Frostpunk 2 entrega uma experiência igualmente desafiadora e instigante - Review

6 min de leitura
Imagem de: Frostpunk 2 entrega uma experiência igualmente desafiadora e instigante - Review
Imagem: 11 Bit Studios/Divulgação

Não é de hoje que mundos pós apocalípticos mexem com o imaginário do ser humano. Imaginar um cenário onde a vida como conhecemos é severamente afetada, seja por desastres naturais ou ações humanas diretas, sempre foi uma grande fonte de inspiração para livros, séries e jogos. Frostpunk, lançado em 2018, foi um dos diversos games que abordaram tal conceito, nos trazendo um jogo de estratégia cujo objetivo era sobreviver e preservar o que restou da raça humana após uma grande nevasca que devastou a sociedade que conhecemos e manteve a terra eternamente em um estado de congelamento.

Seis anos depois a 11 Bit Studios traz a aguardada sequência do jogo que foi sucesso de críticas e vendas, com a promessa de expandir ainda mais a brutal experiência do título original. Será que Frostpunk 2 consegue entregar uma experiência realmente elevada em relação ao seu antecessor? Ou será que todas as adições acabam tornando o jogo convoluto demais? Você descobre isso na nossa análise a seguir!

Além de Nova Londres

Frostpunk 2 é dividido em dois distintos modos: a campanha e o construtor de utopias. Para aqueles que jogaram a campanha anterior a história soará similar, já que ela acontece 30 anos após os eventos do primeiro título, continuando a saga de Nova Londres. Após a morte do antigo dirigente você deverá assumir o destino do último alicerce da humanidade, mas dessa vez o desafio será muito maior que antes.

Se em Frostpunk nós estávamos limitados a pequenas construções em volta do nosso gerador, nessa sequência a área a ser desbravada e expandida é muito maior, trocando estruturas com funções específicas por distritos inteiros com diferentes atribuições. Isso torna o que no jogo antigo era a nossa base inteira, apenas o centro da cidade a ser construída em Frostpunk 2.

Distritos substituem as construções do jogo original.Distritos substituem as construções do jogo original.Fonte:  11 Bit Studios/Divulgação 

Embora isso possa parecer um pouco muita responsabilidade para um jogo que já era difícil, a campanha tem como objetivo introduzir o jogador aos poucos a esses, e outros novos, conceitos e complexidades adicionadas na sequência. Mas não se engane, apesar de ter um caráter mais explicativo que o modo sandbox, a campanha de Frostpunk 2 é difícil e muitas vezes erros, em especial nas dificuldades mais elevadas, podem ser fatais.

No geral o modo história é uma excelente experiência e, mesmo que muitas vezes a alta complexidade do jogo acabe sim sendo opressora, faz bem esse trabalho de ensinar os conceitos necessários para destravar essa nova terra destruída. Mas seu mérito vai além de sua função como tutorial, já que a história apresentada é envolvente e mexe muitas vezes com dilemas morais dos jogadores (algo que também é feito no modo utopia mas em menor escala) que se verá obrigado a tomar decisões de caráter duvidoso para alcançar o sucesso.

Eventos randômicos podem mudar a estratégia corrente do jogadorEventos randômicos podem mudar a estratégia corrente do jogadorFonte:  11 Bit Studios/Divulgação 

A única crítica pertinente aqui é a sua duração, que é relativamente curta, algo que me levou em torno de 7 horas. Embora existem múltiplos finais e caminhos alternativos baseados nas decisões do jogador, o que incentiva a voltar para ela algumas vezes, é inegável, até pela sua qualidade, que acaba ficando um gostinho de quero mais ao terminá-la.

Um animal político

Aristóteles milhares de anos atrás já afirmava: o homem é um animal político devido a sua inclinação para a vida em comunidade. Esse conceito é algo que permeia toda a experiência de Frostpunk, e foi tornada ainda mais relevante em sua sequência. Se antigamente nós tínhamos a obrigação, para preservar nossa posição como regente, de agradar a população de Nova Londres, agora isso é ainda mais importante.

Uma das maiores e mais relevantes adições do game são o novo sistema político e de facções. Se o antigo regente detinha um poder ditatorial e era livre para tomar as decisões da civilização, em Frostpunk 2 todas as decisões são votadas em um sistema democrático, que de certa forma reflete a estrutura de votação que vemos em parlamentos reais ao redor do mundo. Esse parlamento é composto por pessoas divididas em diferentes facções, cada uma com suas crenças e posições políticas, que muitas vezes entram em conflito direto umas com as outras.

