Undisputed agrada com realismo visual, mas vai à lona com jogabilidade falha - Review

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Imagem: Reprodução / Diego Borges

Undisputed é um game que vem chamando atenção desde o ano passado, quando entrou em período de acesso antecipado. O jogo promete ser o melhor e mais real simulador de boxe já produzido até hoje, além de contar com a presença de lendas do esporte, como Muhammad Ali e Roy Jones Jr.

A tarefa não é nada fácil, uma vez que foram diversos os títulos que tentaram, porém pouco caíram nas graças do público. Mas será que Undisputed finalmente conseguiu tal façanha? Confira no review completo da versão de PC do game!

Jogabilidade deixa a desejar

A parte inicial de Undisputed já mostra o quanto o game é focado em ser um dos mais realistas em relação à jogabilidade. Você é apresentado a um (longo) tutorial, onde conhece os movimentos básicos da luta, desde os tipos de socos, até posições de defesa e esquiva. E embora ele se mostre eficiente nos primeiros minutos, logo na primeira luta é possível perceber que nem tudo são flores.

Undisputed visa ser o jogo de boxe mais realista já vistoUndisputed visa ser o jogo de boxe mais realista já vistoFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Começando pelos pontos positivos, é interessante analisar o quanto o game fez questão de mostrar lutadores tão distintos um dos outros. Por exemplo, é possível notar a famosa movimentação "debochada" de Muhammad Ali  quase bailando para os lados, e ao mesmo tempo acompanhar os passos lentos e troncudos de Tyson Fury. O mesmo vale na hora de criar seu atleta, mas essa parte eu dou mais detalhes ao longo do texto.

Também achei interessante o sistema de "barra especial" que é acionada quando o seu oponente fica cambaleando. Nela, você ganha uma espécie de boost, onde pode desferir uma série de golpes sem comprometer a sua barra de estamina. Porém, para aqueles que prezam pela simulação, esse é de longe o ponto que mais destoa do combate real.

Infelizmente, os pontos positivos param por aqui. Isso porque a jogabilidade de Undisputed é composta por mais deslizes do que acertos, o que é uma pena para um jogo que preza tanto pela realidade em seus elementos.

A começar pelos movimentos. No game, há mais de 60 tipos diferentes de golpes, porém, por mais que eles sejam realmente variados, ainda sim causam uma enorme estranheza na hora de serem desferidos. Em outras palavras, por mais que a estética dos movimentos chame atenção, na hora do combate, eles ficam em segundo plano, sobrepostos por um show de falhas.

A mais nítida delas é quando o combate fica mais próximo. Ao invés do game utilizar um sistema de movimentos curtos, ele opta por apresentar os mesmo, de uma distância um pouco maior, o que acarreta em uma confusa distribuição de golpes que ficam surgindo em cima do oponente, mesmo sem eficiência ou não.

Quando a luta é mais próxima, ela fica um tanto estranha de ser vistaQuando a luta é mais próxima, ela fica um tanto estranha de ser vistaFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Para piorar, o sistema de clinch é medonho. Nele, há um show de horrores, desde a ineficácia das ações, onde não há a possibilidade de golpear, e na maioria das vezes levam mais tempo que o normal para serem separados. E essa separação vai da boa vontade dos lutadores, já que o árbitro não aparece para separar. Aliás, ele nem sequer fica presente em cima do ringue, dando um aspecto de briga sem regras.

Se não bastasse, há mais elementos constrangedores. O principal deles é o de nocautes. Digo no plural porque é extremamente raro acontecer um nocaute avassalador, ou seja, é quase impossível ganhar uma luta levando apenas uma vez o oponente à lona. Para ser mais preciso, você só consegue vencer sem ser por pontos se derrubar o seu adversário pela terceira vez. O mesmo vale para seu lutador, já que é possível se levantar facilmente na primeira queda, um pouco mais difícil na segunda, e impossível na terceira. Sendo assim, Undisputed deixa praticamente de fora o apogeu do esporte, que é aquele nocaute certeiro com apenas um soco.

É quando impossível nocautear seu adversário com apenas um golpe.É quando impossível nocautear seu adversário com apenas um golpe.Fonte:  Reprodução / Diego Borges 

Por fim, há o ponto que mais me incomodou no jogo: o sistema de exaustão do lutador. Quando sua barra de estamina chega ao fim, é preciso recuar para que ela encha novamente, e assim você consiga golpear de novo. Na prática, isso pode até ser considerado um ponto positivo, uma vez que na vida real realmente acontece de forma similar, ou seja, quanto mais o lutador bate, mais ele cansa, precisando se recuperar para permanecer inteiro no combate.

