Monetização em jogos Free-to-Play: Como equilibrar rentabilidade e experiência do jogador?

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Equipe TecMundo

Por Gabriel Fonseca, colunista do Voxel e TecMundo.

A monetização em jogos Free-to-Play é um tema central na indústria de games, um campo que evoluiu rapidamente com o advento dos smartphones e da democratização do acesso a jogos digitais. No entanto, encontrar equilíbrio entre gerar receita e preservar a experiência do jogador continua sendo um desafio delicado.

Uma monetização bem-sucedida deve garantir que a experiência imersiva e divertida do jogador não seja interrompida por práticas agressivas ou intrusivas. Essa equação é vital para a longevidade dos jogos, principalmente em um cenário onde o mercado é saturado e as opções de entretenimento são vastas.

Uma das principais abordagens é adotar um modelo de monetização que ofereça valor real ao jogador. Quando os consumidores sentem que o conteúdo pago melhora genuinamente a experiência de jogo, eles tendem a enxergar essas opções de compra como um complemento, em vez de uma barreira. A chave está em permitir que o jogador avance no jogo sem sentir que é forçado a gastar dinheiro. Microtransações por itens, por exemplo, são amplamente aceitas, pois permitem personalização sem interferir na jogabilidade básica.

FortniteFortnite aposta em monetização com skins para fazer sucesso e manter jogadores engajados.

Outro ponto crucial é a transparência nas opções de compra. Modelos de loot boxes e mecânicas de gacha, amplamente criticados por sua natureza imprevisível e potencialmente exploratória, têm perdido terreno em favor de abordagens mais claras e justas. Os jogadores devem saber o que estão comprando e qual será o impacto real disso no jogo. A frustração nasce quando o usuário sente que está sendo manipulado por táticas obscuras de monetização, o que afeta negativamente tanto a reputação do jogo quanto da empresa por trás dele.

Modelo de negócio é importante em jogos grátis

A importância de um modelo de progressão equilibrado não pode ser subestimada. Jogos que caem na armadilha do “pay-to-win” – em que jogadores que gastam dinheiro têm uma vantagem injusta – afastam a base de usuários comprometidos. Isso pode criar um ambiente tóxico, onde os jogadores não pagantes perdem interesse rapidamente, resultando em uma queda no engajamento e na retenção de usuários.

Uma alternativa eficaz é o modelo de “pay-for-convenience”. Assim, os jogadores podem pagar por melhorias que aceleram o progresso, sem, no entanto, impedir que os demais avancem no jogo por mérito.

A personalização da experiência do jogador também deve ser levada em consideração na estratégia de monetização. Oferecer opções de compra adaptadas ao perfil de cada jogador, seja por análise de comportamento in-game ou por preferências de estilo de jogo, pode tornar as transações mais atraentes. Essa personalização permite que o jogador sinta que as ofertas são feitas sob medida, aumentando a propensão à compra sem parecer intrusivo.

Monetizar jogos Free-to-Play de forma ética e equilibrada exige uma abordagem centrada no jogador. Ao respeitar a experiência do usuário e oferecer opções de monetização que agreguem valor sem prejudicar o núcleo do jogo, desenvolvedores podem não apenas manter seus jogos financeiramente viáveis, mas também garantir a satisfação e fidelidade de sua base de jogadores.

Gabriel Fonseca é Global Growth Lead na Scopely e já trabalhou com jogos como Clash of Clans, Clash Royale e Brawl Stars. Atualmente vive em Barcelona

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