Nos últimos anos, a Riot Games tem investido em novas formas de explorar o universo de League of Legends, que é um dos jogos mais populares da atualidade. Essa é uma estratégia que rendeu o sucesso estrondoso de Arcane, série da Netflix que estreou em 2021, e também vários jogos de menor escopo através da Riot Forge — iniciativa que foi encerrada pela companhia em janeiro deste ano, após uma desastrosa demissão em massa que afetou cerca de 530 trabalhadores.
Agora, os fãs do MOBA têm a oportunidade de vislumbrar seus campeões favoritos em um novo estilo de jogo com 2XKO. Embora o nome não tenha qualquer relação com Runeterra (e até cause estranhamento), o título se trata de um jogo de luta em duplas, no melhor estilo Marvel Vs. Capcom, com vários rostos familiares aos jogadores, entre eles: Ahri, Ekko, Darius, Illaoi, Yasuo, entre outros.
O Voxel teve a oportunidade de participar do Alpha Lab de 2XKO, que permitiu experimentar uma versão ainda em desenvolvimento do game que deve chegar oficialmente só em 2025. Nas linhas a seguir, você confere as primeiras impressões e o que esperar do lançamento. Vale lembrar que ele chega gratuitamente para PC, PS5 e Xbox Series X|S.
Ação em dobro
A premissa básica de 2XKO é selecionar uma dupla de campeões, com a possibilidade de chamar o companheiro com ataques de assistência ou até mesmo assumindo completamente o seu controle durante o combate. Isso significa que, se o usuário deseja jogar sozinho, é preciso dominar pelo menos dois personagens para se dar bem nas partidas.
Mas é aqui que entra a parte mais legal do game: é possível convidar um amigo e jogar cooperativamente com ele, com cada um assumindo seu respectivo boneco na dupla. Isso traz uma nova dinâmica ao gênero, pois a comunicação passa a ser a chave para acertar o tempo das interações e emendar sequências sinérgicas.
Claro, isso não é necessariamente novidade quando pensamos em jogos como MultiVersus, que tem como foco as partidas em duplas. No entanto, é a primeira vez que esse elemento é trazido com tanta eficácia a um jogo de luta mais tradicional. Nos testes, a vontade foi de não jogar mais sozinho e apenas curtir as partidas com amigos, rendendo momentos muito engraçados e divertidos.
2XKO se inspira em jogos de luta em tag para oferecer ação acelerada e expressividadeFonte: Divulgação/Riot Games
A minha percepção é que as partidas em dupla de 2XKO são uma forma muito inteligente de quebrar uma barreira de entrada do gênero. É muito difícil que iniciantes tomem a iniciativa de aprender um jogo de luta por conta própria, tendo em vista todas as suas camadas de complexidade e fundamentos.
No entanto, a possibilidade de jogar cooperativamente serve como um convite para se unir a algum jogador mais veterano e aprender com sua instrução. Isso traz uma leveza muito bem-vinda a um gênero que é competitivo por natureza. Felizmente, o netcode, que é baseado em rollback, também cumpriu um excelente papel para deixar as partidas estáveis e aprazíveis — pelo menos em casos em que todos os jogadores são da mesma região.
A tecnologia, que já é um novo padrão nos jogos de luta, dispensa o atraso nos comandos em caso de problemas de conexão e proporciona um ecossistema online muito mais confiável. Por se tratar de um Alpha, também houve partidas em que o desempenho não estava agradável, com muitos saltos de frames e travadas aleatórias, mas a Riot Games está no caminho correto para entregar um serviço de qualidade.
Simplicidade que engana
Outra característica marcante de 2XKO são os seus comandos, que dispensam movimentos de meia-lua e apostam em combinações simples de botões. Por exemplo, há apenas três botões de ataque (fraco, médio e forte) e dois botões de especial (S1 e S2). Além disso, há um botão de assistência, que também serve para trocar de personagem se pressionado.
Os golpes exclusivos de cada personagem variam de acordo com a direção que for pressionada em conjunto com o botão. Esse é um padrão que se repete para todo o elenco e facilita a experimentação, então é muito fácil de pegar um novo lutador e aprendê-lo do zero. Por isso, o jogo também quebra outra barreira de entrada dos jogos de luta: a dificuldade de execução.
2XKO promete trazer personagens famosos de Arcane, incluindo Ekko e JinxFonte: Divulgação/Riot Games
Mas isso não significa que 2XKO não tenha a sua própria complexidade. Por ser inspirado em jogos do estilo tag, como o já citado Marvel Vs. Capcom, o jogador tem que lidar constantemente com sequências longas e difíceis de defender. Felizmente, o jogo também traz várias mecânicas defensivas que aliviam vários momentos de pressão. Entre elas estão um parry, um empurrão enquanto defende, uma técnica para quebrar combos e muito mais.
Isso está alinhado com a filosofia do time de desenvolvimento, que quer entregar um jogo fácil de aprender, mas difícil de dominar. Funciona muito bem na prática e é possível criar memória muscular rapidinho, em poucas horas de gameplay.
Desempenho e visuais ainda podem melhorar
Seguindo o histórico da produtora, 2XKO tenta ao máximo contemplar máquinas com placas de vídeo mais fracas e entregar um desempenho estável. No entanto, o Alpha apresentou alguns problemas com travadas, especialmente nos lobbies online em que os jogadores podem andar com avatares personalizáveis.
Isso foi agravado de certa forma pelas animações dos personagens, que não têm quadros de transição e dão a impressão de que estão teletransportando quando se movimentam. Por isso, seria interessante se dessem uma caprichada para evitar esse estranhamento.
Apesar disso, o jogo acerta bastante na sua direção artística e entrega gráficos estilizados, que chamam a atenção pelas suas cores vibrantes. O mesmo não pode ser dito da interface de menus, que ainda é muito provisória e confusa. É de se esperar que a Riot Games faça grandes mudanças nesse aspecto.
Vale ficar de olho
Apesar de ainda ser uma versão de desenvolvimento muito inicial, o Alpha Lab de 2XKO conseguiu provar que o jogo realmente é divertido como parece. Ainda é muito cedo para entrar no mérito de balanceamento, mas os poucos personagens disponíveis são variados e interessantes o bastante para sustentar horas a fio de diversão.
Mesmo sendo veterano em jogos de luta, eu particularmente não sou muito fã do sistema de tag. Ainda assim, 2XKO conseguiu chamar minha atenção com o modo cooperativo e acredito que este será o seu maior chamariz.
Deu para sentir que o jogo recompensa os jogadores que estiverem mais investidos em aprender e aplicar suas mecânicas, rendendo combos e sequências intimidadoras. Felizmente, o modo cooperativo serve como uma forma de estender a mão para principiantes e fazer com que todos evoluam juntos.
Em suma, as impressões foram bastante positivas. Fica claro que a Riot Games fez a lição de casa e montou um time hábil para entregar um fighting game competente e com margem para a expressividade dos jogadores. Com certeza vale deixar no radar e acompanhar as novidades, que devem ser anunciadas nos próximos meses.
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