Lançado em novembro de 2022, God of War Ragnarok foi consagrado como um dos melhores games em seu período de lançamento, quando chegou ao PS4 e PS5. Agora, dois anos depois, o jogo faz sua estreia no PC, em mais um movimento da Sony tentando expandir as fronteiras de suas franquias.
Após o sucesso de God of War de 2020 nos computadores, não era surpresa que eventualmente Ragnarok chegaria aos computadores. E, como esperado, a Sony fez um port que não deixa a desejar no quesito técnico, com os principais problemas do game já sendo resolvidos nos primeiros patches.
No entanto, mesmo sendo um jogo de qualidade e com melhorias na versão de computador, o título ainda conta com um ponto que gera debates nos lançamentos atuais da Sony: a exigência de uma conta PlayStation.
Apesar de ser um detalhe que não incomoda muitos jogadores, essa integração também mostra que a empresa ainda precisa aprender a navegar nas águas do PC.
As polêmicas de lançamento de God of War Ragnarok
Apesar de ser um jogo aclamado por público e crítica, God of War Ragnarok estreou com análises “neutras” na Steam por causa de polêmicas que poderiam ser evitadas. Uma delas está ligada ao desempenho do jogo: o título apresentou crashes em seus primeiros dias em alguns computadores, além de trazer uma limitação de VRAM que foi posteriormente corrigida.
Além disso, também temos o elefanta na sala: a integração com a PSN. Logo que você abre o jogo no computador, um pop-up obrigando o jogador a criar ou logar com uma conta da PlayStation aparece. Assim, o usuário pode sincronizar troféus com sua conta da PlayStation Network.
Uso da PSN é obrigatório em God of War Ragnarok.
O uso de contas de terceiros para jogar games na Steam já é comum no computador, principalmente em jogos de companhias como Microsoft e EA, por exemplo. No entanto, o uso da PSN tem gerado um “furor a mais” no público desde sua implementação, tanto em jogos multiplayer como agora, em um título single-player.
Como é possível ver em algumas reviews da Steam, alguns usuários temem com vazamento de dados, algo que já ocorreu anteriormente com a Sony. A implementação também pode ser vista como uma forma da empresa coletar dados de usuários e implementar mais DRMs, além de, quem sabe, lançar um laucher próprio futuramente, o que pode ser um grande tiro no pé.
O grande diferencial do PC em relação a outras plataformas é a sua liberdade, que vai desde a customização de hardware até a prática de modificar games. A implementação da PSN acabou atacando justamente essa “regra silenciosa” da plataforma, principalmente por limitar a compra do game em certas regiões do globo que não possuem a PSN.
Em alguns casos, esse tipo de polêmica acaba indo tão longe que afeta o bolso das empresas. Gigantes como Ubisoft e EA Games, por exemplo, chegaram a tentar abandonar a Steam e lançar seus jogos em plataformas próprias, mas eventualmente colocaram o rabo entre as pernas e lançar seus jogos com menos restrições na Steam novamente.
Se o backlash do público com títulos como God of War Rangarok será grande o suficiente para machucar o bolso da Sony, só o tempo dirá. No entanto, uma coisa já é certa: a polêmica foi tão longe que claramente o ponto mais importante do lançamento está sendo esquecido: o game em si.
Uma versão que merece atenção, apesar da polêmica
Apesar das polêmicas em seu lançamento, God of War Ragnarok é a versão definitiva do game da Santa Monica. Adianto, inclusive, que nem o PS5 Pro vai conseguir superar as possibilidades entregues por essa versão do game.
Utilizando uma key fornecida pela PlayStation, começamos nossos testes com o jogo por aqui em um PC de ponta, e o título não decepcionou. O motivo? God of War Ragnarok chegou equipado com diversas soluções que fazem sucesso e já são obrigatórias no PC. Em seu lançamento, o port inclui:
Taxa de quadros destravada e suporte para altas resoluções (4K)
DLSS 3.7
AMD FidelityFX SuperResolution (FSR) 3.1
Intel XeSS 1.2
Tecnologia de geração de frames da Nvidia e da AMD
Suporte para telas ultrawide (21:9) e super ultrawidescreen (32:9)
Suporte para mouse/teclado completo, bem como controles de terceiros além do DualSense
Nvidia Reflex para movimentação com baixa latência
Suporte para Áudio 3D e feedback háptico
Com esse pacote de funcionalidades, o game se equipara a outros títulos da PlayStation que vieram bem completos ao PC, incluindo o God of War anterior.
Experiência no PC
Para os nossos testes, utilizamos um PC baseado em Nvidia, o que permitiu tirar proveito das tecnologias da empresa com inteligência artificial.
PC usado nos testes
Monitor: Mancer Valak VX3H (Veja review) e Pichau Nexus Wide (Veja review)
- Placa-mãe: MSI Pro Z790-P Wi-Fi
- Placa de vídeo: RTX 4070 Founders Edition
- Processador: Intel Core i9-13900
- Memória RAM: 64 GB com Kingston Fury DDR5 de 32 GB (2x16) e Lexar Ares DDR5 de 32 GB (2x16)
- SSD com sistema operacional: Corsair Force MP500 de 500 GB
- SSD Com games: Lexar NM790 de 4 TB
- Sistema: Windows 11
Logo após passar pelo login obrigatório da PSN, o jogador pode configurar os presets gráficos em um menu bem interessante. Assim como em outros games portados pelo estúdio Nixxes, Ragnarok exibe em tempo real as alterações feitas nos visuais do game, aplicativo praticamente tudo rapidamente e sem a necessidade de uma reinicialização.