Facções possuem suas próprias ideologias e visões de mundoFacções possuem suas próprias ideologias e visões de mundoFonte:  11 Bit Studios/Divulgação 

Temos por exemplo grupos políticos que acreditam que manter Nova Londres como último bastião da humanidade seja a melhor forma de garantir o futuro da civilização, enquanto outros acreditam que a expansão pela terra congelada seja a forma vital de garantir a sobrevivência. Para gerir todos esses interesses e filosofias, Frostpunk 2 dá ao jogador uma gama de ferramentas para manipular a política da cidade, desde promessas de leis a pesquisas científicas específicas, até formas mais agressivas de controle, como prisões e sabotagens. Saber gerir todas as facções é vital para o sucesso no jogo, seja na campanha ou no modo utopia, visto que, além de terem poder sobre as leis que o jogador precisa aprovar, cada um desses grupos tem o poder de instaurar o caos na cidade, fazendo protestos ou ativamente destruindo distritos para expressar seu descontentamento.

Posso afirmar que dentre todas as adições em relação ao seu antecessor, essa é facilmente a mais interessante e que na minha visão traz mais diversidade ao jogo. Primeiramente porque a forma que você lida com cada uma das facções na campanha é que é responsável pelo desdobramento da história e dos caminhos a seguir mas também pois no modo utopia, onde o mapa e esses grupos podem ser gerados de maneira randômica, as diferentes combinações de facções podem mudar diretamente o seu começo de jogo e a forma que você lida com os desafios ao longo do tempo.

Desbravando as terras gélidas

Se engana quem pensa que apenas o tamanho de Nova Londres ou seus novos grupos políticos sejam as únicas mudanças de Frostpunk 2. Outra adição que também afeta e muito a forma de jogar é o novo sistema de exploração das terras gélidas. Se antigamente esses vastos espaços destruídos pelo frio serviam apenas como forma de adquirir recursos extras por meio de explorações pontuais, agora todo o sistema foi expandido, permitindo até mesmo a construção de colônias.

Adição de colônias muda bastante a dinâmica e a dificuldade em Frostpunk 2Adição de colônias muda bastante a dinâmica e a dificuldade em Frostpunk 2Fonte:  11 Bit Studios/Divulgação 

Essas colônias funcionam basicamente como uma versão simplificada da sua cidade base, tendo todo o ciclo de gameplay (de recursos e construção de distritos) semelhante a capital, porém com uma versão simplificada do sistema de facções (que são unificadas em um único grupo só, chamado de colonizadores). A principal função dessas colônias é a captação de recursos que não estão disponíveis na sua cidade, podendo-se transferir entre ambas todos os tipos de materiais e até mesmo população, permitindo que sua capital e essas bases extras todas disponham dos recursos necessários para sobreviver. Como os recursos em Frostpunk são escassos, a exploração e construção dessas colônias são fundamentais para a sobrevivência de seu povo, então geri-las é essencial para o sucesso no jogo.

Vale a pena?

Além das excelentes adições de gameplay, é preciso ressaltar que Frostpunk 2 também eleva seu antecessor nos quesitos gameplay e ambientação, ainda que isso seja esperado pela migração para a Unreal Engine 5. No geral, a 11 Bit Studios faz um excelente trabalho com a nova entrada na franquia, pegando tudo o que havia lhe trazido sucesso seis anos atrás e expandindo a novos patamares.

Claro que Frostpunk 2 não é perfeito e contém seus defeitos, como a campanha curta e alguns problemas de engasgo gráfico quando as cidades ficam muito grandes, além de ser um título brutal no quesito dificuldade e complexidade, não sendo muito convidativo para aqueles que preferem uma experiência mais relaxante ou orientada a história. Caso você seja fã do original, ou esteja disposto a encarar a complexidade, o que temos aqui é um excelente título de estratégia que entrega uma experiência profunda que, além de divertir, também instiga a pensar não só em planos e táticas, mas em aspectos morais e éticos e o quão longe estamos dispostos a ir para sobreviver.

Nota Voxel: 90

Pontos positivos (prós):

  • Sistema político é complexo e divertido
  • Campanha muito bem estruturada
  • Escala muito maior que seu antecessor
  • Legendas em PT-BR

Pontos negativos (contras):

  • Campanha curta
  • Engasgos gráficos
  • Complexidade demasiadamente elevada para novos jogadores

Uma cópia de Frostpunk 2 para computador foi cedida pelo estúdio para a realização da análise. O game chega em 20 de setembro no PC.

Cupons de desconto TecMundo:
* Esta seleção de cupons é feita em parceria com a Savings United

Categorias

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.