Na Era dos eSports, os jogos de tiros são comumente associados a títulos competitivos e em primeira pessoa, como Valorant, CS2 e Rainbow Six Siege — mas nem sempre foi assim. Antes do PC se tornar uma plataforma tão acessível, adotando o mouse e o teclado como inputs padrões, consoles mais antigos experimentavam todo tipo de configuração para adaptar a experiência de mirar e atirar em telas.
Durante as gerações do PlayStation 1 e PlayStation 2, as GunCons eram uma das opções mais sofisticadas, trazendo a diversão dos fliperamas para casa. Adiante, o Nintendo Wii inovou com o Wii Remote, enquanto o Xbox apresentou o Kinect ao mundo — tecnologia que dispensava qualquer tipo de controle. Porém, mesmo com a padronização dos mouses, ainda é possível experimentar um nível diferenciado de imersão nesta geração de jogos.
É justamente nesse contexto que surge o Ragnok 2, um mouse bem diferente que promete mais imersão nos jogos de tiro. Inusitado, o modelo adapta a ideia da GunCon de uma maneira bastante prática, mas mantém a portabilidade de um mouse tradicional. Nós recebemos o modelo e testamos por um mês, durante as sessões de jogatina. Confira a análise completa, logo a seguir!
Ragnok 2, na versão branca.
Antes de começar, como de costume, vale lembrar que este texto não é patrocinado. O Voxel também não recebe comissões por quaisquer links a seguir, a não ser que seja previamente declarado.
Ragnok 2 tem design ergonômico, mas único
Sem quaisquer cerimônias, o Ragnok 2 mostra seu propósito logo de cara, com um design inspirado na empunhadura de uma arma. A princípio, a decisão pode desagradar os jogadores que preferem algo mais discreto ou, até mesmo, não-simulacro — mas ela não apenas faz sentido, como funciona muito bem. Com duas opções de cores, sendo a versão em preto mais “realista”, o mouse se destaca dos modelos ergonômicos tradicionais, geralmente destinados a escritórios, e mantém sua identidade voltada para jogos.
Construído em um plástico resistente, mas ainda leve, o Ragnok 2 tem cinco botões, sendo um intercambiável para um gatilho de metal. Já os switches são mecânicos, do tipo azul, e possuem um clique bastante alto e responsivo. Contudo, os botões principais — em formato de gatilho — não são tão firmes, tendo certo “chacoalho”, além de possuírem uma longa distância de viagem até o acionamento do input. Esse detalhe não é um problema, necessariamente, a depender das exigências de cada usuário.
Complementando, há uma base plástica que se encaixa na parte inferior do mouse e funciona como um apoio, muito bem-vindo, para a mão. Esse componente é opcional para a experiência, mas a torna bem mais confortável, evitando atritos com o mousepad. Seu formato, assim como o próprio Ragnok 2, é pensado exclusivamente para destros — e, ao menos até o momento, não há uma versão para canhotos. Todavia, ainda é possível utilizá-lo com a mão esquerda, no “jeitinho brasileiro”, ainda que se perca a funcionalidade de um botão e do Scroll.
Ragnok 2 e acessórios.
Na parte dos recursos, o Ragnok 2 traz como diferencial um sistema de vibração a cada clique. Embora não ofereça muito níveis de precisão ou pressão, a adição é bastante divertida na hora da jogatina e garante certa imersão. Esse sistema pode ser ligado e desligado manualmente em travas na base do mouse. Por outro lado, para os usuários que prezam pela acurácia, há ajustes finos que podem ser feitos no software oficial, encontrado no site do mouse. Lá, é possível configurar macros, estágios de DPI e o polling-rate desejado.
Tratando de seus componentes, o Ragnok 2 não decepciona e traz um competente sensor PAW 3335, com 40g de aceleração, com sensibilidade de até 16.000 DPI e polling-rate de 1000 MHz. Confira mais detalhes adiante!