God of War Ragnarok possui um menu que mostra alterações em tempo real.
Os problemas de desempenho que afetaram alguns jogadores durante os primeiros dias no PC também não deram dor de cabeça por aqui. Utilizando uma tela de 1440p, foi possível jogar God of War Ragnarok com gráficos no Ultra e acima dos 100 quadros por segundo, cortesia do DLSS equilibrado em ação na RTX 4070.
A tecnologia de upscaling da Nvidia utiliza inteligência artificial para melhorar a imagem do game e garantir um melhor desempenho da GPU. Assim, é possível até mesmo rodar o jogo em 4K e acima dos 60 quadros por segundo no PC usando o DLSS em placas Nvidia mais recentes, principalmente com a função de geração de quadros ativada.
Usando o DLSS, é possível alcançar os 4K e 60 quadros por segundo em God of War Ragnarok com tranquilidadeFonte: Nvidia
Enquanto a solução de upscaling da AMD, o FSR, também funciona de maneira satisfatória, o indicado para quem possui uma GPU RTX é usar e abusar do DLSS e o Frame Generation da Nvidia. Graças ao uso de IA e o longo desenvolvimento da tecnologia nos últimos anos, o resultado entregue pelo combo é impecável, sem borrões na tela ou artefatos perceptíveis.
O visual da versão de PC em um PC de alto desempenho permite aproveitar a história cinematográfica do game em seu ápice. No entanto, é importante ressaltar: se você não gostou do jogo anterior da franquia, possivelmente não vai curtir Ragnarok também, visto que o título é basicamente o GoW de 2020, só que maior e melhor — para quem curtiu essa nova fórmula, que é exatamente o meu caso.
Ragnarok roda bem no Steam Deck
Além de rodar de maneira extremamente satisfatória em um computador de ponta, God of War Ragnarok também funciona até mesmo no Steam Deck. O título chegou ao PC com um selo de verificado no console portátil, ou seja, basta abrir o game e sair jogando no console da Valve.
God of War Ragnarok é compatível com o Steam Deck
Por aqui, nós jogamos God of War Ragnarok no Steam Deck base, que possui as seguintes configurações:
Tela: Display de 7 polegadas LCD
Resolução: 1280x800 pixels
Taxa de atualização: 60 Hz
Processador: APU da AMD de 7 nm com arquitetura Zen 2, 4 núcleos e 8 threads, frequência de 2,4 a 3,5 GHz
GPU: placa integrada com 8 unidades de computação de arquitetura RDNA 2, frequência de 1,6 GHz
Memória: 16 GB de RAM LPDDR5 integrada (quatro canais de 32 bits, 5.500 MT/s)
Consumo energético da APU: 4 a 15 W (usamos o produto em 15W nos testes)
Armazenamento: 64 GB com cartão de memória de 1 TB.
Como estou utilizando um modelo do Steam Deck de 64 GB, instalei e coloquei o game para rodar em um cartão de memória de 1 TB. Isso não prejudicou os carregamentos de início e também em telas de loading — os créditos iniciais demoram mais que o tempo para o jogo abrir, por exemplo.
Quando o assunto é desempenho, God of War Ragnarok é satisfatório e fica dentro do esperado para o portátil da Valve. O jogo roda com gráficos no baixo e com framerate estável entre 30 e 45 quadros, na resolução nativa, sem o uso de Frame Generation ou AMD FSR.
God of War Ragnarok roda nativamente com gráficos no baixo no Steam Deck original.
Esse desempenho é possível deixando o consumo do console ilimitado, o que acaba exigindo mais da bateria. Ainda assim, o resultado é bem satisfatório, com gráficos bonitos e bem definidos para a tela do portátil. Quem optar por usar o FSR e o Frame Generation da AMD pode conseguir ainda mais quadros por segundo, mas terá que lidar com borrões e eventuais artefatos, o que pode atrapalhar a experiência.
A disponibilidade do jogo no Steam Deck faz muita diferença para quem já possui um computador capaz de rodar o jogo em alta definição, principalmente por causa do save na nuvem. Assim, é possível continuar o gameplay de onde parou mesmo estando longe do desktop, inclusive deitado na cama.
A praticidade na troca de plataformas até faz pensar em como a Sony poderia investir em um portátil decente ao invés do PS Portal, pois a experiência de rodar o jogo nativamente e de forma estável, mesmo que com gráficos inferiores, faz muita diferença na hora do gameplay.
Comprar agora ou esperar?
Após os primeiros patches lançados pela Santa Monica, God of War Ragnarok rodou de maneira estável por aqui, com o único "empecilho" que pode afastar jogadores sendo a obrigatoriedade do uso da PSN. Caso isso não te incomode, vale a pena deixar o game em seu radar.
Em um PC de ponta, God of War Ragnarok entrega a experiência máxima disponível no game atualmente. Além disso, a galera do computador também tem a possibilidade de jogar no Steam Deck, que permite rodar o título nativamente com gráficos inferiores, mas em qualquer lugar.
Para quem busca um jogo bom de narrativa e curtiu a aventura anterior de Kratos e Atreus, vale a pena ficar de olho em God of War Ragnarok no PC, mesmo com as polêmicas envolvendo a PlayStation ultimamente.
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