O mercado de games está passando por uma fase complexa, com os jogos ficando cada vez maiores, mais realistas e, consequentemente, mais caros. Ao mesmo tempo, jogos consolidados e com ecossistemas online movimentados, como Fortnite e Roblox, dominam a atenção de muitos jogadores e se tornam “lugares confortáveis” para quem joga.
Esses padrões acabaram causando certo cansaço em alguns jogadores, o que ganhou popularidade na internet com o termo Síndrome do PC Gamer. Atualmente, vivemos cercados de inúmeros jogos, que oferecem cada vez mais conteúdo e possibilidades, mas isso pode acabar fazendo a vontade de jogar diminuir ou ir embora por completo.
Trabalhando com games diariamente, vez ou outro me vejo nesse dilema. O que jogar primeiro? Qual jogo merece meu tempo livre? Quais games eu consigo encarar por completo na correria do dia a dia?
Enquanto eu aproveitava o mundo aberto gigante de Mafia no Xbox Game Pass e os diversos estímulos mentais da nova temporada de Fortnite, um jogo simples acabou passando por aqui e roubando minha atenção: Mika and The Witch’s Mountain.
Uma bruxa (e um game) em crescimento
Produzido pelo estúdio Chibig, Mika and The Witch’s Mountain é um projeto que ganhou vida graças ao auxílio de financiamento coletivo e promete uma experiência simples e direta de gameplay. O jogador assume o papel de uma aprendiz de bruxa que precisa fazer entregas em um pequeno vilarejo, com claras referências ao filme Serviço de Entregas da Kiki, do Studio Ghibli.
A história começa com a personagem chegando em sua escola de magia e passando pelo seu primeiro teste: a professora joga a pupila de um penhasco com o desafio dela voltar lá para cima. A vassoura da protagonista acaba quebrando e ela precisa trabalhar como entregadora para comprar um equipamento melhor e finalmente concluir o desafio.
Bruxa aprendiz precisa trabalhar para voltar para a sua escola.
Enquanto realiza entregas, o jogador vai conhecendo o belo mapa do game e também os moradores locais. Assim como o filme que claramente inspira o jogo, Mika and The Witch’s Mountain entrega uma história de crescimento que pode ser interessante para públicos mais jovens, mas não espere nada de extraordinário vindo do game.
Enquanto a proposta da história é boa e o jogo conta com diversos personagens com ótimo design, a narrativa não é tão aprofundada, apesar de trazer certas escolhas. Na grande maioria do tempo, a narrativa só está ali para justificar a movimentação pelo mapa.
Como o jogo está em acesso antecipado no PC, é válido notar que o título também está em “crescimento”. Tanto a história quanto a jogabilidade deixam pontas soltas e espaços para melhorias, que já foram prometidas para o futuro.
Gameplay simples e relaxante
Quando o assunto é jogabilidade, Mika and The Witch’s Mountain entrega uma experiência de gameplay divertida, bem desenhada e concisa, o que me agradou bastante. O jogo se passa em um mapa aberto, mas que é pequeno e pode facilmente ser decorado pelo jogador durante a jogatina.
A progressão também não tem muitos rodeiros: você recebe um cartão de entregas a cada dia jogado e também precisa encontrar pacotes perdidos pelo mapa e devolvê-los aos moradores. Enquanto as tarefas são mais complexas no primeiro dia, quando sua vassoura ainda é bem limitada e você mal conhece o mapa, o gameplay de voar e realizar as entregas fica delicioso com o passar do tempo.
Mika possui um gameplay simples e relaxante.
A ausência de um minimapa acaba você fazendo abrir o menu principal com frequência, o que acaba sendo irritante no começo. No entanto, depois que você “pega o jeito” dos locais e começa a conhecer a comunidade da ilha, tudo fica mais fácil, divertido e familiar.
Toda a experiência é livre de combates ou grandes conflitos. O grande desafio do jogo é descobrir as melhores rotas para entregar os pacotes, que podem ter alguns dificultadores como fragilidade ou fraqueza contra água, por exemplo. No entanto, a natureza simples do gameplay torna o jogo uma ótima pedida para quem está começando nos games ou simplesmente busca uma experiência relaxante de gameplay.
Um jogo para quem está começando ou está cansado de jogar
No fim das contas, a simplicidade de Mika and The Witch’s Mountain foi o grande fator que me cativou. Eu estou acostumado a encarar jogos gigantes de mundo aberto ou passar horas em títulos como Fortnite, que lotam o jogador de tarefas a serem concluídas. Até mesmo indies como Stardew Valley, eventualmente, podem deixar o usuário muito carregado.
A experiência de ficar voando para lá e para cá com pacotes em Mika and The Witch’s Mountain é bem relaxante, enquanto o gameplay amigável torna o título uma ótima porta de entrada para crianças, jovens e até adultos que não tem muita familiaridade com games. Além do ciclo de gameplay simples, o jogo também conta com belos cenários e uma ótima trilha sonora, o que deixa a experiência bem gratificante.
O jogo já vem com legendas em português brasileiro.
O jogo também possui legendas em português brasileiro e é uma ótima pedida para quem joga em dispositivos portáteis. Por aqui, eu testei o jogo no Steam Deck, onde o título está 100% otimizado e entrega uma baita experiência.
Oportunidades para crescimento
Enquanto a simplicidade de Mika and The Witch’s Mountain pode ser um fator interessante para quem busca uma experiência mais concisa, é importante ressaltar que o jogo também sofre com falta de conteúdo. Pode até parecer contraditório, mas isso realmente acontece no momento atual, onde o jogo está em acesso antecipado.
Eu terminei a campanha principal em cerca de quatro horas no Steam Deck e fiquei com vontade de seguir jogando. No entanto, tudo que sobrou foram algumas entregas extras que podem ser concluídas em pouco tempo extra de gameplay.
Na página oficial do game na Steam, a desenvolvedora aponta que já está trabalhando em novidades que chegam a partir de outubro, incluindo novas missões e três minigames. Futuramente, o jogo também receberá suporte para Dungeons, o que também deve aumentar consideravelmente a oferta de conteúdo.
Vale a pena comprar?
Mika and the Witch's Mountain entrega uma experiência de gameplay simples e relaxante, com ótimos gráficos e trilha sonora. Enquanto a pouca quantidade de conteúdo pode desagradar no lançamento do acesso antecipado, o game entrega uma jogabilidade sólida e promete um futuro promissor.
Se você está cansado dos padrões atuais da indústria AAA com jogos cada vez maiores e complexos, o título da bruxinha pode te agradar. Com um gameplay simples, o game cativa ao combinar uma jogabilidade relaxante com belos gráficos e trilha sonora, que funcionam muito bem em consoles portáteis como o Steam Deck.
Com lançamento marcado para o dia 21 de agosto, o jogo está disponível para compra no Nintendo Switch por R$ 101,99, o que acaba sendo salgado para o conteúdo entregue em sua versão inicial. No entanto, com a promessa de mais novidades futuramente, o game certamente merece ficar no seu radar, principalmente se você curte títulos bonitinhos e relaxantes.
Nota de Acesso Antecipado: 75
Pontos positivos:
Belos gráficos e trilha sonora
Gameplay de voo divertido
Jogabilidade concisa e convidativa para novos jogadores
Pontos negativos:
Pouca oferta de conteúdo no lançamento;
Uma cópia de Mika and the Witch’s Mountain foi cedida para análise pela desenvolvedora na versão de PC, que possui uma demo grátis na Steam. O game também chega no dia 21 de agosto ao Nintendo Switch, com versões planejadas para PlayStation e Xbox no futuro.