- Sensibilidade: 16.000 DP (Ajustável);
- Sensor: Bluetooth, PAW 3335;
- Cabo: USB-C, 1,5 m;
- Bateria: 600mAh, autonomia de 56 horas;
- Tamanho: 107 mm x 63 mm × 30 mm;
- Peso: 110g;
- Material: ABS, metal.
Ragnok 2 nos jogos e no cotidiano
Seguindo a recomendação de sua publicidade, testei o Ragnok 2 em múltiplos jogos de tiro — de Valorant, a Fortnite, CS2 e até mesmo alguns shooters de PS2. No caso dos títulos competitivos, o mouse se comportou bem, não apresentando engasgos de nenhum tipo e acompanhou os rápidos movimentos. Naturalmente, seu uso exigiu uma certa curva de adaptação, especialmente para corrigir os impulsos de utilizar o modelo em “três dimensões”, tal qual uma GunCon.
Para eliminar quaisquer parcialidades por conta de minha possível imperícia, optei por testar o mouse com um de meus jogos preferidos do PlayStation 2, Vampire Night. Tratando-se de um rail shooter, o título foi perfeito para ilustrar um caso de uso onde o Ragnok 2 poderia brilhar sem a pressão da competitividade. Nesta sessões, a vibração contribuiu para a imersão e emulou muito bem a sensação de um fliperama.
Vampire Night, PS2.
Em ambos os casos, é inegável que a pegada neutra alivia parte da tensão que seria direcionada ao pulso, no caso da pegada tradicional e pronada. Essa diferença, embora pequena, pode auxiliar a saúde física de jogadores nas longas sessões de jogatina — em especial, aqueles que sofrem, por exemplo, de tendinites e outras dores localizadas. Porém, o benefício chegará após uma inevitável adaptação motora, a fim de evitar outros tipos de torção no uso do Ragnok 2.
Falando de uso cotidiano, o Ragnok 2 já não performa tão bem, apesar de sua ergonomia aparentemente favorável. Mesmo com certo domínio, senti que a longa distância de viagem até a ativação do click atrapalha bastante na navegação comum. Tarefas como selecionar textos e ajustar barras, além do uso do scroll, também se tornam mais exaustivas que o necessário — e desencorajam sua adoção diária. Entretanto, ressalto que este caso de uso não faz parte da proposta do modelo e, dessa maneira, não se trata de um demérito em seu design.
Ragnok 2 é bom? Vale a pena?
Com especificações competentes, construção sólida, e ergonomia aprimorada, o Ragnok 2 é uma ótima alternativa para os jogadores que buscam maior imersão ou conforto. Há de se destacar que sua curva de adaptação pode não ser inicialmente receptiva para todos os usuários, mas faz parte da experiência de qualquer mouse. Dentro de sua proposta, o modelo cumpre o que promete e funciona sem complicações, ou necessidade de instalação de softwares extras.
Tratando de preço, o Ragnok 2 não é tão exigente, sendo vendido por R$ 500 — contudo, já pode ser encontrado em promoções por R$ 400 ou menos. Por não possuir concorrentes diretos — isto é, mouses ergonômicos e voltados para jogos, simultaneamente —, o modelo se posiciona bem no mercado e não deve pesar no bolso. Afinal, trata-se de um mouse sem fio com especificações e recursos gamer, um conjunto que não costuma sair barato no Brasil.
Possivelmente, a alternativa mais próxima e comum seja o Logitech MX Vertical, que pode ser encontrado por similares R$ 500 — ou em promocionais R$ 400. Contudo, há notáveis diferenças nas especificações, como na sensibilidade, em que este modelo suporta resoluções de apenas 4.000 DPI.
Logitech MX Vertical é uma alternativa para o Ragnok 2, mas perde nas especificações pelo mesmo preço.
Dessa maneira, é seguro afirmar que o Ragnok 2 vale a pena e deve agradar os fãs de FPS, competitivos ou casuais. Ainda que tenha pontos a melhorar, como os gatilhos de “longa ativação”, o modelo traz um conjunto respeitável de especificações técnicas por um preço bastante competitivo.
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