O fim de semana foi movimentado para os fãs de videogames — e parece que tem coisa grande vindo por aí. Segundo os boatos, que vem tomando cada vez mais forças nos últimos dias, o Xbox pode lançar seus exclusivos nos consoles da PlayStation e Nintendo em algum momento no futuro. Mas por que a gigante norte-americana expandiria seu catálogo em território concorrente?
Os rumores começaram a surgir nas redes em janeiro de 2024, quando o insider Nate the Hate afirmou que a Microsoft lançará, ainda este ano, um dos seus "jogos originais mais aclamados no sistema de um concorrente" — que muitos acreditam ser Hi-Fi Rush, da Tango Gameworks.
Hi-Fi Rush pode chegar em breve ao PlayStation e Nintendo.Fonte: Epic Games
Já Jeff Grubb, jornalista e insider muito bem relacionado na indústria, corroborou com as informações de Nate the Hate, afirmando que também tinha conhecimento sobre a potencial chegada de Sea of Thieves aos consoles rivais.
Agora, no último fim de semana, esse possível catálogo de exclusivos do Xbox chegando ao PlayStation aumentou ainda mais. Segundo o XboxEra, Starfield no PS5 também pode ser uma realidade no futuro.
Quase na mesma hora, o The Verge publicou outro relatório, afirmando ter conhecimento sobre a potencial estreia do jogo do Indiana Jones no PS5. E se você acha que acabou por aí, está muito enganado.
Em publicação no X (antigo Twitter), o jornalista Jez Corden, do Windows Central, também afirmou, com base em suas fontes, que o catálogo de exclusivos de Xbox no PlayStation será ainda maior. Alguns dos nomes mencionados por ele incluem DOOM Year Zero, Flight Simulator, Halo Infinite, Grounded e Pentiment, que chegariam "eventualmente" ao console da Sony. Já imaginou jogar com o Master Chief em um PS5? Isso pode se tornar realidade.
Aquisições e mais aquisições
Até o momento, a Microsoft não se pronunciou oficialmente sobre esses rumores. Porém, Phil Spencer deixou um comentário em sua conta no X (antigo Twitter) afirmando que "estão ouvindo os fãs" e planejam "um evento de atualização de negócios na semana que vem". De todo modo, por que a gigante norte-americana lançaria seus exclusivos no PS5?
We're listening and we hear you. We've been planning a business update event for next week, where we look forward to sharing more details with you about our vision for the future of Xbox. Stay tuned.
— Phil Spencer (@XboxP3) February 5, 2024
Bom, algumas decisões da empresa nos últimos anos podem responder essa pergunta — que possivelmente muitos fãs da marca estão se fazendo no momento. Claro, as próximas linhas são apenas especulações, então não leve nada ao pé da letra.
Microsoft pode lançar exclusivos de Xbox no PlayStation e Nintendo.Fonte: Xbox
Um dos motivos que podem levar a empresa a abrir mão dos exclusivos dos consoles Xbox para alcançar um público maior são as contas a pagar. A Microsoft fez grandes aquisições nos últimos anos e, por causa do investimento bilionário, precisa entregar resultados para seus investidores.
Há alguns anos, a Microsoft não tinha tanto calibre para bater de frente com os exclusivos da Nintendo e da PlayStation, então começou uma onda de aquisições de estúdios first-party para lançar novas IPs e não depender apenas de propriedades como Halo e Gears of War. Foi nessa empreitada que surgiram nomes como Starfield e outras futuras estreias — como Avowed, Perfect Dark, Indiana Jones e o novo Fable.
Em seguida veio a aquisição da Activision Blizzard, em uma das maiores negociações da história — cerca de US$ 70 bilhões. Essa compra foi um pouco mais complexa, mas acabou acontecendo sob a condição de que as principais propriedades da publisher, como Call of Duty, Overwatch e tantas outras, não fossem exclusivas de Xbox.
Microsoft adquiriu a Activision Blizzard por mais de US$ 70 bilhões.Fonte: Xbox
Durante uma conferência na Wells Fargo TMT Summit em novembro de 2023, o diretor financeiro da Microsoft, Tim Stuart, explicou que manter os números de vendas de Xbox em segredo reflete a atual estratégia da empresa.
Na ocasião, Phil Spencer, chefão do Xbox Game Studios, não exaltou os consoles da casa, mas sim o ecossistema do Game Pass, o serviço de assinatura de jogos da empresa. "As vendas de consoles não refletem o quão saudável é o nosso ecossistema", explicou o executivo.
Embora o Game Pass seja, aparentemente, mais importante do que as vendas de consoles para a Microsoft, eles também pararam de relatar os números de assinaturas do serviço desde janeiro de 2022. Segundo informações não oficiais, o serviço supostamente conta com mais de 30 milhões de usuários atualmente.
Enquanto os consoles Xbox fazem parte da estratégia da Microsoft, a empresa também oferece o Game Pass no PC e via nuvem, em celulares e Smart TVs. Os benefícios da assinatura, como jogos direto no lançamento, estão disponíveis em todas as plataformas, o que fez o computador e a nuvem serem tão importantes quanto o Xbox Series S e X na matemática final da empresa.