O problema é que, durante uma trocação franca, é impossível se atentar a essa barra. Ou seja, a sua concentração fica em saber onde bater e defender diante daquele momento chave de um combate. Porém, quando a barra chega ao fim, ao invés do seu lutador perder a força no golpe, ele fica lento. Com isso, há um delay gigantesco entre o comando e a sua execução. Dessa forma, entre o tempo que você aperta o botão para golpear e o momento em que o atleta desfere o soco, há um atraso tão grande que não faz sentido algum.

E o problema poderia ser facilmente corrigido. Seja com a impossibilidade do mesmo fazer o movimento, uma vez que está exausto, ou simplesmente perder a força na execução. É impossível ver um lutador fazer isso em um combate de verdade, e talvez até nos piores filmes de boxe isso não acontece.

Incomoda o delay dos golpes quando o lutador está exaustoIncomoda o delay dos golpes quando o lutador está exaustoFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Mais que um jogo de luta, um game de estratégias

Outro ponto que merece destaque, e até mesmo elogios, é a forma com que os combates se comportam. Logo de cara, fica nítido que não é um jogo de luta convencional, onde basta esmagar os botões para levar vantagem. Pelo contrário, há muita estratégia envolvida em cada luta.

A começar pela forma com que é preciso estudar o seu adversário. Seja no modo carreira, ou nos combates normais, contra a CPU, é possível notar a diferença de comportamento, onde você vai enfrentar desde lutadores que partem com tudo no primeiro round, até outros que visam cadenciar a luta até os momentos finais.

Os combates exigem muita estratégia dos jogadoresOs combates exigem muita estratégia dos jogadoresFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Sendo assim, não espere terminar todas elas antes da metade dos rounds. Pelo contrário, é comum ter que encarar de 8 a 12 rounds, dependendo da competição que está sendo disputada.

Além disso, o jogo também conta com um sistema onde é possível escolher o tipo de combate entre Casual e Simulador. O primeiro, traz todas as opções e gráficos na tela, como barra de estamina, barra de energias de partes do corpo, etc. Já o segundo não traz nenhum gráfico ou sinalização, apenas os dois lutadores no combate.

Modo Carreira realista e empolgante

Aproveitando a brecha do tópico anterior, e já entrando em outro, vale lembrar que esse elemento estratégico também serve para o Modo Carreira. Nele, é possível escolher um lutador conhecido e iniciar a sua jornada rumo ao cinturão, como também usar um atleta já existente para ingressar nesse modo.

Entretanto, em ambos os casos, é preciso escolher os pontos de atributos que serão distribuídos. E eles são diversos, desde os mais básicos, como recuperação de stamina, até outros mais específicos, como absorção de golpes defendidos. Com isso, mais uma vez a estratégia sobe ao ringue, e é preciso dar uma atenção especial no atleta que será moldado, já que uma vez que a carreira é iniciada, não há como reverter os pontos.

São diversos os atributos para evoluir seu lutadorSão diversos os atributos para evoluir seu lutadorFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Agora sobre o Modo Carreira, ele brilha à parte, mesmo diante dos deslizes citados anteriormente. Há uma robustez na hora de começar a jornada do seu lutador, onde é preciso escolher até mesmo integrantes do seu time que irão cuidar do seu treinamento, da sua recuperação, entre outros elementos.

O dia a dia do seu personagem também é repleto de atividades. Você pode, por exemplo, postar e acompanhar as redes sociais antes das lutas. Achei muito interessante o realismo aplicado nelas, principalmente na hora de mostrar resultados de outros combates, como se o mundo estivesse mesmo avançando junto com o seu personagem.

Nos treinamentos, assim como em jogos concorrentes, é preciso escolher o que será treinado dentro de um prazo antes da luta. Por exemplo, você pode focar em aumentar o seu poder de ataque e a recuperação de sua estamina, ou focar no seu cardio para ampliar essa mesma barra de energia. Os integrantes do seu time possuem habilidades que dão bônus para certas tarefas, e o interessante é que, caso não esteja surtindo efeito, ou você simplesmente quer focar muito mais em outros atributos, você pode trocar os membros e contratar outros.

Você precisa administrar o tempo entre uma luta e outraVocê precisa administrar o tempo entre uma luta e outraFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Já com as lutas, você participa diretamente da negociação de cada uma delas. É possível optar por assinar o contrato assim que ele chega, ou mudar algumas cláusulas em busca de um adversário melhor ranqueado ou um valor maior para o combate. Além disso, também é possível escolher qual será a associação no qual seu lutador fará a luta, com isso, no futuro, você pode até mesmo escolher combates para unificar cinturões.

