Jogos que apostam forte em uma direção artística diferenciada sempre chamam a atenção do público — e parece que o estúdio brasileiro Hammer95 captou essa ideia de alguma forma. Não é para menos que Mullet Madjack, shooter explosivo com DNA noventista na veia, traz um conceito nostálgico com um estilo de arte refinadíssimo — para agradar até os paladares mais exigentes.
A régua de qualidade para os jogos brasileiros ficou muito alta após Fobia - St. Dinfna Hotel, survival horror da Pulsatrix Studios. Mas fique tranquilo, pois o legado está sendo mantido com sucesso.
Apesar de ser totalmente diferente e ir mais para o lado arcade da coisa, Mullet Madjack provou que tem atitude suficiente para se consagrar como um ótimo representante entre os indies nacionais.
A primeira impressão é marcante logo de cara e traz flashbacks nostálgicos de grandes obras japonesas como Akira e Ghost in the Shell. O visual arrojado é todo trabalhado em cores vibrantes e estética retrô com traços de anime, ao mesmo tempo que é futurista.
Mas Mullet Madjack não é só mais um rostinho bonito, não. O FPS também tem claras inspirações no clássico Doom e aposta forte no tiroteio intenso com efeitos coloridos — trazendo um gameplay frenético, explosivo e realmente satisfatório.
Mullet Madjack será lançado apenas para PC (Steam) no dia 15 de maio — mas você também pode testar uma demo grátis na plataforma da Valve. Quer saber se o indie brasileiro se saiu bem? Então confira as impressões do Voxel a seguir!
Estética japonesa é um deleite aos noventistas
Se você é do time que aprecia uma boa experiência visual, ficará potencialmente vidrado na estética de Mullet Madjack, que traz uma forte combinação de elementos retrô e futuristas que podem conquistar os corações nostálgicos.
A estética de Mullet Madjack é de tirar suspiros de qualquer fã de cultura pop noventista.Fonte: Hammer95
É tudo apresentado em uma direção artística que mescla vários conceitos de estética japonesa, desde o anime até o SCI-FI. Se você é fã de obras nipônicas como Akira, Ghost in the Shell e Cowboy Beboop, que retratam uma realidade distópica do Japão futurista, perceberá as referências logo de cara.
Não apenas isso, mas a Hammer95 também adicionou um pouco de brasilidade na fórmula, com alguns elementos que marcaram a década de 1990 por aqui. Um grande exemplo é o Bichinho Virtual, um brinquedo que se tornou febre entre os brasileiros de outrora. Em Mullet Madjack, ele é muito mais que apenas um amuleto e impacta de uma forma bem inteligente no game design.
A arte de Mullet Madjack é inspirada em um conceito retrô e futurista, no melhor estilo Akira e Ghost in the Shell.Fonte: Hammber95
Cada cenário de Mullet Madjack é meticulosamente projetado para transmitir uma sensação de nostalgia sem igual — desde as paisagens urbanas cintilantes com letreiros em japonês até os neons vibrantes e os arranha-céus futuristas.
A direção de arte passa uma sensação sutil de estar vendo anime na TV de tubo depois da escola. Bons tempos!
A pressa é amiga da perfeição
A trama de Mullet Madjack é simples e objetiva. Aqui, os jogadores terão que resgatar "a influenciadora mais famosa do planeta" das garras de uma organização criminosa, composta por poderosos robôs bilionários — que convenientemente se chamam Robilionários.
O encarregado da missão é o querido Moderador, um protagonista com visual arrojado e um respeitável mullet, que topou a aventura apenas para conseguir um novo par de tênis. Enquanto desbrava 10 andares de um prédio gigantesco para salvar a garota, há uma câmera em seu corpo transmitindo toda a chacina em uma live com vários telespectadores — que querem mais é que o circo pegue fogo.
Toda a chacina do Moderador é transmitida para uma audiência que quer mais é que o circo pegue fogo.Fonte: Hammer95
Nesse futuro distópico, os justiceiros são viciados em dopamina — e para conseguir a sua dose, você terá que matar inimigos pelo caminho. Tudo isso é orquestrado em um gameplay intenso e violento no estilo roguelite, onde todo tempo conquistado eliminando robôs é precioso para chegar ao próximo checkpoint.