Porém, como a base instalada de consoles Xbox não é tão grande quanto seus concorrentes, a empresa pode estar cogitando lançar seus jogos no PS5 e Switch para alcançar um público maior e, consequentemente, aumentar os lucros. Afinal, fazer um jogo AAA não é barato, como os números da própria PlayStation mostram.
Por que a Microsoft lançaria exclusivos de Xbox nos consoles PlayStation e Nintendo?
Não há indicações claras de que os jogos mencionados acima serão lançados literalmente por meio do Game Pass em outras plataformas, já que a Sony possivelmente não permitirá o serviço da maior rival em sua casa. Ao que tudo indica, os games em questão devem chegar ao PlayStation e Switch com preço cheio, sendo vendidos nas lojas digitais de cada plataforma.
Phil Spencer exaltou o ecossistema do Game Pass em conferência recente.Fonte: Xbox
Em alguns casos, como Sea of Thieves e Grounded, o argumento é que eles são experiências multiplayer que poderiam receber uma base considerável de jogadores com essa expansão de mercado. Mas e Hi-Fi Rush, Indiana Jones e tantos outros games singleplayer? Qual seria a justificativa?
Segundo as especulações, a Microsoft está cogitando adotar um sistema de exclusividade temporária para o ecossistema Xbox. Ou seja, jogos como Indiana Jones podem chegar primeiro aos consoles Xbox e PC, diretamente no Game Pass. Depois de um tempo determinado, a empresa então deve liberar o título em plataformas concorrentes, como o PS5, com seu preço cheio.
Considerando que Hi-Fi Rush foi lançado em janeiro do ano passado e pode ser o primeiro dos títulos a se tornar multiplataforma, a tendência é que a exclusividade temporária dure pelo menos um ano. No entanto, isso é apenas especulação.
De qualquer forma, a estratégia está dentro dos padrões de mercado atuais. A própria Sony, por exemplo, faz um papel similar com seus exclusivos e o PC. Jogos como God of War (2018), Days Gone e Horizon Zero Dawn chegaram ao mercado como exclusivos do PlayStation, mas posteriormente deram as caras no computador para aumentar seus números de vendas.
Essa estratégia pode dar certo? Pode. E um exemplo disso é Palworld: o maior sucesso dos games de 2024 chegou diretamente ao Game Pass no PC e consoles Xbox Series S e X, alcançando mais de 7 milhões de usuários em poucos dias. O jogo indie possivelmente será lançado no PS5 no futuro, mas, antes disso, conseguiu garantir uma boa grana para o Xbox.
Com a exclusividade temporária, a Microsoft garante ativos para o catálogo do Game Pass e uma "vantagem" para o Xbox Series S e X, ao mesmo tempo que também pode ganhar mais dinheiro vendendo os games a preço cheio no PS5.
Os consoles Xbox vão morrer?
A grande preocupação com essa abordagem multiplataforma acaba sendo o futuro dos consoles Xbox Series S e X. Afinal, se os jogos antes exclusivos da plataforma chegarão ao PS5, por que adquirir um produto da linha Series?
As especulações apontam que a Microsoft não quer desistir do mercado dos consoles e só está buscando novas fontes de receita, o que é uma boa notícia. Afinal, o fim da linha de dispositivos Xbox poderia abrir precedentes para um duopólio de Nintendo e PlayStation, que poderiam controlar ainda mais os preços dos jogos em suas plataformas. Independente de sua plataforma favorita, é sempre bom ressaltar: competição é o que torna o mercado mais saudável.
Neste cenário hipotético, talvez a empresa aposte na "comodidade" da plataforma Xbox como um diferencial. Afinal, enquanto os jogadores do PS5 terão alguns jogos da Microsoft pelo preço cheio depois de um tempo, será possível jogar nos consoles Xbox antes e "sem pagar nada" com o Xbox Game Pass.
A divisão Xbox Game Studios é liderada por Phil Spencer.Fonte: Xbox
Enquanto a jogada é arriscada, o lançamento de games do Xbox no PS5 e Switch pode garantir uma "renda extra" considerável para a Microsoft. Afinal, o novo console da Sony possui mais de 50 milhões de unidades vendidas, enquanto a plataforma da Nintendo já ultrapassou a marca dos 130 milhões de produtos entregues ao público. Vale a pena abrir mão da exclusividade para tentar alcançar tantos consumidores? Isso só o tempo dirá.
É interessante notar que uma movimentação similar também ocorre no mercado de streaming. A Netflix, líder isolada no mercado, começou a receber séries do Paramount+ e do HBO Max no ano passado. Com esse movimento, os concorrentes abrem mão da exclusividade de alguns conteúdos, mas ganham dinheiro com licenciamento e ainda exibem seus produtos para uma grande audiência, aumentando as chances de ganhar novos assinantes.
Enquanto tudo ainda segue bastante nebuloso, resta agora esperar por um comunicado oficial da Microsoft sobre o assunto. Qual a sua opinião sobre o lançamento de exclusivos de Xbox no PlayStation? Comente nas redes sociais do Voxel!
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