Por fim, o único problema no Modo Carreira é o tempo que leva para o seu personagem chegar ao topo do ranking. Além do tempo normal das lutas, o jogo traz uma dificuldade onde é praticamente impossível você manter a sua ascensão o tempo todo. Em outras palavras, é muito difícil você vencer todos os oponentes em sequência, o que te obriga a rever estratégias de luta e até mesmo mudar o seu time. Mas, para quem ama o realismo ao extremo, isso pode ser um prato cheio.

Visual de cair o queixo

Sem sombra de dúvidas a parte visual é o principal ponto positivo de Undisputed. A versão do game utilizada para essa análise foi a de PC, e foi feita nas seguintes configurações:

  • Placa de Vídeo - GeForce 4070 Ti Super;
  • Processador - Intel i7 14700k;
  • Memória RAM - 32 GB DDR5 7200MT/s Kingston Hyper Fury.

Diante desse cenário, pude conferir Undisputed com todas as opções gráficas no máximo. Sendo assim, é possível dizer que o jogo é um dos mais belos entre os game de esporte lançados nos últimos meses.

São muitos os pontos que impressionam. A começar pela reprodução dos astros do esporte. Mohamad Ali, Rocky Marciano, Roy Jones Jr, Sugar Ray Leonard, entre outros, assustam pelo alto grau de realismo em suas reproduções. O mesmo vale para movimentos e outras particularidades citadas anteriormente.

A ambientação do game impressiona.A ambientação do game impressiona.Fonte:  Reprodução / Diego Borges 

Para os fãs do esporte, há um elemento a mais, que é a presença de figuras marcantes do dia a dia do mundo das lutas. Há desde o Jacob 'Stitch' Duran e seu inconfundível bigodão, até o apresentador Michael Buffer, voz marcante e irmão do também apresentador, mas exclusivo do UFC, Bruce Buffer.

Já a ambientação, seja em grande arenas genéricas, ou em pequenos ringues dentro de academias, também ajudam a aumentar a imersão. Principalmente em combates com o modo Simulação ligado, onde os gráficos são ocultados da tela, focando única e exclusivamente no combate.

Figuras do mundo da luta também marcam presença no jogoFiguras do mundo da luta também marcam presença no jogoFonte:  Reprodução / Diego Borges 

As opções de personalização também são amplas. É possível até se arriscar a reproduzir astros do boxe que ficaram de fora, como Popó e Mike Tyson, até amigos e familiares, já que há uma precisão grande em posicionamento de elementos faciais, e variedade de opções, como cortes de cabelos, barbas, etc.

Por fim, o único ponto questionável é em relação aos lutadores depois de sofrerem muitos golpes. Ao invés de ter seus rostos desfigurados, cortados e inchados por conta dos socos, por muitas vezes, eles ganham uma tonalidade estranha, parecendo que fizeram um bronzeamento artificial em suas faces.

Realismo visual é o ponto alto de UndisputedRealismo visual é o ponto alto de UndisputedFonte:  Reprodução / Diego Borges 

Vale a pena?

Para os fãs de jogos de boxe, Undisputed é uma franquia que se mostra promissora, mas ainda tem muito a evoluir. Embora o jogo impressione pelo realismo visual, e agrade pela presença de astros do esporte, a jogabilidade é um direto no queixo, se mostrando um tanto pífia e repleta de falhas.

Fica a sensação de que ele poderia ter utilizados elementos de sucesso do finado Fight Night Round 4, considerado por muitos como o melhor simulador de boxe já produzido, para aprimorar a experiência. Entretanto, optou por focar em, por exemplo, trazer mais de 60 tipos de movimentos, mas que vivem sendo mal utilizados durante as lutas. O jeito é torcer para que, numa futura sequência, os erros tenham servido de lição e que o próximo título entregue tudo que foi prometido na extensa campanha de marketing do game.

Nota do Voxel: 75

Pontos positivos (prós):

- Realismo visual impressiona;

- Presença de astros do esporte;

- Modo carreira realista e empolgante;

- Sistema de ranking e façanhas do game viciam.

Pontos negativos (contras)

- Jogabilidade joga contra o realismo visual;

- Momentos dos combates que destoam da realidade;

- Pequenos problemas de performance;

- Ausência de menus e legendas em português.

Undisputed chega já está disponível em sua versão completa no PC, PlayStation 5 e Xbox Series S e X.

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