Essa mistura de elementos resulta em um protagonista interessante e promove uma excelente base para o desenvolvimento da narrativa.
A propósito, os temas psicológicos, que já eram marca registrada na franquia Black Ops, voltam com tudo neste título. Abordando os experimentos realizados durante a Guerra Fria, a trama acerta em trazer um toque moderado de terror para os trechos mais intimistas do jogo. Com isso, os desenvolvedores ganham mais liberdade criativa para contar histórias a partir de novas perspectivas e pontos de vistas — além de trazer mais variações no estilo de jogabilidade.
Black Ops 6 desenvolve muito bem seus personagens, com destaque ao seu passado e motivações.Fonte: Black Ops 6
Para citar um exemplo, há uma missão que praticamente resgata um modo de jogo muito querido pelos fãs de Call of Duty — o Zombies. Apesar de parecer absurdo, o trecho funciona muito bem na narrativa, e lembra o público da licença poética presente na linguagem dos jogos, que há tanto parece perdida em prol do realismo desmedido. E para ficar ainda mais clássico, todo o trecho conta com uma trilha sonora empolgante, repleta de guitarras.
Inspiração clássica
Sendo honesto, momentos como esse me lembraram clássicos como Doom, F.E.A.R e os próprios Call of Duty mais antigos. Talvez, o ponto em comum entre esses títulos seja como a jogabilidade parece ser a estrela da festa, e a imersão se dá muito mais pelo investimento nas mecânicas do que pela atmosfera narrativa.
Não entenda mal, Black Ops 6 é definitivamente bem ambientado e contextualizado com cenários belíssimos, mas esses elementos parecem ter sido desenvolvidos para enaltecer a jogabilidade. O resultado disso é um conjunto acertado de missões, com bom potencial para revisitas e diferentes formas de conclusão. A todo tempo, o novo título deixa claro que é possível explorar cada fase como preferir, com os parceiros de equipe sugerindo: “dá para encarar ou ir na manha, você decide”.
Particularmente, adoro jogos que exploram bem a furtividade e, sem dúvidas, Black Ops 6 é um deles. É claro, o título não promete a mesma jogabilidade de um simulador mais complexo, mas não decepciona e traz trechos muito bem desenvolvidos para quem curte o gênero. É possível concluir fases inteiras sem sequer chamar atenção dos inimigos.
Falando em furtividade, há uma missão em que a equipe visita o Iraque e, temporariamente, monta uma base de operações no deserto. Nela, é possível explorar a região em um jipe militar, concluindo objetivos extras conforme o desejo do jogador. Todo esse trecho me lembrou Metal Gear Solid V, que entrega uma atmosfera ligeiramente similar. É claro, foi outra adição muito bem-vinda.
Por curiosidade e gosto, conclui todos os objetivos dessa missão e, para minha surpresa, as recompensas de cada um deles eram benefícios para usar na própria campanha! Parece estranho, mas receber vantagens táticas, como bombardeiros ou helicópteros de ataque, é muito mais satisfatório do que os Projetos de Arma disponíveis para coletar em Modern Warfare 3.
Ao que parece, a filosofia de desenvolvimento de Black Ops 6 entende que a melhor recompensa para os jogadores que exploram e se dedicam é mais diversão. E apesar de óbvio, é uma mudança que faz falta na franquia há muito tempo. Mas se você gostava das armas raras, não se preocupe, você ainda obtém as skins ao concluir as missões — a cereja do bolo é que todos ganham, sem sacrificar a qualidade do jogo.
Pecados pretéritos
Como nem tudo são flores, Black Ops 6 ainda herda alguns vícios da franquia Call of Duty. Desta vez, algo que muito me incomodou foi o trecho final da campanha. Sem spoilers, destaco que a trama reserva uma narrativa mais introspectiva em suas últimas missões, gradativamente adicionando ação perto do desfecho.