Ao todo, são 100 fases diferentes, divididas em 10 missões por andar e um chefão ao fim de cada uma delas. Mullet Madjack tem uma incrível variedade de cenários e você pode usar tudo ao seu favor, mas o que torna o gameplay extremamente agradável é a mobilidade do protagonista — que também pode sair deslizando e dando pontapés freneticamente por aí.
Cada troca de fase oferece uma habilidade ou arma que pode ser escolhida pelo Moderador para apimentar ainda mais o gameplay de Mullet Madjack.Fonte: Hammer95
Claro, o arsenal é de respeito. Cada troca de fases te dá a oportunidade de escolher uma arma ou habilidade diferente — e tem para todos os gostos, viu? Curte um gameplay mais rápido? Então vá fatiando tudo de katana. É do time que gosta do bom e velho tiroteio? Também tem várias opções de armas aqui para você — desde pistolas até os calibres mais pesados.
As habilidades também dão aquela apimentada na jogatina e permitem que você fique imune a certos danos, se movimente mais rápido entre as fases e muito mais. Tem até uma skill bem bacana que faz o Moderador falar frases de efeito durante a jogatina.
Mullet Madjack: vale a pena?
Mullet Madjack é uma verdadeira carta de amor aos entusiastas da cultura pop noventista. O visual é muito agradável, a temática é bem trabalhada e as referências são um prato cheio de surpresas. Isso sem mencionar a trilha sonora, que evoca sentimentos nostálgicos do bom e velho fliperama.
Mullet Madjack tem opções de dificuldade para todos os gostos, o que torna o shooter bastante acessível.Fonte: Hammer95
Apesar de ser um roguelite, gênero que costuma ser desafiador para alguns, o indie brasileiro é bastante acessível e oferece diferentes níveis de dificuldade. Há um modo onde você pode simplesmente ignorar o tempo e explorar as fases matando os Robilionários de forma descompromissada. Gosta de desafios intensos? Talvez outro modo com morte permanente possa ser a pedida certa!
Mullet Madjack é bastante divertido, mas toda essa diversão tem um preço depois de algumas horas de jogatina — na verdade, é o mal que assola todos os games do gênero roguelite. Apesar da grande variedade de opções, você potencialmente cairá no tédio depois de um tempo.
Por aqui, três horas de jogatina direta bastaram para bater aquela sensação de estar jogando até demais. O gameplay continua ótimo depois de um tempo, mas o ato de matar Robilionários vira um ciclo vicioso e sem fim — e o excesso de cores também acaba incomodando um pouco.
Mas isso não é um problema exclusivo de Mullet Madjack, não. O roguelite é um dos gêneros mais ingratos, pois sua enganosa simplicidade pode pavimentar o caminho para uma jogatina realmente exaustiva para alguns.
Mullet Madjkack sofre dos malefícios do roguelite e cai no tédio após longas jogatinas.Fonte: Hammer95
Além disso, tome um pouco de cuidado caso seja apressado e goste de abusar da mobilidade do Moderador, pois também pode acabar ficando um pouco perdido em algumas fases. Se isso acontecer, basta diminuir o ritmo e prestar mais a atenção à sua volta.
Mas, mesmo com esses pormenores, Mullet Madjack é definitivamente uma experiência que vale o seu tempo. O mercado nacional de games vai muito bem, obrigado!
Nota do Voxel: 85
Pontos positivos
- Estética é um dos pontos altos do jogo;
- Gameplay frenético e bastante satisfatório;
- Boa otimização e quase nenhum problema com bugs;
- Roguelite bem acessível para todos os públicos.
Pontos negativos
- Depois de um tempo, a jogatina potencialmente cairá no tédio;
- Às vezes, o gameplay pode ser frenético até demais e fazer com que o jogador se perca nas fases — mas aí vai depender do seu estilo de jogo.
A review de Mullet Madjack foi realizada no PC com uma cópia cedida pela desenvolvedora. O game ainda não possui versões para outras plataformas.