Até então, isso não necessariamente é um problema: temos o desenvolvimento de personagens importantes e um contexto perfeito para um grande final. O problema é que muita antecipação é criada para uma conclusão bem mais discreta do que o esperado. Para piorar, a sequência final de eventos parece apressada e termina deixando mais perguntas do que respostas. Claro, é necessário deixar base para sequências, mas sinto que esse desfecho poderia ter sido bem mais satisfatório.
De certo modo, o mesmo problema aconteceu em Black Ops Cold War e Modern Warfare 3, que também apresentaram conclusões apressadas. Em ambos os casos, mais uma vez, parte do problema se relaciona com o Warzone, modo escolhido pela Activision para continuar a narrativa. Entretanto, esses jogos não tiveram campanhas de tanto destaque, enquanto Black Ops 6 entregou uma trama muito mais promissora — e isso apenas agrava o problema de um final decepcionante.
Além disso, os trechos cinemáticos em que é necessário apertar algum botão tornam-se rapidamente frustrantes. O design exibido na tela é pouco claro e, por vezes, fora de foco, causando certa confusão e falhas inesperadas.
E o Multiplayer e Modo Zombies?
Embora não tenha sido foco da review, os modos extras compõem grande parte da experiência de Black Ops 6, conforme também é válido para os demais Call of Duty. Neste título tanto o multiplayer quanto o modo zombies estão presentes no formato mais tradicional da franquia. Há bastante conteúdo para aproveitar, apesar de alguns problemas técnicos.
Eles dizem mais respeito ao multiplayer, que mais se beneficiou com o novo sistema de movimentação. A atualização deixou a jogabilidade ainda mais acelerada, tornando os mapas menores verdadeiramente intensos. Agora, o design das arenas leva em conta o avanço da mobilidade, e não há mais cantos seguros — ou tempo para respirar.
Dessa maneira, é possível que jogadores novatos sintam certa dificuldade de se adaptar ao ritmo cada vez mais intenso das partidas. Para piorar, Black Ops 6 mantém o infame sistema de pareamento de partidas por habilidade (SBMM), que torna a experiência muito mais artificial e cansativa.
Black Ops 6 é o Call of Duty definitivo para recrutas e veteranos
Distante dos gloriosos dias de Modern Warfare 2 (2009) e Black Ops 2 (2012), com o devido reconhecimento da nostalgia, a franquia Call of Duty tentou se reinventar algumas vezes durante os últimos dez anos. Entre erros e acertos, a fórmula de sucesso parecia estar se esgotando cada vez mais, lançamento após lançamento.
Contra todas as expectativas, Black Ops 6 reacende a chama de Call of Duty com uma jogabilidade afiada, campanha marcante e modos extras repletos de conteúdo. De tudo, o lançamento prova que a franquia ainda tem muito potencial além de Warzone e marca um rumo claro para onde ir.
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Junto disso, graças à sua acessibilidade no Game Pass, nos consoles, nos PCs ou na nuvem, Black Ops 6 tornou-se o Call of Duty definitivo para recrutas e veteranos. Resta saber se a Activision entenderá o recado para os próximos lançamentos!
Nota do Voxel — 90
Pontos positivos
- Jogo mais leve e com inicializador renovado;
- Trama intrigante e personagens carismáticos;
- Jogabilidade fluída, com muitas possibilidades em cada missão;
- Campanha com momentos marcantes e missões criativas;
- Os trechos de terror psicológico funcionam bem;
- Campanha com grande rejogabilidade e modos extras caprichados em conteúdo.
Pontos negativos
- Momentos finais da campanha parecem apressados;
- Há pontos pivôs da trama que parecem mal-aproveitados;
- Multiplayer mantém as salas com o precário pareamento por habilidade (SBMM);
- Ainda é necessário reiniciar o jogo, logo após abri-lo, por conta de atualizações.
Call of Duty Black Ops 6 foi avaliado no PlayStation 5, com uma chave gentilmente cedida pela Actvision Blizzard.
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